Fanfics Brasil - Capítulo 5 My world was always you ( portinõn) finalizada

Fanfic: My world was always you ( portinõn) finalizada | Tema: Rebelde


Capítulo: Capítulo 5

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"Você está colocando para fora um lado de mim que eu não conheço."


 



************


 


O barulho irritante que vinha do celular descansando sobre a mesa de cabeceira foi me despertando aos poucos, mesmo assim mantive os olhos fechados na esperança de que parassem de tentar falar comigo e que eu voltar ao meu sono relaxante. Suspirei satisfeita abraçando o travesseiro quando o som parou deixando o aposento em silêncio. O som irritante voltou a soar depois de alguns segundos me fazendo bufar. Minha vista embaçada percebeu a luz fraca do sol que ainda estava nascendo através da cortina fina que cobria a janela. Apalpei em direção a mesa ao lado e senti o celular vibrando em minha mão. Apertei a tecla para aceitar a chamada sem nem ao menos olhar para o aparelho e o coloquei na orelha.


 


- Alô! - Forcei a voz evitando mostrar o sono.


 


- É verdade que você está namorando o Uchôa?- Senti o tom exigente.


 


Abri os olhos reconhecendo a voz do outro lado da linha. Meu estômago contraiu. A surpresa ainda me atingia enquanto me sentava na cama olhando para o relógio analógico pendurado na parede verde a minha frente. Duas semanas. Telefonei para todos os celulares que conhecia, mandei torpedos, e-mail, música no twitter e Anahí não respondia a nada. A linha do outro lado permanecia muda aguardando a minha resposta. A raiva que até o momento não sabia que sentia pulsou em minhas juntas. Duas semanas e ela me liga as sete da manhã perguntando se eu estava namorando Guilhermo. Respirei fundo demais deixando o maxilar rígido.


 


- Mas que por/ra de pergunta é essa? - Dessa vez minha voz saiu alta o suficiente. A irritação era palpável.


 


- É impressão minha ou eu acabei de te acordar?- Suavizou o tom mantendo cautela.


 


- Pois é, você acabou de me acordar. - Elevei a voz me levantando da cama. - O que lhe deu na cabeça para me ligar as sete da manhã me perguntando uma coisa tão idiota? - Andei de um lado para o outro gesticulando no vazio.


 


- São sete horas?- Notei a confusão em sua pergunta. - Não é uma pergunta idiota.- Elevou a voz na mesma altura que a minha começando a soltar as palavras. - Em todas as revistas que eu ponho as mãos tem fotos dos dois pombinhos juntos. Os programas de fofoca só falam sobre isso. Tudo que..


 


- Cala a boca, Anahí. - Cortei seu discurso. - Você prefere acreditar em um programa de fofoca do que em mim? Se eu estivesse realmente namorando alguém você seria a primeira a saber. E outra, qual seria o problema e o motivo desse show todo se eu estivesse namorando com o Uchôa? - Soltei em um fôlego só.


 


- Então você não tem nada com ele? - Senti a voz vulnerável.


 


- Mas é claro que não, nunca tive. Eu nem o vejo mais. - Ficamos em silêncio. Estreitei os olhos tentando decifrar os pensamentos do outro lado.


 


- São sete horas aí? Desculpa, aqui já passou do meio dia.


 


- Onde você está? - Sentei na cama.


 


- Brasil. O pessoal foi em um ponto turístico aqui, mas preferi ficar no hotel. Precisava falar com você. - Ouvi seu suspiro.


 


- Por que não me ligou antes? Por que não respondeu minhas mensagens? - Franzi a testa.


 


- Precisava pensar.. - Outro suspiro. - E desculpa te ligar a essa hora. Volta a dormir, volta. Eu te ligo mais tarde.


 


- Não, não. - A impedi de desligar. - Eu não vou mais dormir. Agora me explica no que você precisava pensar.


 


- Dulce..- Travou.


 


- Pode falar. E o que foi isso do Guilhermo? - Me deitei na cama me ajeitando no cobertor.


 



- Eu acho que fiquei com ciúmes. - Confessou e por um momento fiquei sem respirar. - Você é minha. Não quero você com outras pessoas por aí.


 


- Do que você está falando? - Meu coração disparou enquanto meu corpo suava frio.


 


- Dulce, faz uma década que somos amigas e a gente sempre conversa sobre tudo.- Pausou por um segundo e logo após voltou com a voz baixa e tensa. - Eu pensei durante esse tempo e percebi que você nunca irá me julgar ou me abandonar por causa do que anda acontecendo comigo. Te conheço bem demais pra saber que vai tentar me ajudar da melhor maneira possível.


 


- Anie.. - Minha voz era um fio. - Você está dando voltas e mais voltas. Não estou entendendo nada. - Escutei um risinho do outro lado.


 


- Eu não paro de sonhar e de pensar em você, Dulce.- Pausou. - Eu quero você.


 


Disse de maneira simples como se meu coração não estivesse pulando desesperadamente em comemoração com aquelas palavras. Disse calma demais como se cada parte do meu corpo não tremesse e cada pelo da minha pele não estivesse arrepiado com o som determinado de sua voz. Minhas mãos ficaram frias e meus olhos se abriram ainda mais. Aquilo sim, tinha me pego de surpresa. Fechei a boca engolindo em seguida esperando por mais palavras do outro lado pois eu não conseguia encontrar nada para dizer.


 


- Você não pode me culpar, okay?- Senti a voz ficando mais segura a cada palavra que saía de sua boca. - Você é linda, inteligente, engraçada, delicada e mais um monte de coisas. Qualquer pessoa se apaixonaria. Você é perfeita.- Um riso abafado saiu da minha garganta. Ela conseguiu escutar. - Ótimo! Agora você está rindo da minha cara.


 


Meus olhos ficaram embaçados com o pouco de lágrima que os molhou. Lágrimas de felicidade, não de tristeza. Como assim ela me liga as sete da manhã e me diz aquilo tudo? Era surreal. Nunca, ao longo dos meus dezesseis anos de vida, eu imaginaria que aquilo fosse acontecer comigo. Ainda mais nos últimos meses, em meio a toda aquela dúvida. Empurrei o cobertor para longe de mim virando o corpo para cima. Um sorriso bobo preenchia meu rosto enquanto o outro lado da linha ficava em silêncio. Olhei para o retrato de nós duas que repousava sobre a estante. Estudei a mais baixa com carinho, ela era tão linda, sempre foi. Suspirei. Ela me queria. A felicidade era tanta que dava vontade de sair pulando pelo quarto.


 


- Anie, por favor..- A doce voz me chamou ao aparelho. - Fala alguma coisa e diz que eu estava certa em contar isso pra você.- Coloquei a mão na boca impedindo a gargalhada que se conteve em minha garganta.


 


- Você estava certa. - Minha voz saiu um pouco alegre demais.


 


- Ah, é? - Perguntou com um leve tom desconfiado.


 


- É.. - Sentei na cama roendo a unha do polegar.


 


- Hum..- Ponderou. - Fácil demais..- Se calou mas diante ao meu silêncio continuou seu monólogo. - Sem exclamação, sem interrogação.. Por um acaso já suspeitava de alguma coisa?- Considerou meu silêncio como um Sim. - Claro que já.- Suspirou. - Bom Dulce, fica meio difícil conversar com você muda desse jeito.


 


- Desculpa. - Tentei reagir. - É que ainda estou tentando acreditar nessa história toda.


 


- Sabe.. eu ficaria imensamente feliz se você me dissesse sua visão disso tudo.- Deu um riso nervoso.


 


- Claro. Minha visão. - Fiquei séria enquanto pensava nas palavras. - Você tem certeza de que quer conversar sobre isso por telefone? - Perguntei desconfortável.


 


- Ah não! Você não vai me deixar curiosa até a gente se encontrar.- Fez manha.


 


- Okay. - Suspirei. - Bom, você está certa. Eu nunca iria te julgar. Nós vamos passar por isso tudo juntas, mas... - Parei o raciocínio.


 


- Mas? - Repetiu ansiosa.


 


- A pergunta que gira em torno da minha cabeça é a seguinte: O que você quer comigo? - Perguntei por fim.


 


- É..- A linha ficou em silêncio por um breve momento. - Essa é uma ótima pergunta.


 


- Então responda. - Encorajei. - Você diz que sonha comigo, que me quer... - Estremeci com aquilo. - Então responda: O que você quer comigo?


 


- Eu não sei.- Senti o medo em sua voz. - Eu estou confusa. Tenho esses pensamentos por você que é minha melhor amiga. Te conheço desde criança e agora fico com vontade de te beij...- Travou na palavra.


 


- Beijar? - Perguntei divertida. - Você está vermelha, Anie?


 


- Dá pra parar? - É, ela estava vermelha. - Não deveria estar falando essas coisas pra você.


 


- Mas é claro que deveria. - Retruquei. - A propósito, digamos que o sentimento seja recíproco. - Fechei os olhos com força esperando a reação.


 


- COMO É QUE É? - Sua voz subiu duas oitava me fazendo afastar o celular da orelha.


 


- Anahí, é melhor conversarmos quando você estiver aqui. - Sugeri mais uma vez coçando a nuca.


 


- Mas antes você tem que me explicar essa história.- Protestou.


 


- Sabe o que significa a palavra recíproco? - Escutei um "Aham" do outro lado. - Então pronto. Não tenho mais nada a explicar.


 


- Mas..- Tentou dizer algo mas a cortei.


 


- Mas nada. - Sorri. - Quando você chegar aqui a gente conversa e chega a um consenso.


 


- É.. acho que será melhor assim. Se cuida ouviu? E longe daquele goleiro.


 


************


 


- Cara, o que você tem? Zori?


 


- É o quê? - Gargalhei.


 


A morena sentada no meio da cama lançava um olhar brilhante de excitação e um sorriso enorme em minha direção, enquanto eu me encontrava jogada na poltrona preta de seu quarto. Incrível como Zoraida me surpreende todos os dias e naquele momento não estava sendo diferente. Eu tinha acabado de confessar tudo o que estava sentindo por Anahí durante aquele tempo de silêncio. Contei todos os acontecimentos dos últimos meses e como já era de se imaginar, a morena já suspeitava de tudo mas ficou animada demais com meus relatos. Levei meus olhos ao lustre glamuroso que se encontrava no teto, percebi que Zoraida repassava em voz alta toda a história que havia acabado de lhe contar. Tinha descido da cama e andava de um lado para o outro parecendo querer entender alguma coisa, então se voltou para mim novamente.


 


- Eu sabia que ela gostava de você de uma maneira diferente. - Apontou parecendo vitoriosa. Eu ri.


 


- Como? Nem ela sabia. - Tentei explicar algo óbvio enquanto Zoraida caminhava em minha direção se agachando ao lado da poltrona.


 


- Lembra do jogo de Hóquei que fui com ela? - Concordei me lembrando da época. - Então, quando falávamos sobre você a reação dela era diferente, parecia que você era o mundo dela. Sem contar com os elogios e comentários, é claro. Sempre tinha algum motivo para tocar no seu nome. Fala sério, naquela época eu até desconfiei que rolava alguma coisa mas depois que vi como as duas são extremamente tapadas, desisti.


 


- Ei! - Dei um tapa no ombro dela.


 


- Sério, não estou mentindo. Não sei como vocês não perceberam isso a mais tempo. E por que foi que ela decidiu falar isso pra você agora? O que você fez para aflorar isso nela? - Me fitou com aqueles olhos chocolate sinceramente curiosos.


 


- Por que pensa que foi eu que fiz alguma coisa? - Levantei da poltrona indo me deitar na cama brincando com um porquinho cor de rosa que encontrei no meio do caminho.


 


- Na minha humilde opinião, a Anahí não conseguiria notar esses sentimentos sozinha. Ela precisou de um empurrãozinho. - Concluiu de sentando ao meu lado na beirada da cama.


 


- Faz um tempinho que ela viu duas meninas juntas. - Confessei. - A partir disso ela começou a sonhar comigo, foi depois disso que ela começou a agir diferente.


 


- Sabia. - Sorriu triunfante. - Gosto tanto de vocês duas. Fico feliz por se acertarem.


 


- Eu não sabia que você apoiava o movimento gay. - Comentei em meio ao riso.


 


A palavra pareceu dar um soco na cara de Zoraida a minha frente.


 


- Caramba, eu nem tinha pensado nisso. Já pensou em tudo o que vão ter que enfrentar? - Alarmou-se mas logo voltou ao normal. - Ah, fala sério. Nem precisa dessa preocupação toda. Se parar pra analisar vocês já estão juntas a muito tempo, a única coisa que falta é beijar na boca.


 


- ZORAIDA! - Corei com a declaração.


 


- Desculpa, mas é a verdade. - Deu de ombros.


 


Fiquei em silêncio por alguns minutos fazendo minha amiga me examinar de forma preocupada. Todas as duvidas que rondavam minha cabeça estavam me bombardeando de uma só vez.


 


- O que foi? - perguntou acariciando levemente minha face com as costas de se indicador.


 


- Estou com medo. - Sussurrei timidamente olhando para a dona dos belos olhos a minha frente. - Não sei o que acontecerá de agora em diante.


 


- Dul.. - Suspirou me puxando para seu colo. - Não adianta se preocupar precocemente. Calma que você encontrará seu final feliz. - Afagou meus cabelos.


 


- Ainda não entendo como pode acreditar em contos de fadas. - Meneei a cabeça.


 


- Se não acreditarmos nisto em que iremos depositar a nossa fé?


 


**************


 


Desliguei a televisão me deitando no sofá. Tinha acabado de assistir ao episódio inédito de rebelde no qual tinhamos feito um episódio especial pra copa do mundo. Lembrei do dia da gravação que foi um dia divertido. Anahí não me deixou sozinha um só minuto enquanto estávamos no Set de filmagens o que deixou Maitê um pouco deslocada, ao meu parecer. Mas fora isso foi maravilhoso. As pegadinhas que pregamos no pessoal do elenco nos fizeram rir durante quase uma semana.


 


- Rindo sozinha? - Minha mãe apareceu na sala com papéis nas mãos.


 


- Só lembrando de algumas coisas. - Expliquei me sentando no sofá. - O que é isso? - Apontei para a papelada.


 


- Divulgação. - Sentou na poltrona ao lado.


 


- Pensei que tivéssemos feito isso mês passado para terminar junto com a segunda temporada. - Estava confusa.


 


- Não, não. Isso não é só sua divulgação querida. É a divulgação do filme. - Sorriu.


 


- JÁ SAIU? - Gritei e logo após coloquei as mãos na boca me contendo. - Pensei que iria demorar mais tempo. - Arranquei os papéis de seu colo para analisá-los.


 


- Ei, cuidado. - Avisou minha mãe. - Pois é. Me telefonaram essa manhã e já começaram a circular a data da estreia. Temos reunião amanhã bem cedo para conversarmos sobre o dia do lançamento e a imagem de vocês.


 


- Amanhã? Mas ela ainda não voltou. - Disse confusa.


 


- Não sei como vai ser. Apenas te passei o que me avisaram.


 


**********


 


O homem engravatado atrás da mesa do amplo escritório estudava cuidadosamente os documentos que minha mãe havia lhe entregado juntamente com o contrato que havíamos assinado antes de gravarmos o filme. Em minha cabeça uma única coisa ainda martelava: Por que diabos Anahí não estava ali? O homem começou a falar sobre a pré-estreia do filme e eu já estava pronta para protestar pois não deveríamos iniciar a reunião sem Anahí, quando a porta rangeu.


 


- Com licença. - A voz conhecida chamou nossa atenção. - Perdão pelo atraso. - Virei a cabeça em sua direção, sua mão direita se ergueu acenando timidamente para mim.


 


- Senhorita Portilla. - O homem atrás da mesa indicou a cadeira vazia ao meu lado onde ela prontamente se sentou. - Como eu ia dizendo...


 


Involuntariamente comecei a tremer diante de sua presença. Não deveria, mas estava nervosa. Me irritei comigo mesma, eram tantos anos juntas que eu não deveria me sentir daquela forma quando nos encontrássemos. Cerrei os punhos tentando me controlar e prestar atenção no que estávamos tratando ali mas estava um pouco difícil. Respirei fundo, o que foi uma péssima ideia, porque seu perfume me arrebatou quase me fazendo fechar os olhos. Balancei a cabeça para despertar. Virei minimamente o rosto para poder vê-la melhor. Estava séria com o olhar fixo a sua frente, a conhecia muito bem para saber que ela também não prestava a minima atenção no que estavam falando.


 


- ..E como os ensaios fotográficos já foram feitos nos dias de gravação as únicas coisas a se fazer agora serão continuar com as entrevistas e saídas em público. Queremos que façam tudo juntas. A ideia sempre foi divulgar as duas como exemplo de amizade e...


 


Me contive para não gargalhar daquelas palavras, mesmo assim algumas risadinhas escaparam de minha boca o que fez todos me olharem. Murmurei um "Desculpe" e abaixei a cabeça ainda sacudindo os ombros em uma risada muda tentando me segurar da melhor maneira possível. Virei o rosto e tive um vislumbre de divertimento nos lábios trêmulos de Anahí. Seus olhos brilhantes miraram em mim ao notar que eu a fitava. Notei seus lábios pressionarem tentando manter o rosto sério inutilmente, nós duas sabíamos que queríamos rir muito daquilo tudo. Travamos uma conversa silenciosa até que sua boca disse um "Pare" sem som. Nos viramos novamente para o homem bem arrumado a nossa frente que agora informava toda nossa agenda.


 


A reunião acabou muito bem. Ao que parecia nossa amizade seria um grande marketting, nunca imaginei aquilo acontecendo com a gente. Nosso relacionamento sendo explorado e exposto daquela maneira, mas mesmo assim não nos importávamos. Nos despedimos dos integrantes da equipe que estavam ali presentes e saímos do escritório. Anahí tinha chego de viagem em meio a madrugada e por esse motivo não conseguiu chegar na hora marcada, mas isso era apenas mais uma desculpa para seus atrasos.


 


Passamos o resto do dia juntas. Almoçamos em um discreto restaurante italiano na companhia de nossos empresários e repassamos todo o assunto da reunião. Mais tarde fomos para a casa de Anahí onde assistimos um pouco de TV e ouvimos toda a saga dela e de Mari durante a turnê. Me diverti com as histórias malucas que a Portilla mais velha me confessou.


 


A tarde já estava quase acabando quando Anahí indicou a escada com a cabeça para que eu a seguisse. Aquele seria o momento e não iria ser eu que daria inicio aquela conversa. Entrei em seu quarto me jogando na cama macia e desarrumada. A observei passar o trinco na porta e se sentar ao meu lado no colchão.


 


- Então... - Sua voz hesitante rompeu o silêncio.


 


- Então? - Repeti instigando a continuar. Suspirou.


 


- Eu não sei como começar essa conversa. - Seus olhos fugiram dos meus mirando o lençol.


 


- Somos duas. - Me sentei descansando as costas na cabeceira.


 


 


 


Seus olhos azuis me olharam com ternura antes de dar um profundo suspiro. Pegou um travesseiro que se encontrava por ali e o colocou sobre minhas pernas deitando a cabeça em seguida. Corri meus dedos carinhosamente por seus fios lisos antes de me inclinar e beijar sua têmpora.


 


- O que foi, meu anjo? - Perguntei gentilmente.


 


- Estou com medo. - Fechou os olhos. - Você não?


 


Eu estava com medo havia muito tempo, e ela nem imaginava o quanto. Não queria demonstrar dúvidas naquele momento. Fiz outra pergunta ao invés de responder.


 


- Por que está com medo? - Meu tom era baixo e ainda permanecia gentil. Meus dedos agora massageavam sua orelha.


 


- Estou com medo do que vai acontecer agora. Não gosto de mudanças, você sabe. Estou com medo de perder você.


 


- Quem disse que você vai me perder? - Acariciei a maçã de seu rosto admirando o contorno de seu queixo.


 


- Dulce... - Se levantou me fitando. - Nós vamos mudar se acontecer algo mais do que só amizade entre a gente.


 


- Eu sei disso. Mas é o que nós queremos, não é? - Franzi a testa em desentendimento.


 


- É sim. - Sussurrou fitando minha boca. Umedeceu levemente os lábios balançando a cabeça em negativo. - Não é disso que estou falando.


 


- Então é o quê? - A essa altura meu batimento cardíaco era mais do que acelerado.


 


Meu corpo todo tremia e ela já tinha reparado nisso ao segurar minhas mãos tentando me acalmar.


 


- E se não der certo? E se isso for passageiro? E se para uma de nós for mais sério do que realmente é para a outra? - Engoli aquelas palavras. Eram todas as duvidas que eu vinha pensando desde nossa conversa por telefone. - Nós nunca voltaremos a ser as mesmas. Eu não posso me arriscar a perder você desse jeito.


 


- Mas Anahí... - Me libertei de suas mãos ao me reposicionar na cama. - E se der certo? E se não for passageiro? Nós nos conhecemos melhor do que qualquer outra pessoa, você sabe disso. Nós poderíamos fazer isso dar certo.


 


A observei fitar o lado oposto do quarto. Estava se segurando para não chorar, mas as lágrimas já molhavam os olhos claros. Olhei para seu braço que estava completamente arrepiado, sua mão tremia até mais que a minha. Após alguns segundos, e parecendo se conter, me olhou mais uma vez.


 


- Já pensou em como seria isso? - Indagou com um sorriso fraco nos lábios.


 


- Mais ou menos. - Confessei. - Mas eu acho que não precisamos pensar nisso agora.


 


- Como assim? - Seus olhos já estavam vermelhos e sua respiração um pouco descontrolada.


 


- Ainda somos novas Anahí, trabalhamos juntas, Anie. Somos amigas a mais de dez anos. Ninguém iria desconfiar de nada. Não precisamos contar a verdade sobre a gente. - Sugeri.


 


- Não acho que iria conseguir esconder uma coisa dessas por muito tempo. - Esfregou os olhos com força. - Mas você tem razão, ninguém desconfiaria. - Pareceu se divertir.


 


Ficamos em silêncio enquanto nos encarávamos. Tudo o que eu queria era poder beijá-la, poder abraçá-la e dizer que ficaria tudo bem, mas algo em seus olhos me impediu de fazer isso. Querendo ou não eu já sabia sua decisão; Ela não iria nos dar uma chance. A observei se inclinar até a mesinha de cabeceira pegando uma folha solta a entregando para mim.


 


- Vou mostrar para o Ucher essa semana. Vou ver se ele consegue achar uma melodia. - Corri os olhos pela caligrafia charmosa lendo o pequeno trecho conhecido.


 


 


 


- Será a nova música? - Indaguei devolvendo a folha.


 


- Não. É sua. - Rejeitou o papel. - Se não fosse por você eu não conseguiria escrevê-la. Mas, se não se importar, gostaria de colocá-la no meu álbum.


 


Corri os olhos pela letra mais uma vez, Um mundo de chances era o nome do poema. Trinquei os dentes entendendo a mensagem ali escrita e então voltei a fitá-la.


 


- É triste... - Fui sincera. - Mas é linda.


 


- Dul. - Seu tom era calmo e duvidoso. - É melhor esquecermos disso tudo e..


 


- Continuarmos a sermos amigas. - Sorri de modo compreensivo. - Tudo bem.


 


- Tem certeza? - Estava preocupada.


 


- Claro. - Alisei seu braço tentando passar confiança. - Não aconteceu nada.


 


E voltamos à estaca zero. "Não aconteceu nada" três palavras tanto verdadeiras como mentirosas. De fato não houve nada, porém a mentira dita para nós mesmas nos corroeu por dentro. Uma sensação pela qual nós nunca havíamos passado se instalou em nosso meio naquela tarde, uma certa tensão. Não que eu queria aquilo, nem ela, mas aos poucos começamos a nos evitar.


 


No decorrer da semana nossos encontros eram completamente profissionais. Na semana seguinte as revistas começaram a nos procurar para conseguir algumas entrevistas e sempre uma de nós duas não podia comparecer. Me sentia bem estando longe dela, o que era estranho pois mesmo assim sentia sua falta. Mas quando estávamos juntas um atrito maior do que a saudade aparecia e acabava com tudo. Nós precisávamos de um tempo mas não podíamos nos separar.


 


Para minha felicidade Cláudia sempre estava ao nosso lado cortando um pouco aquele clima estranho. Ela havia percebido que eu e Anahi não estávamos nos nossos melhores dias e após perturbar muito para saber o que havia acontecido ela simplesmente desistiu.


 


- A festa da Tita é nesse fim de semana. - Cláudia soltou enquanto dirigia. - Vai ser ótimo para revermos o pessoal antes da premiere, vocês não acham? - Indagou para nós duas que respondemos um sonoro "aham".


 


Minha irmã olhou para nós duas ao seu lado, é só então vi que Anahí mexia alheia em seu celular e logo após mirou em mim provavelmente estranhando nossa reação. Revirei os olhos olhando a cidade pela janela. Eu estava com tanta raiva daquele silêncio todo que nem me reconhecia mais. Às vezes tentava puxar algum assunto inutilmente, saber mais sobre o que estava acontecendo com Anahí, as coisas de sempre, mas sempre obtinha uma resposta curta ou era ignorada. A notava cada vez mais deprimida, se fechando em seu próprio mundinho, mas não me deixava ultrapassar a barreira que ela mesma tinha erguido entre a gente. A divulgação daquele do filme não poderia ter vindo em um momento pior. Tínhamos que fazer tudo juntas e pela primeira vez em nossas vidas não estávamos nos suportando.


 


*********


 


O sábado chegou voando trazendo a festa de Maitê junto com ele. Terminei de calçar as sandálias e me levantei da cama indo em direção ao espelho de meu quarto. Meu celular apitava a cada cinco minutos com mensagens do pessoal que já se encontrava na casa dela. Retoquei a maquiagem me admirando no espelho de corpo inteiro. Usava calça jeans escura e uma blusa branca com detalhes em prata que eu simplesmente amava. Tinha acabado de cortar meu cabelo na altura por conta da personagem Roberta, mas tinha ficado lindo pra mim. Sorri satisfeita para meu reflexo e sai em busca de minha bolsa. Desci as escadas encontrando minha mãe e meu pai no sofá da sala.


 


- Tchau gente. - Mandei beijos.


 



- Cuidado. - Ouvi o grito vindo de dentro da casa.


 


Percorri todo o caminho em direção a casa de Anahí. Mari tinha me convencido a dar carona as duas para poder beber sem a preocupação de ter que dirigir depois. Parei enfrente a grande casa branca e buzinei. Esperei alguns minutos enquanto batucava o volante ao som do rádio e logo vi as duas se aproximarem. A mais velha trajava uma blusa marrom e calça preta. A mais nova me hipnotizou com o vestidinho preto, os cabelos soltos em grandes cachos e a maquiagem pesada. Mari foi em direção a porta de trás mas foi impedida por Anahí.


 


- Pode ir na frente. - Escutei a mais nova dizer rudemente.


 


As portas se abriram e as duas deslizaram para dentro do conversível. Avistei Anahí pelo retrovisor com os olhos surpresos e famintos em minha direção enquanto Mari prendia o cinto de segurança. Contive o riso. Vi a boca de Anahí mais nova se abrir.


 


- Cortou o cabelo. - Comentou em um tom baixo fazendo Mari me analisar.


 


- De vez em quando é bom mudar. - Cocei a nuca bagunçando os fios fazendo com que voltassem ao lugar em seguida.


 


- Ficou lindo, Dul. - Mari elogiou.


 


- Obrigada. - Sorri abertamente enquanto ligava o carro.— Tudo pelo amor ao personagem.


 


- Ficou muito bom. - Anahí comentou do banco de trás olhando para a janela tentando parecer indiferente.


 


- Valeu. - Agradeci a contragosto jogando a marcha e saindo em direção a festa


 



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Autor(a): portisavirroni

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 5



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  • fernandaayd Postado em 06/03/2018 - 14:30:21

    Já acabou?? Que pena, pois essa foi uma das melhores histórias que já li. E de alguma forma me ajudou muito. Obrigada pela dedicação e vc escreveu tudo com o coração, pq dar pra sentir isso em casa capítulo. Parabéns por tudo★

  • fernandaayd Postado em 28/02/2018 - 17:41:23

    Será que a Dul, vai falar para Anie sobre a depressão? ?

  • candy1896 Postado em 25/02/2018 - 20:44:37

    Continuaa, que não aconteça nada de ruim com Dul.

  • fernandaayd Postado em 09/02/2018 - 14:16:33

    Estou acompanhando e você escreve muito bem, parabéns! E que bom que você sempre posta.

  • Lorahliz Postado em 31/01/2018 - 21:07:49

    To acompanhando sua fic e to amando!!! Posta mais...o cap 7 tá dando erro!!


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.




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