Fanfic: Mentira Perfeita- AyA | Tema: Ponny
Por Anahi
Algumas pessoas passam pela vida em um cor-de-rosa infinito, cheio de boas lembranças e histórias engraçadas que serão sucesso nas festas de fim de ano.
Eu não era uma dessas pessoas.
Anda, anda, anda, caramba!, quiquei no banco do táxi, observando o aglomerado de carros que atravancava a avenida. Havia sirenes mais à frente, e uma multidão de curiosos impedia que o trânsito fluísse. Eu não podia esperar. Fazia mais de uma hora que Miguel tinha me ligado para avisar que tia Marieta havia sido internada. O tom de voz de meu amigo, que costuma falar pelos cotovelos, estava muito sério. Ele não deu nenhum detalhe, e isso me fez imaginar a gravidade da situação.
— Tudo bem, eu fico aqui mesmo — falei para o motorista. Dei uma olhada nos números do taxímetro e abri a bolsa para pegar o dinheiro.
— Tem certeza que não quer esperar? Talvez o trânsito melhore ali na frente.
— Já estou bem perto. Consigo chegar mais rápido a pé do que de carro. Obrigada. — Entreguei as notas a ele e, sem esperar pelo troco, abri a porta para sair.
Atravessei a rua, me espremendo entre os veículos quase inertes. Olhei para o relógio ao pisar na calçada. Uma hora e sete minutos desde que Miguel ligara e eu saíra correndo da L&L Cosméticos. Nem tive tempo de avisar Maite. Minha amiga e colega de empresa certamente ficaria preocupada quando eu não aparecesse no refeitório no horário do almoço, mas eu não pensei direito quando ouvi a voz profunda de Miguel dizendo que estava levando tia Mari para o hospital e que eu deveria correr para lá.
Só juntei minhas coisas e entrei no primeiro táxi que vi, implorando mentalmente que minha tia aguentasse mais essa.
Porque ela tinha que aguentar.
Tirei os óculos e esfreguei os olhos para enxugar as lágrimas que ameaçavam transbordar, engolindo o nó que me fechava a garganta antes de começar a correr. Cinco quarteirões depois, eu estava me dirigindo à recepção do hospital, com seus tons frios de madeira clara e suas paredes brancas. Após intermináveis dez minutos, fui levada por um dos enfermeiros ao andar onde minha tia estava internada. Enchi o cara de perguntas no caminho, mas ele não sabia muito. Ou fingiu não saber.
Avistei Miguel andando de um lado para o outro. Mesmo sendo tão alto, ele me pareceu menor que de costume.
— Miguel! — chamei, me adiantando até ele.
— Anahi. Graças a Deus! — Ele inspirou fundo e passou os braços ao redor dos meus ombros, me apertando tanto que acabei gemendo.
— Como é que ela tá? O que aconteceu? — Eu me afastei para ver seu rosto bonito. Os olhos cinzentos estavam vidrados, deixando a pele amendoada meio sem cor.
Ai, não!
— Ela começou a sentir dores e não conseguia respirar direito. Ficou muito pálida. Enfiei ela no táxi e trouxe para cá. Achei que era o certo a fazer.
— E ela não protestou? — Porque tia Marieta nunca ia para o hospital sem uma bela discussão. Ele negou com a cabeça. Ah, meu Deus!
— Como é que ela tá, Miguel ? — repeti, sentindo um tremor subir pelos tornozelos.
— Eu não sei, Anahi. Só avisaram que o dr. Victor vai falar com você daqui a pouco.
Sempre que o dr. Victor falava comigo, as notícias eram as piores possíveis. E nos últimos tempos nós tínhamos conversado um bocado de vezes.
Autor(a): daanitzm
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O problema era no coração de tia Marieta. A insuficiência progredira com muita velocidade, e agora ela precisava de um transplante. E, diferentemente do que ocorre nas novelas e nos filmes, um coração novo não saltou na nossa frente assim que o diagnóstico foi dado. Nenhum órgão compatível apareceu nos &uac ...
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