Fanfic: My world was always you ( portinõn) finalizada | Tema: Rebelde
"Há algumas coisas sobre as quais não falamos
Melhor continuarmos sem e simplesmente segurar o sorriso
Caindo dentro e fora do amor. Envergonhado e orgulhoso
Juntos todo tempo..."
**********
O discurso saído de meus lábios foi o mesmo que tinha feito para Ucher. Aparentemente quando se fala uma vez fica mais fácil dizer as palavras novamente e com mais firmeza. Estava deitada relaxadamente de costas brincando com meus polegares enquanto falava entre pausas curtas. Anahí permanecia calada em meio à escuridão parcialmente visível graças a luz fraca que vinha da rua.
– Isso me deixa com tanta raiva que você nem imagina. Tudo o que eu quero é viver, curtir, fazer o que me der na telha sem ter que arcar com toda essa responsabilidade. Me sentir viva de uma maneira diferente. Minha vida é tão fútil; Acordo e vou fazer prova de figurino. Depois tenho que ficar parada sorrindo enquanto me fotografam ou responder à todos aqueles questionários em entrevistas. Ir gravar. - Pausei soltando um suspiro. - Sinto uma estafa tão grande.
– Estafa? - Ouvi sua voz pela primeira vez desde que comecei.
– Cansaço. - Simplifiquei.
– Nerd.
– Ei! Estou tentando desabafar aqui. - Respondi divertida.
– Desculpe. Pode continuar.
Entrelacei meus dedos receosa em continuar com aquilo. Será que iria ser demais? Eu mesma já estava me sentindo uma chata.
– Okay. - Pausei pensando delicadamente nas palavras. - Ultimamente ando pensando em certas coisas ruins. Não vejo maneira de impedir que esses pensamentos apareçam, eu até tento, sempre forço à pensar em outras coisas mas eles permanecem ali. Não que eu vá fazer o que passa pela minha cabeça, mas é ruim ter uma voz te instigando a fazer algo que sua mente não quer. - Umedeci os lábios pensando se aquilo seria o suficiente para me libertar sem atingi-la.
– Do que você está falando? Que pensamentos são esses? - Fechei os olhos soltando o ar pelo nariz.
– Já disse. Pensamentos ruins. Muito ruins.
– Se matar? - Escutei sua voz vindo quase que debochada. - Esse é o único pensamento "muito ruim" que posso imaginar.
– Mais ou menos. - Engoli em seco. O cômodo ficando momentaneamente silencioso.
– Como assim, Dulce? Ou você quer ou não quer se matar. Não existe um meio termo. - Anahí respondeu em uma mistura de preocupação e impaciência.
– Eu não quero me matar. - Afirmei jogando a cabeça contra o estofado. - Apenas venho tendo o pensamento de que seria melhor se eu não existisse. Parece que estou em um episódio de Tom & Jerry onde fica um anjinho de um lado e um diabinho do outro. É engraçado. - Soltei uma risada rouca.
– Engraçado? - Fiquei tensa com o tom raivoso vindo de Dulce. - Engraçado! Você diz que não quer mais existir, não quer se matar, apenas não existir mais e ainda acha graça? - Sua voz se alterava a cada palavra proferida.
– Hey, calma.. - Pedi preocupada enquanto me sentava virada em sua direção. - Eu não vou fazer nada, são só pensamentos idiotas. Você me conhece, sabe como sou. Na verdade, nem deveria ter dito isso tudo a você. - Me castiguei mentalmente enquanto pensava estar traindo minha promessa de fim de ano.
Anahí se levantou calmamente, pude ver seu vulto caminhar até a mim se sentando ao meu lado no grande sofá. Senti meu corpo esquentar com a proximidade, o que deveria ser ruim mas quanto mais ela estava próxima mais eu queria tocá-la. Meus desejos foram imediatamente realizados quando as mãos macias me puxaram para seu colo enquanto se inclinava no encosto do sofá. Aquele abraço era tão quente, carinhoso, acolhedor.
– Você deveria parar de tentar passar pelas grades provas sozinha. - Sussurrou calma contra meu cabelo. - Você não está sozinha. Tem à mim.
Inalei uma grande proporção de ar enquanto sentia os dedos leves fazerem uma leve carícia em minha nuca. Fechei meus olhos sentindo seu perfume fresco.
– Sabe como sou. - Resmunguei sentindo o sono chegar pouco à pouco.
– Cabeça dura. - Respondeu quase que com raiva me fazendo rir baixo.
– Obrigada.
– Pelo que? - Senti sua cabeça se mexer levemente tentando olhar em meu rosto.
– Por me aturar. - Sorri me escondendo em seu pescoço pálido.
– Tá brincando? - Pisquei os olhos afastando a neblina enquanto percebia que seu tom de voz já havia voltado ao normal. - Eu te amo Dulce, tenho que te aturar. Agora tente dormir. - Mandou autoritária.
Anahí se inclinou um pouco mais para o braço do sofá me fazendo deitar sobre seu peito. Suas mãos passeavam vagarosamente pelo meu cabelo, o afago quase fantasma. Era bom estar ali. Era bom sentir seu perfume, seu calor era bom ter Anahí comigo.
**********
Acordei sozinha e demorei um pouquinho pra assimilar que estava deitada no sofá. Como um raio, a noite passada veio a minha mente me fazendo perguntar por que diabos Anahí não estava ali comigo. Ergui a cabeça meio chateada procurando por ela mas não achei nada pela sala, estava vazia. Levantei do estofado esfregando os olhos me dirigindo para a cozinha, mas também estava vazia. Dei a meia volta e foi então que ouvi uma melodia suave ao longe, descobri imediatamente onde a encontrar.
Subi as escadas seguindo as notas tocadas, parei rente a porta entre-aberta. Pela fresta pude ver o interior do escritório. A decoração de madeira envernizada combinava com a cor pastel das paredes. A mesa grande próxima à uma das janelas era escondida por pastas de documentos e porta retratos. Já o instrumento melódico ocupava a vista da janela do lado esquerdo. Anahí parecia absorta correndo os dedos pelas teclas do piano, sentada sobre aquele banco parecia que nada mais importava. Amava vê-la tocar daquela maneira. Ela era incrível. Linda, talentosa, graciosa, engraçada. Ela era tudo aquilo que eu quereria ao meu lado.
Empurrei a porta tentando não fazer barulho. Passei pelo portal com calma e me sentei ao chão encostando as costas contra a parede. Eu amava o som do piano. De todos os instrumentos criados esse era o que mais me chamava a atenção e o que mais tive facilidade em aprender, mas sinceramente? Só tinha comprado aquele objeto que decorava o escritório de minha casa por causa dela. Fechei os olhos me recordando de todas as vezes que a pegava tocando em sua casa, isso a deixava tão radiante e eu ficava feliz em vê-la daquela maneira.
A melodia suave cessou me fazendo abrir os olhos. Anahí ainda permanecia sentada na banqueta olhando para a janela aberta a sua frente, cruzou os braços sobre o instrumento e deitou a cabeça ali parecendo pensativa. Me levantei dessa vez sem me preocupar em ser notada e me sentei ao seu lado.
– O que foi? - Limpei discretamente a garganta ao notar que minha voz tinha saido completamente rouca.
– Quando você chegou aqui? - Virou em minha direção em tom de surpresa.
– Faz um tempinho. - Dei de ombros tirando uma nota ou duas ao bater meus dedos contra as teclas de osso.
– Nada. - A palavra saiu de sua boca me fazendo franzir a testa.
– O quê?
– Não aconteceu nada. - Respondeu se levantando indo em direção aos livros na prateleira.
Ergui uma sobrancelha estranho tal comportamento, mas não disse nada. Ela precisava de espaço. Continuei tirando o som suave do piano e em meio a uma ponte e outra embalei para a Sinfonia de Beethoven a tocando de maneira acelerada o que a fez rir, ponto pra mim. Olhei significamente para Anahí e isso a fez suspirar.
– Eu tive um sonho com você! - Disse irritada como se isso já estivesse à enchendo o saco.
– Estava aonde agora? Na floresta? No deserto? Espera, em um barco no meio do oceano? - Debochei acompanhando as notas com precisão.
– Pára. - Retrucou risonha. - Também não ti conto mais nada. - Completou soltando um muxoxo.
– Não, não.. - Abandonei o piano indo em sua direção. - Me desculpe pela brincadeira, agora conta. - Apoiei minhas mãos em seus ombros enquanto seus braços permaneciam cruzados.
– Não dá. - Curvou a boca parecendo pensar.
– Dá sim. É só você falar. Conta Anie, como foi o sonho que teve comigo? - Perguntei confiando em minha persuasão.
– É constrangedor.. - Coçou a nuca focalizando em qualquer outro ponto evitando me encarar.
– O que pode ser tão constrangedor entre a gente? Já passamos por quase tudo jun... - Comecei à convencê-la mas a voz desesperada me cortou.
– Eubeijavavocê. - As palavras saíram emboladas com a rapidez que a língua se movimentou, mas só bastou que elas saíssem para que eu entendesse a frase.
– Hum.
Foi a única coisa que consegui responder, o único som que consegui reproduzir. Imaginar que Anahí, minha Anahí, tinha sonhado que tinha me beijado era algo extremamente novo e ao mesmo tempo assustadoramente satisfatório. Um frio percorreu minha coluna enquanto uma reviravolta se instalava em minha barriga. Ela ainda permanecia pensativa, de pé na minha frente e dessa vez olhava para mim.
– Isso provavelmente foi por causa do que contei ontem. - Tentou esclarecer em um fio de voz mais pra si do que pra mim.
Cocei a cabeça saindo do estado de inércia. Infelizmente não impedi o sentimento convencido tomar conta de mim. Ela estava pensando em um beijo entre nós duas naquele momento e isso era tão nítido. Já fazia um tempo que estava confusa, muito confusa na verdade, mas saber que eu não era a única com tais sonhos por ali me deixou um pouco mais aliviada. Não pude deixar de sorrir, o que a fez olhar ainda mais confusa para mim. A qual é, eu estava adorando tudo aquilo e ainda queria fazer minhas piadinhas.
– E eu beijava bem pelo menos? - Perguntei divertida a fazendo revirar os olhos.
– Não tem graça, Dulce. - Cortou mal humorada andando pra fora do escritório. A segui.
– Qual é, Anahí. Foi só um sonho, apenas um sonho. Você ficou com a história das meninas na cabeça, só isso. - Parei no meio do corredor quando a Anahí se virou abruptamente pra me encarar.
– Se foi por isso, por que não sonhei com uma das duas então? Por que tinha que sonhar logo com você? - Gesticulou enquanto eu tentava segurar o riso.
– Ah.. - Ri antes mesmo de falar. - Talvez seja porque me acha sexy e atraente. - Continuei rindo enquanto via seus olhos azulados revirarem. - Ou talvez você é apaixonada por mim. - Dei de ombros não levando nenhuma das alternativas realmente à sério.
– Mas eu sou apaixonada por você.
O silêncio mais uma vez se perpetuou entre nós. Anahí engoliu em seco sem desviar a atenção de mim, cerrei os punhos tentando controlar uma leve tremedeira que surgiu em meu corpo. Meu coração parecia disparar contra meus ouvidos.
– Sério? - Sussurrei tentando entender melhor o momento.
– É.. Não digo apaixonada de apaixonada. É de uma maneira muito estranha, mas sim. - Divagou com os olhos cheios de confusão. - Droga!
Anahí balançou a cabeça se dirigindo para meu quarto. Minha cabeça estava à mil e se forçasse um pouco poderiam notar a fumaça saindo de meus ouvidos. O quê estava acontecendo ali? Entrei em meu quarto notando o corpo pequeno jogado em minha cama, fechei a porta me sentando encostada no material de madeira. Minhas mãos mergulharam pelo meu cabelo procurando sentido em tudo aquilo. Anahí se virou ainda deitada agarrada ao travesseiro e olhou pra mim. Acredite, dentro de mim estava um caos de emoções, mas meu rosto deveria estar calmo. Ao menos era esse o esforço que estava fazendo.
– Esquece tudo o que você ouviu, tudo bem? - Sua voz abafada pelo travesseiro chegou baixa até a mim.
– Tá, mas por quê? - Estendi meus braços sobre meus joelhos encolhidos.
– Porque eu não quero que você saia correndo pra longe de mim. - Confessou entre um suspiro me fazendo levantar.
– E por que eu faria isso? - Dei alguns passos até me sentar na cama junto à ela. - Ei. - Passei a mão em seus cabelos a fazendo erguer os olhos para mim. - Eu não vou à lugar algum. Você só ficou confusa com esse sonho, isso é normal e..
– Isso não é normal. - Me cortou com voz embolada.
– Está bem, não é. Mas eu acho normal. - Afirmei meio desconfortável. - Eu te entendo, acredite. - Completei receiosa.
– Sério? - Anahí levantou a cabeça do esconderijo com um sorriso travesso brincando em seus lábios.
– Sério.
E mais uma vez o silêncio se instalou no ambiente. Parecia que eu tinha que dizer algo, parecia que tínhamos que conversar sobre algo, mas ao olhá-la algo dentro do meu peito se rompia. Os olhos azuis eram tão sinceros que eu provavelmente saberia ler seus pensamentos através deles, e eles me mostravam o quanto era bom ter a mim por perto. Algo dentro de minha mente gritava que Anahí amava a sensação de ter a mim como amiga e gostava da forma como eu a protegia, uma irmã. Mesmo meu coração apertado, chorando e indagando se havia a possibilidade dela estar pensando e considerando os acontecimentos do sonho. Confesso que estava com medo, muito medo. Desviei nosso olhar e reprimi os sentimentos erradiços que ganhavam mais força com o passar dos dias. Sorri decidindo seguir minha cabeça voltando a ser a boa amiga de sempre.
– Você já tomou café? - Mudei de assunto a perguntando com carinho.
Anahí se mexeu na cama largando o travesseiro ao encostar as costas no colchão.
– Você sabe que eu não tomo café da manhã.
– Não custa nada perguntar. - Dei de ombros ao me levantar. - Eu preciso tomar café. Vai ficar por aqui?
– Não. - Levantou em um pulo. - O que você tem pra fazer hoje?
– Bom.. - Olhei para o relógio sobre o criado mudo que marcava quase dez e meia da manhã. - Tenho que terminar de filmar uma cena hoje com o Poncho às três da tarde.
– Dá tempo. - Sorriu erguendo minimamente os ombros.
– Do quê? - Arqueei uma sobrancelha desconfiada.
A resposta não veio. Apenas me lançou um sorriso me fazendo descer a escada para comer enquanto se arrumava. Estava quase terminando o meu café quando Anahí apareceu vestindo uma calça Jeans, botas e uma blusa azul por baixo da jaquetinha preta.
– Pelo menos agora eu sei que não vamos fazer nada muito simples. - Presumi colocando o último pedaço de sanduíche em minha boca.
– E você vai almoçar comigo. - Apontou.
– É assim agora? - Gesticulei pasma. - Nem recebo convite?
– No momento.. Não. Sério, você vai gostar. Agora vá se arrumar.
***********
Anahí me fez dirigir até Santa Mônica e ainda não tinha me dito absolutamente nada. O relógio mostrava quase o meio dia quando resolveu dizer onde parar; Restaurante Border Grill. Fiquei feliz com a notícia, primeiro porque iríamos almoçar e segundo porque fazia tempo que não comia a tortilha daquele lugar. As reservas já tinham sido feitas pelo que percebi e após darmos alguns autógrafos conseguimos sentar em uma mesa reservada. Mesa para dois, mas logo um garçom trouxe mais uma cadeira. Olhei para Anahí com a testa levemente franzida.
– Temos convidado? – Perguntei completamente no escuro.
– Na verdade.. – Passou os olhos pelo cardápio. – A convidada é você.
– Okay Anahí, você já me deixou muito curiosa e sabe que uma hora minha paciência esgota. – Um sorriso forçado apareceu no meu rosto. Odiava não saber no que estava me metendo.
Anahí apenas riu e continuou interessada no cardápio. Levantou uma das mãos chamando delicadamente o garçom e pediu dois drinks sem álcool que não levaram um minuto para aparecerem em nossa mesa.
– Derick viaja amanhã. – Puxou assunto quando o garçom se afastou.
Meu estômago revirou com a menção do garoto.
– Por favor, me diz que não é ele quem estamos esperando. – Pedi quase que em desespero.
– Não. E não sei o porquê de não gostar dele. – Retrucou frustrada.
– Não me leve à mal, ele até que é legal.. - Contorci o rosto com a mentira que saiu de minha boca. - Você é muita areia pro caminhãozinho do Derick. – O complemento a fez rir.
– Ele diz a mesma coisa, mas sei lá, não vejo isso. – Brincou com o canudo do copo.
– Você não vê muitas coisas. – Soprei sob a respiração.
– O quê? – Ergueu os olhos inocentes.
– Nada. – Sorri.
– Anahí! Desculpe pelo atraso. Não sabia que demoraria tanto pra chegar até aqui. – Um homem de estatura mediana parou ao lado de nossa mesa.
– Tudo bem. – Ela sorriu e se levantou para cumprimentá-lo. – Essa é.. – Apontou pra mim que já me colocava de pé ainda pasma.
– Dulce María. – Completou o homem com um grande sorriso no rosto. – É realmente um grande prazer conhecê-la. – Ele apertou minha mão fazendo meu corpo esquentar. – Tiziano..
– Tiziano Ferro! – Meu sorriso com toda a certeza era o maior do mundo naquele momento. – Eu não acredito. Sou uma grande fã sua. – Tentei dizer da melhor maneira possível enquanto o cumprimentava.
– Obrigado. É realmente muito gratificante vindo de vocês duas. - Respondeu cordial. - E então, já pediram?
– Ainda não. – Anahí se pronunciou simples. – Vamos nos sentar. – sugeriu.
– Agora vocês podem me dizer o que está acontecendo por aqui? – Perguntei enquanto me sentava.
– Ele vai trabalhar no meu CD. - Anahí chamou minha atenção ao responder.
– Sério? – Olhei sorrindo de um para o outro. Meus olhos deviam de estar brilhando de excitação.
– Nossa. Pela sua reação parece até que o CD é seu. – O homem disse sorrindo.
Me prendia à figura de Tiziano ali, na minha frente. A camisa simples preta e o cabelo perfeitamente desarrumado dava o visual que qualquer um invejava. A barba estava por fazer mais mesmo assim notei o quanto Anahí estava feliz.
– Quando foi que isso aconteceu? – Me virei para Anahí que parecia estar se divertindo.
– Faz um tempinho. – Deu de ombros.
– E não me contou nada, Giovanna?! – Anahí nem se importou de ter a chamado pelo seu segundo nome. Apenas gargalhou fazendo Tiziano a acompanhar.
Já estávamos na sobremesa quando os dois começaram a conversar sobre o real motivo de terem se encontrado.
– Então. – Começou Tiziano com aquele ar profissional. – Eu escutei o CD que você me deu e vamos ter que trabalhar um pouquinho mais pra sair algo do jeito que você está querendo. É claro fazer algo que separe a carreira de Anahí com a banda, pra não sobrecarrega-la.
– Um pouquinho? Você escutou o CD certo? – Anahí perguntou divertida sentada a sua frente, eu apenas alternava o olhar de um para o outro enquanto degustava do meu pedido. – Pode ser sincero comigo.
– As letras são boas. - Tiziano se inclinou contra o encosto da cadeira levantando o rosto de maneira arrogante e sexy. - Eu não sei o que houve com a melodia. – Torceu a boca pensativo.
– O produtor aconteceu. – Me intrometi fazendo com que os dois olhassem para mim. – Sério. Você tem que ouvir as versões originais. – Falei despreocupada colocando um pedaço de pudim na boca.
– Essa eu quero ouvir. – Ergueu uma sobrancelha em direção à Anahí que ficou levemente ruborizada. – Mas tem umas que eu achei realmente boas, uma que não precisaria mudar nada por exemplo é El me mintio. - Apertei os dentes me impedindo de rir mas ao olhar pra Anahí e notar que tentava fazer o mesmo começamos a gargalhar baixo o deixando meio confuso. – Perdi alguma coisa?
– É que essa música tem uma história legal. – Respondi ainda o deixando com aquela expressão confusa.
– Dulce brigou com o produtor pra colocar essa canção no CD. – Anahí apontou.
– Como é? – Tiziano perguntou divertido. – Você brigou com ele?
– Eu não briguei. – Retruquei me fazendo de ofendida coisa que não estava dando muito certo entre as risadas. – Eu nunca brigo com ninguém. Sou pacifica. Apenas conversei com ele e expliquei que a estrela aí tinha o direito de escolher ao menos uma música.
– E ele aceitou assim? – Tiziano perguntou incrédulo.
– Claro que não. Aí fui mais persuasiva e joguei o jogo dele. Ele teve que aceitar. - Terminei dando de ombros.
– Como assim jogou o jogo dele?
– Se eu contar vou ter que ti matar. – Disse arrancando mais um riso de Anahí. Ele também parecia se divertir.
– Gostei da história. Nesse novo trabalho você poderá escolher muito mais músicas e na forma original, está sabendo? – Tiziano perguntou cruzando os braços no tampo da mesa.
– Fiquei sabendo.. – Anahí sussurrou brincando com a faca e o guardanapo. – Mas as que eles já escolheram me frustraram. – Sua boca formando um pequeno biquinho.
– Ei. – Chamei sua atenção segurando uma de suas mãos. – É um começo, você ainda está aprendendo a voar sozinha. Tenha calma que vai conseguir chegar onde queremos. – Disse serena olhando em seus olhos recebendo um sorriso tímido.
– Obrigada. – Sussurrou ainda me encarando.
Desviei de seus olhos me voltando para Tiziano. Percebi que olhava de mim para ela observando nossa interação então seus olhos caíram em nossas mãos ainda entrelaçadas. O impulso de tirar minha mão da dela foi grande mas isso iria soar muito estranho. Amigas também davam as mãos assim certo? Eu e ela faziamos isso desde que nos conhecemos. Fiquei absorta em meus pensamentos por um minuto, mas logo Anahí começou a falar ao mesmo tempo em que fazia uma leve caricia nas costas de minha mão com o polegar.
– Pelas minhas contas.. – Começou Anahí com uma expressão suave, isso atraiu a atenção de Tiziano para seu rosto me deixando extremamente aliviada. – Faltam duas músicas para concluir, mas como você está aqui para uma música então falta uma música pra mim. – Suspirou cansada. – Não sei de onde vou tirar inspiração.
– Que isso Anahí. Você tem várias músicas escritas. – A olhei com o cenho franzido.
– Mas nenhuma serve pra esse CD. Eu realmente vou ter que fazer uma nova. - Me explicou.
– Duas. – Disse Tiziano ao meu lado. – Na verdade eu não vou fazer uma música, minha ideia é apenas ajudar.
– O quê? Mas o..
– Os artistas somos nós. – Cortou ele soando entediado. – E eu não sou obrigado a fazer nada que eles me mandam. Gosto das suas musicas e ficaria muito feliz em ajudar a fazer uma coisa sua. – Completou.
– Ele está certo. – Apontei admirada pelo o que Tiziano tinha acabado de dizer.
Não demorou muito para nos despedirmos. Eram quase três e meia quando chegamos ao estúdio e Anahí estando ao meu lado não iria aliviar muito a minha barra com o atraso, sempre nos culpavam por brincar enquanto deveriamos trabalhar. Ignorei todos esses pensamentos e entrei no Set de filmagem com a cara e a coragem. Anahí falava qualquer coisa que eu nem prestava atenção quando o maquiador veio ao meu encontro.
– Minha diva, você está completamente atrasada. - A voz enjoada soou um pouco mais alto do que meus ouvidos queriam. - Vamos, vamos, tenho muito trabalho à fazer em você. – Terminou me empurrando para o corredor do camarim.
– Mas Anahí... – Tentei falar algo mas logo vi Maite se juntar a ela.
*********
– Você está divina! – Exclamou o maquiador.
– Obrigada. – Respondi sorrindo.
Estava de frente para o espelho ainda me admirando. Os figurinistas e maquiadores sempre faziam um belo trabalho em mim. O sorriso não saía do meu rosto até que uma assistente colocou a cabeça para dentro do camarim e me chamou para a gravação.
Entrei no set que não tinha nenhum sinal de Anahí, o diretor fez a chamada começando a gravar a primeira cena. Entre uma tomada ou outra encontrava Anahí conversando com alguém ou sentada em uma cadeira rindo. Troquei de figurino varias vezes assim como todo o elenco. Na última cena eu e Ucher estávamos sentados no sofá e assim que ouvimos o diretor dizer "corta" Poncho pulou sobre mim fazendo cócegas.
– Para! – Pedi gargalhando.
– Eu estava com saudade de você. - Pausou se ajoelhando no estofado, o sorriso brincalhão de sempre iluminando os olhos.
– Eu também Poncho. – O abraçei enquanto bagunçava os fios cacheados. – Como foi a viagem?
– Foi ótima. – Respondeu animado. Animado demais.
– Ih... – Estreitei os olhos. - Tem garota nessa história. - Poncho ergueu os olhos para Angelique que acabava de se juntar a nós.
– Ei, eu não disse nada. Ela que é boa nessas coisas. – Ergueu as mãos em sinal de defesa. Eu ri.
Olhei novamente pra ele de maneira maliciosa e então o vi sair correndo.
– Pega ele! – Gritei o seguindo.
Eu e Angelique corremos atrás de Poncho deixando Ucher pra trás já começando a ofegar. Paramos respirando fundo.
– Bom trabalho, atleta. – Resfôleguei irônica.
– Quando precisar é só chamar. – Completou nos provocando risos.
Olhei em volta procurando encontrar alguém em especial a encontrando conversando com Ninél próxima a uma das câmeras. Corri até lá firmando meus pés ao lado delas. Ao me notar Ninél me deu um abraço apertado e um beijo demorado na bochecha.
– Você estava maravilhosa, minha filha. – Elogiou ainda abraçada a mim.
– Obrigada. – Sorri sentindo o rosto esquentar levemente.
Ninél nos deixou imediatamente a sós me fazendo focar em Anahí que me olhava de cima a baixo, estava com uma expressão diferente no rosto.
– Que houve? – Me aproximei alisando seu braço direito.
– N-Nada. – Senti seu corpo se arrepiar. – É melhor eu ir. Estou desde ontem fora de casa.
– Eu te levo. – Dei mais um passo em sua direção.
– Não. – Anahí deu a volta em mim se afastando um pouco. – Não precisa. Eu pego um motorista dos estúdios. Além do mais, você deve sair com o pessoal. – Apontou com o polegar para alguns colegas de elenco reunido atrás de si.
Olhei por cima de seu ombro antes de focalizar nela novamente. Não queria me despedir.
– Vem com a gente. – Sugeri com a voz tristonha. Anahí trocou o peso para o outra perna parecendo incomodada.
– Acho melhor não, Dul. Vou pra casa descansar. – Deu um passo em minha direção me envolvendo em um abraço, um abraço diferente. A apertei da mesma forma que me apertava.
– Você tem certeza de que está bem? – Murmurei entre seu cabelo.
– Eu só preciso descansar. – Se afastou do abraço depositando um beijo suave em meu rosto. - Depois a gente se fala. Qualquer coisa me liga. – Avisou se afastando.
Fiquei parada a observando até sumir de minhas vistas. Caminhei lentamente até uma cadeira e me sentei jogando a cabeça pra trás fechando os olhos. Pensei em tudo o que havia acontecido nas últimas 24 horas. Todos os detalhes. Aquilo estava me deixando maluca. Ela me deixava maluca.
– Ela já foi? – Escutei a voz de Ucher próxima a mim.
– Sim. – Permaneci de olhos fechados.
– Pensei que iria sair com a gente, ela estava tão animada.
– É. – Passei a mão pelo cabelo o jogando totalmente para trás antes de olhá-lo.
– Nossa Dulce. Não faz isso mais não. – Cruzou os braços suspirando e olhando para longe.
– Isso o quê? – Me preocupei.
– Você já se olhou no espelho hoje? – Bufou.
– Isso foi um elogio? – Me levantei com um meio sorriso a preocupação quase se dissipando.
– Não me entenda mal. Sabe que sou seu amigo mas também sou homem, tenho olhos. Do que você está rindo? – Perguntou ele divertido.
– Então.. – Passei uma mão pelos cabelos novamente. – Eu estou gostosa? – Mordi a língua ao me tratar com tal adjetivo, mas aquilo estava me divertindo.
– É.. – Ucher coçou a cabeça me estudando de cima à baixo. – Acho que sim. – Gargalhei com a afirmativa.
Me lembrei da mudança repentina de Anahí percebendo que tinha me dado a mesma conferida que Ucher havia acabado de fazer. Seus olhos castanhos estavam trêmulos como se fizesse esforço para esconder algo. O sorriso bobo e divertido ainda permanecia em meu rosto quando resolvi não ignorar mais a presença de meu amigo ali de pé.
– Obrigada, Ucher. Vou me trocar pra não torturá-lo mais. – Dei dois tapinhas em seu ombro e me virei o deixando sozinho.
***********
Cheguei em casa por volta das dez e mais uma vez ao sair do carro notei algumas luzes acesas. Pensei em Anahí, mas era pouco provável. Entrei calmamente na casa caminhando até a sala. Meu rosto se iluminou em um sorriso terno ao encontrar a figura feminina dormindo no sofá. Me agachei à sua frente passando delicadamente os dedos em sua bochecha a fazendo despertar. Seus olhos se abriram devagar revelando a mesma cor dos meus.
– Sua benção, mamãe. – Sussurrei não cessando a carícia.
Minha mãe sorriu se espreguiçando brevemente antes de sentar me puxando para seu colo.
– Deus lhe abençoe minha filha. - Me embalou em um abraço. - Senti tanto a sua falta.
– Nem me fale. – A apertei com força.
Ficamos conversando sobre sua viajem e como estava o meu trabalho na sua ausência. Me informou que havia uma reunião com a banda e a gravadora no dia seguinte o que não me agradou muito. Já era tarde quando resolvemos ir dormir. Me revirei em minha cama diversas vezes não conseguindo dormir mais uma vez. Anahí invadiu meus pensamentos me fazendo bufar. Me levantei chateada indo em direção ao quarto ao lado. Bati na porta escutando um "pode entrar" abafado pela madeira. Abri a porta me arrastando até a grande cama de casal deslizando pra debaixo do edredom junto de meus pais. Porém meu pai não acordou.
– Posso dormir aqui com vocês hoje? – Ronronei manhosa, olhando pra mamãe.
– Claro. – Afagou meus cabelos. – Quer que eu conte uma história pra você dormir?
– Adoraria. – Sorri e então ela começou.
Não me lembro mais em qual momento a história se contorceu e penetrou em meus sonhos.
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Acordei abraçada a um travesseiro e sozinha na cama. Passei os olhos pelo quarto não encontrando sinal dos meus pais. O que havia de errado com aquelas mulheres? Olhei para o relógio que marcava oito da manhã, respirei fundo saindo da cama agradecendo veemente pelo carpete quente debaixo de meus pés. Saí do quarto procurando minha mãe com a esquisita sensação de Dejá vu conseguindo encontrá-la facilmente na porta à frente. Se encontrava no escritório olhando varias papeladas espalhadas sobre a mesa. Entrei desejando bom dia, peguei o cubo mágico sobre a mesinha de centro e me posicionei de ponta cabeça na pequena poltrona de leitura.
– Seu sangue vai parar todo na cabeça. – Avisou-me olhando por cima do pequeno óculos de aro fino.
– Essa é a ideia. – Respondi mal humorada tentando resolver o problema em minhas mãos.
Após algumas tentativas fracassadas, bufei jogando o cubo para o outro lado do cômodo enquanto me sentava corretamente. Eu sempre conseguia resolvê-lo, mas não quando minha concentração estava em outra coisa. Bufei novamente em meio a irritação.
– Está tudo bem? – Minha mãe indagou sem olhar em minha direção.
– Eu não sei. – Fui sincera me irritando ainda mais.
– Quer conversar sobre isso? – Escreveu algo ainda não me dirigindo os olhos chocolate.
– Quero, mas..
– Eu não sou a pessoa mais indicada para o assunto, certo? – Completou sorrindo e retirou os óculos para me encarar.
– Não é isso, é que.. - Fui cortada mais uma vez.
– Já tentou conversar com Anahí sobre isso? – Perguntou despreocupadamente colocando os óculos novamente.
– O quê? – Arregalei os olhos ao notar quem havia acabado de ser mencionada naquela conversa.
– Ela é sua melhor amiga, não é? Talvez, se não pode falar comigo possa falar com ela. – Disse tranqüila.
– Não mãe, isso não é uma coisa que ela possa me ajudar. – Minha resposta a fez me encarar novamente.
– Maitê então. – Sugeriu.
– Pode ser. – Recebi carinhosamente aquela sugestão. – Você tem razão. Mas é mais complicado do que parece.
– Isso é claro, se você não quiser falar comigo. – Sorriu receptiva.
– Não adianta mãe. Eu não vou te falar nada
Autor(a): portisavirroni
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"Venha como você estiver, como você já foi Como eu quero que você seja, como um amigo, Como um velho inimigo Venha no seu tempo, se apresse A escolha é sua, não se atrase..." ************ A sala de estar da gravadora se encontrava quase vazia. Alem de mim que estava a ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 5
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fernandaayd Postado em 06/03/2018 - 14:30:21
Já acabou?? Que pena, pois essa foi uma das melhores histórias que já li. E de alguma forma me ajudou muito. Obrigada pela dedicação e vc escreveu tudo com o coração, pq dar pra sentir isso em casa capítulo. Parabéns por tudo★
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fernandaayd Postado em 28/02/2018 - 17:41:23
Será que a Dul, vai falar para Anie sobre a depressão? ?
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candy1896 Postado em 25/02/2018 - 20:44:37
Continuaa, que não aconteça nada de ruim com Dul.
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fernandaayd Postado em 09/02/2018 - 14:16:33
Estou acompanhando e você escreve muito bem, parabéns! E que bom que você sempre posta.
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Lorahliz Postado em 31/01/2018 - 21:07:49
To acompanhando sua fic e to amando!!! Posta mais...o cap 7 tá dando erro!!