Fanfic: Você está livre hoje?HOT- Adaptada-AyA | Tema: AyA- Ponny

Pela manhã, acordei estranhando meu despertador que não estava tocando, passei a mão pela mesa de cabeceira, mas não o senti. Então abri os olhos e me dei conta que ainda estava no quarto do hotel. Não soube em que momento dormi, nem sequer me dei conta quando ele se levantou da cama.

Me levantei pra pegar o celular na minha bolsa, quando vi um papel dobrado sobre a mesa. O peguei e o abri.

"Espero que tenha desfrutado da comida tanto quanto eu".

Um enorme sorriso apareceu em meus lábios, mas, me sobresaltei ao escutar meu telefone, era a Dulce.

- Annie, onde você está? São dez horas da manhã e você tem uma reunião com o novo cliente às onze! Scott está desesperado porque não encontra o seu projeto e estamos à horas te procurando! Estava quase ligando pra polícia!

- Estou bem, só dormi muito e não ouvi o despertador.

- Então se apresse antes que Scott dê um infarto e sobre pra mim ficar ouvindo seus gritos. Se prepara porque ele está parecendo um tigre enjaulado.

Me vesti a toda pressa e saí correndo. Pra minha sorte, um táxi estava passando por ali e o peguei o mais rápido possível e o indiquei a direção do meu apartamento. Cheguei, pedi pro táxi esperar, tomei um banho de cinco minutos, coloquei a primeira roupa que vi pela frente, penteei o cabelo rapidamente depois de me vestir e saí em disparada, no táxi me maqueei.

Quase caí nas escadarias do prédio na pressa, mas me segurei no corrimão. Apertei o botão do elevador enquanto olhava o relógio, eram onze e dez. As portas se abriram e saiu um mar de gente, quando já estava vazio, entrei, apertei o botão do sétimo andar, mas no segundo andar, ele parou e entrou um senhor. No terceiro andar, parou de novo e entraram duas meninas. No quinto andar, o senhor desceu e entrou a senhora da limpeza. "Ótimo", pensei comigo mesma, "quanto mais pressa eu tenho, mais o elevador vai devagar". Finalmente, cheguei ao meu destino, ajeitei meu cabelo ainda molhado.

- Ai, ainda bem que você chegou. O cliente está aqui e Scott está furioso - disse Dulce.

- Perdão, é que não dormi muito bem à noite.

Entrei no meu escritório, peguei o CD com o projeto em uma gaveta e caminhei à passos rápidos em direção à sala do meu chefe. Na porta, eu parei quando vi um homem com terno negro, alto, delgado, com cabelos curtos e um pouco bagunçados, que estava parado de costas na minha frente.

- Aqui, chegou chegou colaboradora - exclamou Scott quando me viu cruzar a porta.

- Bom dia, desculpem o atraso - disse nervosa, com um fio de voz.

O homem se virou pra me olhar e senti um frio percorrer minha espinha.

- Sr. McCAin, lhe apresento Anahí, a encarregada de levar sua conta.

- Prazer - disse sorrindo e estendendo sua mão.

- Igualmente - disse apertando-a.

Minha alma voltou ao meu corpo quando ms dei conta de que não era meu desconhecido. Suspirei aliviada, e, então, me dei conta de algo que não havia pensado. Existia a possibilidade de algum dia nos encontrarmos? Seu trabalho tinha a ver com publicidade? Sacudi a cabeça pra me livrar desses pensamentos e me sentei al lado do cliente.

A reunião transcorreu normal, o senhor McCain ficou bastante satisfeito com o projeto e disse que ia precisar da campanha. Quando saiu da sala, meu coração voltou a acelerar, porque não havia nada que pudesse me salvar da bronca de Scott e a confirmei quando ele fechou a porta, já que sempre a deixa aberta, exceto quando está com um cliente, ou quando não quer que os outros escutem o que ele tem pra dizer.

Ele voltou em silêncio de volta para a cadeira de frente para mim e colocou ambos os braços em cima da mesa.

- Parabéns, Annie, a apresentação do projeto estava perfeita, como sempre.

- Obrigado - respondi timidamente, enquanto olhava um quadro atrás dele.

- Mas, isso não te salva da conversa que teremos. Sabe que te admiro, Annie, é uma grande mulher e além do mais, é comprometida com o trabalho e precisamente é isso que me preocupa. O que está acontecendo contigo? A semana passada você chegou tarde, não te disse nada porque foi um dia depois do seu aniversário, e, bom, pode ser compreensível, mas hoje você se atrasou mais de duas horas, não me disse onde estava o CD com o projeto e a guardou com a chave, não atendeu o telefone e não retornou, pelo menos pra sabermos se você estava bem.

- Perdão, poderia te dar mil desculpas, mas a verdade é que dormi demais, não dormi muito bem à noite meu celular estava dentro da bolsa.

- Agradeço sua honestidade, essa é uma das coisas que mais gosto em você, mas há alguns dias você está estranha, fica muito distraída, ausente, até confundiu os slogans de uma marca que não tem nada a ver entre si. Está com problemas, Annie? Sabe que pode confiar em mim.

Eu fiquei em silêncio. O que eu ia responder? Que estava perdendo os sentidos por causa de um estranho que possuía da maneira que quisesse e que isso aumentava cada vez mais minha vontade de estar com ele? Que minha mente viajava e fantasiava com as coisas mais excitantes que eu queria fazer com ele? Que todo o meu corpo estava encontrando um lado sexual que possivelmente nem existia? Que havia descoberto uma Anahi sensual, travessa e desinibida que desconhecia que existia e que só esse homem desconhecido fazia surgir? Que me fazia sentir mulher como nada mais fazia?

Suspirei antes de falar.

- Acredito que é uma crise pós-aniversário - respondi, desejando que ele acreditasse.

- Menina, isso é pra mim que estou ao ponto de completar quarenta anos, você tem vinte e três, até poderia ser minha filha.

- Sim, mas, na minha idade, meus pais já haviam se casado e eu já havia nascido - eu não desejava isso, mas foi a única coisa convincente que me veio a dizer.

- E por isso agora estão divorciados. Você tem uma longa vida pela frente Annie, você é brilhante em sua profissão e tem muito futuro pela frente. O casamento e os filhos virão depois, tudo em seu momento.

- Eu sei, acho que fiquei um pouco depressiva porque fiquei sozinha em meu aniversário - disse, pensando que foi melhor do que eu imaginei - mas, te prometo que a partir de hoje, eu serei a mesma menina responsável de sempre, não chegarei mais tarde e nem ficarei aérea no trabalho.

- Também não quero um robô Annie, só quero me assegurar de que esteja bem.

- E eu estou, melhor do que nunca. Posso ir pra minha sala?

- Vai, você tem muito trabalho.

Fui pra minha sala e Dulce veio atrás, pra saber da "bronca" que o chefe me deu. Entramos, ela fechou a porta e sentou na minha frente enquanto eu dava a volta na mesa pra me sentar em minha cadeira.

- O que Scott te disse?

- Que estava preocupado comigo, que eu andava muito distraída e chegando tarde.

- E o que você disse?

- Que era uma crise por causa do meu aniversário.

- Sim, claro, mas, pra mim você vai dizer a verdade.

- Não tenho nada a dizer, só estou cansada do trabalho e por causa disso à noite não consigo dormir. Estou estressada por causa do coquetel que teremos amanhã, ainda faltam detalhes e temos que ir ao salão checá-los.

- Sim, é verdade, é um evento importante o de amanhã, mas você está assim desde o seu aniversário, algo aconteceu nesse dia e não sei porque não quer me dizer - arregalou os olhos e abriu a boca - Kuno finalmente te pediu em casamento, por isso você está assim, toda nervosa e ansiosa, te deu tempo pra pensar e por ainda não está usando o anel. Você é uma mal amiga, fica me ocultando isso!

- Que imaginação fértil você tem Dulce, Kuno não me deu nenhum anel nem me pediu nada. Não se lembra que ele me deixou sozinha no meu aniversário?

- Bom, é que não encontro outra razão pra você estar assim, obviamente não se trata de um amante, não se atreveria a enganar Kuno com out...

- Não - a interrompi porque já sabia sua linha de raciocínio - Eu sou tão entediante que nem mesmo meu namorado quer ficar comigo e eu tenho que arrumar um passatempo? - era isso que o estranho era pra mim? Um passatempo para ficar comigo nos meus momentos de solidão? E era por isso que eu o necessitava tanto, o desejava mais e mais e estar com ele é o que eu mais queria?

- Você não é entediante Annie, simplesmente é uma mulher com valores, ama seu namorado e que jamais faria algo que pudesse machucá-lo - se levantou da cadeira - Que horas vamos ao salão?

- Depois do almoço.

- Ok, então vou pegar minha bolsa, porque só faltam cinco minutos pra uma hora.

Haviam exatamente três semanas desde meu último deslize com o estranho, eu havia me dedicado ao trabalho, tinham noites que eu ainda pegar meu telefone pra ligar pra ele, mas eu sempre pegava uma foto minha com o Kuno pra evitar fazer uma besteira. Curiosamente, Kuno tinha mais tempo para estar comigo, jantamos juntos três vezes na semana e nos domingos tínhamos ido ao cinema e então me senti mais culpada, porque se ele estava assim comigo era porque havia notado que eu estava mais estranha.

Essa noite eu estava vendo televisão em minha casa, era sexta-feira e apesar de ainda ser oito horas eu já estava de pijama e deitada. Meu celular tocou, eu o peguei e estranhei o número, era desconhecido. Isso me chamou atenção, mas pensei ser algum cliente do escritório, então atendi.

- Olá, boa noite. - disse amigavelmente, mas o que me respondeu foi o silêncio - Oi, alguém aí? - perguntei receosa.

Escutei um suspiro do outro lado que me arrepiou até o último fio de cabelo, seguido pelo "tu, tu, tu" que indicava que havia desligado.

Meu coração disparou e fiquei como uma estúpida segurando o telefone na espera de que voltasse a tocar, mas nada. Me levantei bastante inquieta da cama e comecei a caminhar pelo quarto de um lado pro outro. Seria possível que fosse ele me ligando? Teria sentido minha falta? Significava algo o mínimo que fosse?

Haviam se passado quinze minutos e eu ainda estava com o celular na mão e andando, olhei a televisão que ainda estava ligada e um casal se beijava intensamente e deixei que a vontade falasse mais alto. Nervosa, procurei seu número e liguei, depois de quatro toques escutei de novo a voz que me fazia esquecer a razão de tudo.

- Alô - disse sensualmente, alterando todo o meu ser.

- Você está livre hoje? - perguntei, com um fio de voz.

- Você está? - perguntou, me confundindo.

- Isso é uma reivindicação? - disse, séria.

- De nenhuma maneira, sabe que não funciona assim.

- Então, podemos nos ver?

- Sim, em uma hora, no lugar de sempre - disse depois de uns segundos em silêncio.