Fanfic: De repente babá - Vondy | Tema: Vondy; DyU

— Você tem certeza que está bem? — Ouvi a voz de Christopher, mas não tirei os olhos da casa à minha frente.

— Por que não estaria? — Perguntei ofegante. Parecia que eu tinha corrido uma maratona, mas a verdade era que eu estava apavorada com a possibilidade de as crianças não me reconhecerem. Não como antes.

Christopher conseguiu autorização para levar uma cabeleireira ao meu quarto. Ela fez um corte bob, e uma hidratação intensa. Nunca me imaginei com os cabelos curtos, mas era algo que eu precisaria me adaptar, querendo ou não.

Ele segurou minha mão, que estavam fechadas em punho num mecanismo de defesa. Do que, eu não sabia dizer. Olhei para ele, encontrando-o com um sorriso encorajador.

— Vai ficar tudo bem, Dulce. As crianças te adoram. Não precisa ter medo.

Pensei em dizer que não estava com medo, mas, na realidade, eu estava apavorada. Como eles lidariam com a nova Dulce? Como eu lidaria com uma Dulce tão cheia de limitações?

Assenti fracamente com a cabeça, e seu sorriso alargou mais. Tinham dois carros estacionados, e um reconheci como o de George, o que era bom, porque eu tentaria conversar com ele novamente.

Algo que ele havia me dito no hospital estava me incomodando, mas eu não conseguia me lembrar exatamente do quê. O doutor havia dito que era normal eu esquecer de algumas coisas, e com o tempo elas voltariam à tona.

Christopher abriu a porta do carro, e Matteo surgiu de algum lugar, pegando a minha mala.

— É um prazer vê-la novamente, Dulce. — Matteo sorriu cordialmente. Ele era o único motorista da família que eu conversava, até porque os outros estavam sempre a postos para o caso de serem necessários.

Era um exagero, mas não seria eu a dizer isso.

— Obrigada, Matteo. — Sorri. Ele entrou com a mala. — Você acha mesmo que isso vai dar certo, Christopher? — Olhei para ele, procurando algum tipo de conforto.

— Eu estou aqui, Dulce. Eles também estão aqui por você. Não amamos você pelo seu físico. Tenha isso em mente.

Assenti novamente com a cabeça, ignorando a fagulha de carinho com a parte de “nós amamos”. Segurei a mão dele apenas para ter segurança, e entramos na casa. A porta mal foi aberta quando um coro de surpresa! ecoou pelo ambiente.

Meu corpo estacou enquanto observava os balões em várias cores e formatos preenchendo a sala, as fotos coladas na parede, e o melhor de tudo: as crianças que corriam em minha direção.

Ao longe ouvi as exclamações de Christopher pedindo para ter cuidado, mas eu já estava rodeada por sete tesouros, que riam e se esforçavam para conseguir me abraçar todos ao mesmo tempo, o que se transformou num empurra-empurra surreal.

Eu, em compensação, só sabia chorar, para variar. Estava com tanto medo de não ser tão bem aceita pelas crianças, estava sendo agarrada por eles da melhor maneira possível.

Conseguia ouvir várias perguntas que se resumiam em “como você está?” até os protestos de saudades, e não demorou para que os rapazes começassem a brigar com as meninas para terem mais espaço comigo.

George e Anahí assistiam a cena de longe, não interferindo no meu momento com as crianças, mas pareciam satisfeitos em me ver ali. O sorriso deles entregava isso.

— Tá legal, tá legal, não precisamos começar a brigar por causa disso. Tem Dulce para todo mundo, certo? — Christopher pegou Valentina no colo, e tentou afastar um pouco os outros. Nem Emma queria me soltar, agarrando o meu braço e não largando de jeito nenhum.

— Pai, mas ela acabou de chegar. — David protestou.

— A gente quer ficar perto dela. — Daniel queixou-se.

— Me deixa ficar com a Dulce. — Valentina choramingou.

Meu coração derreteu com aquela cena. Estendi os braços para Christopher, num pedido silencioso. Ele fez uma careta, olhou para a minha perna e novamente para o meu rosto, e eu insisti. Com uma careta quase engraçada, ele me entregou a menina, que parecia mais leve desde a última vez que esteve em meu colo.

— Por que não vamos para o sofá? Assim vocês me contam tudo o que vocês fizeram desde que fui embora.

— A gente ficou te esperando. — Daniel respondeu com indiferença. — Primeiro a gente achou que você tinha ido embora, mas aí o papai disse que você tinha se machucado e que ia voltar para cuidarmos de você, então ficamos te esperando.

Comecei a balbuciar alguma coisa, sem saber ao certo o que responder. Era óbvio que eles não sabiam o que estava acontecendo. Não tudo e não todos, ao menos. Emma sabia uma parte, Lisa e Tyler deviam saber por partes, mas a partir de Adam, a história deve ter sido “Dulce foi embora e resolveu voltar para cuidarmos dela”.

Fiz uma nota mental de perguntar do que eles disseram que eu havia me machucado.

— Vamos para a sala. — Emma foi quem decidiu me salvar. — Fiz um bolo para você.

— Ai, não brinca, garota. — Exclamei, deliciada. Estava traumatizada com a comida do hospital, e só de pensar em comer qualquer coisa que Emma tivesse feito, era quase um orgasmo. — Eu vou...

— A Dulce não pode comer essas coisas, querida. — Christopher me cortou.

— Por quê? — Valentina perguntou. As mãozinhas dela estavam agarradas em meu pescoço, e percebi as olheiras, fora o olhar cansado.

—Por quê? — Repeti, confusa.

— Sim, por quê? Você mudou o cabelo. Ficou bonita. — Passou uma mãozinha pelos meus cabelos, e eu funguei, emocionada. — Você está machucada, mas pode ficar calminha porque eu vou cuidar de você.

— Ah, meu amor... — Senti meus olhos lacrimejando, e beijei sua testa, num agradecimento silencioso.

— Por que não sentamos? — Christopher usou um tom que não tolerava respostas, e as crianças correram para se sentar no tapete da sala. — Está tudo bem? — Perguntou em meu ouvido para Val não ouvir.

Assenti com a cabeça, e precisei caminhar mais devagar, porque minha perna começou a protestar pelo peso extra que estava carregando. Sentei no sofá, com a pequena em meu colo, e comecei a afagar os cabelos loiros dela pacientemente, como sempre fazia antes de irmos dormir. Ela apoiou a cabeça em meu peito, quietinha enquanto as crianças se atropelavam para contar o que tinha acontecido, as teorias do verdadeiro motivo de eu ter ido embora — e, obviamente o motivo mais sério que eles me deram foi o fato da Val ter me chamado de “mãe” e Christopher não ter gostado disso.

Era até engraçado, porque eles se atropelavam demais para falar, especialmente os gêmeos. Eles estavam eufóricos, e me perguntei se Christopher tinha deixado que eles tomassem cafeína mais cedo. Não era possível que eles estivessem normais.

Fiquei sabendo, inclusive, de uma vigília que eles fizeram para pedir que eu voltasse, e estavam acampados na sala para reforçarem os pedidos.

Eu estava deliciada com o fato de ter minhas crianças perto de mim novamente. Eu não tinha dado a vida a nenhum deles, mas tinha uma ligação tão forte com eles, que cada dia longe era dolorosamente torturante.

— Olha só... — Lisa sussurrou, cutucando Adam. — Valentina dormiu.

As crianças se calaram e se aproximaram mais ainda — e eu nem sabia que isso era possível — e eu abaixei a cabeça, vendo as pálpebras da Val, que estava realmente adormecida. O suspiro pesado que ela deu em seguida foi uma prova disso.

— Ela conseguiu dormir. — Adam me olhou assustado, e eu o encarei confusa. — Valentina não dorme direito desde que você foi embora.

— Ela passava o dia no seu quarto e à noite ficava com a gente, mas se recusava a ficar muito perto, e não conseguia falar direito. — Tyler explicou.

— A gente achou que ela ia parar de falar de novo. — Lisa disse.

Apertei minha pequena ainda mais contra mim, apenas para ter certeza que ela estava ali mesmo. Quando fui embora, não pensei que isso pudesse causar um impacto neles, e muito menos a ponto de ganhar uma vigília e que Valentina não conseguisse dormir.

Eu tinha sido inconsequente nesse aspecto, e esperava ser madura o suficiente para assumir isso. Se eu sentia falta dela, mesmo pensando que estava fazendo a coisa certa, imagine uma menina de sete anos, que já havia perdido a mãe de uma forma brutal, mesmo sem entender direito o que acontecia, e depois perdia a pessoa que ela estava adaptada a ter sempre por perto.

— Agora você vai ficar, não é? — Adam perguntou esperançoso, e senti todos os olhares em mim, aguardando ansiosamente a minha resposta.

— Eu vou ficar, querido. Prometo. — Christopher, que estava ao meu lado, soltou a respiração, e as crianças sorriram em resposta.

No fim das contas, eu não poderia deixá-los. Nem mesmo se eu quisesse.

Vocês têm ideia de como eu fiquei com esse capítulo? 

EU SOU MUITO MOLE, SOCORRO KKKKKKK

Respondendo o face: 

Vanessa Aparecida: oiiiii, nenê, cheguei ♥

Maria Pimentel: Poncho é muito o amor da minha vida, gente. Já falei, Dulce vai ser minha cunhada, hehehe.

AMORECOOOOOS, COMO VOCÊS ESTÃO?

Eu ainda tô doente, botam fé? A galera aqui tá me zoando horrores porque ontem minha voz tava parecendo aquelas de robô (minha voz normal já não é muito bonita, com gripe então...)

Primeiro: PARABÉNS, deia2017. Tá comigo desde as minhas primeiras fics, tu é foda. Muitos anos de vida, muito bolo, rolês, paz, amor, e maturidade pra esse novo ciclo. Se já for maior de idade, que consiga pagar seus boletos em dia e sem juros, se ainda for menor, APROVEITA, MINHA FILHA! ♥ 

Às outras manas maravilhosas: Dulce vai ficar, minha gente, vamos comemorar! Valentina tava sofrendo sem ela, tadinha, meu coração parte só de pensar nessas duas separadas. 

Eu ia postar outro hoje, mas não consegui revisar e preciso meio que correr agora. Essa coisa de trabalhar pra pagar boleto é uma merda, né? AAAAH. 

Enfim, aguardo teorias sobre o próximo capítulo.

Beijinhos!