Fanfic: O Sinal dos Antigos | Tema: Terror
Aqui Jaz a Humanidade: Capítulo 1
A imensidão do domínio que os seres humanos tem sobre o mundo, não é nada comparada aos que habitaram anteriormente á nós, hoje nos vemos falhando sobre tudo que não deveríamos falhar, o que escrevo é uma simples prova da maldade que toma o mundo, o que essa maldade pode nos causar e o que os seres que dominaram o mundo posteriormente a nós podem fazer com nossos corpos e mentes. Sim os antigos ainda podem nos manipular.
Nunca me imaginei nessas condições, tendo em vista que sempre fui um estudioso da área da Arqueologia, a antiguidade sempre me fascinou, hoje não posso dizer a mesma coisa. O meu vício em morfina não é a causa da minha loucura e sim um dos produtos que o terror que eu passei trouxe á minha vida, terror que nunca sairá da minha mente, mesmo em meu mais profundo esquecimento após a morte. Tenho certeza que, minha alma, vida e existência estão ceifadas por um conhecimento que não cabia dentro de mim, um conhecimento que não cabe em nenhum humano.
No ápice da minha carreira precoce, pois eu sempre fui mais avançado que os meus companheiros, entrando na universidade de Bristol com apenas 17 anos, me formei e ja fui convocado para uma exploração, para conhecer mesmo que o mínimo de vida que ja passou por aquele local desolado. Pitcairn é o nome de uma ilha de dificultoso acesso que foi colonizada por marinheiros em sua revolta, o mais estranho é que há 9 anos não se consegue manter contato com os habitantes daquele fim de mundo.
Ao chegarmos, constatamos que as suspeitas iniciais eram verdadeiras, não havia sequer uma vivalma neste lugar, não fomos recebidos por ninguém, o silêncio e o vazio eram o que dominavam aquela porção de terra no meio do mar. Apesar de estranhas as circunstâncias, nos ousamos á adentrar a ilha, pois a viagem de ida e de volta seria muito longa e não compensaria nada voltar sem ao menos estudar o que poderia ter causado esse sumiço repentino e se houve vida primitiva naquela área.
Mal foi necessária a desembarcação para sentir o horrível cheiro que invadiu o navio, um cheiro podre de peixes que há muito estariam em decomposição, misturado com um cheiro abafado de maresia que tornavam a idéia de passar 5 meses trabalhando neste inferno, horrível e torturante, porém havia muito mais á se preocupar do que apenas com o cheiro que me desagradava e aos meus companheiros também.
Após o desembarque na praia com incontáveis cadáveres de seres que se misturavam aos corpos de peixes, porém eram de indescritiva a forma, o cheiro causava uma sensação horripilante, misturado ao vazio, ao silêncio e tudo que nos cercava estava inóspito, dando lugar á várias teorias para o desaparecimento da pequena população, teses que por mais terríveis que fossem, não se aproximavam da terrível verdade que nos aguardava.
O universo de possibilidades que a ilha representava me deixava empolgado e ao mesmo tempo aterrorisado com o horror das carcaças que vimos na entrada, com o terror do cheiro em meio á esse profundo silêncio que parecia perdurar há eras. Para confirmação da nossa solidão fomos verificar o estado das casas no recinto, todas exceto pela igreja católica da vila, todas as casas estavam em perfeito estado, como se fossem abandonadas um minuto antes da nossa chegada, se não fosse pelas teias de aranha e pelo cheiro da praia, que entregara o abandono da ilha. Tudo estava em seu devido lugar, roupas, alimento, os móveis limpos, apenas um pouco empoeirados, porém nada parecia digno de tal solidão e abandono, o que mais chamara a atenção de fato seriam os insetos entre eles as aranhas que eram de uma coloração que eu jamais havia visto antes, na hora achei um prazer encontrar aquela nova espécie não documentada, hoje tenho horror e me causa ânsias e tonturas só de imaginar um aracnídeo daquelas características.
No mais tardar havíamos decidido por dormir nas casas da ilha, primeiro para verificar se alguém voltaria para sua residência e segundo, ninguém queria ficar perto da praia com aquele cheiro que parecia nos empurrar para o meio da ilha, evitando-o.
Me recordo de que minha última noite com o sono em paz foi anterior á este dia, porque eu jamais havia experimentado sonhos tão horrorisantes com insetos e figuras jamais antes vistas pelos olhos de um jovem, talvez estas figuras sejam totalmente normais para cultistas ou maníacos, para mim não. Uma das maldições que aquele lugar me trouxe: eu não tenho mais um sono em paz.
No outro dia, ja preparando nossos equipamentos e suprimentos para imergir ilha á dentro em busca de sinais, percebemos que nenhum morador voltaria, então fomos em direção á uma trilha que havia sido indicada meses antes da viagem, quando a aventura era apenas um plano.
Esqueci-me de citar que ao contrário das casas bem conservadas mesmo que ao abandono, a igreja do povoado parecia a entrada definitiva para o inferno, a visão de fora do lugar já me causava embrulhos no estomago e lacrimejavam-me os olhos só de sentir a fetidez que vinha da praia e que parecia sair daquele ambiente profanado. O exterior da capela possuía suas paredes recobertas de um lodo negro que escorria pelas janelas e telhados, cobrindo qualquer possibilidade de ver o que havia dentro por fora, o fungo que descia pelas paredes estava fresco, a casa de deus não fora desonrada em muito tempo, ao entrarmos pelas portas podres e quebradiça, nos deparamos com uma surpresa terrível, não haviam corpos naquele local, porém contrariando nosso pensamento, aquela não parecia uma igreja católica e sim um templo de cultistas que profanaram uma igreja para cultuarem seus deuses, os vitráis descreviam cenas exóticas, a luz que vinha de fora nos possibilitava uma visão clara das imagens que os vitrais nos mostravam, criaturas gigantes em proporção aos humanos que estavam sendo retratados, os vitrais mostravam um imenso colosso com cabeça de polvo sendo adorado por diversos tipos de humanos, em ordem se via homens neandertais, depois tribalistas, depois apenas retratava-se uma criatura com três pernas e uma cabeça de tentáculos, por fim o que temíamos, os homens modernos com suas armas ao chão adorando o imenso colosso. No lugar que era devido ao padre o lodo e os fungos tomavam conta e escureciam totalmente o ambiente, sobre o balcão em que se colocaria a bíblia havia uma espécie de capa com folhas soltas dentro, todas em branco, menos a primeira que dizia as seguintes palavras "Aqui jaz a humanidade".
Autor(a): sobre_almas
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