Fanfic: Meet me – Mini fic. – Anahí e Dulce, AyD. [FINALIZADA] | Tema: Portiñón.
– Então, como foi na escola? – Blanca incluiu a filha no diálogo depois de vê-la a quase dez minutos apenas brincando com a salada no prato sem ao menos levá-lo a boca.
Estavam os três sentados à mesa, enquanto, a televisão estava ligada no noticiário local. O repórter lamentava o sumiço de mais uma vítima, uma garota de dezessete anos, seguindo o padrão de que o serial killer gostava apenas das garotas. A faixa etária era de doze á dezessete anos. Nem mais nem menos. Todas de olhos claros.
Dulce apenas deu de ombros como resposta. Não tinha nada para contar, continuou a brincar com o seu tomate e as folhas de alface, já que o bolo de carne e o arroz continuavam da mesma forma.
Blanca e Fernando se entreolharam, preocupados. Parecia que a Dulce iria entrar em crise, e isso era aterrorizante. Da última vez que acontecera, ela tentou se jogar na frente de um carro. Passara três meses internada em tratamento constante para que o pensamento suicida saísse de sua cabeça, mas não era nenhuma garantia de que ele não fosse retornar.
– Fez alguma amizade? – Fernando tentou, olhando fixamente para a filha.
A apatia de Dulce aumentou consideravelmente depois da pergunta, já que soltara o garfo e encolhera-se na cadeira como se a possibilidade de ter um amigo (a) lhe machucasse. Ela não tinha amigos. Ninguém queria ser amigo de alguém problemático. Também não fazia questão, repetiu para si.
Fernando arrependeu-se de imediato depois que fez a pergunta ao olhar para o rosto pálido da filha. Fazia muitos anos que aquele rosto tinha adquirido uma cor. A depressão de Dulce surgira depois da morte de Angelina, mãe da Blanca. Depois que sua vó morreu, parecia que Dulce tinha morrido com ela. A neta nunca se recuperou.
– Bem. Ainda há tempo. – Blanca sorriu forçadamente, tentando aliviar o clima tenso da mesa. – Quer mais bolo de carne? É o seu favorito!
Era uma pergunta indireta para estimular a Dulce se alimentar. Já que quase sempre, a alimentação dela era pouquíssima. Precisava estar alimentada para o seu organismo suportar as doses fortes dos remédios. Já estava magra o suficiente, eles tinham medo de que ela desenvolvesse uma anorexia.
Dulce não ergueu os olhos, mas sentiu a expectativa dos pais sobre si, principalmente de sua mãe. Era demais para ela. Sabia que nunca seria uma filha dos sonhos, e sentia-se mal por trazer tantos transtornos para as vidas dos seus pais. Eles mereciam ter uma filha saudável e feliz, e não uma problemática que não conseguia sentir-se bem em nenhum ambiente.
Os seus olhos lacrimejaram com esses pensamentos. Ela queria apenas chorar e se desintegrar em suas lágrimas. Queria proporcionar um pouco de paz e tranquilidade para os seus progenitores, mas sabia que enquanto fosse viva, isso não aconteceria.
Forçando a si mesma, buscou novamente o garfo, e comeu um pouco. A comida caiu em seu estômago como uma bomba relógio, e ela se sentiu enjoada. Não estava com fome, raramente sentia fome. Mas queria satisfazer um pouco a sua mãe, compensar um pouco por ser uma filha tão defeituosa. Engoliu as lágrimas juntamente com a comida.
A felicidade de Blanca e Fernando fora instantânea ao ver a filha se alimentar, alheio ao sofrimento interno que a menor passava. Eles voltaram a atenção para o noticiário que continuava com suas notícias tristes e sensacionalistas.
– Deixe a porta do quarto aberta. – Fernando pediu depois da janta, sentado no sofá, ao ver a filha avança para o corredor.
Dulce quase estancou no corredor, se não soubesse as regras: Nunca trancar a porta do quarto ou fechar a porta. Suspirou melancolicamente, de repente, a ideia de ficar no quarto não era mais atrativa, retornou e foi para porta da frente.
– Aonde vai? – Fernando perguntou com o cenho franzido.
– Ficar aqui na frente... – Dulce respondeu com a voz baixa. – No balanço.
Fernando olhou pela janela panorâmica que mostrava claramente o balanço pendurado em uma antiga árvore na frente da casa. Felizmente, poderia ficar olhando a filha de longe.
– Cuidado. – Pediu preocupado. – Se ver algo suspeito ou alguém, corra para dentro de casa.
Dulce apenas balançou a cabeça em positivo e rumou a saída, sentindo o vento frio da tardezinha. Era por volta das dezoito horas. Não tinha ninguém na rua, e ainda faltava uma hora para o toque de recolher, os moradores estavam realmente assustados.
Ela sentou-se no balanço antigo, escutando um breve rangido e fitou o nada por longos minutos. O silêncio deveria ser reconfortante, mas não calava os pensamentos autodestruitivos de sua mente. O fim. Era isso que sua mente pedia diversas vezes. Tateou no bolso da calça um canivete que tinha furtado da garagem do seu pai mais cedo, apertou o botão e a lâmina mediana e brilhosa surgiu diante dos seus olhos.
Só um corte e tudo resolveria...
– O que está fazendo? – Uma voz estranha e rouca lhe questionou, assustou-a.
Dulce empalideceu e olhou para a intrusa de relance, mas achou que poderia ser alguma peça de sua cabeça. Ninguém era tão bonito daquele jeito. Então, ergueu a cabeça e pela primeira vez os seus olhos castanhos se prenderam nos olhos azulados que a deixaram estática.
Definitivamente sim, alguém era muito bonito daquele jeito... E esse alguém era aquela desconhecida que a olhava intensamente.
– Então? – A garota insistiu, desviando o olhar de Dulce para a lâmina.
Não tinha acusação em sua voz ou em seu olhar, apenas curiosidade. O que era deveras curioso, já que as pessoas se afastavam de alguém que encarasse um canivete com expressão suicida como a morena estava fazendo. Com exceção daquela garota, é claro.
– Você é surda ou muda? – Voltou a falar com o cenho franzido e fazendo um biquinho chateado. O vento embaralhava os seus cabelos aloirados e longos, os cachos grossos brincavam no vento e depois repousava próximo a cintura. – Não. Fala. Minha. Língua? – A garota balbuciou lentamente como se tivesse algum tipo de retardo mental.
Dulce achou mais ainda curioso aquela loira. Á verdade era que estava impressionada e também admirada. Não conseguia parar de olhá-la, o que era estranho, dando-se conta a dificuldade da morena em encarar as pessoas, parecia que o seu problema não existia com aquela garota à sua frente que já estava com ares aborrecido pelo silêncio.
– Olha, eu sei um pouquinho de libra, posso tentar... – A loira voltou a falar.
Ela não desistia. Dulce percebeu nos primeiros sinais em libra que a garota fazia. Graciosamente insistente. O pensamento fez as bochechas de Dulce corarem. Oh, outro fato inédito. Aquela desconhecida estranha e tagarela estava despertando reações em si. Era assustador.
– Eu sei falar a sua língua. – Dulce respondeu depois de um tempo com a sua voz baixa.
A garota parou de fazer os sinais e apertos os olhos azuis em sua direção. Daquele ângulo, Dulce poderia jurar que tinha um quê de esverdeados nas íris. Desviou o olhar ao perceber que estava encarando e ficou mais vermelha ainda. O seu pescoço e suas bochechas pareciam fogo. Ela não sabia lidar com aquilo.
– Menos mal. Eu não sabia o que estava dizendo com aqueles sinais e Deus me livre ter xingado a sua mãe. – Soltou uma gargalhada ao terminar de dizer.
Dulce assustou-se com aquela gargalhada escandalosa. Era alta, vibrante e repleta de vitalidade. E fez o estômago da morena se retrair. Voltou a olhar para garota que sacudia os seus ombros enquanto gargalhava. Ela usava uma calça jeans clara, uma blusa preta sem mangas de gola alta e sapatilhas azuis. Ao perceber o olhar avaliativo em si, a loira parou de rir e encarou a Dulce que voltou a desviar o olhar, envergonhada.
– Oi, meu nome é Anahí. – Ofereceu a mão. – Como é o seu nome?
Passou uns minutos com Dulce encarando a mão da garota que nenhum momento baixou, percebendo que ainda estava com o canivete ativo, a morena o desativou e guardou rapidamente em seu bolso.
– Sou a Dulce. – Teve coragem de apertar a mão da garota.
– Oi Dulce. – Anahí sorriu, o aperto foi firme porém rápido, já que a morena puxou a sua mão rapidamente como se tivesse sofrido algum tipo de choque. – Então, o que fazia com o canivete?
Talvez, se fosse outra pessoa ou até mesmo os seus pais, Dulce sentiria invadida com essa pergunta, mas tinha alguma coisa estranha naquela garota que não permitia que se sentisse mal ou sufocada. Ela estava até relaxada.
– Nada. – Foi a resposta de Dulce.
Anahí certamente não acreditou porque entortou os lábios. Mas não insistiu sobre o assunto, aproximou-se mais, olhando a rua deserta até que voltou o seu olhar para a Dulce.
– Você não deveria estar aqui sozinha a essa hora, daqui a pouco é o toque de recolher, você tem noção que tem um serial killer a solta né? – Repreendeu a loira.
Dulce quase não acreditou. Aquela garota que tinha surgido do nada e nem tinha intimidade com ela, estava a criticando? Voltou a olhar para Anahí com os olhos apertados.
– Pelo menos, eu estou de frente da minha casa e você que está por aí perambulando pelas ruas. – Dulce respondeu malcriada. – Onde você mora, afinal? É alguma vizinha nova?
Anahí sorriu com a resposta porque definitivamente não esperava por uma. Então, um brilho sombrio passou pelos os seus olhos, transformando-os em um azul quase escuro.
– Não... Não... Eu não sou uma vizinha nova. – Murmurou desfazendo o sorriso.
A mudança de humor de Anahí causou uma espécie de desconforto em Dulce.
– Então, onde você mora?
– Eu... – Anahí perdeu-se em pensamento, os olhos voltando-se para a rua, uma pintada de tristeza a envolvendo. Então, deu de ombros, encerrando o assunto.
O silêncio recaiu nas duas. Dulce sentiu-se sufocar com aquele silêncio, quase um desespero. Algo dentro do seu ser pedia para que continuasse a conversar com aquela desconhecida. Era uma necessidade tão poderosa que fazia o seu peito se apertar. Quem a visse assim, louca para conversar, não a reconheceria. Os seus pais não a reconhecia, muito menos a terapeuta e o psiquiatra.
– Você estuda no Maryland School? – Dulce perguntou, forçando-se a si mesma para puxar assunto.
Anahí a lançou um olhar enigmático.
– Estudei. Não estudo mais.
– Concluiu o ensino?
– Não.
– Quantos anos você tem? – Dulce perguntou, sentindo o desespero diminuir por estar ouvindo a voz da loira.
– Eu ia fazer dezessete... – Anahí sussurrou como lembra-se disso fosse doloroso.
– Como assim, ia? Não vai mais? – Dulce franziu o cenho. – Não se dá para ignorar o mês do aniversário, ou você é daquelas que não gostam do aniversário?
– Quanta pergunta. – A loira riu, voltando o seu humor. – Está me enchendo de pergunta, mas... E você? Quantos anos tem?
– Dezesseis.
– Então, nos enquadramos na mesma idade. – Anahí piscou, fazendo a Dulce corar e abaixar os olhos. – Escuta, eu tenho que ir.
– O quê? – Dulce quase gritou ao erguer o olhar novamente. – Já está tarde. – Percebeu depois que viu a rua parcialmente pouco iluminada pelos postes.
– Cinco minutos para dezenove horas. Você deveria entrar, daqui a pouco é o toque de recolher. – Anahí disse séria.
– Não é comigo que estou preocupada. – Dulce retrucou, dando-se conta que realmente sentia preocupação pela desconhecida. – Se você quiser, eu peço ao meu pai para te levar em casa.
– Não precisa. – A loira afirmou.
– Claro que precisa. Tem um serial killer a solta! – Dulce falou alterada, levantando-se do balanço e dando-se importância ao fato de ter um assassino em sua cidade.
– Não se preocupe, ele não pode me fazer mal. – Anahí afirmou com a voz séria. – Já a você... Não é bom ficar na rua. – Insistiu.
– Ele não me quer. Ele só gosta das garotas com os olhos claros, assim como os seus. – Dulce murmurou aflita, olhando diretamente para os olhos de Anahí, sentindo algo estranho ao encará-los.
– Já olhou os seus olhos? Não podem ser azul ou verde, mas são castanhos avermelhados. Lindos, e brilhosos como um entardecer. – Anahí se aproximou de Dulce, olhando-a fixamente. – Tenha cuidado. A gente se ver por aí, tá?
– Mas...
Dulce até tentou verbalizar, mas as palavras morreram em sua garganta quando sentiu os lábios quentes e macios de Anahí em sua bochecha.
– Por favor, não pense naquilo... A vida é muito bela e você merece a chance de conhecê-la, não desista. – A loira murmurou contra o ouvido de Dulce.
A morena olhou para Anahí em choque. Ela sabia! Anahí sabia qual era a intenção de Dulce com aquele canivete, isso deixou a Dulce agitada e envergonhada.
Iria falar, quando...
– Dulce! – Era Fernando que a chamava da porta de casa. – Hora de entrar, minha filha.
Dulce virou o rosto para despedir-se de Anahí, mas a loira não estava mais lá...
Olha só! Eu achei que ninguém ia favoritar a estória. Hahaha.
Sério, e olha que avisei que a estória é meio viajada! Hahaha.
O que estão achando? Saiam do mudinho e venham contar para tia.
Siempreportinon: Oi sua, linda! Tá gostando?
Autor(a): ThamyPortinon
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A vida é muito bela e você merece a chance de conhecê-la, não desista. Aquelas palavras de Anahí se fixaram na cabeça de Dulce como se fosse um chiclete. O seu cérebro não parava de reproduzi-las. Talvez, fosse a sensação que sentia sempre que lembrava da voz da Anahí, ou aquela sensaçã ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 6
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suzyrufino Postado em 12/06/2020 - 12:16:10
Quando vc volta com mais estórias??
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Kah Postado em 05/03/2018 - 16:02:14
Ai, como adorei a história, claro que um final trágico, mas que dá beleza a história que já é um tanto quanto sinistra né. Continue explorando esse lado de escrita mais DARK que eu amei e quero mais, você tem talento e criatividade pra dar e vender, continue nos presenteando com isso tudo. Ameeei, já quero mais historias de terror e fantasmas sim. Parabens meu xuxuzão!
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..Peekena.. Postado em 05/03/2018 - 12:39:40
Adorei a história!!
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..Peekena.. Postado em 04/03/2018 - 00:05:05
Continua posta mais, mal começou já estou amando a história....
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Lern Jauregui Postado em 03/03/2018 - 16:48:18
História bastante boa meu anjoh,toh adorando...Coitada da Dulce,sofre bastante....Ja a Anahi,misteriosa rs,mas acho que ela deve ser Um Fantasma??
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siempreportinon Postado em 03/03/2018 - 07:29:51
Opa! Já estou aqui e já favoritei!