Fanfic: Mentira Perfeita- AyA | Tema: Ponny
Não, nada disso. Família constantemente é um saco.
— Alfonso, vai mais devagar — Christopher disse um tempo depois, quando já estávamos numa avenida larga.
— Estou devagar. — Acionei a alavanca do acelerador ainda mais, só de birra.
— Você está bravo, e eu entendo, mas arriscar sofrer outro acidente não vai resolver nada.
— Vai se foder, Christopher.
— Pega leve, Alfonso — Dulce tentou apaziguar. — A gente só quis ajudar. Não deu pra perceber, não?
Limitei-me a olhar feio para ela pelo retrovisor. Meu irmão bufou.
— Eu sei que você ficou chateado, mas o que queria que a gente fizesse? E no fim você conseguiu o que queria. Vai morar sozinho, se quiser.
— Caso eu arranje um velhote enrugado que cheira a talco para dividir o quarto. É, isso era exatamente o que eu queria, Christopher.
— Não precisa ser um senhor — Dulce interveio. — Existem vários perfis de cuidadores. Vamos encontrar um que seja adequado para você. Posso te ajudar a escolher.
— Valeu, Dulce, mas você já fez bastante. Pode deixar que eu mesmo escolho quem vai viver comigo.
— Talvez a Mazé aceite — ela continuou, como se eu não tivesse dito nada. — Ela é ótima, Alfonso, e não cheira a talco. Tem cheiro de bolinho de chuva.
Estremeci ao pensar na mulher robusta com ares de sargento que cuidava da garotada na Fundação Narciso, onde eu trabalhava desde o começo do ano passado. Mazé era ótima para pôr as crianças na linha, e eu tinha certeza de que o fato de eu ter vinte e três anos faria pouca diferença para ela.
— Nem pensar, Dulce. A Mazé é legal, mas viver com ela seria pior que morar com os meus pais.
— Eu vivi com ela a minha vida toda e sobrevivi.
— Só queremos que você fique bem — Christopher disse. — E é provisório. Os nossos pais logo vão se acostumar com a ideia. Depois que você provar que não pretende fazer nenhuma bobagem, pode se livrar do cuidador. Não vai ser tão ruim assim.
Eu o encarei, deliberando se deveria dar um soco nele ou bater sua cabeça no painel. Um soco aliviaria minha irritação mais depressa, mas para isso eu precisaria parar o carro, e não estava nada a fim de tirar a mão do acelerador.
Christopher deve ter notado quanto eu estava irritado, pois bufou de novo e disse:
— Cacete, Alfonso, eu só quis ajudar! Os nossos pais não iriam permitir que você saísse lá de casa. Não consegue entender isso?
— Eles não tinham que permitir nada. Sou adulto.
— É, mas o que você acha que iria acontecer se você saísse contra a vontade deles? Nossa mãe iria ligar a cada cinco minutos, e a sua vida se tornaria um inferno. E a minha também, porque ela ia me ligar logo depois que falasse com você.
— Acho mais provável que a dona Ruth acabasse se mudando com o Alfonso — Dulce ponderou. — Ela tá preocupada de verdade.
Inferno, Dulce estava certa. Quando se tratava de seus filhos, Ruth Herrera era pior que um leão de chácara diante de alguém que não tem o nome na lista VIP e está querendo entrar de penetra no evento mais importante do ano.
— Tá certo — cedi a contragosto. — Mas isso não quer dizer que eu vou agradecer vocês por me obrigarem a ter uma babá. Não serão vocês que terão que conviver por sei lá quantos meses com uma Mazé, que provavelmente vai tentar me amarrar a uma cama para que eu me comporte.
Autor(a): daanitzm
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Dulce riu, apoiando os cotovelos entre o encosto dos bancos. — A Mazé é bem capaz disso mesmo. Uma vez ela tentou me amarrar na mesa da cozinha. Eu tinha uns nove anos e cismei que queria montar um foguete. Até tinha um pouco de pólvora na mochila. Aí eu... Poderia não ser tão ruim, ponderei enquanto ela seguia falando ...
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