Fanfic: Você está livre hoje?HOT- Adaptada-AyA | Tema: AyA- Ponny

Saí do táxi. Estava chovendo e corri os poucos metros para entrar no meu prédio. O porteiro me cumprimentou com um sorriso, e, como sempre, correspondi amigavelmente. Caminhei até o elevador e apertei o botão para subir. De imediato o mesmo se abriu e entrei. Apertei o botão do quinto andar e esperei com certa impaciência chegar ao meu destino. As portas se abriram e rapidamente tirei as chaves da bolsa, abri a porta e entrei no apartamento. Olhei o relógio e vi que faltava justo uma hora para que Kuno viesse me buscar. Me meti no banheiro e tomei uma ducha rápida. Terminei de me arrumar quando faltava cinco minutos para as oito horas, saí do quarto e me sentei no sofá da sala pra esperá-lo.

Me dei conta de que o botão da secretária eletrônica estava apitando - sinal de que tinha mensagem - e, assim que apertei o botão, escutei a voz do meu namorado.

- Feliz Aniversário, Annie! Meu amor, não sabe como lamento por não poder te levar hoje pra jantar, mas, é importante para a empresa que fechemos este contrato hoje. Representa muitos milhões e por mais que eu pedi a Miguel que mandasse alguém no meu lugar, ele não quis e me disse que eu era o único capaz de convencer o cliente a fechar o negócio. Te prometo que te recompensarei. Lembra que eu te amo.

Fechei os olhos resignada e deixei a cabeça cair pra trás, no encosto do sofá. Que maravilha que seu aniversário caia em uma terça-feira e que a única pessoa que você tem pra comemorar tenha um compromisso.

São nesses momentos que eu queria viver com a Dulce; ao menos teria companhia. Então me lembrei que odiava muitas coisas em sua casa e também não teria o magnífico emprego que agora tenho, que me permite me dar vários luxos.

Me levantei do sofá e me dirigi à cozinha, procurei no armário debaixo - e encontrei - uma garrafa de vodka pela metade, a peguei e a coloquei na mesa. Abri a geladeira e tirei algumas pedras de gelo, um suco de laranja e do armário de cima um copo. Coloquei um par de gelos no mesmo, um pouco de vodka e o enchi de suco de laranja.

"Feliz Aniversário, Anahí! "

De guardanapos, canetas, batons, cartões, presentes, comecei a selecionar o que poderia servir e o que era lixo.

De repente, um cartão com algo escrito chamou minha atenção. Era um número de telefone e uma frase escrita logo abaixo:

" Senha: Você está livre hoje?"

Então me lembrei da conversa que tive com uma mulher no banheiro do bar que fui com alguns companheiros do escritório há três semanas atrás. Um pouco revoltada, me queixei da pouca atenção que recebia do meu namorado e ela pegou um cartão e uma caneta e anotou esses dados.

"Você não vai se arrepender! Só diz a senha e vai entrar no paraíso. O cara é um deus e te asseguro que vai te deixar sem sentidos. Tudo com ele é intenso, se é que me entende!"

Olhei fixamente o cartão, e li e reli o número e a frase. Era uma loucura chamar um completo desconhecido só pra eu não me sentir mais só na minha imensa solidão, e, também com que objetivo? Não iríamos jantar exatamente. Essa mulher havia me deixado muito claro quais eram as habilidades de seu "amigo", como disse. Mas... o que tem fazer uma loucura no aniversário?

Sempre fui uma mulher muito correta. Nem sequer faltei à uma excursão da escola e sempre tive as melhores notas. Nunca dei dor de cabeça aos meus pais e nem ao meu chefe, sempre tive muita responsabilidade. De modo que às vezes isso era o inferno, eu tinha direito de me divertir também. Já estava cheia.

Nervosa, peguei meu telefone, digitei os números, mas na hora de apertar o botão de chamar, me acorvadei e acabei apertando o botão de desligar. Repeti o mesmo procedimento várias vezes enquanto meu coração acelerava e batia cada vez mais forte a cada tentativa. Bebi o último gole da minha bebida e me dei a coragem que faltava. Quando finalmente apertei o botão de chamar, sentia meu coração na garganta e juro que até podia escutá-lo. Chamou uma, duas, três vezes...

Espera! O que eu estava fazendo?

Era terça-feira, obviamente ele tinha uma vida e assuntos pra tratar. Estava quase desligando quando uma grave e aveludada voz disse:

- Alô?

Fiquei muda. Minhas mãos suavam e acredito que meu corpo sacudia por causa do nervosismo.

- Alô? - voltou a dizer o estranho, agora com um tom de voz mais sensual.
- Você está livre hoje? - perguntei quase me atrapalhando e fechei os olhos como se ele pudesse me ver.

- Sim. E onde nos vemos? - respondeu e tive quase certeza de que ele sorria.

- Não sei. Me diz você. - não ia dizer em meu apartamento, alguém poderia vê-lo.

- Que tal no Hotel Rose Imperial? - ótima escolha, poderia ter pensado em um lugar como esse antes.

- Daqui à vinte minutos. - disse não muito segura.

- Te vejo no hall de entrada em meia hora. Tudo bem?

- Sim, claro. - me esforcei para ele não perceber o nervosismo em minha voz.

- Como te reconheço?

- Tenho um e sessenta de altura, cabelos castanhos, longos e ondulados, mais ou menos na altura da cintura, olhos azuis, pele branca e uso um vestido preto justo, de mangas curtas e um pouco acima do joelho. E você? Como te reconheço?

- Simplesmente vai saber. Te vejo em meia hora.

Escutei o "tu, tu, tu" do telefone, o que indicava que ele havia desligado primeiro. Meti o telefone no bolso, retoquei o gloss, saí e tranquei a porta. Coloquei a chave na bolsa e saí praticamente correndo. Enquanto descia no elevador, pensava no que estava a ponto de fazer.

Era completamente insensato, uma total loucura! Uma saída em um hotel com um desconhecido que poderia ser um psicopata. Mas já havia feito e também, meu número estava gravado em seu celular. Se eu não aparecesse - e ele fosse um louco - ele poderia me rastrear e me sequestrar!

Peguei um táxi e o indiquei a direção a seguir. Exatamente vinte e cinco minutos depois estava atravessando a porta do hotel cinco estrelas. Jamais imaginei que entraria ali, ainda mais pra fazer o que eu iria fazer. Respirei fundo buscando ar enquanto andava nervosa de um lado pro outro. E se fosse uma brincadeira? Uma piada? Eu só tinha visto a mulher que me deu o telefone dele uma vez na vida! Definitivamente eu tinha perdido o juízo.

Estava quase saindo do lugar quando alguém sussurrou em meu ouvido.

- Você está livre hoje? - o som da sua voz arrepiou minha pele.

Assenti com a cabeça lentamente, aquela sensação de sua respiração quente em minha orelha não me permitiu falar e isso me deixava atordoada. Me virei e encontrei o homem mais bonito que já havia visto na vida. Alto, forte, moreno, olhos verdes, cabelos negros que pareciam macios e desalinhados e com um sorriso cativador.

Que homem era aquele? Vestia um terno preto impecável e uma camisa branca - o que dava um ar mais sexy à ele. Era um verdadeiro deus!

Me ofereceu seu braço e nervosa o enlacei com o meu. Caminhamos em silêncio até o elevador. Subimos ao décimo quinto andar andamos até a última porta do corredor. Ele destrancou e abriu a porta e me deixou passar primeiro. Entrou atrás de mim, acendeu a luz e fechou a porta.

- Como conseguiu meu telefone? - perguntou enquanto caminhava até o meio do quarto.

- Uma... amiga me deu o seu número. - não considerei uma boa ideia contar a verdade.

- Te explicou as regras? - perguntou com um tom de serenidade.

- Não... só me disse a senha. - respondi voltando a encará-lo.

- Bem, regra número um: sem nomes. Não me dirá seu nome e nem eu lhe direi o meu. Regra número dois: sem perguntas pessoais. Nada de que possa dar indícios de quem somos na realidade. Entendido?