Fanfic: De repente babá - Vondy | Tema: Vondy; DyU

Mãos pequeninas me cutucavam incansavelmente, e por mais que eu estivesse tentando alertar o meu cérebro de que Valentina poderia estar precisando de mim, meu corpo estava cansado demais para obedecer.

– Dulce – ouvi sua vozinha perto do meu ouvido, e isso conseguiu me acordar. Sentei-me rapidamente e ela sorriu travessa.

– Você falou? – perguntei, esfregando os olhos. Ela fez que sim com a cabeça. – Não vai falar de novo? – ela negou com a cabeça e apontou para a porta. Bateram de novo e apressei-me em ir abrir. – Sr. Uckermann?

– Oi... – ele me olhou dos pés à cabeça e eu me chutei internamente por não estar de uniforme. Mas, porra, era sábado, eu tinha uma hora a mais de sono. – Você tem planos com as crianças para hoje?

– Hã... Piscina, talvez... A gente sempre escolhe o que fazer no café da manhã.

– Oi, querida – meu chefe pegou Valentina no colo e lhe deu um beijo na bochecha. – O que acha de passarmos o dia no clube?

Valentina abriu um sorriso radiante, e assentiu freneticamente com a cabeça, beijando-o incansáveis vezes na bochecha.

– Ótimo. Vá se arrumar – a pequena saiu correndo e o Sr. Uckermann ficou me encarando. Sem passear os olhos pelo meu corpo, só em meu rosto. – Desculpe por ter sido um chefe difícil, Dulce. Acho que você estava certa – cruzei os braços e arqueei a sobrancelha, fazendo-o rir. – Tudo bem, você estava certa. Em minha defesa, nunca fui um pai presente, e estou um pouco perdido em relação a isso.

Ele começou a esfregar a nuca e olhar para os próprios sapatos. Achei aquele lado dele extremamente fofo. Nada de frieza, impassibilidade ou amedrontar pobres funcionários, apenas um homem assustado com sete crianças no pé.

– Você vai conseguir, chefe. Já deu o primeiro passo hoje – sorri, me apoiando na porta e agarrando a maçaneta.

Ele ergueu a cabeça e sorriu, encarando-me. Mas, tão rápido o sorriso surgiu, também sumiu, e seus olhos brilharam de uma forma que eu não estava conseguindo identificar. Os homens sempre me olhavam apenas com um desejo sujo, sabendo que se me pagassem bem, me teriam em sua cama. Mas não era assim que ele me olhava. E eu não sabia o que fazer com isso.

– Preciso me arrumar – murmurei assim que ele se aproximou um pouco.

– Claro – ele forçou um sorriso e saiu.

Fechei a porta e me encostei nela, olhando para o teto.

– Senhor, o chefe não. Faça eu me afeiçoar a qualquer pessoa, menos ao meu chefe.

Quando eu desci, devidamente uniformizada com aquela calça cor de vômito, todos já estavam na sala à minha espera. O Sr. Uckermann olhou-me com a testa enrugada.

– Por que está de uniforme?

– Porque estou dentro do meu turno – certo?

– Mas vamos ao clube – Daniel argumentou.

– Você fica horrível nesse uniforme, para falar a verdade – David completou.

Eu sei, garotos. Eu sei...

– Crianças – o patrão repreendeu. – Por que não veste uma roupa... – avaliou a minha vestimenta e fez uma careta. – Um pouco mais normal? Está calor, você vai acabar passando mal.

– Sem problemas. Estou no meu turno de trabalho, Sr. Uckermann – sem chances de usar biquíni.

– Você quem sabe – ele deu de ombros e, juntos, colocamos as crianças no carro.

O caminho até o clube foi tranquilo. As crianças estavam empolgadas, e até Valentina parecia melhorzinha. Mas, ao chegarmos lá, arrependi-me amargamente por não ter levado uma roupa reserva. Em menos de cinco minutos eu já estava completamente molhada, porque Adam me empurrou na piscina.

– Pelo purê que você jogou em mim – ele gargalhou. – Só estou te dando o troco.

Gargalhei. O garoto estava mesmo me dando o troco. Reparei que ele estava mais contente desde que eu fora na escola dele conversar com o mini pivete. Nem precisei perguntar o motivo; eu sabia que Noah tinha me obedecido. Menos mal.

O dia foi passando tranquilamente. Vi o Sr. Uckermann brincando com as crianças, mas somente fora da piscina. Em nenhum momento sequer usou apenas sunga, para a minha total desolação. Usava uma regata e bermuda, o que deixou bem claro que ele era cliente fiel de alguma academia.

Por volta das três da tarde, Valentina dormiu e fui colocá-la numa espreguiçadeira, mas travei quando vi meu chefe conversando com uma mulher. Não a reconheci de longe, mas não gostei da forma como ela tocava no patrão.

Vaca!