Fanfics Brasil - Aranha de Jade O Sinal dos Antigos

Fanfic: O Sinal dos Antigos | Tema: Terror


Capítulo: Aranha de Jade

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   Após analisarmos o cenário macabro que a igreja representava, rumamos mata á dentro, por uma trilha que nos foi indicada, não era recomendado caminhar ali á noite pois poderiamos nos perder com grande facilidade, mesmo a ilha sendo pequena.


   Ao adentrarmos á trilha, as minhas narinas pareciam não se acostumar com o cheiro nauseante, que agora parecia sair do meio das árvores, mesmo sem nenhuma presença ou imagem fúnebre que o valesse.


   Não haviam pássaros naquela mata, tão pouco outros tipos de animais, com exceção de aranhas que eram muito presentes, todas de colorações que nunca haviamos visto antes, parecia que tudo naquela ilha contribuia para que as aranhas se desenvolvessem com facilidade por lá.


   Á esta altura da viagem, eu já estava sentindo o medo real de não pode voltar para casa, cada curva da trilha me distanciava do meu lar e da segurança, cada teia por mais ordinária que fosse me dava a sensação de que algo estava muito errado com aquele lugar, porém prosseguimos na trilha. Estávamos em busca de cavernas ou possíveis sítios arqueológicos que poderiam revelar a existência de vida naquele lugar em eras inomináveis.


   Não bastou muito esforço para perceber que não estávamos mais na trilha por algum motivo, enquanto nos distraíamos procurando a origem do péssimo odor, ou observando as teias que pareciam maiores e mais presentes, perdemos a trilha e estávamos andando em círculos porém não parecia que encontrariamos a trilha novamente, visto que á medida que procurávamos mais, nos enterravamos mais naquela mata fechada, as árvores ocupavam muito do espaço onde se poderia andar, todas com seus troncos retorcidos e cheios de teias de aranhas.


   Toda nossa equipe ja estava entrando em desespero, pois estávamos próximos ao anoitecer e nenhum progresso sobre a trilha havia sido conquistado, pior que isso, nos vimos mais perdidos do que mais cedo, em meio á tantas árvores que a caminhada se tornava imensamente vagarosa, as teias também não permitiam que nós vissemos nossas laterais, haviamos apenas o caminho tortuoso pela frente e a noite chegando logo atrás de nós. Nossa única opção seria acampar para tentar outra coisa no outro dia.


   Por mais nefasta que fosse nossa condição, toda a equipe tinha instruções e equipamento para manter um acampamento, no outro dia voltaríamos á trilha e terminaríamos o serviço o mais rápido possível.


   Com a fogueira acesa, eu não sentia apetite nenhum para a refeição noturna, a visão daquela floresta me causava arrepios e uma sensação de que alguma coisa estava completamente errada ali, o cheiro continuava me afligindo e me impossibilitando de comer quase qualquer coisa naquelas condições. Minha noite seria longa e sofrida.


   Foi de repente enquanto eu dormia, que ouvi um barulho nos meus ouvidos, alto e destrutivo como uma pedra rolando e um boi gritando ao ser torturado e acordei repentinamente com o coração pulando para fora do peito e os olhos saindo para fora das órbitas em meio á escuridão silenciosa que me cercava, por um segundo eu me esqueci completamente de onde eu estava, a falta da visão me fez apurar outros sentidos, eu ouvia ruídos difíceis de se identificar, como pessoas conversando bem baixo em uma língua que eu nunca advinharia.


   Cheguei á supor que fossem meus companheiros, talvez assustados com o mesmo barulho que eu ouvi, apesar de estar assustado eu me mantive calado e esperando alguma reação de meus companheiros, fiquei lá ouvindo a ladainha por minutos, sem entender o que se falava, já hávia lembrado que estava em meio á expedição. Porém nada parecia como era antes, eu não enxergava nada e a mata estava tomada por sons e vozes falantes, a fogueira nem brasa mais possuía.


   O som só aumentou e se aproximou de mim, minha mente trabalhava para descobrir o que poderia ser, isto foi um terror, pois eu imaginei as piores imagens e os piores acontecimentos que poderiam me ocorrer naquela noite, a solidão aos poucos se tornava minha realidade, enquanto eu me dava conta de que nenhum dos meus companheiros estavam comigo, nada estava comigo e eu não tinha nada que me desse apoio, eu percebia que se algo tivesse que acontecer comigo, seria naquela hora em que as vozes estavam mais próximas do que nunca do meu ouvido, tão próximas que pareciam entrar na minha alma.


   Foi quando eu vi, o que eu não deveria nunca jamais ter visto na vida, o escuro poderia me salvar de tamanha visão profana, porém a forma que se expôs á mim brilhava como jade, ela emitia a própria luz, quase que hipnotizava com suas cores e formas que se aproximavam cada vez mais. Eu a vi de perto e tão perto que ela me tocou e não havia expressão em seus olhos, não havia nenhum traço de humanidade naqueles olhos, eu sentia que haviam mais vozes além daquela e por consequência mais criaturas daquelas envolta de mim, ela pousava sobre sua teia logo á minha frente, como se me aguardasse desde a maldita hora em que eu pisei naquela ilha, eu caí na sua armadilha desde o começo, foi o que ela planejou, eu não deveria ter visto aquela besta nem ouvido o que elas falavam. 


   A paralisia tomou conta do meu corpo e eu encarava aquele monstro com o medo que fez minha mente se abrir, ela se abriu mais do que devia. As palavras que eu ouvia tomavam conta e forma na minha mente enquanto eu observava os olhos da criatura inconsebível, as vozes me contaram sobre tudo, sobre as milhares de irmãs que elas teriam naquela ilha, sobre quem ás criou, me contaram sobre a verdade que explica a origem de tudo, me contaram sobre o que elas desejavam quando viam os humanos, somos como insetos para elas, elas desejam nos escravizar ou simplesmente nos eliminar da existência, nada que eu fizesse me salvaria do fim brutal que elas estavam me reservando.


   Aos poucos eu sentia meus músculos do corpo ganhando vida de novo, isso foi o suficiente para sentir as teias se enrolando sobre mim, por reflexo eu fechei o olho e corri imediatamente para o sentido contrário tropeçando em troncos e me enrolando em teias, me cortando em espinhos. Apesar de que, há muito mais ferimentos do que apenas espinhos de árvores podem causar, estou enfraquecido demais, algo no meu corpo não me permite ir muito longe.


   Agora estou sem saída, escrevi esta carta á quem consiga ler, nada do que conhecemos é real, existem deuses antigos e criaturas imensamente distantes de nós, nada que fizermos mudará isto, já me apliquei tantas doses de morfina que nem consigo mais escrever direito, só me resta aguardar meu fim. Elas estão falando comigo, cada vez mais perto, cada vez mais próximas da minha alma, eu não tenho mais condições de continuar vivendo depois de ouvir o que eu ouvi, depois de viver o que vivi, nesta clareira me entrego ao acaso, que eu esteja apenas louco, que isso tudo seja uma insanidade e que eu acorde quando abrir meus olhos...



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Autor(a): sobre_almas

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