Fanfics Brasil - Capítulo 67 — Dulce De repente babá - Vondy

Fanfic: De repente babá - Vondy | Tema: Vondy; DyU


Capítulo: Capítulo 67 — Dulce

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Os dias foram passando numa monotonia angustiante. Levei mais de uma semana e meia para ter coragem e me olhar no espelho, e foi simplesmente desesperador. Tinha emagrecido muito, meus cabelos estavam muito curtos, meu corpo tinha marcas e furos assustadores. Ao menos o inchaço da anestesia e dos golpes de Jason, e os hematomas no rosto tinham ido embora, mas eu me sentia esquisita, deprimida...


Era errado me preocupar tanto com o meu físico depois de tudo, mas não era algo que eu pudesse evitar. Eu mal me reconhecia daquele jeito. Nunca tinha visto alguém tão machucado, e eu que sempre precisei cuidar do corpo, por mais que fosse por causa da prostituição, não era legal ver aquelas marcas. E saber que elas ficariam comigo para sempre não ajudava em nada.


Obviamente, só chorei depois que a enfermeira me deixou sozinha. Mostrar vulnerabilidade não estava na minha lista de prioridades. Eu detestava receber o olhar de pena das pessoas, mesmo que fossem de profissionais. Era uma merda ser digna de pena, sendo que eu mesma estava evitando me compadecer da situação toda.


 Na terceira semana, eu já conseguia me alimentar, tomar banho e me vestir sozinha, mas, claro, tudo com a devida supervisão. O que me matava era ficar só naquela comida horrível de hospital — especialmente a sopa. Sinceramente, eu não aguentava mais. Tinha a impressão que aquela merda não me trazia sustância nenhuma. Precisava de algo gorduroso a ponto de sentir pontadas no coração só de olhar para a comida.


Emma, George e Christopher foram me visitar sempre. Trocavam as flores, me ajudaram a ler os bilhetes que as crianças fizeram para mim — que desencadeou várias lágrimas, inclusive — e Emma até se arriscou a cantar para mim.


E como cantora, ela era uma ótima cozinheira.


Só me deram alta depois de um mês, quando garantiram que eu estava bem, mas não sem antes mudar radicalmente a minha alimentação — e eu tinha planos de não seguir aquela dieta à risca —, repetir pelo menos cem vezes que eu precisava do máximo repouso que pudesse e procurar também um psicólogo.


Fora a quantidade absurda de remédios que agora fariam parte da minha rotina pelos próximos meses.


E, como agora podia sair do quarto, antes de ir embora eu precisava ver Alfonso. Sair de lá sem vê-lo não era uma opção.


Entrei cautelosamente no quarto, respirando o mais discretamente possível. Soube que ele esteve em coma induzido, e há dois dias acordara, mas, assim como eu, não podia ter emoções muito fortes.


Ele estava dormindo, e senti uma mão no meu ombro, logo sentindo um cheiro almiscarado insubstituível. Olhei para trás e encontrei Christopher sorrindo ternamente.


— Vá lá. Ele não para de perguntar por você desde que acordou. — Sussurrou em meu ouvido, e meu corpo todo se arrepiou com toda aquela aproximação, mesmo que não houvesse nenhuma segunda intenção da parte de Christopher.


Assenti com a cabeça, mas não me movi. Mesmo aparentando estar exausto, o maldito continuava bonito. Lindo. Aqueles olhos ainda me matariam. Ele sorriu e beijou minha testa.


— Vou estar te esperando aqui para irmos para casa. Converse com Alfonso primeiro. Vocês dois precisam disso.


— Ele está dormindo. — Sussurrei.


Ele balançou a cabeça e segurou o meu queixo gentilmente, virando a minha cabeça, e então encontrei Alfonso nos encarando com um sorriso malicioso. O filho da mãe estava acordado o tempo inteiro?


Meu corpo inteiro travou. Ele estava horrível, e pensar que ele só estava naquela cama por ter tentado me salvar, arrancou o meu fôlego. Alfonso sempre fez tanto por mim, e naquele momento eu só tive a certeza que era infinitamente sortuda por tê-lo ali.


Christopher me empurrou gentilmente, fechando a porta em seguida. Fiquei parada, encarando o meu irmão, criando coragem para ver o estrago que tinham feito com ele.


— Nossa, você está uma merda! — Ele riu baixinho. — Pode se aproximar, não vou me assustar.


Ri nervosamente enquanto me aproximava, pensando em como ele conseguia brincar estando naquela situação. Quer dizer, há dois dias ele estava em coma. Esteve prestes a morrer e ainda assim estava agindo como se nada de errado estivesse acontecendo.


— Oi. — Sentei na poltrona ao lado da cama, agarrando sua mão e a apertando suavemente, garantindo que não estava imaginando coisas. Senti meus olhos marejarem. Eu quase o perdi. Era sufocante pensar nisso.


— Não seja mulherzinha, Dulce.


— Você quase morreu, imbecil. — Retruquei. — Você está maluco? O que você tinha na cabeça, porra?


O sorriso brincalhão foi embora, e sua expressão suavizou, como se ele compreendesse o que eu estava sentindo. Isso era ótimo, porque eu estava muito perto de matar aquele idiota!


— Você é minha irmã. Teria feito o mesmo por mim. Só espero que você não esteja se culpando pelo meu estado.


Crispei os lábios, porque afinal era exatamente por isso que ele estava ali. Francamente, ele ter ido bancar o herói foi horrível.


— Alfonso, você é um imbecil. E se tivesse morrido? — Resmunguei, apertando sua mão, com medo de que soltá-lo significasse perdê-lo.


— Estou morto?


— Poderia estar.


— Estou morto? — Perguntou firmemente. — Olhando para mim. Nem pense em olhar para o lado. Olhe para mim, Dulce.


— Eu não ia fazer isso. — Retruquei entre dentes, mas ambos sabíamos que era mentira. Ele continuou me encarando com o cenho franzido. — Ok, talvez eu fizesse isso mesmo. — Ele fechou ainda mais a cara. — Que droga, Alfonso...


Ele riu baixinho.


— Não dá para ficar sério com você... — Se remexeu na cama. — Vi que está com o Christopher. Estão juntos?


— Não... Hã... Não sei... Mas me diga, como você está?


— Estou ótimo. Pronto para mais um tiro. — Sorriu, e não se abalou pela minha careta ameaçadora. — Vou ficar melhor ainda se souber que você não está largada por aí sozinha.


Mas que diabos esses caras tinham em não me deixar conseguir as coisas sozinha? Eu não devia ter esse tipo de conversa com Alfonso, mas, como ele bem sabia, eu nunca fui de conseguir controlar a língua.


— Eu iria me virar muito bem sozinha. — Retruquei mal humorada.


— Eu não tenho dúvidas disso, Dulce. Mas se você pode ter ajuda...


— Eu não sei quem sou, Alfonso. — Repeti pela milésima vez na semana, como um disco arranhado. — Eu sempre dependi de você para tudo. Não sei me cuidar sozinha.


— Porra! Me diz que você não está achando que é uma mocinha vítima da vida.


Franzi o cenho.


— Não é disso que se trata.


— Então me explica do que se trata. Estou ansioso para ouvir.


— Você não devia estar cuidando da sua saúde? — Olhei agoniada para o monitor cardíaco, mas ele não parecia nervoso.


— Estou ouvindo, Dulce. — Murmurou secamente.


Bufei frustrada. Alfonso era impossível de lidar às vezes, assim como Christopher.


— Alfonso, quando foi que eu me virei sozinha?


— Quando fugiu do orfanato, quando decidiu virar garota de programa mesmo quando eu disse que você devia fazer uma faculdade e garantir seu futuro, quando recusou a minha ajuda financeira ou emocional com seus primeiros clientes, ou quando você se sentia desrespeitada de alguma forma. O que foi infantilidade, você precisa assumir. — Olhei-o espantada. Ele nunca havia usado aquele tom, ou falado de infantilidade. Sempre me apoiou, embora não concordasse com quase nada do que eu fazia.


— Foram escolhas minhas, Alfonso. Eu precisava lidar com isso sozinha.


— Por quê?


— Como assim?


— Por que você precisa lidar com tudo sozinha? — Respondeu calmamente.


— Eu não sei. — Encolhi os ombros.


— Mentirosa. — Estreitei os olhos, mas ele não se importou. — Covarde. — Sorriu cinicamente.


— Que merda você está falando?


— Por que você precisa lidar com tudo sozinha? — Repetiu.


— Alfonso...


— Por quê?


— Por que você está...


— Por quê? — Me cortou rispidamente.


— Se meus pais me deixaram, por que vocês que não têm nenhum laço comigo não fariam o mesmo? — Respondi de forma irracional, e arregalei os olhos, surpresa com a minha própria resposta.


Nunca tinha pensado nisso dessa maneira. Eu pensava apenas que queria estar bem comigo mesma caso um dia eu precisasse ficar sozinha, não por causa dos meus pais. Na realidade, eu mal pensava neles. Não havia o que lembrar, então preferia bloqueá-los da minha mente e evitar decepções.


Não queria que Alfonso pensasse que aquilo significava que eu não tinha consideração por ele ou algo do tipo. Porra, ele era tudo o que eu tive a minha vida inteira.


— Alfonso, me perdoa. Saiu sem querer. — Agarrei com mais força sua mão. — Eu amo você, e sabe disso.


— Eu também amo você, e é por isso que estou aqui, não porque quero que você se sinta culpada ou qualquer merda que essa sua cabeça louca vai criar. Seus pais te deixaram, mas eu estou aqui. Tem sete crianças incríveis que são loucas por você lá fora te esperando. Tem um homem que passou por cima da sua moral para te proteger. Foda-se seus pais, Dulce. Eu também fui abandonado, caso não se lembre, mas eu sei que tenho você. Você tem quase trinta anos e tem medo de ser abandonada quando tem gente aqui que está disposto a morrer por você. Essa de querer se descobrir foi a pior desculpa que você inventou. Agora que já sabemos o verdadeiro motivo, vá trabalhar nisso se dando uma chance para fazer algo de bom com gente que te ama.


Respirou fundo, parecendo desconfortável. Ele negou qualquer ajuda que eu tenha oferecido, segurando minhas mãos com delicadeza, mas firmemente.


— Você sabe que é independente. Aguentar tantos homens por noite com a cabeça erguida não é para qualquer mocinha, Dul. Tenho minhas merdas, Christopher tem as dele e você as suas. Pare de fugir por causa do passado e vá viver. Estudar, quem sabe. Ser uma mãe de família. Casar também. Isso só quem pode decidir é você, não eu, não George, não as crianças, não Christopher.


— Eu não sei se posso lidar com isso, Alfonso...  Balancei a cabeça, sentindo os olhos arderem. Engoli o bolo que se formou na minha garganta, apertando os olhos em seguida. — O Christopher não me aceita.


— Se não aceitasse, não teria matado Jason. A essa altura, acredito que você saiba que ele o matou, certo? — Me olhou com receio, e soltou a respiração quando assenti com a cabeça. — Ótimo. Eu o culpei por você ter ido encontrar aquele filho da puta, mas no fim das contas, ele me salvou. E te salvou também, irmãzinha. Acho que isso dá alguns pontos a favor dele, não acha?


Bom ponto.


— Deixe que ele te ajude. Se realmente não der certo, voltamos para casa ou vamos para qualquer outro buraco. Aceitar ajuda não te torna dependente de alguém. Você nunca dependeu de mim para nada, e sabe disso. No fundo, bem no fundo, eu sei que sabe. Você tem medo de ser amada, é só isso. Mas é algo que vem com o tempo. Não precisa fugir para as colinas porque uma família te ama, nem porque um homem se declarou para você.


Olhei para Alfonso. Mesmo cansado, estava bancando o meu psicólogo, e por um problema que devia ser tão banal.


— Independentemente do que aconteça entre vocês, eu vou estar aqui, Dulce. — Garantiu com um sorriso. — Não precisa correr com Christopher, mas não fuja de um possível recomeço.


Christopher estava lá fora me esperando, e as crianças na casa deles. Eu não precisava correr com Christopher, meu irmão estava certo. Embora eu não estivesse totalmente de acordo com ele, também admitia que meu plano tinha falhas, começando com o fato de não ter ajuda, sendo que era óbvio que eu precisava de ajuda.


E as crianças precisavam de mim.


Valentina precisava dormir a noite inteira. Esse havia sido um bom argumento de Christopher.


E não seria eu quem privaria minha pequena de uma boa noite de sono.


 


Segunda já começou com Alfonso sendo rei e como a gente fica?




Respondendo o face: 


Vanessa Aparecida: lindonaaa, cheguei. Beijinhos!


Maria Pimentel: Christopher muito rei, mas Alfonso dominou a porra toda, a gente precisa assumir, hahaha.


 


MEU DEUS, EU QUERIA DAR UM BEIJO NO ALFONSO. No George também, mas ele é casado, então não pode, hahahaha. 


Tá, que a Dulce vai pra casa dos Uckermann (pra fazer a Valentina dormir, óbvio, risos), mas e ela com o Christopher, o que será que acontece? aaaaaaaah, eu não aguento esses caras que sabem o que dizer na hora certa! 



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— Você tem certeza que está bem? — Ouvi a voz de Christopher, mas não tirei os olhos da casa à minha frente. — Por que não estaria? — Perguntei ofegante. Parecia que eu tinha corrido uma maratona, mas a verdade era que eu estava apavorada com a possibilidade de as crianças não me reconhecerem. Nã ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1003



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  • lukinhasmathers Postado em 01/05/2021 - 23:24:11

    Acabei de ler mais uma vez... So queria saber por onde vc anda

  • lukinhasmathers Postado em 08/05/2020 - 20:22:24

    Vai fazer 2 anos q vc n posta mais

  • maria Postado em 15/04/2020 - 18:58:51

    cont.....

  • lukinhasmathers Postado em 03/11/2019 - 10:57:05

    Espero que voce volte a postar, beijos

  • lukinhasmathers Postado em 03/11/2019 - 10:56:23

    Acabei de ler tudo de novo para matar a saudade

  • lukinhasmathers Postado em 03/11/2019 - 10:55:35

    Olá ruteeee

  • lukinhasmathers Postado em 02/10/2019 - 11:16:13

    poxa vey, quero tanto ver esse final, vivo até sonhando com essa web imaginando o final dela

  • camila_herrera Postado em 08/08/2019 - 17:30:03

    Se vc estiver bem é o importante

  • camila_herrera Postado em 08/08/2019 - 17:29:37

    Nossa, nem parece que tem mais de um ano que vc ñ postou mais

  • lukinhasmathers Postado em 21/07/2019 - 12:49:15

    já tem 1 ano sem postar... uma pena Ruth. Cadê você, querida?


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