Fanfics Brasil - Capítulo 4 My world was always you ( portinõn) finalizada

Fanfic: My world was always you ( portinõn) finalizada | Tema: Rebelde


Capítulo: Capítulo 4

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"Me use como você quiser


 


Me persua sutilmente só por emoção


 


E eu sei que ficarei bem


 


Embora meus céus se tornem cinza"


 


 


 


 


 


***********


 


– Meu Deus! Que saudade de vocês! - Marichelo me apertava tanto na recepção do luxuoso hotel que quase não dava para respirar. - Pedi que reservassem seus quartos no mesmo andar que os nossos. - Agradeci mentalmente quando se afastou para cumprimentar minha mãe.


 


– Marichelo, não precisava de todo esse esforço. - Escutei a voz de minha mãe enquanto eu entregava nossas bolsas para o carregador que as levariam até o quarto.


 


– Claro que precisava, vocês são da família. Blanca, você tem que ver a vista do seu quarto. - Observei Marichelo dizer enquanto enlaçava o braço no da minha mãe feito adolescentes. Ri da cena ganhando a atenção da morena e da loira a minha frente.


 


– Onde estão as meninas? - Me pronunciei.


 


– Vamos subindo. - Marichelo puxou nós duas. - Aninha está no quarto dormindo pra aguentar ficar acordada durante a noite e minhas duas rebeldes estão ensaiando no ateliê.


 


A mãe de Anahi me expulsou do elevador alguns andares abaixo de nossos quartos dizendo que as duas irmãs deveriam estar ao fim do corredor. Bastava achar em qual dos três porque havia um em cada lado do meu corpo. Caminhei contemplando o lugar silencioso pintado de branco e dourado. Alguns arranjos com flores artificiais davam um toque a mais na decoração. Achei banheiros, sala de jogos, algo parecido com uma sala de estar, mas nada das meninas.


 


Estava chegando no final do corredor onde se encontrava uma grande porta de vidro quando escutei a batida de uma música The Pussycat Dolls, Mari me veio a mente me fazendo seguir o som até à porta aberta.


 


– 5, 6, 7, 8.. - Ouvi a voz de Mari antes da figura magra correr pra frente do espelho que ocupava toda a parede.


 


Observei a Portilla mais velha dançar olhando analiticamente para o seu próprio reflexo. Usava uma calça preta e regata branca, seu conjunto habitual para dar aulas. O cabelo solto voava pra todas as direções devido aos movimentos e mesmo assim seu rosto permanecia sem expressão, era como se não estivesse fazendo esforço algum. Corri os olhos pela sala à procura de Anie mas de onde eu estava não dava pra ver metade do cômodo. Olhei pelo reflexo do espelho achando a mais nova de costas se refrescando com uma garrafa d`água. Usava uma calça parecida com a de Mari e um casaco preto cobria seu tronco.


 


– Outra vez, Anahi. No dois. - Avisou a mais velha ainda dançando.


 


Anie largou a garrafa na mesa se despindo do casaco ficando com um top roxo que deixava o abdome bem definido à mostra. Correu em direção ao espelho ficando ao lado de Mari que começava a contagem.


 


– 1, 2..


 


O cotovelo direito de ambas foram arremessados para o lado e com rapidez suas mãos voltaram em direção ao peito imitando palpitações. Seus cabelos foram jogados para baixo e subiram novamente dando um visual selvagem as duas que ainda dançavam sincronizadas. Alguns fios loiros colavam em seu rosto levemente suado e a franja cobria boa parte dos olhos azuis, mantinha a boca minimamente aberta para a passagem do ar. Prendi a respiração mordendo o lábio inferior com a cena. Meu coração batia tão forte que além de vê-lo pulsando contra a blusa, também ouvia o batimento em meus tímpanos. As caras e bocas que Anahi fazia durante a execução dos passos não ajudava nem um pouco na minha situação. Os corpos se movimentavam sensualmente e naquele momento os olhos de Anie se encontraram com os meus através do reflexo. Engoli a saliva que tinha se acumulado em minha boca antes de dar um sorriso nervoso e sem graça. Seus olhos brilharam junto com um sorriso tímido que brotava em seus lábios, os movimentos começaram a desacelerar aos poucos até que Mari chamou sua atenção.


 


 


 


– Se concentra Portilla. No três.


 


– Okay. - Os azuis desviaram de mim, o rosto se tornando mais sério ao receber a bronca da irmã.


 


– 1, 2, 3..


 


Mais uma sequência de passos foram executados com leveza e facilidade. Mordi a dobra do meu dedo indicador com força enquanto um zumbido incomodava meus tímpanos quando percebi o sorriso safado que Anahi esboçava. Por que Deus? O que eu tinha feito para me torturar dessa maneira? Não que eu não estivesse gostando da visão, mas era praticamente um pecado dançar daquele jeito na minha frente e eu não poder fazer absolutamente nada com aquele corpo.


 


Mari sumiu de minhas vistas, que só prestava atenção na mais nova que naquele momento parecia dançar só pra mim. Ela era muito... Ela estava muito... muito... gostosa? Admiti. E literalmente estava me deixando com água na boca. Engoli mais uma vez me encostando na parede de braços cruzados me permitindo desfrutar mais da cena. Todos os movimentos eram graciosos e tentadores. As coreografias de Mari sempre foram bem ousadas mas nunca tinha parado pra analisar de fora. Todos os gestos que Anahi fazia enquanto me olhava eram sugestivos e me deixavam um pouco inquieta. A língua umedeceu os lábios secos com calma enquanto seu tronco ondulava pra trás. Uma sobrancelha arqueada e um sorriso malicioso me foi lançado, grunhi baixo soltando o ar quente preso em meus pulmões. Olhei para o teto agradecendo ironicamente à Deus e voltei minha atenção para as duas. Respirei fundo quando Mari desistiu da dança e Anie veio correndo em minha direção. Abri os braços a recebendo em um abraço apertado me aproveitando um pouco das costas nua e do corpo quente beijando carinhosamente seu ombro.


 


– Você veio. - Disse eufórica.


 


– Claro que eu vim. Você acha mesmo que iria faltar? - Me afastei admirando a beleza de seu sorriso bobo


 


– Cruz credo, garota! - Ouvi Mari exclamar do outro lado do aposento notando minha presença pela primeira vez. - Quando foi que você chegou aqui?


 


– Faz um tempinho.. - Caminhei para perto dela. - Pensei ter ouvido sua mãe dizer que vocês estavam ensaiando.


 


– Ninguém ensaia no dia da apresentação. - Bufou Anahi se sentando no chão.


 


– Em vez disso dançam Buttons? - Cruzei os braços sendo sarcástica. - Entendi. - Anahi mostrou a língua me fazendo rir.


 


– Não necessariamente. - Mari respondeu mexendo no laptop. - Podemos dançar Toxic - Sorriu radiante pra mim enquanto a música conhecida preenchia a sala. - Vamos Dulce, me mostre o que você sabe. - Me puxou para a frente do espelho.


 


– Não, você não vai me obrigar a fazer isso. - Gargalhei da mais velha que fingia se insinuar me chamando com o indicador. - Eu estou de salto. - Dei a desculpa apontando para os pés.


 


– Você tem mãos. Tira eles - Respondeu já dançando os passos tão conhecidos.


 


A voz de Britney entrou na música me causando certa nostalgia. Mari dançava esperando que eu me juntasse à ela. Tirei as sandálias pisando no assoalho frio, Anie ainda estava no chão rindo da gente. Meus braços que estavam cruzados se soltaram quando reconheci a aproximação do refrão e quando ele chegou segui os passos de Mari a fazendo sorrir satisfeita.


 


Meu corpo acertou a coreografia perfeitamente em sincronia com a professora ao meu lado. Me concentrei o máximo possível tentando relembrar dos passos seguintes e em não perder o ritmo da respiração, fiquei feliz pelo meu êxito. Ri com vontade enquanto jogavamos os cabelos lembrando de nossos ensaios. Comecei a cantar junto com a música ficando cada vez mais confiante, olhei para Anahi que me fitava de cima à baixo com olhos contemplativos e um sorriso no canto da boca carnuda. Continuei seguindo os passos de Mari que extravasava às vezes, mas não perdi a Portilla mais nova de vista. Prendi seus olhos nos meus fazendo minha melhor cara de ingênua, sonsa, e percebi sua boca se fechar engolindo algo. Sorri maliciosamente satisfeita. Mari olhava apenas para seu reflexo ignorando nós duas. Soltei mais o corpo passando minhas mãos desnecessariamente por sobre a barriga levantando um pouco a blusa enquanto minha boca se abria para a saída do ar. Eu nem sabia mais em qual parte da música estavamos, apenas seguia Mari e meus instintos. Estava concentrada demais na figura sentada atrás de mim. Dançava pra ela, todos os movimentos que estava fazendo, todas as expressões eram somente para provocá-la. Joguei o cabelo algumas vezes entre os passos sentindo alguns fios grudarem em minha boca que vez ou outra era intencionalmente umedecida por minha língua, sua fisionomia ia ficando cada vez mais tensa. Percebi as maçãs do rosto pálido corarem, seus olhos ficando brilhantes, vermelhos e intensos a cada movimento meu.


 


 


 


 


 


– Arrasou! - Mari ergueu as mãos para mim.


 


– Eu não acredito que ainda sei dançar isso - Gargalhei juntando nossas mãos em um estalo.


 


– Vou tomar um banho. Depois a gente se fala - Observei a mais velha sair nos deixando sozinhas.


 


– Nervosa? - Me sentei de frente para Anahi 


 


– Nervosa? Eu? Por que? - Seus olhos tremeram.


 


– Por causa do show. - Ri de sua reação. - Do que mais seria? - Perguntei sonsa me permitindo dar brecha para os sentimentos confusos.


 


– Ah, o show. - Suspirou. - Vou ficar mais nervosa na hora. Vem, estou morrendo de fome. - Se levantou me puxando em seguida.


 


**********


 


– ANDA LOGO MÃE!


 


Gritei pela terceira vez me olhando no espelho do quarto de hotel. Vestia uma calça jeans, camisa preta e salto médio. Meus cabelos estavam com grandes cachos que batiam no meio das costas e apesar do delineador marcar bem meus olhos o resto da maquiagem era bem leve. Não era tão problemático me arrumar. Escutei os passos apressados de minha mãe saindo do banheiro enquanto a ouvia reclamar pela milésima vez que ainda era cedo.


 


– Eu sei que é cedo e é por isso que precisamos ir logo. Quero chegar antes dela entrar no palco. - Olhei para meu reflexo mexendo no cabelo.


 


– O motorista ao menos já chegou? - Perguntou entediada passando batom em seus lábios.


 


– Já está nos esperando faz meia hora. Parece que a senhora vai à um encontro a dois e não em um show de rock. - Reclamei indo em direção a porta.


 


Naquele dia Anahi tinha saído do hotel mais cedo para os ajustes finais me deixando com saudades novamente. Três horas eram sim o suficiente para sentir saudades, para quem ficou durante meses grudadas uma na outra para fazer uma droga de novela. Fazia algumas semanas que a turnê tinha sido iniciada e mais do que nunca sentia falta dela. Sentia falta de sua risada, falta de seus abraços, de suas piadas sem graças e de ficar apenas calada ao seu lado. Só de pensar que depois daquele dia ela ainda ficaria mais três semanas longe me matava por dentro. Mesmo de dentro do carro pude observar a correria para os preparativos do show.


 


Abri a porta do automóvel já sendo cumprimentada por todos. Minha mãe seguiu o caminho dos camarotes e eu o caminho dos corredores procurando pelos camarins ou por alguém conhecido, mas não achava nada. Comecei a ouvir o aquecimento dos instrumentos e temi não encontrá-la a tempo. Avistei uma jovem com fones de ouvido e uma prancheta em mãos, em meio a adrenalina puxei seu braço. Ela me olhou assustada, mas quando me reconheceu um sorriso dedicado se apossou do rosto.


 


– Cadê a Anahi? - Perguntei antes de mais nada


 


– Ela já deve estar se preparando para entrar


 


– Onde?


 


– Por aqui.


 


O barulho dos gritos iam ficando cada vez mais próximos, os instrumentos já tinham se calado novamente, então saímos em um grande espaço aberto onde se encontrava varias caixas e mesas de som. Guitarras, microfones e bastante comida. Havia muita gente ali e ao longe pude ver alguém parecido com Tziano mas no momento era outra pessoa que me importava mais. Olhei para todos os cantos e por fim a achei andando de um lado para o outro estalando os pulsos e a cabeça. Calça e camisa do AC/DC, botas e jaqueta de couro, todos da cor preta. A maquiagem e cabelo impecável. Percebi que olhava de um lado para o outro como se procurasse por alguém até que me viu. Um sorriso imenso tomou conta de seus lábios enquanto vinha correndo se lançando em meu pescoço. Me afastei para poder olhá-la melhor e vi que aquele sorriso bobo ainda estava pregado em seu rosto. Ouvi alguém gritar "Dois minutos", Anahi segurou em minhas mãos com força. Por um breve momento lembrei de todas as vezes que ela se sentia amedrontada e eu a tranquilizava. Sorri levemente olhando para nossas mãos entrelaçadas, dirigi meus olhos para os dela que ainda demonstravam medo. Com minha mão livre peguei o tampão de ouvido verde que pendia em seu ombro e o levei até sua orelha.


 


 


 


 


 


– Eu estou com você. - Dei-lhe um beijo no rosto. - Assim como você está aqui comigo. - Toquei na correntinha de ouro em meu pescoço.


 


Ouvimos o som da guitarra rasgar o silêncio junto com a bateria. Observei Anahi se afastar em direção ao palco e então o show começou.


 


*********


 


Estava encostada em uma grande coluna de ferro com os braços cruzados admirando a performance no palco. A cada gesto da loira a platéia ia à loucura e isso a motivava ainda mais em dar o seu melhor. O sentimento de orgulho me inundava enquanto a garota revezava entre guitarra e teclado. Eu ainda estava babando nela quando senti um queixo descansar em meu ombro, me virei um pouco encontrando Mari a observando da mesma maneira que eu.


 


– Ela está ótima não está? - Elogiou calma.


 


– Ela é maravilhosa.


 


Respondi em um suspiro enquanto voltava a descansar a cabeça na coluna, Mari me olhou um pouco confusa mas ignorei isso e continuei aproveitando o show. Ela estava em sua última música e quando finalmente se despediu de todos veio correndo em nossa direção. Eu e Mari quase caímos com o contato bruto de nosso abraço triplo.


 


– Vocês viram aquilo? - Andou de um lado para o outro excitada.


 


– Você foi incrível. - Mari bateu palmas rindo.


 


– Sério? E você, Dul? O que achou? - Virou-se para mim em expectativa.


 


– Hã.. - Tentei parar de olhar para sua boca rosada, o suor brilhando em sua pele. - Você foi perfeita. Parabéns


 


– Obrigada. - Sorriu gentil enquanto me encarava.


 


Reparei em Mari olhando para nós duas de forma encucada, mas logo sua atenção foi desviada para Aninha que vinha correndo abraçar Anahi. Assistimos à apresentação de Ucher, Chris e Poncho que deixou o público ao delírio e depois nos dirigimos à festa que a produção havia organizado. O lugar era bem grande atrás dos camarins e caberia muito mais pessoas.


 


Eu estava estrategicamente sentada perto da mesa de salgadinhos junto com Aninha e o irmão caçula do Christian. Uma vez ou outra Mari passava por ali e comia dos meus salgados e bebia do meu refrigerante. Minha mãe conversava animadamente com os pais de Anahi, provavelmente contando sobre suas viagens a negócios pois Eddy parecia muito interessado. O pessoal da banda estavam espalhados pelo local rindo e conversando animadamente. Fiquei sozinha por um momento e então Poncho apareceu em minha frente me distraindo um pouco perguntando sobre o show. Em frações de segundos um corpo apareceu em meu colo. Anahi se sentou de lado sobre minhas pernas envolvendo meu pescoço com os braços.


 


– Eu adoro essa música! - Exclamou arrancando um riso fraco de Poncho


 


– Me diz qual música da A Rocket To The Moon você não gosta. - A segurei pela cintura.


 


– Toda vez que ela escuta uma música deles eu escuto a mesma frase. - Poncho Suspirou entediado. - "Eu adoro essa música!"– Imitou a voz da Anahi em um falsete me fazendo rir.


 


– Vocês dois são muito chatos sabiam? - Soltou um muxoxo.


 


– E você nos ama por isso. - Retruquei Anahi se aproximou do meu ouvido encostando os lábios ali.


 


– Eu amo mais você. - Os pelos da minha nuca se eriçaram com o roçar da boca macia em minha orelha e com o tom rouco


 


– É melhor eu deixar as duas pombinhas sozinhas. - Ouvimos Poncho se pronunciar.


 


– Para de palhaçada Alfonso, até parece que você não está acostumado com a gente. - Anahi se virou pra ele enquanto as palavras ainda ecoavam em minha cabeça.


 


– Eu tive que aprender a me acostumar esqueceu? - Seus olhos nos lembraram da época em que namoravamos. Desconfortável. - Vou falar com a banda. - Virou as costas se afastando.


 


– Eu ainda estou com tanta saudade de você. - Os braços me apertaram quando Poncho já estava longe.


 


– Anahi... assim vai me quebrar.


 


Escutei o riso abafado em meu ombro, passei os dedos por suas costas em uma leve carícia. Anie falou sobre os shows, sobre as festas, as cidades, os fãs e levando em consideração a malícia em minha cabeça ninguém ali no espaço estava dando a miníma pra nós duas naquela situação. A voz rouca e animada cessou por um segundo antes de eu sentir uma pequena mordida em meu ombro, logo após continuou a contar as histórias. Okay, era impressão minha ou ela estava me provocando desde cedo? Desci um pouco minha mão que se encontrava no meio de suas costas para a base da coluna levantando um pouco a blusa e arranhando de leve a pele exposta, senti que o corpo em meu colo se arrepiou, mas não me parou. Ao invés disso escondeu o rosto em meu pescoço começando a acariciar meu braço com as unhas. Meu coração saltitou com a possibilidade daquilo. Ficamos em silêncio por um bom tempo, aproveitei para correr mais uma vez os olhos pelo local, todos se divertindo sem se importar conosco. Muito bom para mim.


 


– E agora onde será o próximo show? - Tentei soar casual.


 


– Argentina.


 


Então senti um beijo quente e molhado em meu pescoço, meu corpo inteiro se arrepiou. Afastei minhas mãos de Anahi as fechando com força enquanto mordia o lábio tentando agir segundo a racionalidade, não poderia me entregar naquilo ali. Analisei cuidadosamente todas as atitudes que Anahi tinha tomado nas últimas vezes que nos encontramos. Os abraços, as palavras, os carinhos.. Se eu decidisse fazer algo só teria uma única chance e teria que fazer dar certo, eu não podia colocar tudo a perder. Inevitavelmente comecei a imaginar um futuro ao lado dela. Já tinha conquistado sua amizade e a conhecia tão bem.. Eu poderia conquistá-la por completo, de vez, só pra mim, certo? É incrível a capacidade que eu tenho em arquitetar meus próprios sofrimentos futuros. Que masoquista de minha parte.


 


Aninha apareceu em nossa frente falando sobre alguma coisa e eu congelei. Anahi agiu normalmente. Riu baixo voltando sua atenção para a garota a nossa frente ainda deitada em meu ombro e acariciando meu braço. Disse para a menina aproveitar, a observou sair correndo novamente e voltou a esconder o rosto em meu pescoço. Ninguém ali estranharia eu e Anie, nós sempre estavamos grudadas. Poncho tinha lembrado disso muito bem a minutos atrás. Uma perto da outra, uma sentada no colo da outra, uma deitada junto da outra. Mas eu e ela sabíamos muito bem como nos comportávamos nessas situações. No máximo seguravamos as mãos ou fazíamos cafuné quando a outra estava com a cabeça baixa, mas nunca aquilo. Aquilo era diferente. Sorri abertamente analisando todos os fatos que aparentemente contavam ao meu favor passando uma mão em seu quadril enquanto a outra embrenhou em seus cabelos puxando sua cabeça para cima. Beijei sua testa com carinho antes de me afastar a olhando nos olhos.


 


– Não é melhor fazermos uma social com o resto do pessoal não? - Sugeri ainda sorrindo.


 


– Não.. - Brincou com minha argola. - Eu os vejo todos os dias. - Revirou os olhos.


 


– Eu sei.. mas tem pessoas aqui que você não vê todos os dias.


 


– Você! - Respondeu num salto.


 


– Any.. - Gargalhei. - Eu estou falando sério.


 


– Tá bom. Vamos fazer a social. - Se levantou me puxando pela mão.


 


*********


 


O local já estava ficando vazio quando minha mãe veio me chamar para irmos embora. Estava com as irmãs Portilla no meio de alguns músicos que nos contavam piadas sem graças, mas que nos faziam rir. Mari ao que me parecia flertava com o guitarrista enquanto eu e Anahi conversavamos sobre o assunto apenas pelo olhar rindo da situação de vez em quando.


 


 


 


– Amanhã temos que voltar cedo, você tem que ir ao estúdio. - Informou minha mãe mais uma vez.


 


– Okay, melhor irmos. - Levantei e Anahi me acompanhou.


 


– Eu também já vou. - Se pronunciou.


 


– O quê? - Mari perguntou frustrada.


 


– Mari, eu preciso descansar. Se quiser pode ficar aí, mamãe está comigo hoje. - Se virou pra minha mãe. - Blanca, a Dul pode dormir no meu quarto, por favor? - Juntou as mãos implorando. Minha mãe olhou para nós duas revirando os olhos.


 


– Eu ainda não entendo pra quê sempre pago dois quartos. - Virou as costas nos deixando com a permissão.


 


Nos despedimos de nossos pais no saguão e subimos as escadas. Nossos quartos ficavam no mesmo corredor o que facilitou minha mudança de roupa. Estava no banheiro de suíte de Anahi com as mãos espalmadas no mármore frio da pia enquanto olhava meu reflexo no espelho. Vestia um short curto e a camisa dos Power Rangers que Anie havia me dado à algum tempo atrás. Do outro lado da porta a loirinha provavelmente já estava deitada e pensar em dividir uma cama particularmente pequena com ela no momento era algo estranho e tentador até demais. Meus pensamentos tinham evoluído muito durante os últimos meses e tudo aquilo era culpa dos sinais que ela me enviava. Ou será que eram coisas da minha cabeça? Vai ver eu estava procurando esperança e contorcendo os reais fatos em coisas que na verdade não existiam e nunca iriam existir. Percebi que meu corpo todo tremia.


 


Suspirei abrindo a torneira jogando água no rosto e passando as mãos molhadas pela nuca. Droga! Eu estava morrendo de medo dela, essa era a verdade. Eu mesma estava cansada dessas idas e voltas de decisões. Não sabia mais no que pensar. Uma hora eu achava que ela dava condições, na outra achava que eu estava ficando maluca. De fato, ainda acho que a segunda opção é a válida. Não dava pra ficar fugindo e eu era uma ótima atriz, certo? Me enchi de coragem ignorando todos os sentimentos, o que já estava virando comum pra mim, e abri a porta. A luz do quarto já estava apagada, mas a luz do luar conseguia entrar pela janela tornando o ambiente meio iluminado. Anahi se encontrava deitada de costas para o lado direito da cama que estava vazio para mim.


 


– Ah, que lindo.. - Sussurrei me enfiando com calma debaixo das cobertas. - Você me chama pra dormir.


 


– O que você queria que eu fizesse? - Sussurrou de volta ainda de costas. - São duas e vinte da madrugada.


 


– Qualquer coisa menos dormir, né? - Conversei com seu cabelo a minha frente mantendo o mesmo tom. - Se era pra ser assim por que não dormi no meu quarto?


 


– Meu Deus! Mas como você reclama. - Se mexeu se virando de frente pra mim. - Eu não queria ficar longe de você.


 


– Eu também. - Sorri satisfeita. - Eu não estou com sono não sei como vou conseguir acordar cedo amanhã.


 


– Então tenta dormir. - Após alguns segundos percebi seus olhos se fecharem pouco a pouco.


 


– ANIE! - A despertei no susto sufocando minha risada.


 


– Vem cá. - Sentia uma mão me puxar pela cintura de encontro ao seu corpo enquanto fechava os olhos outra vez.


 


– O quê? - Me assustei com a proximidade. Sua testa encostou na minha carinhosamente.


 


– Sh.. - Me pediu silêncio enquanto uma de suas pernas prendia meu corpo e seus dedos passeavam pelo meu cabelo. Fiquei imóvel e sem respirar. - Muito bem.


 


– O que você está tentando fazer? - Estremeci um pouco sentindo a respiração doce bater em minha boca.


 


– Fazer você dormir. - Soprou quase inaudível.


 


 


 


 


 


Era meio impossível dormir daquele jeito. Anahi estava perto, muito perto, perigosamente perto. Fiquei olhando para o rosto tranquilo durante alguns minutos e me pegava a todo instante me controlando para não avançar um pouco mais até chegar aos lábios carnudos. Eles estavam tão perto, tão ao meu alcance. O medo de ser rejeitada, de estragar tudo, superou a vontade que transbordava dentro do meu corpo. Sua mão se movimentava em minha cabeça mostrando que ainda estava acordada. Suspirei fechando os olhos e relaxando o corpo em seus braços. Precisava dormir para não fazer nenhuma besteira.


 


[...]


 


Eu estava surfando em um dia lindo de sol quando uma música eletrônica chegou aos meus ouvidos me arrancando do mundo dos sonhos. Pisquei algumas vezes me acostumando com a luz do sol que iluminava o quarto e feria meus olhos. A música que vinha do meu celular parou, agradeci mentalmente voltando a fechar os olhos. Ainda estava despertando e aos poucos percebi que estava abraçando alguma coisa. Anahi. Abri os olhos novamente e me vi deitada em seu peito. Meu braço estava sobre ela que mesmo dormindo ainda me abraçava. Sorri com a visão. O celular voltou a tocar, tentei me levantar com calma para atendê-lo mas os braços que me envolviam se apertaram me impedindo de sair do lugar.


 


– Deixe tocar. - O sussurro da voz rouca chegou como música aos meus ouvidos.


 


– Deve ser minha mãe. - Tentei sair mais uma vez mas Anie me apertou ainda mais contra seu corpo.


 


– Deixa. Daqui a pouco minha mãe vem chamar a gente. - Me aconcheguei em seu colo desistindo de levantar.


 


– Pensei que estivesse dormindo. - Comentei após algum tempo de silêncio.


 


– Quase não dormi essa noite. - Algo no tom baixo de sua voz fez meu corpo gelar.


 


– Por quê? - Sussurrei.


 


– Anahi! Dulce!– Ouvimos a voz fina enquanto batiam na porta.


 


– Não disse? - Anahi suspirou se levantando. A camisa preta do Ozzy cobrindo até metade da coxa nua. - Já vai! - Correu até a porta a abrindo.


 


– Eu estou ligando a horas. Por que não atendeu, Dulce? - Minha mãe entrou no quarto quase soltando fogo pelas narinas.


 


– Não escutei. - Sorri amarelado.


 


– E você? - Marichelo cruzou os braços olhando para a filha. - Quantas vezes já disse para não desligar o celular?


 


– Ele deve ter descarregado. - Anahi recuou um pouco com medo da expressão assassina das duas.


 


– Aqui está sua roupa. - Minha mãe deixou minha bolsa na cadeira. - Estou esperando na recepção. Anda logo! - Bateu palmas para que eu me levantasse da cama.


 


– Já tô indo - Reclamei pegando a bolsa indo em direção ao banheiro.


 


Tomei um banho rápido, através da porta pude ouvir Anahi tentando cantar em espanhol. Como ela era horrível, ri enquanto me maquiava. Me abaixei para colocar meus tênis amarrando os cadarços com calma. Abri a porta a encontrando sentada na cama mexendo no celular com os fones no ouvido. Arrumei minha bolsa notando que não tinha se trocado ainda.


 


– Não vai descer? - Perguntei um pouco alto para ser ouvida.


 


– Não - Tirou os fones colocando o celular ao seu lado. - Já me despedi de sua mãe.


 


– Hum.. Eu não queria mas.. hora da despedida. - Levantei um pouco os braços os abaixando em seguida.


 


– Se você não queria bem que poderia seguir viagem comigo. - Disse dengosa.


 


Olhei para o chão segurando o riso. Era sempre o mesmo roteiro.


 


– Tudo bem então. - Caminhei até a cama me sentando na beirada. - Mas vai ter que me aturar. - Avisei.


 


– Já estou acostumada. - Deu de ombros. - Eu falo com sua mãe. - Fingiu se levantar e eu a puxei de volta a fazendo rir.


 


– Boba. - Voltei a ficar séria e me levantei a puxando junto comigo. - Vamos acabar logo com isso. - Abri os braços a chamando.


 


– Vou sentir saudade. - Ouvi dizer enquanto me abraçava.


 


– Eu também. - Me afastei lhe dando o beijo costumeiro na testa.


 


Fiquei parada esperando meu beijo na bochecha que não veio. Em algum momento no meio do percurso o calculo deve ter saído errado e seu rosto virou mais do que deveria acertando o beijo em meus lábios permanecendo ali por dois segundos. Meu coração pareceu crescer com a breve junção de nossas bocas. A mistura do desejo com o medo revirou meu estômago me causando uma sensação totalmente nova e gostosa. Abri calmamente os olhos enquanto ela se afastava devagar parecendo assustada. Por mais que eu quisesse, e eu queria, o meu corpo não reagia e a unica coisa que parecia funcionar era a respiração pesada entrando e saindo pela minha boca aberta. 


 


– D-Desculpa. - Anahi rompeu o silêncio se desesperando desnecessariamente. - F-Foi sem querer...


 


Limpei a garganta sentindo o rosto queimar. Olhei para baixo passando a língua nos lábios ainda sentindo o toque quente e macio dos dela. Cocei a nuca piscando algumas vezes antes de olhar para Anahi que tinha passado do estágio vermelha. Engoli algumas vezes enquanto ela ainda se desculpava sem parar.


 


– Any.. - Chamei sua atenção ao encontrar minha voz. - Calma. Está tudo bem. Você só.. errou o alvo. Isso acontece. - Forcei um sorriso.


 


– Tem certeza? - Senti a Portilla ir se acalmando aos poucos.


 


– Claro... - "Que não, você acertou muito bem o alvo." completei em pensamento. - Vem cá. - A puxei para um outro abraço.


 


Meu celular voltou a tocar me apressando. Me afastei um pouco do corpo pequeno depositando um beijo carinhoso e demorado em sua bochecha.


 


– Te quiero.– Pronunciei em espanhol enquanto me afastava e sorri quando suas sobrancelhas se uniram em desentendimento.


 


– O que significa? - Entortou a cabeça tentando decifrar.


 


– Significa que você precisa aprender espanhol urgentemente. - Respondi em meio ao riso. - Se cuida e volta logo. - Pedi antes de me virar a deixando só



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Autor(a): portisavirroni

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 5



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  • fernandaayd Postado em 06/03/2018 - 14:30:21

    Já acabou?? Que pena, pois essa foi uma das melhores histórias que já li. E de alguma forma me ajudou muito. Obrigada pela dedicação e vc escreveu tudo com o coração, pq dar pra sentir isso em casa capítulo. Parabéns por tudo★

  • fernandaayd Postado em 28/02/2018 - 17:41:23

    Será que a Dul, vai falar para Anie sobre a depressão? ?

  • candy1896 Postado em 25/02/2018 - 20:44:37

    Continuaa, que não aconteça nada de ruim com Dul.

  • fernandaayd Postado em 09/02/2018 - 14:16:33

    Estou acompanhando e você escreve muito bem, parabéns! E que bom que você sempre posta.

  • Lorahliz Postado em 31/01/2018 - 21:07:49

    To acompanhando sua fic e to amando!!! Posta mais...o cap 7 tá dando erro!!


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