Fanfic: Aprendendo a Amar! | Tema: Rebelde; RBD; Ponny; AyA
Chegamos à delegacia as quatro da tarde. Jorge estava no estacionamento esperando por nós.
– Que bagunça no centro. – Diz assim que nós duas saímos do carro. – E mais um carro danificado. – Comenta olhando a frente do carro de minha parceira amassado.
– Ócios do ofício, senhor! – Digo a ele, já que todos os carros “particulares” que utilizávamos eram de apreensões dos criminosos. Já as patrulhas eram do governo.
– Vão ao depósito e peguem outro. – Diz para mim e Maite que assentimos. – Leve ele a sala de interrogatório. Vamos acabar logo com isso. – Viegas assente e leva o prisioneiro com ele.
***
– Pode ser esse mesmo! – Digo a Bruno, mecânico do depósito. Ele que é responsável por descobrir compartimentos ou qualquer irregularidades nos carros apreendidos, além de equipar esses mesmos carros com sirenes policiais, que nesses carros ele coloca leds na parte superior do para-brisa e nos para-choques do carro.
– Ok detetive! – Ele me sorri e vasculha na sua maleta a chave do Corolla XEI 2021 preto da Toyota. – Aqui está… – Me entrega a chave. – O Civic da senhora ficará pronto dentro de um mês… – Disse, se referindo ao meu carro no qual sofri a emboscada com Alfonso.
Pensando melhor nem quero mais aquele carro.
– Vou ficar com este mesmo, Bruno. Obrigada. – Ele sorri assentindo.
– Bruno, vou pegar o Chevrolet Cruze vermelho. – Diz Maite, chegando até nós. – Adoro aquela cor.
– Beleza. – Ele diz vasculhando a maleta novamente, buscando pela chave do carro, entregando a ela logo em seguida. – Ele chegou à duas semanas. – Complementa. – Vamos a minha sala assinar os documentos.
Assentimos e assim fomos. Cada policial que pegasse um daqueles carros deveriam assinar o termo de responsabilidade, caso fossemos pegos utilizando o carro para uma atividade irregular e colocar nossas informações nos documentos do veículo.
Todo esse processo se decorreu por meia hora. E assim que entramos no nosso departamento encontramos Jorge e Viegas saindo da sala de interrogatório.
– E ai como foi? – Pergunto entregando a pasta com os documentos do carro para Jorge assinar como responsável autorizado pela distribuição dos veículos.
– A bala saiu, então levamos ate Dulce que fez os curativos necessários para poder interrogá-lo. – Diz me devolvendo a pasta e pegando a de Maite em seguida.
– Segundo ele, o chefe dos capangas que te torturaram se chama Bill Souto, ele que coordena o que entra e o que sai do porto…
– Como ele consegue controlar a CDRJ (Companhia Docas do Rio de Janeiro – empresa responsável pela administração do porto junto ao governo)? – Pergunta Maite.
– Com um senador envolvido, nada me surpreende. – Jorge responde entregando a ela os documentos do carro assinado.
Seguimos em direção ao nosso departamento.
– Bem Rangel é dono de uma das rivais da Orange… – Digo enquanto caminhamos. – Ele rouba os produtos da empresa rival…
– Que tem maior oferta e procura no país… – Maite complementa. Enquanto sentamos em nossa baia, com Viegas, Jorge e agora Levyr em pé ao nosso redor.
– Isso. – Continuo. – Ele rouba entrega para um de seus funcionários que analisa cada sistema operacional dos produtos programando dispositivos que alteram tais sistemas e assim Rangel vende para espionagem industrial.
– Que aqui no caso temos Alberto Herrera nessa equação. – Levyr complementa.
Só em ouvir aquele sobrenome uma pontada no peito me atinge.
– Ele compra os dispositivos para espionar alguém ou alguma empresa. – Maite intervém. – Como Senador, ter uma informação valiosa em mãos pode interferir diretamente na política dele.
– Sim com licitações ou acordos com gente poderosa na economia, talvez. – Diz Jorge.
– E como chegamos até ele, sem Rangel? – Levyr questiona.
– Ai que entra o Júlio Nazareno. – Jorge diz e volto minhas atenções a ele. – Ele disse no depoimento que ele e os capangas foram avisados que chegariam duas cargas para eles interceptarem no porto. Mas que não sabia quando pois o pegamos antes…
– Por isso vamos propor uma acordo a ele e colocar um agente disfarçado e marcar um encontro com Bill Souto… – disse Jorge. – Com esse cara talvez possamos pegar Rangel e assim desvendar o envolvimento de Herrera no esquema.
– Certo. – Nos levantamos e fomos até a sala de interrogatório.
– Não! Não! Não! Eu não vou falar com ela! – Júlio se desespera ao me ver entrar na sala de interrogatório com Maite e Levyr.
– Viemos fazer um acordo… – Tento.
– Com você eu não falo, gracinha. – Diz me provocando. Eu avanço e bato minhas mãos na mesa o assustando.
– Se me provocar novamente, terá uma bala no saco! – Digo com meu rosto a centímetros do dele, que me olhava espantado. – Ouviu? – Ele assente. – Voltando ao assunto. Temos um acordo. Ou você vai falar e sair daqui sem nenhum. O que prefere?
– A… – Engole seco. – Acordo.
Assinto e logo me sento ao lado de minha parceira.
– Inacreditável. – Resmunga ela ao meu lado. – Então Júlio, precisamos chegar até Bill…
– Mas eu já disse eu não sei onde e nem quando acontecerá a roubo.
– Onde o encontramos? – Pergunto e ele me olha. Bufa e se ajeita na cadeira respondendo para Maite.
– Esses caras não dão bobeira, chefia. Ele marca, e as vezes aparece… – Ele olha para mim. Referindo-se ao fato dele estar na sala enquanto me torturavam. – … as vezes não.
– Você disse que ele te avisaria sobre novo roubo. Como? – Levyr perguntou.
– Eles deixariam um envelope para cada um em lixeiras marcadas dentro do parque Campo de Santana na Praça da República.
– Ok nos diga onde é o seu ponto que iremos… – Ele rir sarcástico. E logo para quando o fuzilo pelo olhar.
– Olha dona, tem homens vigiando cada ponto. Se eu não for vão desconfiar.
Olho para meus companheiros e assentimos.
– Ok. Já voltamos. – Saímos da sala e fomos até a saleta de trás onde Viegas e Jorge estavam assistindo o interrogatório. – O que faremos?
– Vamos colocá-lo na rua. Se entrarem em contato ele pega o envelope e teremos acesso ao próximo roubo. Ele será monitorado 24h, grampeiem o celular e avisem que se ele der um passo fora, não verá a luz do dia novamente.
Assentimos.
Vinte minutos depois já estávamos com plano traçado e com uma informação valiosa. O tal Bill também realizava tráfico humano. Seria uma outra opção para chegarmos até ele.
– Vamos para casa? – Mai pergunta assim que fechamos o expediente.
– Vou passar no hospital primeiro. – Digo a ela que me sorri triste.
– Quer companhia?
– Prefiro ir só. – Digo num sussurro.
– Estamos aqui. Não esqueça, tá? – Assinto e ela me abraça.
Depois de nos despedirmos, entro em meu carro e respiro fundo.
Ver novamente Alfonso naquele estado me partiria novamente, mas eu não poderia não ir e vê-lo. Era mais forte que eu.
***
Assim que entro por aquelas portas um frio me atinge e com ele o medo.
Medo de descobrir como ele estava.
Medo da pior notícia que alguém poderia receber nesse lugar.
Medo de ver em seus olhos aquilo que me martirizava em toda a minha vida: culpa.
A cada passo que eu dava meu coração pareceria que sairia pela boca, minha pulsação acelerada, meus olhos já nublados pelas lágrimas.
– Por... favor – Pigarreio. – Gostaria de informações sobre Alfonso Herrera. – Digo a recepcionista que me avalia e pousa seu olhar em minha arma e distintivo.
– A senhora é o que dele?
Engulo em seco.
Dizer aquelas palavras com ele naquele estado me destruía… como se alguém enfiasse a mão em meu peito e com os dedos apertava meu coração.
– Na… namorada. – Digo e ela franze o cenho com a informação.
– Mas a outra moça… – Confusão pairava em seu rosto.
– Ela é amiga dele. Veio ficar para acompanhá-lo. Por que? – Pergunto já imaginando o que aquela filha da mãe tramou.
– Nada não. – Sorri sem graça. – Aqui, quarto 402. – Diz me estendendo um adesivo que colo na parte superior esquerda da minha camisa.
– Obrigada.
Assim que chego ao andar, me deparo com a porta do quarto dele. Novamente as sensações que me abateram, assim que pus meus pés aqui, voltam com força.
Olho pelo vidro preso a porta e o avisto. As lágrimas que tanto segurei despencam de meus olhos, minha respiração falha, minha mão treme assim que a pouso sobre a maçaneta e a giro, minhas pernas pesam a cada passo que dou em sua direção.
– O que faz aqui? – Escuto ao longe. Meus ouvidos surdos, como se estivesse com algodões em cada um.
– Saia. – Digo ainda olhando-o, imóvel, enfaixado, com hematomas. Não escuto o que ela rosna, mais o meu rosnado é mais forte quando viro meu rosto para ela. – Agora!
Não grito. Mais sua expressão me fez entender que ela não bateria o pé daquela vez.
E quando escuto a porta se fechar, meu olhar recai sobre ele novamente, me aproximo até a beirada da cama.
– Oi… – Sinto um nó em minha garganta. – Sou eu… Annie… – Choro. Porque não consigo olhar para ele e não lidar com a culpa. – Volta para mim Alfonso… por favor. Eu não consigo sem você. – Acaricio seu rosto, sem aquele calor característico que emanava dele. – Eu preciso de você… estou aprendendo a amar com você… – Suspiro e limpo as lágrimas insistentes de meu rosto. – Não sei explicar… só sei que…
Como un cuchillo
En la mantequilla
Entraste a mi vida
Cuando me moría
Como la luna
Por la rendija
Así te metiste
Entre mis pupilas
– Quando te olhei Poncho. – Sorri entre lágrimas. – Primeiro eu te achei bonito, gostoso mesmo. Dos pés as cabeças. – Brinco com seus dedos, enquanto as palavras saiam. – Olhar as suas coxas era a perdição. Ainda é. – Olho para seus olhos fechados. – Depois comecei a reparar mais nos seus sorrisos, na sua gentileza com todos ao seu redor, inclusive comigo quando não merecia.
Y así te fui queriendo a diario
Sin una ley sin un horario
uh, oh uh
Y así me fuiste despertando
De cada sueño donde estabas
uh, oh uh
– Com você eu não conseguia ficar brava, mentir ou não dar satisfações. – Sorrio.
– Louco né? O seu jeito de menino me fascinava e pelo homem feito eu me rendia,
sem nem me dar conta que você estava se enraizando em mim. Os seus olhos tão
expressivos, o sorriso fácil e a vontade de estar sempre por perto…
você me desestabiliza.. por completo Poncho.
Y nadie lo buscaba
Y nadie lo planeo así
En el destino estaba
Que fueras para mi
Y nadie lo apostaba
Aquello fuera tan feliz
Pero cupido se apiadó de mi
se apiadó de mi oh
Se apiadó de mi oh
– Então eu estava rendida à você. Você sorria lá do outro lado, e meu coração pulava aqui.
– Levanto sua mão e a levo até meu coração. – Sente isso? – Meu coração pulsava – Ele sempre
bate assim perto de você… a todo minuto que eu te olhava desde o dia que te pedi ajuda, cada
minuto meu sentimento aumentava.
Como la lluvia
En pleno desierto (en pleno desierto)
Mojaste de fe mi corazón
Ahogaste mis miedos
Como una dulce voz (como una dulce voz)
En el silencio (en el silencio)
Así nos llego el amor
Amor del bueno
– Eu quero você ao meu lado Poncho. Eu quero viver esse sentimento ao seu lado. Por favor…
volte para mim Alfonso. – Me inclino sobre ele e beijo seus lábios, molhando-os mais uma vez
com minhas lágrimas. – Eu te amo. – Acaricio seu rosto. – Muito além do que eu poderia prever.
– Você não pode ficar em cima dele, desse jeito. – A voz de Gisele se fez presente.
– Eu volto amanhã. – Sussurro em seus lábios, ignorando a outra que bufa atrás de mim.
Levanto e arrumo suas cobertas em seu corpo imóvel. Deposito um beijo em sua testa e me afasto dele.
Olho para Gisele que me fita com raiva.
– Quero falar com você. – Digo a ela que permanece imóvel de braços cruzados.
– Eu não tenho…
– Não pedirei de novo Gisele. – Digo friamente a ela que bufa e sai do quarto impaciente, a sigo
sem antes dar uma última olhada para ele atrás de mim.
– Fala logo por que eu não ten… – A cortei assim que a prensei na parede atrás de si.
– Por que você anda dizendo que é a namorada de Alfonso, sendo que você bem sabe que ele
tem a mim? – Ela esbugalha aqueles olhos com lente e olha para minha mão pressionando seu braço com brutalidade.
– Você está me machucando…
– Vou machucá-la ainda mais se não responder a porra da minha pergunta. – Meu aperto se torna
mais forte e ela leva uma das mãos a minha que pressionava seu braço.
– Você é uma policial! Tem ideia dos perigos que ele corre ao seu lado? Eu disse para não deixá-lo
vulnerável ao saberem que ele namora uma policial…
– E você adorou inventar tal enredo…
– Eu não adorei nada!! – Ela se puxa seu braço com brusquidão, soltando-se em seguida. – Eu sou
amiga do Poncho e só quero o bem dele. O que não prece o seu caso. – Debocha.
– Como é? – A raiva cada vez mais transparente em meu rosto.
– Poncho só está nessa situação por sua culpa. – Cuspiu tais palavras. Sorriu pois viu que me atingiu.
– Ou você acha que ele estaria internado se não estivesse naquele carro com você? Não precisa ser
um gênio para saber que aquelas balas eram para você e nunca para um homem tão íntegro como Alfonso!
Um sorriso malicioso apareceu em seus lábios enquanto se afastava de mim.
– Pense bem Annie… não sou eu que tenho que me afastar de Poncho. – Finaliza entrando novamente no quarto.
Me deixando sem palavras enquanto olhava fixamente para a parede, sem uma reação. Ela colocou em palavras o que todos a volta dele deveriam pensar: Vó Judith, Chris, Ucker… todos devem pensar o mesmo.
Uma angustia sem tamanho me toma e num ato de desespero soco a porra da parede.
– Meu Deus a senhora está bem? – Uma voz feminina me aborda, provavelmente uma enfermeira, pois queria analisar minha mão.
– Me deixa. – Digo com a voz embargada, pelo choro preso na garganta.
Vou embora com a mão e o coração doendo e sangrando.
***
Dias depois...
O plano com Júlio Nazareno não deu certo. Deixaram de fato um envelope na lixeira que era destinado a ele, porém dizia que a operação deles não rolaria pois tinham tiras em cima do chefão e eles dariam um tempo.
Logo não conseguiríamos capturar Bill, Rangel e muito menos colocar as mãos no Senador Alberto.
Porém Júlio estava a fim mesmo de colaborar com a polícia e nos informou que pelo mesmo esquema eles informavam a Bill quando alguém precisava de ajuda, que naquele caso era tráfico de pessoas.
Bolamos um novo plano para capturá-lo.
Usaríamos Maitê como isca, como uma moça que queria trazer a mãe e a irmã do México para cá de forma ilegal, já que elas não tinham documentações. Segundo Júlio, assim que ele informar a situação de Maite, Bill vigiaria todos os passos dela para depois entrar em contato com ela para informar a ele a ajuda que ela precisava.
Então colocamos Maite em uma nova vida. Agora ela trabalhava como garçonete em um bar de beira de esquina, com novas documentações e novo endereço e assim ela vivia por uma semana, quando finalmente alguém entrou em contato com ela marcando um encontro com ela no dia seguinte.
Já passam de uma da manhã e não consigo relaxar ou dormir.
Desço as escadas e vou em busca de uma garrafa de vinho. Felizmente encontro uma devidamente gelada na geladeira. Não consigo abrir da maneira tradicional, então empurro a rolha para dentro da garrafa e bebo o líquido no gargalo. Pego uma massa congelada e a preparo no micro-ondas, em seguida devoro como se não comesse há dias.
Há dias eu estava morrendo por dentro.
Agonizando, muito lento e muito forte.
Há dias que não volto lá.
Há dias remoendo as palavras da cobra.
Há dias lutando contra o que sinto versus a razão.
Há dias fugindo de Chris e vó Judith, por medo de ouvir deles o mesmo que ouvi dela.
Arremesso a garrafa na parede fazendo com que o vinho escorra por toda extremidade. Meu prato vazio o acompanha, assim como a taça e todo o resto de coisas que estão sobre o balcão. Pego dois comprimidos e os engulo junto a um copo de água. Em vinte minutos retiro minhas roupas e deito-me em minha cama esperando o efeito surtir. Meu corpo doí, mas a mente doí ainda mais. É só assim que sou capaz de relaxar, é através das pílulas que conseguirei dormir e descansar a mente.
***
Estávamos próximo a um galpão na saída da cidade. Montamos uma central de monitoramento dentro de uma carga de caminhão estacionado nos fundos do galpão. Ali seria um lugar ideal pois tinha vários outros caminhões em carcaças por ali.
– Tudo bem gente. A Mai está dentro! – Viegas diz a mim e a mais dois policiais dentro do caminhão e aos outros espelhados pelo ferro velho, eram reforços caso algo desse errado.
Sento em frente ao monitor de infravermelho e coloco os fones para escutar e ver a conversa. Os outros policiais ali fazem o mesmo.
Maitê entra pelo galpão escoltada e em vez de Bill quem estava lá era um dos seus capangas sentado em uma mesa.
– Ouvi dizer que você precisa de ajuda? – Diz ele sentado em sua cadeira.
– Sim. Preciso trazer minha família para cá.
– E quem seria “família” boneca?
– Minha mãe e irmã, senhor. – Ela se mostra meio apreensiva para ele que a incentiva a terminar de falar. – ...elas moram no México, passam dificuldades… e… aqui consigo cuidar delas.
– Ouuu. – Os homens murmuraram na sala e o capanga sorri desconfiado.
– Sabe, promover encontros familiares é fácil, pagar por isso que é difícil. Posso saber o que te faz pensar que eu te ajudaria? – Ele caminhou até ela. Que se mostrava cada vez mais acuada, sendo uma isca perfeita.
– Um amigo … disse que o senhor pode me ajudar com isso…
– Isso ou você é uma policial… – Ele diz parando bem a sua frente.
– Já chega! Precisamos tirar ela de lá… – Diz Viegas nervoso.
– Calma, ela sabe se virar. – Digo a ele sem tirar os olhos do monitor.
– Se ele perceber a armadilha ele vai matar ela. – Ele diz novamente e eu finalmente me viro para ele.
– Não vai! – Digo firme. – Confie em mim.
– Revistaram para ver se tem escuta? – Ele perguntou aos outros homens da sala.
– Agente revistou quando ela chegou. Não tinha nada...
– Ou deixaram passar. – Ele diz ao homem com cara de poucos amigos e volta a olhar para Maite. – Tira o vestido. – Diz voltando a mesa. – Para saber se não tem escuta.
Maite o olhou e ele sorriu erguendo as sobrancelhas.
Para dar credibilidade ao disfarce. Maite vestia um dos uniformes do bar no qual estava trabalhando, um vestido simples e sapatilhas gastas pelo tempo de uso.
E sem alternativa, ela desceu o fecho na lateral do vestido, e retirando-o em seguida, ficando somente de lingerie bem simples e sem graça, tudo para mostrar o máximo de veracidade ao disfarce de moça pobre.
Ela ainda se despiu demonstrando extremo nervosismo.
– Agora vira! – Suspirando ela ficou de costas para ele. E pelo monitor vimos ele se desencostar da mesa e ir ao encontro dela novamente.
Passou um dedo pelas costas dela, rodeou e voltou a mesa.
Em seguida pegou seu telefone e tirou uma foto.
– O que está fazendo? – Perguntou ela, pegando seu vestido rapidamente, o vestindo em seguida.
– Vou mandar sua foto para um amigo meu...
– Tudo bem… tem escuta no telefone… rastreia a chamada.. – Digo a um dos policiais.
– ...Ele vai mostrar pros amigos dele e se alguém reconhecer você…
– Celular sem registro! – O policial diz.
– ...Eu te mato. – Diz o chefe o que deixou Maite apreensiva.
Porra!
– Já tem a localização? – Volto a perguntar ao policial enquanto ele mexia nos aparelhos. – Policial? – O chamo novamente.
– É de dentro de uma delegacia…
– Ele tem um informante! – Viegas diz tão surpreso quanto os demais.
O celular dele apita, ele sorri em escarnio e olha para Maite. Todos os capangas da sala colocam a mão nas suas armas esperando a ordem dele.
– Anahí… – Viegas diz.
– Matem-na! – O chefe ordena
– VAMOS LÁ!!! – Grito aos demais pelo rádio.
Maite acerta um dos homens mais próximo a ela, os outros três partem para cima, no momento exato que nosso caminhão invade o galpão levando tudo pela frente inclusive os capangas.
– Tudo bem?! – Pergunto a ela quando saio da direção.
– Chegaram cedo! – Brinca.
– PRO CHÃO! CHÃO – Grita os policiais e Viegas entrando no galpão. – COLOCA AS MÃOS PARA TRÁS.
– Ai! Levanta a mão! – Ordeno ao “capanga chefe” que tentava se reerguer do chão. Ele me olha e sorri me reconhecendo. – Não vou falar de novo.
– ARMA!! – Viegas grita e um dos homens atira fazendo-nos nos abaixar, o que deu tempo dele capturar uma metralhadora e disparar contra nós, que nos protegemos como podemos. Fugindo em seguida.
– Todos bem? – Pergunto
– Sim, vai! – Grita Maite
Corro para uma entrada oposta dele e saio do galpão no momento que ele manobra um carro e vem na minha direção. Efetuo tiros a fim de acertá-lo, mas o carro continua avançando em minha direção, ate que um dos meus tiros acerta o pneu e o carro perde a direção batendo em um dos caminhões abandonados.
Troco o pente da arma e vou até ele mirando em direção a porta do motorista.
– Mantenha as mãos no volante! – Digo me aproximando e abro a porta. – Sai do carro!! – O puxo e o atiro no chão. – Mão na cabeça, desgraçado!
Viegas vem ao meu encontro com sua escopeta, Mai e os alguns policiais vem atrás.
– Limpo! – Diz Viegas.
Pego as algemas preso ao meu colete e prendo o cretino.
Suspiro em alívio com o fim da operação.
– Leva ele para dentro. – Digo a um dos policiais. – Vamos bater um papo antes.
– … promover encontros familiares é fácil, pagar por isso que é difícil. – A gravação reproduz a conversa que interceptamos.
– Vigilância de áudio a laser, não precisa de uma escuta para arrancar uma confissão. – Digo observando-o a minha frente preso na cadeira em que o coloquei.
O homem ri sarcástico.
– Eu vou processar vocês pela armadilha…. – Mal deixei ele terminar de falar e pego um cinzeiro de bronze em cima da mesa e acerto com tudo o rosto dele. – VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO!!
– Eu não vi nada. – Complementa Maite.
– COMO NÃO VIU? ELA BATEU EM MIM…
– Se você quer dar queixa precisa de uma testemunha, quer dar queixa? – Maitê continua e ele olha para mim.
– Quero ir para a cadeia agora! – Sorri de lado, com o lábio sangrento pelo golpe que desferi.
– Cadê ele? – Questiono e ele trinca os dentes me olhando com raiva. – Cadê o Bill Couto?
– Não sei de quem está falando. – Debocha. Minha vontade é acertá-lo novamente, mas parto para outra estratégia.
Vasculho o bolso dele e encontro sua carteira e logo vejo uma foto com uma mulher e um menino sorridentes.
– E sua mulher e seu filho? – Caminho ate ele com o objeto em mãos. O sorriso debochado some do rosto dele. – Sabe onde eles estão agora? Bom imagino que ela deva estar se matando de trabalhar em algum emprego que não a valorize e seu filho provavelmente na escola… Agora imagina eles descobrirem que o marido e pai está envolvido em sequestros, tortura, tráfico humano… Agora imagina ela ser acusada de ser sua cúmplice e seu filho parar em algum lar de abrigo? – Aproximo meu rosto do dele colocando a foto bem na fuça do cretino. – Imaginou? – Ele olha para foto com certo medo e novamente trinca o maxilar e me olha. – Eu posso evitar isso, mas eu não ajudo gente que não me ajuda. – Largo a foto em cima da mesa e paro a sua frente cruzando os braços. Esperando sua resposta.
– Tudo bem… tudo bem.. – Diz por fim.
***
– Senhor, o Bill, pode estar em uma operação envolvendo um cargueiro com carga completa de aparelhos pronto para voltar para china... – Digo ao celular enquanto Maite dirige em direção ao porto…
– Anahí nem pense nisso… não podemos criar uma crise diplomática interceptando um cargueiro chinês, são águas internacionais…
– Senhor se ele não sair do porto não estará em águas internacionais! – Digo o obvio e Maite arregala os olhos na minha direção. – Estamos indo para la! – Digo e desligo o celular.
– Você ficou maluca?!! Ele vai comer seu fígado, Anahí!
– Pisa fundo Maite. – Não liguei para as consequências. Eu tinha uma informação e iria atrás dela custe o que custar.
***
Chegamos ao porto em tempo de ver o cargueiro se preparando para zarpar. Maite freia o carro.
Na nossa frente havia uma rampa que ligava o cargueiro ao solo do porto.
– Ok. Qual é o plano? – Ela me perguntou.
Eu apenas tirei minha arma do coldre e a engatilhei.
– Pisa fundo! – Ela revirou os olhos.
– Era o que faltava! – Disse e acelerou o carro arrancou e subimos a rampa com tudo – Oh merda, merda, merda… – Maite praguejava enquanto eramos alvejadas por tiros pelo caminho.
Uns latões amorteceu nossa batida assim que entramos no cargueiro com o carro.
Os tiros continuavam e saímos do carro e revidamos. Enquanto os caras davam dez nos dávamos um e os acertava.
– Me dê cobertura, vou atrás do Bill.
– Ok. – Mai começa a atirar na direção de um dos criminosos me dando tempo de sair de onde eu estava. – Vai! Vai! – Grita em meio aos tiros e eu me separo dela.
Vasculho o cargueiro com minha arma em punho e logo sou surpreendida por ele, Bill Couto, o homem que me assistia enquanto era torturada pelos capangas dele.
Ele consegue me acertar e minha arma cai, mas parto para cima dele acertando seu tronco, porém ele consegue me empurrar e eu caio dando tempo dele correr.
– Filho de uma puta! – Levanto pegando minha arma e vou atrás dele.
Ao fundo ouço os tiros entre Maite e os capangas, porém logo avisto Bill subir em um dos conteiners pela escada lateral e logo vou atrás.
Ele pula de um em um. Como a distância entre um conteiner e outro não era grande, faço o mesmo. Porém antes atiro em sua direção ele se protege já que me viu mirando.
Volto a subir pelo conteiner e ele volta a correr e a pular indo em direção a proa do cargueiro.
Mas assim que pulo, ele aparece e me acerta um tiro no ombro, com o impacto eu caio para trás e minha arma cai lá embaixo.
– Merda!
Quando olho para Rangel ele tenta destravar a arma, que emperrou. Sorte a minha, levo a mão ao ombro e vejo que foi de raspão. Mas mesmo assim dói pra caralho.
Rangel desiste de tentar destravar a arma e vem para cima de mim. Consigo me defender de um soco, mas ele me acerta outro. Ele vem pra cima mais consigo deferir um chute, mesmo caída, entre suas pernas, o que me dá tempo de me restabelecer em pé novamente e dou um soco em seu rosto levando ele agora ao “chão”.
Porém ele me surpreende com uma rasteira, me derrubando. E quando vou me reerguer ele me acerta um chute no rosto.
Oh porra!
Mesmo zonza parto para cima dele, que se agacha e me ergue como uma pluma e me joga la de cima.
Sorte minha que eu caí em cima de uma manta que cobria algo que amorteceu minha queda. E azar o dele pois minha arma havia caído no mesmo local.
Mesmo deitada eu fui rápida e certeira atirando bem na sua perna, fazendo-o cambalear e cair, ao chão.
A queda não era tão alta, mas aposto que o machucou bastante.
Joguei minha cabeça para trás e soltei os braços pro lado.
Sotei um suspiro cansado.
– Coloque as mãos para trás, cretino! – Ouço Maite dizer e me viro de bruços para vê-la la embaixo.
Ela sem pena alguma estava com um dos joelhos em cima da perna atingida dele.
– Aê? – Chamo minha amiga de cima do monte em que eu estava. – Tudo bem? – Me refiro aos tiros trocados.
Por mais que eu não esteja sendo a Annie de antes eu ainda me preocupo. Mesmo estando as duas de colete, nunca se sabe.
– Tudo. Não fui eu que levei um tiro. – Diz apontando para meu ombro, ainda em cima de Bill que se debatia com dor.
– Foi de raspão.
– Você está tentando ir aonde, meu filho? – Diz a ele que não parava de se debater no chão. – Anda me diz? Quer que eu atire em você também? – Dizia ela nervosa. – Para! Para aí!
Sorrio.
Pela primeira vez em dias!
Autor(a): lenaissa
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Entrei na sala de depoimentos e o cretino estava lá sentado, como se nada o afetasse, porém os seus hematomas evidentes em seu rosto provavam o contrario. - Pelo visto, seu dia não foi tão bom quanto o meu. – Ele diz me analisando. Meus ferimentos não estavam tão diferentes dos dele. Antes de entrar fui até ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 392
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beatris_ponny Postado em 24/02/2024 - 17:01:08
Sinto muito pelo seu pai :( mais que bom que voltou, ansiosa por esse final <3
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degomes Postado em 23/11/2023 - 21:51:23
Continua
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beatris_ponny Postado em 17/04/2023 - 00:56:05
Eitaaaaaa que o trem tá bom dms, continuaaaa
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beatris_ponny Postado em 09/08/2022 - 06:18:12
Cara to amando essa fic li ela toda em 2 dias e já tô viciada, e querendo novos capítulos, então por favor posta maisss
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NoExistente Postado em 08/07/2022 - 23:10:50
Ei, fico contente de que esteja de volta. Esses amigos do Poncho bem que podiam dar uma mudada, porque pqp viu. Mas Go Any, Go.
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NoExistente Postado em 14/06/2022 - 15:25:06
Tome seu tempo. Descanse e aproveite. Sua história é bem cativante. Obrigado, li tudo em uma madrugada.
lenaissa Postado em 04/07/2022 - 22:22:46
Obrigada amore!! O apoio dos leitores é sempre um pilar para mim. E me motiva um pouco mais!
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degomes Postado em 12/06/2022 - 21:55:09
Continua 🙏🙌
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lenaissa Postado em 06/01/2022 - 12:44:31
Boa tarde amores!!! Quase um ano sem postagens :( Me desculpem por isso! Mas minha vida correu mais do que minhas pernas puderam aguentar. Aos pouquinhos vou retomar com a Fic (aproveitar minhas férias para isso). Espero ainda ter o apoio de vcs, apesar da minha falta. Um bjo no coração de cada um.
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Beca Postado em 02/11/2021 - 10:53:00
Continua
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Beca Postado em 18/06/2021 - 09:07:40
Continua por favor