Fanfic: De repente babá - Vondy | Tema: Vondy; DyU

Depois de fazer exames manuais com o Dr. Elmer Fudd — como era carinhosamente chamado em referência ao desenho —, receber explicações rasas do que aconteceu comigo e me dar água e fazer alguns exercícios para que minha voz ficasse mais audível e menos rouca, ele me deixou a sós com George.

Descobri com o doutor que fiquei precisei passar por uma cirurgia por causa de uma hemorragia interna que por pouco não me matou, estive em coma induzido por uma semana e meia, tive algumas costelas fraturadas, por algum milagre meus braços e pernas estavam intactos, fora os três ataques cardíacos e precisarem usar um desfibrilador para me reanimar duas vezes.

Muitas emoções em uma semana e meia.

Aparentemente, eu estava bem. Internamente. Ele falou que meus cabelos foram cortados, e que eu tinha furos pelo corpo. Furos que, infelizmente, não sumiriam, porque os pregos estavam em brasa, tornando aquelas marcas permanentes. O meu rosto tinha hematomas, mas já não estava tão inchado, o que já era um avanço. Meu joelho havia sido deslocado, mas com a cirurgia e as terapias, o máximo que ocorreria era que eu mancaria levemente, mas, obviamente, isso teria algumas consequências, como evitar correr, ajoelhar, além de que vez ou outra poderia doer.

Mas, eu estava viva. Era o que importava.

No fim de tudo, quando ele me perguntou se eu queria um espelho, neguei veementemente. Definitivamente eu não estava pronta para encarar o que quer que estivesse me refletindo.

Não era eu.

Não mais.

Eram tantas informações, e eu só queria saber como faria para pagar aquela merda toda. Estava na hora de aprender a viver por mim e para mim. Passei a vida no encalço de Alfonso, e depois, inconscientemente, acabei acomodando com Christopher.

Eu precisava ter controle da minha própria vida.

E tinha outra questão importante...

— Onde está Jason? — Perguntei a George, sentindo meu pulso acelerar quando pensei na possibilidade que ele poderia estar por perto.

— Se acalma, Dulce. Nada de emoções muito fortes. Pelo amor de Deus. — George olhava o monitor dos meus batimentos quase em aflição. — Preciso mesmo que você mantenha a calma.

— Ele vai me achar. Puta merda, eu preciso sair daqui, George. Arranjar uma identidade falsa e dar o fora daqui. — Comecei a me mexer, mas senti meus pulmões queimando, além da dor na cabeça, no corpo, em absolutamente tudo.

— Dulce... — George colocou as mãos em meus ombros, apertando-os levemente. — Jason está morto.

Prendi a respiração com a informação, absorvendo, procurando algum resquício de brincadeira na voz de George. Tudo o que encontrei foi sinceridade.

E, convenhamos, eu seria hipócrita se dissesse que sentia muito. Eu estava longe de ser a boa samaritana, a moça boazinha que se compadecia do seu agressor. Tudo o que senti foi alívio. Satisfação. Provavelmente estava com o pai, se deliciando do estado em que conseguiram me deixar. Completamente arruinada.

— Morto... — Repeti para ter certeza de que estava entendendo mesmo aquilo. — Como isso aconteceu?

— Hã... Não tenho certeza que seja uma boa história, Dulce. — George balançou a cabeça, forçando um sorriso.

— Como vocês me encontraram?

— Dulce...

— George, é a minha vida. — Respirei fundo. — Vou ficar bem. — Garanti com mais segurança do que estava sentindo. — É melhor falar antes que eu coma, huh? Já pensou se não é mesmo uma história bonita e eu passo mal?

George riu baixinho, aparentemente mais relaxado.

— Não seria bonito. Eu gosto dessa camisa.

— Então abre o bico.

O semblante descontraído desapareceu, e tive medo que ele pudesse mudar de ideia e achar que não seria um bom momento para falar. Oficialmente, eu nunca estaria preparada, mas era necessário saber o que havia acontecido, visto que o meu cérebro apagou grande parte dos acontecimentos.

Inclusive eu teria de falar sobre isso com o médico. Não sabia se era temporário e aos poucos a memória voltaria, ou se eu ficaria bloqueada com esses acontecimentos.

— Dulce, é melhor falarmos sobre isso quando você sair daqui.

— Inclusive, eu sou muito grata pelo que vocês têm feito por mim, mas eu não tenho condições de pagar por tudo isso. — Fiz um gesto para o quarto com a mão sem a agulha. — Eu posso ir para algum hospital público.

— Ah, meu Deus! — George balançou a cabeça com uma careta. — Dulce, independentemente do que aconteça entre você e Christopher, quero que você fique bem. Pelas crianças. Por mim, que me considero seu amigo.

— George, eu não posso ficar aqui...

— Dulce, você pode, e vai. Não é uma pergunta, eu estou apenas afirmando. Você quase morreu... Na realidade, você morreu e eu vi o meu filho quase colocar esse hospital abaixo, porque foi para cá que trouxeram a Sophie na tentativa de salvá-la, e você não tem ideia do quão difícil foi para ele precisar voltar a pisar aqui porque ama você, e não só isso... Ver os médicos usando um desfibrilador na mulher que ele ama pela segunda vez. A diferença é que você conseguiu sobreviver.

Crispei os lábios. Todo e qualquer argumento fora simplesmente engolido por aquela declaração. Eu não sabia que era ali que Sophie tinha ido justamente para aquele hospital.

— Quando a Valentina nasceu... — George balançou a cabeça, e a voz que antes estava muito firme e decidida, tornara-se fraca e emocionada. — Sophie teve hemorragia, a pressão subiu demais e ela teve um ataque cardíaco. Ainda não sei como conseguiram trazê-la de volta. Mas, eu vi o Christopher passando por toda aquela dor quando viu os médicos o afastando porque você estava do mesmo jeito, Dulce. A diferença é que as chances de você sobreviver eram muito menores do que as de Sophie.

— George... — Choraminguei.

— Não, Dulce. Você precisa focar na sua recuperação e só depois nós vamos conversar sobre Christopher. E que Deus me ajuda, mas você vai me escutar, porque ele fez coisas por você que nunca achou que seria capaz. Por ora, foque em você. As crianças estão loucas para te ver...

Respirei fundo, piscando para não chorar pela falta que eu sentia das crianças e por todo aquele carinho que eu recebia dos Uckermann. Bom, com exceção de Nancy, mas ela não era lá uma peça importante na minha vida.

— Como eles estão? — Perguntei num fio de voz.

— Preocupados. Emma foi a única que conseguiu vir ao hospital... — Sorriu fracamente.

— Ela veio? Quando? Por quê?

George limpou a garganta, e me olhou longos segundos. Andou pelo quarto, dando algumas voltas, enquanto eu criava várias teorias, uma mais insana que a outra. Por fim, ele decidiu sentar na poltrona antes ocupada por Christopher. Pegou minha mão e me olhou ternamente, com um sorriso fraco brincando nos lábios.

— Parece que você tem o mesmo tipo sanguíneo que a Sophie... — Riu baixinho. — Que irônico, não é?

— George, seja objetivo.

— Você perdeu muito sangue quando esteve com Jason, e na cirurgia também. Christopher não queria que você soubesse, mas Emma está louca para te ver, e acho que você vai entender o motivo... Ela foi sua doadora de sangue. Com a permissão de Christopher, claro, mas ela doou quase meio litro de sangue para te ajudar.

Uau!

Quando o George aparece botando moral:

Respondendo o face:

Anne Caroline Santos Silva: George vai se encarregar de deixar a Dulce boa da cabeça rapidinho, hahaha.

Vanessa Aparecida:  continuei, baby. Beijos.

Maria Pimentel: com a moral do George, a Dulce vai colocar a cabeça no lugar e QUEM SABE voltar pro Christopher. Dedos cruzados.

Hoje a minha admiração vai pra George, o único que a Dulce escuta no momento. Ouvi um "Amém" que ele vai colocar juízo na cabeça dela?