Fanfics Brasil - Capítulo 82 — Dulce De repente babá - Vondy

Fanfic: De repente babá - Vondy | Tema: Vondy; DyU


Capítulo: Capítulo 82 — Dulce

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Respirei fundo quando as portas se abriram. Da última vez que estive ali, não fui bem recebida, e não sabia o que esperar naquele dia.


George tinha me ligado no dia anterior para dizer que Fernando havia topado conversar comigo sem brigas e sem me agarrar — ou Christopher não o deixaria vivo. Senti a mão de Christopher encontrando a minha, e o encarei.


— Está preparada?


Ele não estava exatamente de acordo com a situação, mas se recusava piamente a me deixar sozinha com Fernando. Eu argumentei que haviam policiais, e Fernando não faria nada de errado, mas o homem se manteve firme.


Um perfeito Uckermann!


Assenti com a cabeça, e nos levantamos. Fernando estava na mesma mesa da primeira vez, e dei um último aperto na mão de Christopher antes de me aproximar do homem.


Ele continuou com a cabeça baixa e as mãos unidas acima da mesa. O maxilar estava trincado, e a respiração ficou pesada quando me sentei.


Aguardei pacientemente que ele levantasse o olhar. Comecei a ficar ansiosa, e a roer as unhas, mas se ele precisava daquele tempo, então que seja.


Fernando levantou a cabeça e me encarou. O semblante duro ainda estava lá, mas ele não parecia mais furioso. Talvez ele já tivesse conseguido digerir a informação.


— Você tem os olhos dela. —declarou, estreitando os olhos. — O mesmo formato do rosto. O mesmo jeito latino.


Latino?


Crispei os lábios para controlar a língua e não atrapalhar o seu momento. Ele não havia reagido bem da primeira vez que me viu, então não era uma boa ideia cortá-lo.


Deixe o homem falar.


— O que aconteceu com você, menina? — me perguntou, cauteloso.


— Oi? — franzi a testa em confusão.


— Você está mancando, tem uma cicatriz no seu pescoço, e devo supor que existem outros machucados no seu corpo. O que houve com você? — inclinou a cabeça, atento.


Hã...


Ok...


— Eu tive um... — limpei a garganta. — Um acidente.


Ele riu fracamente, balançando a cabeça. Respirou fundo e cruzou os braços sobre o peito.


— Sem mentiras, garota. Eu te digo a verdade, você me diz a verdade. — arqueou uma sobrancelha em desafio.


Epa.


Ele era bom.


Pigarreei e olhei para Christopher, que estava no mesmo lugar da primeira vez, nos encarando com atenção, como se qualquer movimento que ele perdesse pudesse ser fatal.


Exagerado...


Relatei a minha vida para George, mostrando a certidão de nascimento, onde só constava o sobrenome dele. Dulce María Saviñón. Contei o mesmo que a diretora do orfanato, que eu tinha sido deixada lá com menos de uma semana de vida, e cresci lá. Contei sobre os lares provisórios que fui, mas que nenhum casal quis ficar comigo. Contei sobre Alfonso e o seu companheirismo. Contei sobre a minha rotina no orfanato e na escola — e eu não era uma aluna exemplo. Nada de boas notas ou prestar atenção nas aulas. Contei que aos dezesseis, fugi para viver com Alfonso, e aos dezoito entrei na prostituição. Contei sobre o estupro.


Não contei sobre a morte de Dennis.


Contei sobre Christopher e os filhos dele. Contei sobre Sophie, e de como a vida dela foi tirada de forma injusta — por ele e o meu irmão. Contei sobre o sequestro do filho do meu ex cafetão, alegando que ele estava infeliz por ele ter ido embora.


Contei tudo o que eu me lembrava que tinha acontecido naquele galpão.


Deixei de fora que Christopher matou Jason.


No fim, eu estava sem fôlego, mas satisfeita. Escolhi deixar de fora que fomos Christopher e eu quem matamos Jason e Dennis, até porque estávamos numa cadeia, e alguém poderia acabar escutando. Sem contar que eu não conhecia Fernando. Ele podia ser meu pai, mas não sabia se ele era confiável.


— Uau. — soprou o ar com força, passando uma mão pelo rosto. — Isso é muito pra digerir.


Assenti com a cabeça, esperando.


— Sinto muito pelo seu chefe... Amigo... Namorado... Não sei o que ele é. Pablo me garantiu que não conhecia a mulher, foi um assalto que deu errado. — deu de ombros, e tentei não mostrar a perplexidade por ele falar sobre isso com tanta naturalidade. — O que você quer saber, menina?


Limpei a garganta e olhei para Christopher antes de encarar Fernando novamente.


— Quem é minha mãe? — minha voz saiu num sussurro.


Fernando mirou um ponto atrás de mim, e engoliu com dificuldade. Ele não parecia nada confortável naquela situação, mas eu também não estava.


— Esperanza. Esperanza Espinosa Calderón. — me encarou. — Nós tivemos um... Ficamos juntos quando ela veio acompanhar o marido durante a campanha política.


— O quê? — indaguei, boquiaberta.


— Não que eu me orgulhe disso. — sorriu. — Quando nos conhecemos, ela disse que era solteira. Não só isso era mentira, como ela também tinha filhos.


Pisquei repetidamente, como se de alguma forma isso fosse clarear minhas ideias. Esperanza. Quando eu imaginei nomes para a minha mãe, não tinha pensado em Esperanza. Mas também não havia pensado que poderia ser uma mulher se aventurando fora do casamento.


O que me tornava uma bastarda.


Engoli dolorosamente o bolo que se formou em minha garganta.


— Dois filhos. Um casal. Mario e Grettell. Eu a conheci num bar. Ela parecia triste e abatida, e eu tinha acabado de sair do trabalho. Eu era motorista de um advogado, e quando vi aquela mulher... — riu secamente. — Ela não era nada parecida com as americanas. Nada de cabelos loiros, olhos claros e um corpo sem graça. Não... — balançou a cabeça, os olhos ficando vidrados. — Esperanza tinha os cabelos longos, os olhos escuros e grandes, e um corpo que me deixou doido assim que coloquei os olhos nela.


Cara, isso era bizarro. Imensamente bizarro.


— Nós começamos a conversar, e ficamos juntos por quase três meses. Foi quando eu decidi fazer uma surpresa na casa dela, e eu a vi com as crianças, saindo de casa. Pouco depois saiu aquele homem... — grunhiu. — Arturo Calderón, o governador de Monterrey. — riu sem humor, e me encarou com olhos frios. — Essa mulher foi a minha ruína, menina. Quando eu a abordei, ela disse que estava apaixonada por mim, e que se divorciaria dele. E o que aconteceu?


Enxuguei algumas lágrimas que começaram a sair sem permissão, balançando a cabeça.


— Você acreditou nela. — sugeri, e ele assentiu com a cabeça, os olhos ficando marejados.


— Nós ficamos juntos por quase um ano, mas o maldito divórcio nunca chegava, e eu aguentava calado, bancando o amante. Um dia, ela me disse que estava grávida. E que o filho era meu. — balançou a cabeça, bufando. — Ela foi embora, e eu fiquei louco. Acabei indo atrás dela, e contei tudo ao Arturo. — apontou para a cicatriz na bochecha. — Vê isso? Foi uma navalha. A navalha de que Arturo acertou em mim, quando alegou que eu não passava de um mentiroso querendo o dinheiro da família dele. Como resultado, eu fui embora, mas demitido, porque o governador disse ao meu chefe que eu o tinha roubado, e feito a esposa dele de refém.


— Esperanza não te defendeu?


Fernando abriu um sorriso frio. Um sorriso que me disse exatamente o que aconteceu: ela não fez nada.


— Eu voltei pra cá, estava falido, porque todo o meu dinheiro foi pra comprar a passagem até Monterrey. Estava desempregado e fodido pra porra. Eu jurei que ia esquecer Esperanza, mas então ela voltou. Grávida. De você. Com oito meses. Fiquei vendo de longe o marido dela dizendo ao público que essa criança era um presente de Deus. — grunhiu. — Hipócritas desgraçados. Eu queria te conhecer. Esperanza poderia dizer o que quisesse, mas ela sabia que eu era o pai. Ameacei levar à tona essa história caso não me deixassem te ver, e o Arturo Calderón não tinha acabado de ser eleito. Não queria se meter em uma polêmica. — trincou o maxilar. — Eu passei o dia inteiro naquele hospital, pra me dizerem que você não tinha sobrevivido.


Merda!


Puta merda!


 Eu não podia acreditar naquilo.


Eu fui privada de tantas coisas, fui obrigada a aguentar tanta merda... Por isso?


Àquela altura, eu já chorava silenciosamente, e quanto mais eu tentava enxugar as lágrimas, mais elas saíam, de um jeito quase desesperador.


— Aquela mulher me levou ao fundo do poço mais vezes do que eu posso contar. Eu segui em frente. Casei. Arrumei um novo trabalho. Tive um filho. Mas Helen faleceu no parto, me deixando sozinho com uma criança. E o garoto tinha o gênio ruim. Não importava quantas vezes eu alertasse, conversasse, brigasse, batesse, ele não mudava. — balançou a cabeça. — Pablo era um garoto genioso. Um único dia em que eu decidi encontrá-lo para fazê-lo mudar de ideia, ele já estava com a arma na cabeça da mulher, anunciando assalto... — soluçou. — Tinha uma menina com ela. A menina teve que ver tudo. Pablo foi... — engasgou, balançando a cabeça. — Frio. Helen deve ter se revirado no caixão ao ver que falhei com o nosso filho.


Ai, meu Deus.


Ai, meu Deus do céu!


Meu corpo inteiro estava tremendo enquanto aquela informação caía sobre mim. Quando todas aquelas informações caíram sobre mim: Esperanza não me queria como filha. Fernando estava quase acidentalmente durante o assalto de Sophie.


Puta merda!


Tentei encontrar alguma frase para falar, ou alguma pergunta, mas meu cérebro estava em pane. Ouvi um soluço, e fiquei surpresa ao ver Fernando chorando. Não um choro desesperado como o meu; na verdade, ele estava com os olhos fechados e os lábios crispados, tentando contê-las.


— Fernando... — arfei, colocando as mãos no colo.


— Vá pra casa pensar sobre isso, Dulce. Eu não sei nada sobre a sua mãe. Depois que ela falou que você morreu, simplesmente desapareceu. Eu ainda a procurei, mas ela, obviamente, não queria ser encontrada. Eu sinto muito.



— Ah, amor... — Christopher me embalou em seus braços, me colocando entre suas pernas. — Eu sinto tanto por isso.


Christopher beijou o topo da minha cabeça. Eu tinha decidido abrir o jogo sobre tudo o que Fernando havia me falado. As crianças estavam na casa de Anahí, e passariam a noite lá. Eu os amava do fundo do coração, mas não podia estar mais grata por ter aquele momento sozinha com Christopher. Não sabia como reagiria quando eles perceberem a minha cara de funeral assim que eu voltasse para casa.


Eu estive receosa em contar para Chris sobre a morte de Sophie. Esperava um surto, coisas quebradas, julgamentos, ou coisas do tipo, mas ele apenas ficou ali, acariciando meus cabelos e me balançando como se eu fosse uma criança.


— Você não está chateado? — ergui a cabeça, encontrando seus olhos.


— Eu estou atordoado. Mas você com certeza está pior. Eu vi o estado em que você saiu dessa conversa, Dulce. Eu não imagino o quanto você está sofrendo, mas esse é o seu momento. Vamos focar em você, ok? Em tudo o que ele te contou. Você acha que ele estava sendo sincero?


Hesitei. Eu pensava? Eu não o conhecia, mas tinha alguma coisa nele... Porra, ele parecia estar me contando a verdade. Ele não teria motivos para mentir. Não sobre isso.


— Dulce...? — Christopher chamou ao meu silêncio.


— Acho. Sinceramente? Acho que ele está sendo honesto.


Christopher assentiu, e colocou a minha cabeça em seu peito novamente, e pude ouvir seus batimentos. Calmos. Ritmados. Eu adorava a sensação de segurança que seus braços traziam. Nunca tinha me sentido assim antes, e era bom saber que ele estava ali comigo. Para ficar.


— Vamos resolver isso, amor. Eu prometo.


E eu acreditei nele.


 


MINHA GENTE, MAS QUE HISTÓRIA É ESSA DE POLÍTICO?



Vocês seguraram seus forninhos? Eu avisei pra segurarem, hein?! Hahaha. 


+ uma vez estou postando e saindo correndo, mas saibam que eu tô lendo tudinho, viu? Então continuem me dizendo o que estão achando. 


Até amanhã, amores ♥



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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1003



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  • lukinhasmathers Postado em 01/05/2021 - 23:24:11

    Acabei de ler mais uma vez... So queria saber por onde vc anda

  • lukinhasmathers Postado em 08/05/2020 - 20:22:24

    Vai fazer 2 anos q vc n posta mais

  • maria Postado em 15/04/2020 - 18:58:51

    cont.....

  • lukinhasmathers Postado em 03/11/2019 - 10:57:05

    Espero que voce volte a postar, beijos

  • lukinhasmathers Postado em 03/11/2019 - 10:56:23

    Acabei de ler tudo de novo para matar a saudade

  • lukinhasmathers Postado em 03/11/2019 - 10:55:35

    Olá ruteeee

  • lukinhasmathers Postado em 02/10/2019 - 11:16:13

    poxa vey, quero tanto ver esse final, vivo até sonhando com essa web imaginando o final dela

  • camila_herrera Postado em 08/08/2019 - 17:30:03

    Se vc estiver bem é o importante

  • camila_herrera Postado em 08/08/2019 - 17:29:37

    Nossa, nem parece que tem mais de um ano que vc ñ postou mais

  • lukinhasmathers Postado em 21/07/2019 - 12:49:15

    já tem 1 ano sem postar... uma pena Ruth. Cadê você, querida?


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