Fanfic: De repente babá - Vondy | Tema: Vondy; DyU

Eu estava tão confuso com as minhas ações quando Dulce estava por perto, que eu não sabia o que fazer depois do maldito — ou bendito — beijo no teatro. Claro, depois deste acontecimento, ela parecia ter medo de chegar perto de mim, e evitava ao máximo ficar sozinha comigo. Seria engraçado se isso não me incomodasse.

As crianças estranharam, mas não pareceram ficar chateadas com isso, e eu não sabia dizer se isso era bom ou deixava a minha cabeça pior do que já estava. O pior de tudo foi o fato de até vê-la com aquele uniforme horrível me deixava duro. Era deprimente.

— Os meninos me disseram que você beijou a Dulce na frente de todo mundo — Emma arqueou uma sobrancelha. Ela não parecia puta da vida, mas também não parecia feliz.

— Você podia falar “oi, pai, que saudades” primeiro? — fiz uma careta, me recostando na cadeira. Era domingo, dia que era permitido usar tecnologia no colégio dela. — Como está aí? O que acha de voltar?

— Do que está falando?

— Você não quer voltar? Pensei que estivesse odiando ficar aí.

— Sei lá, pai — ela suspirou, balançando a cabeça. — Não tem nem um mês que estou aqui. Aqui eles dão aula de anatomia humana, patologia e histologia também. Acho que posso começar a pensar na faculdade aqui. Acho melhor eu ficar — deu de ombros. Tudo bem. Talvez fosse hora de agir como um pai.

— Sobre isso... — limpei a garganta. — Eu estive pensando e... Bom, eu sei que você adora estar na cozinha, então se você quiser... — me remexi inquieto. — Pode cursar Gastronomia. Mas não precisa pensar nisso, você só tem quinze anos, afinal. Vai ter tempo para decidir o que quer. Quero que você faça o que te realiza, independentemente se for Medicina, Gastronomia ou qualquer outra coisa.

Emma arregalou os olhos e sua boca abriu e fechou várias vezes. Um silêncio desconfortável surgiu, e preferi esperar que ela digerisse o que eu estava dizendo.

— Pai? Você está bêbado?

— Não.

— Drogado? — ergueu as sobrancelhas e eu ri.

— Essas expressões da Dulce... Ela que pergunta essas coisas. Claro que não, Em. Eu quero você feliz, só isso. Pensei que estava sendo um bom pai ao traçar planos para vocês, mas isso só nos afastou mais — travei quando minha garota começou a chorar. Porra, o que eu tinha dito de errado? Eu só estava seguindo os conselhos da Dulce. — Emma, eu falei alguma coisa errada? Desculpa, eu só estava tentando...

— Você não fez nada errado, pai — ela soluçou, completamente aos prantos. — Eu pensei que você não se importava com o que eu queria fazer.

— Em...

— Eu sei que você e a mamãe fizeram planos — ela enxugava os olhos freneticamente, mas as lágrimas saiam tão desordenadamente que ela acabou desistindo. — Mas eu estou tão feliz por você ter levado em consideração o que eu quero fazer.

— Tudo por você, minha flor — ela sorriu, e continuamos conversando alguns minutos. Durante a semana eu trancaria a sua matrícula e ela voltaria à sua vida normal. Ela prometeu que seria menos infantil, e que aceitaria Dulce, e embora não tenhamos conversado sobre o que seus irmãos disseram a ela, eu teria que sentar e conversar sobre o ocorrido. Mas primeiro eu queria entender o que eu estava sentindo. Emma era inteligente, acabaria me colocando numa enrascada se eu não tivesse certeza do que sentia.

Saí do escritório e passei pelo quarto das crianças. Estavam todas dormindo, menos Tyler, e imaginei que ele estivesse no estúdio. Valentina dormia no quarto de Dulce, e pensei no quanto as duas estavam ligadas. Dulce não estava no quarto, o que me fez pensar que ela estava na varanda fumando. Eu não era fã da nicotina, mas não podia interferir na vida dela. Contanto que ela não fumasse perto das crianças, estava tudo certo.

Fui até o estúdio de Tyler, e parei na porta ao perceber que ele não estava sozinho.

—... Foi uma foto que a Em tirou. Eu levei três meses para terminar esse quadro, mas sempre que eu olho, é como se ela estivesse aqui — Tyler falou e abri uma frestinha da porta, vendo-o observar um quadro de Sophie. Dulce estava ao lado dele, e parecia tão encantada quanto ele.

— Ela era mesmo muito bonita — Dulce sussurrou. — Seu pai e ela tiveram um bom casamento.

— Você gosta do meu pai? — crianças e sua discrição. Congelei, esperando a resposta de Dulce. Ela hesitou, o que me fez ficar tenso.

— Bom, ele é meu chefe... — ela balbuciou.

— Ele não saía e nem conversava com a gente desde que a mamãe morreu. E ele nem deixou a gente de castigo. Acho que ele gosta de você.

Puta que pariu.

Bati levemente na porta, abrindo-a lentamente. Eles me olhavam com curiosidade, e o rosto de Dulce estava absurdamente vermelho — deixando claro que ela sabia que eu tinha escutado, no mínimo, a última parte da conversa —, além de sujo pela tinta, assim como o uniforme e as mãos. Ela literalmente se jogava nas atividades com as crianças.

— Oi, pai. Tudo bem? — Ty sorriu.

— Claro, filhão. Por que não vai dormir? Dulce e eu arrumamos essa bagunça.

— Hã... Tem certeza? Você não sabe onde fica cada coisa e depois eu não vou encontrar nada.

— Dulce sabe onde fica, com certeza, Ty. Está tarde — sorri para ele e observei Dulce. — Pode ir tranquilo, ela me ajuda.

Tyler olhou para Dulce, que estava mais vermelha ainda. Interessante. Meu filho saiu e Dulce começou a organizar as coisas. Não passou despercebido que suas mãos estavam trêmulas, deixando as coisas caírem mais de uma vez. Ajudei-a em silêncio, pensando em como falaria com ela. Precisávamos mesmo falar sobre o beijo, porque eu tinha certeza que não era só eu que estava sentindo isso.

— Boa-noite, senhor Uckermann — ela tentou passar por mim rapidamente, mas segurei seu braço e agarrei sua cintura, fazendo seu corpo colar ao meu. — O que está fazendo?

— Pensei que já tínhamos conversado sobre essa coisa de senhor Uckermann, Dulce — ela fechou os olhos e sua respiração ficou mais rápida. — Por mais que seja excitante você me chamar assim, quero que me trate assim em outro momento.

— Que momento? — ela me olhou com estranheza, e eu sorri em resposta.

Curvei-me para mais perto, pressionando meus lábios contra os dela. Dulce correspondeu ao beijo, agarrando minha camisa e soltando um gemido entre o beijo. Coloquei as mãos em sua cintura, apertando sua pele por baixo da camisa. Dulce agarrou meus cabelos, pressionando o corpo contra o meu, fazendo-me roçar minha ereção em sua barriga.

— Merda! — ela se soltou abruptamente, tapando a boca. — Droga, por que você tem que fazer isso? Eu preciso desse emprego, Christopher, não vou me envolver com você.

— Você não vai perder o emprego, Dulce. Pelo amor de Deus — tentei me aproximar novamente, mas ela se afastou. — Dulce...? — ela não podia sair de novo.

— Boa-noite, Christopher — ela respirou fundo e saiu do estúdio.

Puta que o pariu.