Fanfic: De repente babá - Vondy | Tema: Vondy; DyU

Fiquei avaliando alguns contratos em meu escritório em casa, já que eu tinha decidido receber a nova babá e apresentá-la para as crianças. Eu deixaria claro que estava totalmente sem paciência para as brincadeiras ridículas deles, e qualquer passo fora dos trilhos resultaria em internato.

Mas, merda, a mulher tinha que ser bonita daquele jeito? Sua pele branca combinava com os olhos mais escuros e intensos que eu já tinha visto; a boca naturalmente avermelhada e num coração perfeito; o corpo curvilíneo e machucado... Sim, não deixei de ver a marca em todo o pescoço, e um roxo fraco no olho, provavelmente coberto por maquiagem. Os braços também estavam levemente marcados pelo que parecia ser alguém que a tinha apertado com muita força. Talvez um namorado.

Por mais que as roupas fossem sexy para cacete, não era algo que eu queria que ela usasse perto dos meus filhos nem mesmo fora do uniforme. Do jeito que Emma era, não demoraria para ela imitar, e eu não queria os pivetes da sua idade olhando para ela do jeito que, por muito pouco, não olhei para Dulce.

– Ela não vai usar essas roupas, certo? – perguntei ao meu pai sem tirar os olhos dos contratos. – Nem quando estiver de folga. Você sabe que Em vai querer inventar moda.

– Você não pode mandar na garota nos horários de folga.

– Ela vai morar na minha casa. Na minha casa ela não vai usar aquelas roupas – resmunguei.

– Por que ela fica gostosa? – provocou meu pai, sentando-se à minha frente.

– Me diga... Por favor, que ela não é uma das suas vadias, pai – a ideia não me agradava. Olhei para ele, à procura de qualquer sinal que Dulce fosse amante do homem.

– Já está com ciúmes da Dulcinha, filho? – gargalhou o homem. Senti meu rosto ficando vermelho e trinquei o maxilar. Ele estendeu as mãos em rendição. – Calma, garotão. Já te falei. Tenho um amigo no orfanato que disse que ela estava querendo se mudar porque não queria mais ficar naquele buraco.

– Por isso os machucados? – perguntei antes que pudesse evitar. Meu pai olhou-me chocado. – Qual é, pai. Parece que a garota foi espancada.

George apertou os lábios, e percebi que tinha rolo nessa história. Ele estava me escondendo alguma coisa.

– Desembucha, George – respirei fundo. Ele se recostou na cadeira e me encarou. – Pai, ela é traficante? Fugitiva? Eu não vou arriscar a vida dos meus filhos por causa de um caso seu.

– Ela não é um caso meu, Christopher. Pelo amor de Deus, eu não traio sua mãe há anos, quando você vai superar isso? – grunhiu com os dentes cerrados.

Apertei a ponta do meu nariz e suspirei cansado. – Tudo bem. Desculpa. Só preciso saber o motivo daqueles machucados. Não foi uma briguinha qualquer.

– Tem razão, não é – concordou meu pai depois de um tempo.

– E do que se trata?

– Christopher, olha... Essa garota nasceu da pobreza. Não sabe o que é ter uma família...

– Ela está fugindo? Não vou contratar uma fugitiva, pai – rosnei, passando as mãos pelos cabelos.

– Cala a boca e escuta – meu pai levantou e ficou atrás da cadeira, apertando a parte de cima dela. – Dulce está com medo. Está tendo uma onda de assaltos e estupros em Tampa, principalmente perto de onde ela morava. Ela não podia ficar no orfanato e não tinha dinheiro para se mudar.

– E os machucados? – sondei.

Meu pai esfregou os olhos. – Ela foi assaltada, mas não tinha nada de valor, então deram uma lição com tapas e socos, além de quase estuprarem a coitada. A sorte era que ela estava num lugar movimentado e escutaram os gritos abafados. O cara fugiu e a deixou lá, toda roxa. Ela está com medo de ser encontrada.

Ah, tudo bem. Aquela era um bom motivo para tirá-la da Flórida. Tampa realmente era um lugar perigoso, ainda mais para uma mulher bonita como ela. Não gostei de imaginar o que teria acontecido com ela se o cara realmente tivesse feito algo com ela. Pior, se não a deixasse viva depois disso.

– Quero que descubram quem é o homem. Vou fazer que ele pague com isso – declarei resoluto, levantando-me da cadeira para ver como as mulheres estavam. A risada seca do meu pai fez-me parar. – Qual é a graça?

– Não tente ser o salvador da princesa, Christopher. Eu sei que você quer ser o justiceiro e que essas coisas dão raiva, mas você não tem ideia do buraco que é aquele lugar. Caso não se lembre, sua mãe já morou lá. E foi estuprada. Isso há mais de trinta anos. Imagina como estão as coisas agora. Você é um homem forte, filho, mas eles têm armas, e nunca lutam sozinhos.

Porra, ele estava certo. Mesmo assim, um instinto protetor ridículo brotou em mim. Eu podia não mudar o passado de Dulce, mas enquanto ela morasse na minha casa, nada aconteceria com ela.

Bom... A menos que fossem as crianças. Eu duvidava muito que eles ficassem tranquilos em relação a ela no começo. Mas estava com um bom pressentimento. Uma hora eles teriam de ceder.

Dulce achou o homem gato, vê se pode...

Christopher querendo proteger a donzela, alá o salvador, haha.

Amanhã tem encontro com as crianças. Vamos ver se a Dulcinha sobrevive, hehe!