Fanfic: De repente babá - Vondy | Tema: Vondy; DyU

Nas últimas duas semanas eu estava me considerando uma mulher muito forte, não só por ter êxito em escapar do Sr. Uckermann, mas por sobreviver àquelas crianças. Só os três mais velhos faziam questão de transformar a minha vida num inferno, mas, porra... Que pestinhas.

Eu sobrevivi quando eles colocaram cola no meu sabonete líquido, laxante na torta de amora, cachorros me perseguindo, minhocas no meu travesseiro, sapo no meu closet e a minha maquiagem destruída. Emma, como uma boa vaca, durante um almoço jogou suco na minha blusa e fez aquela vozinha estridente e abriu um sorriso diabólico quando foi obrigada a me pedir desculpas.

Eu estava tão perto de surtar, que precisava respirar fundo várias vezes para não apertar aquele pescocinho magro da Emma. Quase todas as noites, depois que estavam dormindo, eu acabava fumando na varanda, para a casa não ficar com cheiro de nicotina. Eu estava com os nervos à flor da pele, e, francamente, eu só não reclamava com o Sr. Uckermann porque estava morrendo de vergonha de falar com ele, e pensar em Valentina indo para um colégio interno partia o meu coração.

Meus hematomas estavam quase imperceptíveis, o único que se recusava a ir embora era a marca em meu pescoço. Alfonso disse que os homens de Dennis estavam me procurando, mas estava tudo sob controle. Eu sabia que tinha assinado a minha sentença de culpa fugindo, mas fiquei tão apavorada que não estava pensando direito.

– Dulce, o Christopher pediu para avisar que no domingo teremos um churrasco, e se você não pode trocar a sua folga para o sábado. A mãe dele quer te conhecer.

Maggie agora virou pombo correio? Por que ele mesmo não vinha falar comigo? Ridículo.

– Sem problemas – resmunguei, ajudando-a a colocar a mesa para ajudar as crianças. Eu nem sabia o que faria na minha folga. Eu não conhecia a cidade, nem nada.

– Se for um problema, podemos remarcar sem problemas – Maggie parou e me olhou com atenção. – Ele não vê problema nisso.

Ah, ela tinha entendido a minha carranca como uma afronta por ter de mudar minha folga.

Sabe de nada, inocente.

– Está tudo bem, Maggie. De qualquer forma, eu não conheço nada nessa cidade. Provavelmente vou passar o dia trancada no quarto, lendo alguma coisa – ou em algum buraco, fumando como uma chaminé.

– É muito provável que Anahí te leve para fazer alguma coisa. Ela gostou mesmo de você – sorriu suavemente.

Sorri de volta e continuamos as coisas em silêncio. Anahí era mesmo um amor, e não era uma idiota como irmão. Eu estava tão perturbada com essa distância que havíamos criado que uma faísca de raiva começou a brotar em meu peito.

As crianças entraram correndo e jogaram a mochila no sofá. Os gêmeos me deram beijinhos na bochecha e Valentina correu para o meu quarto. Emma me olhou daquele jeito você-é-uma-cadela e subiu as escadas.

Franzi o cenho. – E Adam?

Os gêmeos apontaram para o lado de fora, dizendo algo sobre machucado, valentões e dinheiro do lanche. Fiz uma careta e pedi que todos fossem trocar de roupa e lavar as mãos enquanto eu ia ver Adam. Minhas mãos começaram a suar, porque Adam era um garoto especial, e sempre era um dos primeiros a passar pela porta para me beijar quando chegava da escola.

Quando saí, perdi o fôlego e minhas mãos começaram e tremer. Adam estava sentado no chão, Matteo agachado de frente para ele, falando alguma coisa. Ele estava chorando. Ai, meu coração.

– Adam? – chamei-o cautelosa.

Os dois olharam na minha direção e eu quase chorei. Seu rostinho lindo estava inchado e ao redor do seu olho esquerdo estava muito vermelho, como se ele tivesse levado um soco. Mas que porra era aquela? Quem ousava tocar naquele garotinho lindo? Quando ele soluçou, pude escutar perfeitamente o meu coração se quebrando em pedacinhos.

– Adam, querido – corri até ele, sentando ao seu lado. Por mais que Matteo fosse super tranquilo, ele era homem, e eu ainda não me sentia confortável com homens. Bem, exceto um, que, aparentemente não se sentia confortável comigo. – Matteo, posso conversar um pouquinho com ele? Está tudo bem, obrigada.

Ele assentiu e saiu. Passei o braço ao redor dos ombros de Adam, que colocou a cabeça em meu peito e desandou a chorar. Muito. De verdade, muito mesmo. Era como se ele estivesse guardando aquele choro por muito tempo.

– O que houve, querido? – perguntei suavemente, afagando sua cabeça enquanto me controlava para não chorar.

– Eles me bateram de novo, Dul.

– Eles quem?

– Noah e seu grupinho. Eu não tinha dinheiro para pagar o lanche deles, então eles me bateram.

Jesus Cristo!

– Querido, há quanto tempo isso acontece?

– Desde que a mamãe morreu – fungou. – Eles ficam rindo porque ela foi embora.

– Meu Deus – arfei. – Querido, tomar um banho. Vamos ver esse machucado e comer alguma coisa. Vou resolver isso com o seu pai, tudo bem?

– Ele não liga – olhou para mim.

– O quê?

– Maggie tentou falar com ele uma vez, mas ele disse que tinha uma reunião e não podia se atrasar.

Eu vou matar esse cara.

– Tudo bem... – suspirei, ajudando-a a levantar. – Vamos dar um jeito nisso nem que eu tenha que resolver isso sozinha. De onde eu venho, não deixamos essas coisas passarem assim – por isso querem cortar minha cabeça. – Não se preocupe. Nada vai acontecer com você.

Era uma promessa que eu estava mais do que disposta a cumprir.

Dulce afrontosa. Como será que vai ser isso? Pq afinal, os dois estão se evitando como se o diabo fosse aparecer se eles ficassem no mesmo lugar, hehe. Beijos!