Fanfic: Mentira Perfeita- AyA | Tema: Ponny
— O Christopher e a Dulce vão se casar em poucas semanas. Eles precisam de privacidade.
A porta da sala se abriu. A noiva em questão apareceu meio descabelada, e logo percebeu o clima pesado.
— Saco. — Soltou um longo suspiro ao deixar a bolsa sobre a mesa, que ainda nem havia sido posta. Deus do céu, o jantar seria servido só no café da manhã? — Fiquei presa no trânsito. O que eu perdi?
— Nada de tão importante. — Christopher foi até ela e a beijou brevemente. — Não decidimos nada ainda.
— Falem por vocês — resmunguei. — E eu já resolvi. Agora, quando é que a gente vai comer?
Dulce se desprendeu de Christopher para se aproximar de minha mãe, beijando-a delicadamente no alto da cabeça, depois se empoleirou no braço do sofá.
— Pelo clima estranho, ninguém é a favor dessa mudança — Dulce ponderou, olhando para cada um de nós. — Tá legal, vamos encarar os fatos. O Alfonso é cadeirante e isso complica as coisas.
— Valeu, Dulce! — Olhei feio para ela.
— Ainda não terminei. — Ela voltou a encarar minha família. — Mas complicar não é o mesmo que impossibilitar. Se ele acha que está pronto para viver sozinho, então nós deveríamos acreditar. Ele é adulto, não vai ser estúpido a ponto de se colocar em risco só para provar um argumento.
— Você não sabe o que está falando — Christopher retrucou, e eu podia apostar que ele estava se lembrando de quando éramos crianças e apostamos quem comeria mais minhocas.
É claro que eu venci. E também passei três dias no hospital, vomitando.
— Christopher. — Ela pegou a mão de seu ex e agora futuro marido e o encarou com aqueles enormes olhos azuis enganosamente doces. — Ele tem se mostrado responsável. Não faltou a nenhuma aula desde que voltou para a faculdade. É sempre o primeiro a chegar ao trabalho e o último a sair. Eu acho que vocês deviam dar uma chance a ele.
Era por coisas como aquela que eu amava tanto Dulce. Christopher tinha ganhado na loteria. Tinha mesmo. E estava prestes a ceder à súplica de sua noiva, percebi pela expressão em seu rosto.
— Mas, querida... — minha mãe se aprumou, como se percebesse que perdia terreno. — Ele nunca ficou por conta própria.
— Ele se vira bem na cozinha. Bem melhor do que eu.
Qualquer um com duas mãos esquerdas se virava melhor que Dulce.
Estremeci ao lembrar a noite em que Christopher ficou preso em uma reunião e ela disse que cuidaria do jantar. Ainda não entendo como é que ela conseguiu transformar miojo em algo intragável. E olha que eu não sou de frescura com comida.
— Sim, eu sei. Ensinei meus filhos a cozinhar. — Minha mãe deu de ombros. — Nenhum deles vai morrer de fome, mas...
— Eu sei, dona Ruth. — Dulce pousou uma das mãos no braço dela e lançou um daqueles seus sorrisos. — Também vou ficar preocupada. Mas a gente pode dar um jeito nisso.
— Como, querida?
— É, como? — eu quis saber. Porque eu topava. Quaisquer que fossem os termos, eu topava.
— Ele podia... podia... — Dulce olhou para a sala como que em busca de inspiração. O canto de sua boca se ergueu repentinamente. — Ele podia contratar um acompanhante!
— O quê? — Não. Qualquer coisa menos isso! Era tudo de que eu não precisava. A porra de uma babá grudada em mim o dia todo.
Christopher, aquele traidor, sorriu de leve.
Autor(a): daanitzm
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— É uma boa ideia. — Concordo — minha mãe cedeu, parecendo um pouco menos nervosa. — Eu ficaria mais tranquila se ele tivesse alguém por perto. — Não. De jeito nenhum! — Fui para perto da janela, sentindo uma necessidade doentia de bater em alguma coisa. O simples ato de pensar na palavra me embrulhou o est&o ...
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