Fanfic: Sueles Volver | Tema: DyC, DyU, vondy

O beijo foi doce, inocente e casto; um simples selar de lábios. Mas foi o suficiente para despertar no jovem casal sentimentos há muito esquecidos, ou guardados bem no fundo de suas mentes.

Dulce, com as sensações intensificadas devido à grande quantidade de álcool que tomara, sentiu a respiração ficar difícil, os olhos arderem de vontade de chorar, e, ao mesmo tempo, o corpo todo relaxar, em reconhecimento ao lugar que por muito tempo fora sua casa: os braços do ex-namorado.

Christopher não estava muito diferente. O sabor doce e o toque macio dos lábios de Dulce o atingiram como um soco. Ele queria abraçá-la e não soltar nunca mais, mas sabia que não devia. Dulce provavelmente se arrependeria de tudo amanhã. Isso, é claro, se o motorista misterioso não estivesse por perto e não quebrasse alguns ossos dele ali mesmo.

Ele sentiu Dulce se afastar e não ofereceu resistência. Sabia que havia ultrapassado um limite.

 - Por quê? - ela perguntou, os olhos fechados, a voz não mais que um sussurro.

 - Porque... - Christopher não conseguiu encontrar as palavras para explicar como se sentia e se limitou a fazer um carinho na bochecha direita de Dulce, que se esquivou do toque.

 - Não! Você não pode fazer isso. Você não tem o direito de bagunçar minha vida, ir embora e destruir o meu coração, voltar, virar meu mundo de cabeça pra baixo de novo e achar que vai ficar tudo bem!!!

 - Dulce, eu...

 - O quê??

Ele queria dizer tudo a ela. Dizer que a amava com loucura, que não conseguira esquecê-la apesar de ter tentado com todas as forças e que queria ficar com ela para sempre. Mas não houve tempo.

 - Dul! - uma voz a chamou. Christopher olhou para a esquerda e reconheceu Maite, acompanhada por uma loira cujo nome ele não se lembrava, mas que o fuzilava com o olhar.

Dulce olhou para as amigas e tornou a olhar para Christopher, que não conseguiu falar, ainda impactado com a força das palavras de Dulce. Ante o silêncio do rapaz, a ruiva suspirou e se afastou dele, indo em direção às amigas.

Maite passou o braço esquerdo nos ombros de Dulce, e a loira se afastou rapidamente das duas, indo na direção de Christopher.

 - Você - ela vociferou quando parou diante dele. - Francamente! Você não tem coração? Não percebe o mal que fez pra ela?

 - Eu nunca... Eu não quis...

 - Olha aqui, moleque, a Dulce é muito especial pra ser a diversão de alguém! 

 - Eu sei disso! Ela não é uma diversão pra mim!

 - Não parece! Ela estava muito bem sem você. Por que você teve que voltar? Aposto que logo logo vai se mandar pra Rússia de novo. Por que fazer isso se você não tem condições de fazer ela feliz?

Christopher não conseguiu responder, as palavras entaladas em sua garganta. A última coisa que ele queria era que Dulce sofresse, mas era exatamente o que tinha provocado.

 - Annie! - Maite chamou.

 - Vê se some! Não vai querer que eu tenha o prazer de arrancar suas bolas - a loira sentenciou antes de se afastar.

O abraço de Maite era carinhoso, e Dulce sabia que ela e Anahí estavam preocupadas. A própria Dulce não sabia enumerar tudo o que sentia.

 - Dul...

 - Quero ir embora - a ruiva pediu com um fio de voz. - Podemos ir?

 - Claro - Anahí respondeu com a voz doce.

Imediatamente elas se dirigiram à saída e Anahí pediu o carro, que por um milagre chegou rápido. Com um pouco de insistência, Dulce conseguiu que Maite fosse no banco da frente, acompanhando Anahí, que dirigia, e se deitou no banco de trás logo depois de entrar no carro. Fechou os olhos para que as amigas pensassem que ela havia adormecido e deixou algumas lágrimas silenciosas caírem.

Dulce abriu os olhos sem vontade. Se mexeu na cama e respirou fundo. Reconheceu o quarto de Anahí e suspirou, as lembranças da noite anterior tomando-a de assalto.

Christopher. Por que tinha que amá-lo tanto? Quando ela era mais nova, criança ainda, muitas pessoas elogiavam o fato de ela ter um enorme coração, o que sempre a orgulhou, mas agora parecia que seu coração estava cheio de tristeza e sofrimento, que pareciam ser tão grandes ou até maiores que sua doçura, sua empatia e sua capacidade de amar.

Ela ouviu seu estômago roncar e se levantou da cama, uma leve tontura a atingindo.

“Odeio o dia seguinte.”

A tontura passou assim que a jovem sentiu o cheiro delicioso que vinha da cozinha, acompanhado de ruídos que indicavam que Maite e Anahí também já estavam de pé.

A família de Anahí não vivia na Cidade do México, e sim no litoral, mas a loira detestava morar sozinha, então hospedava suas amigas sempre que podia; quer alguém estivesse de passagem pela cidade ou sem condições de dirigir até sua casa depois de uma noitada, Anahí sempre tinha uma cama à disposição.

 - Bom dia, Dul! - a morena cumprimentou ao vê-la entrar.

 - Bom dia, Mai, Any!

 - Dormiu bem? - Anahí perguntou enquanto tirava um misto quente da sanduicheira.

 - Sim, mas acho que passei um pouco do ponto na bebida. Tem remédio?

 - Tem, sim, ali no armário - Anahí indicou um armário próximo à porta da cozinha, onde Dulce pegou um comprimido que tomou com um copo de leite com chocolate.

 - Que horas são? - ela questionou enquanto preparava um lanche.

 - Quinze pra meio-dia. Eu pensei em passarmos a tarde no shopping, o que acham? - Maite sugeriu. - Podemos almoçar lá, fazer umas comprinhas e ir ao cinema!

 - Eu topo! - Anahí se animou.

Dulce não respondeu de imediato. Sabia que mais cedo ou mais tarde as amigas a questionariam sobre Christopher, e não sabia se queria conversar sobre o que acontecera na noite anterior. Seu silêncio, contudo, pareceu passar despercebido.

 - Vai ser a tarde das mulheres! Nada de falar de assuntos pesados, homens, família, trabalho... Podemos assistir àquele filme novo do William Levy!

 - Hmm, estou doida por uma pipoquinha de cinema! - Anahí comentou acariciando o estômago.

 - Você é magra de ruim, Anahí, não é possível! - Maite zombou.

 - Mas a pipoca tem que estar nadando na manteiga! - Dulce se empolgou e entrou na brincadeira das amigas.

 - E você achou que ia ser diferente, meu bem? - as três riram.

As três terminaram de tomar café da manhã, e Dulce e Maite foram para suas casas falar com a família, deixar as malas e trocar de roupa. Mais tarde, se encontraram no shopping.

As amigas passearam, conversaram, comeram besteiras, foram ao cinema, se divertiram como se ainda fossem adolescentes e saíram do shopping carregadas de sacolas de lojas de roupas e maquiagem.

Dulce, particularmente, foi para casa aliviada, se sentindo mais leve. Como era bom não se preocupar com nada!