Fanfic: De repente babá - Vondy | Tema: Vondy; DyU

— Como você está? — Perguntei a Alfonso, segurando a mão dele.

— Ótimo. Não sei por que estão me mantendo nessa merda. A comida daqui é horrível. — Fez uma careta inconformada, me fazendo rir. Eu bem lembrava de como era a comida de hospital. Enruguei o nariz para mostrar solidariedade, mas como estava segurando a risada, ele acabou não acreditando. — Continue rindo, garota. Quando eu sair daqui, a primeira coisa que vou fazer, vai ser comer dez quilos de hambúrguer. Dos mais gordurosos, de sentir o coração falhando.

— Ai, meu Deus. — Joguei a cabeça para trás numa gargalhada estrondosa. Não demorou para uma enfermeira ir ver se algo de errado estava acontecendo, e, como era de se esperar, ficou toda sorrisos com Alfonso.

— Pelo jeito nem as mulheres de LA resistem ao charme de Alfonso Herrera. — Provoquei assim que ela saiu.

— É o meu sorriso. — Piscou travesso, com um sorriso de canto que sempre dava quando via alguma mulher que o interessava. — Não há quem resista a esse sorriso. — Suspirou, me encarando. — E então, como você está?

— Tirando os remédios horríveis que eu sou obrigada a tomar, estou ótima. — Sorri, acariciando a mão dele. — Como você está?

— Louco para sair daqui. — Se remexeu na cama, fazendo uma careta. — Matou a saudade das crianças?

Abri um sorriso infantil, como sempre acontecia quando eu falava sobre as crianças. Eles tinham virado a minha vida de cabeça para baixo, mas de um jeito bom. Eu gostava disso. Eu não era mãe deles, mas os amava como se fossem meus filhos.

— Nunca vou ter o suficiente deles. — Ri baixinho. — Saindo daqui, preciso comprar o presente dos gêmeos. O aniversário deles é na próxima semana. O David disse que de presente ele tinha pedido que eu voltasse, acredita?

— Claro que acredito. — Riu. — Eles te adoram, Dulce, pelo amor de Deus. E com o pai deles, como estão as coisas?

— Hã... — Pigarreei, sentindo o sorriso ir embora lentamente. — Eu fui honesta com ele.

— Bom... — Suspirou. — Então vocês estão juntos de novo, certo?

Pisquei várias vezes, querendo entender que papo era aquele. No dia anterior era “não precisa correr com ele”. Quando as coisas mudaram para “vocês estão juntos de novo, certo?”?

— Ficou maluco? — Foi a única coisa que consegui verbalizar. Ele rolou os olhos.

— Não me diga que ainda vai fazer charme com o coitado.

— “Coitado”? Está brincando comigo, não é? — Grunhi, impaciente.

— A verdade é que vocês dois são idiotas. — Encarei-o boquiaberta, e ele se limitou a me ignorar. — Francamente, você vai morar com ele, Dulce. Acha que vai conseguir ignorá-lo por quanto tempo?

— Não é disso que se trata e você sabe disso. — Sussurrei, fazendo uma careta. Eu concordava que Christopher era idiota, mas, porra, o que eu fiz de errado?

— Christopher é babaca por falar merda antes de pensar, e você é idiota por não saber seguir em frente. Pelo amor de Deus, você não quer perdoar o Christopher como se você mesma não cometesse erros.

— Mas de que merda você está falando, Alfonso?

— Já sabemos o motivo de você querer ser independente e blá, blá, blá, mas se eu fosse você, tomaria cuidado. — Me olhou intensamente, mas eu não conseguia entender o que ele queria dizer, então não adiantou aquela reticência. Ele revirou os olhos e bufou. — Você é muito lerda, eu tinha esquecido disso. Não ache que Christopher vai te esperar para sempre, Dulce. Ele tem sete crianças para se preocupar, e faria qualquer coisa para não vê-los magoados.

— Eu não quero magoá-los. — Me defendi, indignada.

— Eu não disse que queria. Isso não significa que não pode acontecer. Dulce, os mais velhos entendem a situação, mas e a caçula? Ela te vê como uma figura materna, e acredito que seja o mesmo com os outros mais novos também. Eu sei... — Respirou fundo. — Eu entendo que você esteja magoada, Dulce. Pelo amor de Deus, somos irmãos, eu te conheço bem pra caralho, mas sei que você ainda o ama. Tanto quanto ama as crianças, sinto informar. Pelo amor de Deus, você passou tanto tempo sofrendo... Vá ser feliz, porra. Ninguém merece passar metade da vida passando o que você passou, Dulce.

Abri a boca para falar que grande parte do que passei foi por livre e espontânea vontade, mas Alfonso me olhou de forma que não aceitaria esse tipo de desculpa, então simplesmente fiquei de boca fechada e inconformada por nossos encontros agora serem baseados na minha vida amorosa.

Eu não precisava que ele dissesse que eu amava o Christopher. Pelo amor de Deus, estava escrito na minha cara, e piorava quando o maldito me olhava. Mas, definitivamente, o pior era a falta que eu sentia do toque dele. Dos beijos, das carícias. Merda, até a risada dele fazia falta, e ele ria de um jeito esquisito.

— Acho que esse olhar é uma resposta...? — Alfonso perguntou cauteloso, e eu pisquei confusa para ele. — Sabe, você vai se dar uma chance?

Franzi o cenho.

— Por que você quer tanto que eu volte para ele? — Perguntei desconfiada.

Alfonso sorriu suavemente, como se tivesse um grande segredo, e isso me deixou alerta.

— Tudo tem o seu momento, querida. Por ora, só quero a sua felicidade.

(...)

— George, você está muito ocupado?

— Acabei de sair de uma reunião, filha. O que há?

Suspirei, olhando a xícara com café em cima da mesa.

— Estou no Le Monaco. Você pode vir aqui me encontrar, por favor?

— Claro. Chego em um segundo.

Desliguei o celular e o deixei em cima da mesa, apreensiva sobre o que eu queria. Minha cabeça estava uma bagunça, mas se tinha alguém que sabia mais das coisas, era George.

Não demorou muito para que ele chegasse. Ele estava vestido formalmente, o que eu achava um charme — assim como Christopher — mas eu não sabia que ele fumava. Não nicotina, pelo menos.  

— Oi, filha. Desculpe a demora, precisei de um cigarro para não matar alguém. — Sorriu como se tivesse dito uma banalidade.

— Não sabia que fumava. — Arqueei a sobrancelha, com um sorriso travesso. Christopher sabia disso?

— Isso é outro segredo nosso. — Piscou e pediu o mesmo que eu ao garçom: café ristretto. — E então, o que há?

Respirei fundo. Não gostava de enrolações, e não seria diferente naquele momento.

— George, eu quero que você esclareça o que me disse no hospital. Eu sinto que deixei passar algumas coisas, e quero que você me dê uma luz.

Ele se endireitou, e o sorriso vacilou um pouco — só um pouco —, mas dando o suficiente para mostrar que eu estava certa: eu tinha deixado passar alguma coisa.

— E não aceito enrolações. Quero a verdade. Tem duas coisas que não saem da minha cabeça: quem fez a segurança das crianças depois da morte da Sophie e o motivo de você ter me perguntado se eu tinha algum parente. Você sabe que eu cresci em um orfanato, George, então por que me perguntou isso? São os pontos que me deram branco. É como se eu não tivesse prestado atenção o suficiente nisso.

George soltou o ar com força, parecendo cansado. Ele ficou calado enquanto o café lhe era servido, e tomou alguns goles antes de me encarar novamente, parecendo estar muito mais cauteloso.

— É só disso que você não se lembra? Quero dizer, você lembra de mais alguma coisa?

— Não estão tão claras, mas eu lembro. Mas esses dois pontos... — Balancei a cabeça, confusa. — Eu não sei, parece que eu nem prestei atenção no que você falava. Eu lembro da sua história, que Drew é padrinho do Christopher... Mas não desses dois pontos. Eu sei que você falou isso, mas os nomes... — Suspirei. — Desculpa, eu não consigo lembrar.

George esfregou o queixo, e piscou várias vezes. Olhou para vários pontos na cafeteria e me olhou novamente.

— Você tem certeza que quer conversar aqui?

— Ah, pelo amor de Deus, George, fale de uma vez. — Grunhi.

— O que você quer saber primeiro?

— O motivo de você ter perguntado se eu tenho irmão. — Meu coração apertou com medo da resposta.

— A não ser que tenham escolhido um sobrenome aleatório para você, foram Fernando e Pablo quem mataram a Sophie. E pela idade, são seus pais e irmão, consecutivamente. — Anunciou impassível.

Puta merda!

Imaginem um gif de alguém confuso aqui. 

Oi, amores, como estão? Então, postaram pra mim na sexta, e ainda disseram da minha situação. Infelizmente ainda estou em observação, mas tenho previsão pra voltar pra casa na quarta-feira (oxalá). Tô toda furada de tanto exame que tive que fazer, mas pelo menos tô viva, né? (por ora, risos. Brincadeirinha). 

Não estou conseguindo responder aos comentários e mensagens porque meu tempo pra usar o note aqui é desnecessariamente controlado, porque não posso cansar (arrã). Mas consegui convencer o mozão a trazer pelo menos pra eu postar. 

Aaaaah, fui lavar o cabelo e quando voltei, "De repente babá" está nas mais comentadas de 2018, além de estar no top 3 (do top 10) mensal e anual. Tô feliz pra merda, não vou mentir. Vocês são demais!!! Obrigada mil pelo carinho e por estarem comigo. E pelas mensagens de força também (chorei quando li, não vou mentir).

No mais, até amanhã, amores ♥