Fanfic: My world was always you ( portinõn) finalizada | Tema: Rebelde
"Venha como você estiver, como você já foi
Como eu quero que você seja, como um amigo,
Como um velho inimigo
Venha no seu tempo, se apresse
A escolha é sua, não se atrase..."
************
A sala de estar da gravadora se encontrava quase vazia. Alem de mim que estava atacando despreocupadamente os brownies disponíveis na mesa, duas secretárias tagarelavam em um canto um pouco mais afastado. A televisão gigante fixada na parede exibia vários vídeo clipe da casa me fazendo ter o pensamento de que logo, logo seria o meu vídeo clipe passando naquele lugar. Eu tinha vontade de gravar músicas que inspirassem as pessoas, mas no fundo não queria me vender para aquela indústria. Hoje eu confesso que estava com medo. Tinha medo do que aquilo faria comigo e principalmente como minha família reagiria às mudanças. Olhei para o relógio em meu pulso impaciente com a demora de minha mãe na reunião. Eu não aguentava mais escutar aqueles homens dizendo o que eu tinha e o que não tinha que fazer então sempre deixava minha mãe resolver tudo, ela me conhecia muito bem para defender minhas idéias.
– Dulce? – O chamado da voz conhecida me despertou me fazendo virar rapidamente.
– Meu Deus.. – Um sorriso sincero formando em meus lábios. – Quanto tempo! – Exclamei feliz abraçando o garoto de cabelo cacheado.
– Como você está? – Perguntou assim que nos afastamos.
– Eu estou indo. E você?. Nossa, realmente. Estou com tantas saudades de Poncho. - Soltei de uma vez o fazendo rir guardando as mãos nos bolsos da calça bege.
– Sério. Não faz tanto tempo assim. – Assentiu com os cantos dos lábios erguidos em um sorriso sem dentes. – E então? Quando sai o grande CD?
– Eu ainda não sei. Eles ainda estão acertando isso. – Coçei a nuca dando de ombros.
– Se ti conheço bem você não está se importando muito com isso. – Puxou as mãos dos bolsos cruzando os braços sobre o peito.
– E você sempre me entendendo. – Lhe dei um soquinho no ombro. – Eu estou animada sim. Estou doida pra ter uma banda na verdade, mas... Sabemos que ainda temos um contrato.
– Mas.. – Repetiu se inclinando curioso me fazendo rir.
– Vamos mesmo conversar sobre isso na toca do lobo? – Abrangi o lugar com um braço.
– Tem razão. – Riu abaixando a cabeça.
– E você? O que está fazendo aqui? - Erguia a cabeça cruzando os braços.
– Segredo.
– Qual é Alfonso, desde quando temos isso? - Dei-lhe um sorriso acolhedor.
– Não é um assunto muito bom para se tratar aqui. – Indicou com a cabeça as duas moças que agora olhavam disfarçadamente para nós.
– Entendo.. - Mordi o lábio inferior reprimindo a explosão que estava por vir pela falta de privacidade.
– Você quer sair comigo depois da turnê? – Alfonso sugeriu chamando minha atenção para seu rosto mais uma vez.
– Vocês irão sair em turnê? - Franzi o cenho surpresa.
– É pequena. Anahí não disse? – Perguntou ele erguendo uma sobrancelha.
Anahí. Faziam algumas semanas que nossas conversas se restringiam ao celular. Eu estava completamente atarefada com as gravações da 2ª temporada de rebelde, o que era bom quando uma de nós duas aparecia no estúdio pra gravar juntas era surpresa, já que nossos personagens estava numa fasse com os casais da novela. Mas com todas as entrevistas, gravações e projetos paralelos nossos encontros tinham se reduzido à zero qualquer coisa é só perguntar.
– Não. - Engoli em seco. - Faz tempo que não tenho uma conversa descente com Anahí. – Completei cabisbaixa.
– Que isso! – Poncho ergueu as sobrancelhas parecendo assustado, o que me fez sorrir. – Bom, eu não sei se deveria contar pra você já que ela não falou nada.
– Pode parar com isso. - Desferi um tapa leve em seu braço. - Você vai me contar agora mesmo. – Exigi o fazendo se aproximar de meu rosto.
– Ela vai gravar um dos shows. – Sussurrou em meu ouvido se afastando rapidamente.
– Sério? – Poncho acenou a cabeça e então olhamos para as moças que cochichavam viradas em nossa direção. – Você sabe que à partir desse momento nós voltamos a namorar, certo? – Fui sarcástica.
– Isso não é nada. - Bufou fazendo pouco caso. - Quero ver qual será a manchete depois de jogarmos Golfe. – Riu.
– Hã? – Um vinco se formou entre meus olhos.
– Você precisa falar como anda as coisas com a gravadora e eu preciso contar o segredo pra você. Então, vamos nos encontrar pra jogar golfe. – Sugeriu.
– Você escolheu golfe só porque é melhor que eu. - Soltei um muxoxo chateado cruzando os braços. - Por que não escolheu Boliche?
– Porque você é melhor que eu. – Balançou a cabeça como se fosse óbvio.
Vi a figura de minha mãe entrar na sala vasculhando todos os pontos do cômodo provavelmente tentando me encontrar e quando percebeu Poncho parado ao meu lado seu sorriso se estendeu.
– Alfonso! – O envolveu em um abraço saudoso.
– Dona Blanca. - Se afastou podendo olha-lá enquanto as mãos pequeninas bagunçavam seus fios encaracolados.
– Você está lindo. - Parou com a farra entre os cabelos colocando as mãos na cintura. - O que faz aqui?
– Obrigado. - Poncho respondeu soltando um riso fraco pelo nariz. - Estou à trabalho e já vou indo. – O focalizei melhor quando se virou pra mim apontando. – Quando voltarmos eu ligo pra você marcando melhor.
– Pode deixar. – Sorri o abraçando mais uma vez.
– Isso foi uma reconciliação? – A voz de minha mãe tomou meus ouvidos quando o garoto já havia saído da sala.
– Mãe! – Exclamei. – É claro que não, ele é apenas meu amigo.
– Sei.. – Pegou um copinho sobre a mesa se dirigindo para a maquina de café. – Mas ele sabe disso? – Perguntou divertida.
– Claro que sim. Infelizmente entre eu e Poncho não há a possibilidade de existir nada mais além disso. – Suspirei a acompanhando.
– Infelizmente? – Bebericou o café com uma sobrancelha erguida em minha direção
– É. Ele é um ótimo amigo, lindo, inteligente, profissional, atento as coisas, mas.. não consigo namorar com uma pessoa tão fechada como ele. – Expliquei lembrando da época em que quase havíamos de fato namorado.
– O tempo às vezes muda as pessoas. - Minha mãe deu de ombros. - Talvez ele se abra mais com você agora.
– Melhor ele se abrir com a Maitê. – Cortei o assunto e antes que ela retrucasse, continuei: – Mãe, temos mais alguma coisa pra fazer hoje?
– Não. Por quê? – Caminhou para a saída, a segui após pegar minha bolsa.
– Anahí vai sair em turnê com os antes de vocês começarem a se focar na banda. Preciso falar com ela. - Soltei em um fôlego.
– Liga pra ela. - Respondeu simplista.
– Mas eu quero vê-la. – Falei manhosa.
– Ela está em casa? – Fiz sinal de que não sabia. – Liga pra saber. Se estiver eu levo você. – Acenei pegando o celular.
Apertei a tecla de discagem rápida e não demorou dois toques para que pudesse ouvir a pessoa do outro lado da linha atender parecendo estar com a boca cheia.
– Anahí? – Franzi o cenho apertando ainda mais o aparelho contra o ouvido.
– Não. Mari. Ela está no banho agora, Dul. – Escutei a voz arrastada.
– Vocês vão sair? - Entrei no lado do carona jogando a bolsa para o banco de trás.
– Não, nossos país, saíram e eu estou aqui com a aninha mas depois vou ir embora. Por que?
– Estava pensando dar uma passada.. - Não pude terminar a frase, a voz feminina do outro lado me cortou animada.
– Ótimo! Pode vir, ficar com Anahí.
***********
Estacionamos enfrente a casa de Anahí. Retirei o cinto de segurança já abrindo a porta.
– Venho buscar você ou não dorme em casa hoje? – Ouvi minha mãe perguntar.
– Mais tarde eu ligo. – Me inclinei depositando um beijo em sua bochecha.
Sai do carro me dirigindo à porta da casa, apertei a campainha olhando envolta. A porta se abriu revelando a figura de Mari. vestindo moletom cinza e pantufas pretas. O cabelo castanho levemente bagunçado caiam por sobre os ombros, percebi os olhos cor de mel cansados e levemente avermelhados. Olhei para o relógio que marcava três da tarde.
– Tive uma noite agitada. – Respondeu antes que eu falasse alguma coisa.
Me puxou para um abraço longo enquanto acenava para minha mãe que buzinou e deu partida no carro. Mari me guiou até a sala familiar se deitando preguiçosamente em um dos sofás.
– Esqueci de avisar pra Anahí que você estava vindo. – Bocejou. – Pode subir, ela está no quarto. Tá rindo do quê? - Perguntou irritada me assistindo gargalhar silenciosamente.
– A noite foi boa em. E olha que ontem foi terça. – Provoquei caminhando em direção a escada.
– Diga isso quando você for mãe.- Retrucou despreocupada. - ergui a mão em rendição, suspirando.
– Pode deixar que seguirei seus conselhos. – O riso saiu mais alto quando sumi das escadas.
Caminhei devagar pelo corredor escutando o som do violão. Me aproximei da porta do quarto que estava aberta me privilegiando com a visão ampla do aposento. Anahí estava sentada sobre a cama, as pernas cruzadas em forma de meditação enquanto o instrumento descansava em sua coxa direita, o pequeno óculos de leitura descansava sob o nariz perfeito. Observei os movimentos dos dedos cessarem contra as cordas buscando um lápis para escrever algo no caderninho repousado no colchão. Olhei ao redor encontrando Aninha ao computador. O som do violão voltou a preencher o ambiente dessa vez sendo acompanhado pela voz.
– But you`re so hypnotising. You`ve got me laughing while I sing, You`ve got me smiling in my sleep. - A voz suave acompanhou cada dedilhar marcado até se transformarem em batidas fortes. -And I can see this`s unravelling. Your love is where I`m falling so please don`t catch me. If this is love please dont break me, I`m giving up so just catch me.
As notas suaves anunciou o término da música a fazendo se inclinar novamente para o caderno então comecei a aplaudir entrando no quarto o que de súbito a fez olhar em minha direção.
– Dul. – Sorriu largo retirando o óculos o abandonando junto ao violão enquanto corria em minha direção.
– Com quem tenho que brigar pra essa música entrar no CD? – Perguntei enquanto a segurava em um abraço apertado. Senti o riso bater em meu pescoço.
– Ninguém. – Se afastou com o sorriso ainda nos lábios. – Eu já briguei por ela. – Me avisou satisfeita.
– Wou! Estou orgulhosa de você. – Dei um soquinho em seu ombro me virando para Aninha. – E você mocinha? Vai falar comigo não?
– Dul – Pulou em meu pescoço sem aviso prévio. – Eu estou no Twitter. – Assoprou com a falta dos dentes recém caídos.
– Hum.. Só tome cuidado com essas redes sociais. – Passei a mão no cabelo liso o bagunçando como de costume antes de me voltar pra Anahí sentada no centro da cama. – E então, como você está? – Subi no colchão me posicionando em sua frente.
– Atarefada. – Respondeu com uma careta engraçada.
Desviei de seu rosto correndo os olhos pela cama desarrumada.
– Eu ouvi uma coisa por aí sobre uma turnê... – Joguei passando os dedos pelas cordas do violão antigo.
Anahí se remexeu encomodada levando uma mão de encontro à minha cessando com o som indistindo provocado pelo roçar dos dedos nas cordas.
– Só sobre a turnê? – Buscou meus olhos com um sorriso terno no rosto.
– Tá. Sobre um DVD também. – Revirei os olhos soltando um suspiro impaciente.
– Droga! Quem foi o fofoqueiro? – Elevou a voz irritada.
– Não importa, o que importa é que você não me contou. – Retruquei. – Por que você não me disse nada sobre isso?
– Porque... – Se levantou indo até a cômoda abrindo uma gaveta. Um envelope pequeno surgiu dali. – Eu queria entregar isso pra você.
Explicou subindo na cama novamente estendendo o objeto em minha direção.
– E o que é isso? – Perguntei desconfiada puxando o envelope de suas mãos. Sorri ao ver o que era. – Passe livre para os shows?
– Eu não poderia fazer isso sem estar com você. – Sua boca formou um pequeno biquinho dengoso.
Me joguei sobre o corpo pequeno a abraçando e dando beijos estalados em sua bochecha a fazendo gargalhar.
– Olha o agarramento. Tem criança aqui. – Ouvi Aninha gritar parando imediatamente meus movimentos me fazendo deitar as costas no colchão.
– Cale a boca, tampinha. – Anahí jogou uma pequena almofada na cabeça da caçula antes de se sentar ao meu lado. – A gente sai em turnê daqui à umas duas semanas. Antes de começar com a turnê do grupo – Começou a explicar correndo as pontas dos dedos na lateral de minha costela levantando discretamente a blusa revelando minha barriga. – Na verdade eu queria que você fosse a todos os shows comigo, inclusive no dia da gravação mas eu sei como está com a agenda cheia. - Soltou um suspiro lento. - Só não irei te perdoar se não for a nenhum deles. – Apertou um pouco de pele que encontrou abaixo da costela.
A mão continuou a vagar pelo meu ventre me provocando reações difíceis de decifrar. Era bom, era gostoso, era inocente, mas ao mesmo tempo parecia errado. Fiquei calada e imóvel a observando até que os azulados dos seus olhos desviaram para encontrar meus olhos, paralisou a mão recuando logo em seguida parecendo desconfortável. Fingi não perceber buscando minha bolsa ao me sentar. Peguei a caixinha branca oferecendo para Anahí que me olhava curiosa.
– Quero que use no dia da gravação. – Indiquei assim que abriu a caixa. O sorriso começou a tremer nos lábios largos.
– Irei usar em todas as minhas apresentações. – Anunciou pegando os dois tampões de ouvido da cor verde.
– Isso é bom. - Sorri feliz pelas palavras. - Mas você não vai ficar com os dois.
– Por que não? – Me olhou tristonha.
– Porque são os meus da sorte e estou gravando, esqueceu? Preciso de um, você fica com o outro. – Respondi o guardando novamente.
– Tudo bem. – Soltou um muxoxo mas logo após sorriu terna. – Quero que você veja isso.
Passei os olhos por sobre as letras impressas nos papeis reconhecendo algumas das canções. Aquelas seriam as músicas que formaria o álbum. Fiquei satisfeita, mas pelas minhas contas ainda faltava...
– Estão faltando as duas músicas ainda, certo?
– É.. – Abaixou os olhos. – Ainda não consegui.
– Relaxa que uma hora a letra vem. – Peguei em sua mão notando o sorriso tímido brotar no rosto bonito. – Você tem o rosto feito para sorrir, sabia? – Os olhos intensos fixaram-se nos meus.
Fiquei estática a encarando, o olhar de Anahí se tornou mais escuro e profundo parecia querer ler minha alma e por um breve momento parecia que mais nada existia. Escutei o som de vozes mas aqueles olhos claros prendia totalmente minha atenção. Ainda sem desviar nosso olhar forcei a entender o que estava se passando no quarto. Mari estava na porta perguntando qual sabor de Pizza deveria pedir. Sorri ao perceber que Anahí ainda me olhava absorta.
– Anie – Chamei devagar.
– Hum.. – Foi o único som que proferiu fazendo meu sorriso se alargar.
– Marichelo está perguntando qual o sabor da pizza. - Contei como se fosse segredo.
– O quê? – Pareceu perdida então balançou a cabeça se voltando para a porta. – Não estou com vontade de comer pizza.
– Vai comer o que então? – A mais velha cruzou os braços autoritária.
– Quer ir ao Mc Donald? – Anahí voltou os olhos em minha direção.
– Claro que sim. – Me levantei animada.
– Eu quero Pizza. – Aninha avisou do outro lado. – E de calabresa.
– Ah não. Vocês vão mesmo fugir e me deixar aqui sozinha com a minha pequena? – Choramingou Mari.
*************
Já era noite quando estacionamos enfrente a minha casa.
– Vai entrar? – Tirei o cinto escutando o ronco suave do motor cessar.
– Não. Preciso estar em casa quando minha mãe chegar. – Um sorriso brincou em seus lábios – E acho que estou inspirada pra compor. – Deitou a cabeça no bando virada em minha direção.
– E eu sou a culpada disso? – Me diverti.
– Talvez.. – Sorriu correndo os olhos pelo parabrisa. – Vai à festa depois da premiação do da televisa?
– E tem outro jeito? Não pretendo obter uma morte social. – Ri sendo acompanhada.
Ficamos em silêncio por alguns segundos, era confortável. Me virei no banco de maneira que ficássemos uma de frente para a outra. Não queria sair dali e entrar em casa. Apoiei minha mão no encosto repousando minha cabeça ali.
– No que está pensando? – Perguntei a observando de olhos fechados.
– Se eu ti falar que é no céu azul você vai acreditar? – Virou o rosto ficando de frente comigo.
– E por que não acreditaria? – A sombra de um sorriso apareceu em seus lábios.
– Qual foi a frase que você disse mais cedo mesmo? "Você tem o rosto feito para sorrir"? – Perguntou divertida e senti minhas bochechas queimarem.
– Foi. – Fiquei imóvel. – É melhor eu entrar.
– Nos vemos sábado então? – Indagou simplesmente.
– Uhum. – Depositei um beijo demorado em sua bochecha e abri a porta.
Assim que a fechei a buzina soou e o carro se foi. Caminhei até a porta procurando as chaves, mas antes de encontrá-las minha mãe apareceu com os braços cruzados e uma expressão desconfiada.
– Quem trouxe você?
– Anahí. – Dei de ombros.
– Por que ela não entrou?
– Precisava tomar conta de Aninha – Caminhei até o sofá me sentando em seguida.
– E por que demorou tanto se despedindo? – Parou na minha frente.
– O quê? Interrogatório agora? - Estranhei.
– Estou dando uma de mãe chata. – Sorriu atirando a língua.
— Pensei que papai seria encarregado dessa função.
************
As luzes piscavam dentro de um enorme globo no centro da pista fazendo com que fosse meio difícil discernir a confusão de corpos dançantes no meio do salão, mesmo assim minha visão era bem privilegiada. Estava sentada em uma mesa afastada e toda vez que o garçom passava por ali deixava um drink de cor azul, muito gostoso por sinal. Corri os olhos pelo salão reconhecendo mais uma vez as posições de cada um pousando os olhos em uma figura totalmente enlouquecida na pista de dança. Usava um simples, porém sexy, vestido dourado. Seus cabelos recém escurecidos estavam desalinhados fazendo com que alguns fios colassem no rosto bem desenhado. As mãos eram jogadas para cima mexendo em sincronia com o resto do corpo. Percebi Maite aparecer pulando em sua frente parecendo gritar a musica a fazendo pular também. Um riso bobo saiu da minha garganta, aquela cena era muito engraçada e linda ao mesmo tempo. Coloquei o canudo na boca sugando o liquido azul mais uma vez ainda a admirando, escutei algo próximo de mim mas nem me importei em desviar minha atenção.
– DULCE! - Olhei assustada para Fuzz sentada ao meu lado. - Eu estou tentando falar com você. - Reclamou.
– Hãm, me desculpe. - Mordi o lábio inferior. - Mas o que estava dizendo?
– Está dando muito na telha. - Disse a loira revirando os olhos.
– É o quê? - Perguntei realmente confusa.
– Dul, você terá que se esforçar mais pra esconder isso. - Apontou para a pista e meu coração disparou, provavelmente meus lábios deviam ter ficado brancos e agradeci pelo batom que provavelmente estava fazendo seu trabalho.
– Não sei do que você está falando. - Balancei a cabeça em negação bebendo meu drink mais uma vez.
– Tudo bem. Apenas disfarce melhor. - Deu de ombros mirando em outro ponto do ambiente.
Fiquei ali a observando e processando se deveria ou não conversar sobre o assunto. Ela não iria me pressionar, a conhecia bem demais para saber que esperaria até eu querer dizer alguma coisa. O delineador marcava bem seus olhos claros dando um belo contraste com o belo rosto e os cachos loiros, me parecia mais um anjo do que uma pessoa e, sem contar Anahí, era em quem eu mais confiava. Ponderei um pouco, torci a boca hesitante e em seguida a abri não conseguindo soltar som algum. Percebi o riso contido de Fuzz que logo após voltou a atenção pra mim.
– Não vou te torturar. - Divertiu-se parecendo ler meus pensamentos. - Sabe que estarei aqui quando precisar conversar com alguém.
– Eu sei. - Dei-lhe um sorriso cansado olhando o arranjo na mesa. - Melhor irmos dançar.
– Melhor. - Concordou se levantando.
Tinha perdido a conta de quantas músicas havia tocado e já sentia meu corpo transpirar em meio ao calor humano. Lutava contra meu vestido branco que teimava em subir a barra justa e a essa altura os cachos que tinha feito em meu cabelo já haviam me dado adeus. Angel se juntou a nós só que eu não aguentava mais. Tentando atravessar a barreira do som, gritei dizendo que iria beber algo no bar antes de sair as deixando sozinhas. Cheguei ao balcão pedindo qualquer coisa gelada pra matar minha sede e então uma música conhecida preencheu o ambiente fazendo com que todos gritassem em aprovação. Fechei os olhos sorrindo quando a voz da Kelly Clarkson saiu das caixas de som.
Senti alguém me abraçar por trás segurando firme em minha cintura. Podia sentir o perfume delicado, conhecia aquele perfume envolvente muito bem. Abri os olhos em direção a mão que me segurava, um sentimento de felicidade me inundou ao reconhecer o bracelete em seu pulso.
– Sua música. - Anahí sussurrou em meu ouvido e mesmo com toda aquela barulheira, foi possível ouvir a voz que fez cada pelo de minha pele se arrepiar. - Posso ficar aqui com você, Savinõn? - Acenei com a cabeça sem dizer palavra alguma.
A observei dar as costas para o balcão apoiando os cotovelos ali enquanto me lançava seu meio sorriso. Desviei do olhar azulado lembrando das palavras de Fuzz bebi o liquido que se encontrava em meu copo esfriando as coisas em minha cabeça e corpo.
– Se divertindo? - A ouvi perguntar.
– Muito. - Gritei de volta. - E você? - Virei-me ficando na mesma posição que ela olhando para a pista.
– Dá para o gasto. - Desdenhou. - Parabéns.
– Pelo o quê? - Arqueei a sobrancelha levando meus olhos ao seu encontro.
– Pelo prêmio.
E então abriu uma das mãos em minha frente revelando uma delicada correntinha de ouro onde se encontrava uma pequena medalhinha circular com um pequeno brilhante branco cravado na parte da frente enquanto a letra A havia sido gravada escondida na parte de trás. Não pude esconder o sorriso que meu rosto quis expressar. Seus olhos observaram satisfeitos minha reação e um fraco sorriso tomou conta dos lábios carnudos.
– Gostou?
– Tá brincando? É lindo. - Exclamei boba.
– Imaginei que iria gostar.
Anahí abriu o fecho me fazendo virar para colocar a correntinha de forma que a letra A colasse em meu colo. Suas mãos desceram de meu pescoço para meus braços me abraçando, a respiração em minha nuca estava me deixando um pouco fora de órbita. Segurei suas mãos me virando em sua direção, um sorriso de canto presente em sua face, a mistura de anjo e demônio, amava aquilo nela.
– Isso é pra mostrar que não importa onde estiver, sempre estarei aqui pra você. - Explicou apertando minhas mãos.
– O que eu fiz para merecer alguém como você? - Soltei repentinamente.
– Algo em alguma vida passada, quem sabe? - Arqueou a sobrancelha com o ar misterioso me fazendo rir.
– Obrigada. - Disse plácida.
Mordi levemente os lábios ainda a olhando nos olhos e então a abracei. Suas mãos se prenderam mais uma vez em minha cintura colando nossos corpos, outro abraço diferente. Ondas de calor passeavam por todo o meu corpo, não queria me afastar e ao que percebi, nem ela. Meu coração parecia acelerado pelo ato, sua respiração batendo em meu ouvido me arrepiava aquelas pessoas iam sumindo pouco a pouco. Fechei os olhos quando senti o pequeno nariz deslizar calmamente de encontro ao meu. Minha respiração falhou quando senti eles roçarem delicadamente e então, ela se afastou.
Pisquei algumas vezes tentando recuperar a sanidade. Olhei em volta, todos pulavam sem se importar com nós duas. Olhei para Anahí que parecia tão perturbada quanto eu.
– Eu-eu.. - Começou a dizer algo mas as palavras morreram em sua boca. Eu ainda permanecia imóvel, me controlando para não ceder aos meus impulso. - Melhor a gente ir sentar.
Apenas assenti a deixando me guiar pelas mãos até uma mesa vazia. Ficamos em silêncio por alguns segundos observando o salão parcialmente escuro até que ela resolveu ir embora, bastava encontrar Cristian. Anahí saiu em sua procura me deixando sentada ainda processando o último acontecimento.
– Sério... – Escutei da mesa vizinha. - Aquilo foi muito interessante. - Olhei e vi nada mais, nada menos do que Zoraida se aproximando de mim. Droga! – Posso me sentar?
– C-claro. – Concordei observando a minha amiga e colega de trabalho se posicionar à minha frente. – O que foi interessante?
– Você e a Portilla. Estava observando. - Em nenhum momento seus olhos encontravam os meus.
– V-v-você viu? Quer dizer...
– Relaxe, Maria. Vocês são amigas, ser carinhosa é normal.. – Ponderou passeando o dedo pela borda do copo que segurava. – Mas o que me deixou intrigada é que geralmente amigas não são tão carinhosas daquele jeito. - Apontou.
Observei Zoraida correr os olhos pelo local bebericando o copo. A maquiagem nos olhos estava forte, o que realçava ainda mais seu cinismo. Usava um vestido tubinho tomara que caia preto que contrastava bem com a pele bronzeada. Fazia tempo que nos conhecíamos. Não eramos melhores amigas nem nada, mas nos aproximamos por conta dos personagens então sabíamos nos entender muito bem. Até já tínhamos trocado algumas confissões sobre o meio no qual vivíamos e sabíamos ler uma a outra às vezes, o que não contava pontos a meu favor naquele momento.
– N-nós estávamos apenas conversando. – Tentei falar sem gaguejar não obtendo muito sucesso.
– Aham. Senta lá. – Sorriu. – Acho que ninguém viu. Quer dizer, ninguém além de mim e da Angel é claro.
– Angelique também viu? – Arregalei os olhos me entregando e logo em seguida tentei consertar o estrago. – Não importa. Não aconteceu nada. - Desviei dos olhos que me fitavam parecendo entediados.
– Ela me mandou uma SMS do outro lado do salão. Se não fosse por ela, eu não teria percebido. – Confessou. – E você tem razão, não aconteceu nada mas.. pelo que percebi quase aconteceu. - Gargalhou fazendo com que minhas bochechas parecessem brasas. - Okay, esquece tudo isso está bem? - Sorriu amigável enquanto apertava levemente minha mão largada sobre o tampo da mesa. - Seu segredo está seguro comigo, pode confiar em mim.
– Não sei não. Você está se juntando a concorrência. – Estreitei os olhos a fazendo rir.
– Qual é. Somos garotas, precisamos nos unir certo? – Piscou. Anahí apareceu ao meu lado com Cristian ao seu encalço. – Hey, Anahí. É melhor eu ir. Qualquer coisa é só me procurar, Dulcinha.
– Obrigada, Zoraida – E então ela se foi.
Depois daquele dia eu nunca mais fiz qualquer piadinha sobre `` Josi Luján ser distraída. Fuzz tinha razão, eu tinha que disfarçar melhor do que aquilo se não quisesse que a bomba explodisse. Olhei pra cima encontrando Anahí e Cristian discutindo sobre algo. Pelo visto Cristian não queria ir embora, como sempre. Anahí me lançou um olhar de súplica que entendi imediatamente. Levantei meio hesitante me colocando entre os dois.
– Pólis, eu vou embora agora. Eu posso deixá-la em casa. - Passei a mão pelo braço do meu amigo tentando acalmá-lo.
– Obrigado Dulce, mas todos nós sabemos que onde a princesinha estiver terá urubus.
– Eu posso ir pra casa da Dulce, depois você passa lá e me busca. - Anahí sugeriu atrás de mim.
Esperei Cris absorver a proposta cautelosamente. Queria muito Anahí perto de mim, mas pensando bem era melhor manter uma certa distância então torci para que Cristian negasse. O observei olhar de Anahí para mim e depois de um tempo em silêncio suspirou.
– Não. Vamos pra casa, essa festa já deu o que tinha que dá. - Disse cansado.
Comemorei internamente antes de me virar encontrando Anahí cabisbaixa. Ergui seu rosto com meu indicador mirando em seus olhos.
– O que foi? - Sussurrei próxima sem me importar com o que havia acontecido à minutos atrás, muito menos com o que aconteceria naquele momento.
– Não queria me despedir de você agora. - Resmungou me fazendo sorrir satisfeita. - Agora só Deus sabe quando vamos nos encontrar.
– São apenas algumas semanas Anahí. acho que Mia e Roberta sentirão saudades.- Alisei a bochecha de Anahí com o polegar tentando apaziguar a situação. - Vai passar logo
Autor(a): portisavirroni
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 5
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fernandaayd Postado em 06/03/2018 - 14:30:21
Já acabou?? Que pena, pois essa foi uma das melhores histórias que já li. E de alguma forma me ajudou muito. Obrigada pela dedicação e vc escreveu tudo com o coração, pq dar pra sentir isso em casa capítulo. Parabéns por tudo★
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fernandaayd Postado em 28/02/2018 - 17:41:23
Será que a Dul, vai falar para Anie sobre a depressão? ?
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candy1896 Postado em 25/02/2018 - 20:44:37
Continuaa, que não aconteça nada de ruim com Dul.
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fernandaayd Postado em 09/02/2018 - 14:16:33
Estou acompanhando e você escreve muito bem, parabéns! E que bom que você sempre posta.
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Lorahliz Postado em 31/01/2018 - 21:07:49
To acompanhando sua fic e to amando!!! Posta mais...o cap 7 tá dando erro!!