Fanfic: Mentira Perfeita- AyA | Tema: Ponny
Não me deixaram entrar na UTI. Nem mesmo ficar no corredor! Me enxotaram dali como se eu fosse um cão sarnento. Talvez o fato de eu ter tentado entrar à força tenha algo a ver com isso.
Miguel ficou ao meu lado o tempo todo e tentava me consolar, afirmando que tudo daria certo e que ela sairia dessa, como aconteceu das outras vezes. Eu queria muito acreditar nele. Queria desesperadamente, mas já não podia.
— Eu não devia ter inventado aquela história, Miguel — murmurei, tentando conter os soluços. — Agora ela pode ir embora e a última coisa que eu falei para ela foi uma mentira!
— Não, florzinha. A última coisa que você falou para ela foi "Eu te amo".
Dona Maria invadiu a sala de espera lotada. A mãe de Miguel tinha os olhos inchados e o cabelo escuro enrolado em bobes do tamanho do meu pulso.
— Eu só soube agora, Anahi. Estava no cabeleireiro — ela foi dizendo. — Como a minha amiga está?
— Por que você não senta um pouco, mãe? — Miguel se levantou e deu o lugar a ela. Eu tive que me levantar também. Ver Maria sem minha tia por perto parecia errado. As duas eram como fone de ouvido e iPod desde que ela e o pequeno Miguel se mudaram para o sobrado amarelo em frente ao nosso.
Meu amigo atualizou a mãe, e não tardou para que ela se desmanchasse em lágrimas, tirando um terço preto de dentro da bolsa.
Aquilo foi demais para mim. Comecei a andar de um lado para o outro, um olho no relógio, o outro na porta que dava para o corredor da UTI. Levou muitas horas para que o cardiologista de minha tia passasse por ela.
Quando por fim ele apareceu, trazia no rosto uma expressão indecifrável.
— Acho melhor falarmos na minha sala — ele anunciou com a voz grave. Não, não, não!
Ainda assim, assenti uma vez, reprimindo o desejo de sair correndo aos berros.
— Quer que eu vá com você? — Miguel perguntou.
— Não precisa. Cuida da sua mãe. — Dona Maria havia tomado um calmante e estava meio chapada.
Ele pegou minha mão e a apertou de leve.
Fingindo uma coragem que eu não sentia, fui atrás do médico.
O dr. Victor fechou a porta assim que passei por ela e foi se sentar atrás de sua mesa, as mãos unidas, os olhos nos meus. Inspirou fundo antes de começar.
Prendi a respiração.
— Anahi, sua tia teve três paradas cardíacas...
Fechei os olhos, meu próprio coração ameaçando parar de bater. Ele continuou falando.
— ... e nós conseguimos trazê-la de volta, com algum custo.
Abri os olhos de imediato.
— Na última, pensei que ela não fosse resistir — prosseguiu. — Mas alguma coisa aconteceu e ela sobreviveu. Não só isso, Anahi. O quadro todo teve uma melhora espantosa.
Eu apenas ouvia e piscava enquanto ele se recostava na cadeira e olhava para mim.
— Ela está bem. — Sorriu. — Aliás, está bem como há muito tempo não ficava. A doença ainda existe, ainda é grave. A sua tia ainda precisa do transplante. Preciso fazer mais alguns exames, mas, ao que tudo indica, ganhamos um pouco mais de tempo. Estou me perguntando o que fez o quadro mudar tão depressa e não chego a nenhuma conclusão. Acho que foi um...
Autor(a): daanitzm
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— Milagre — completei. Ele concordou com a cabeça. Ah, meu Deus. Eu havia recebido mais um. Diversas emoções perpassavam meu corpo, o tremor me sacudindo de leve. — Ela ainda requer cuidados — o médico prosseguiu —, por isso vai ficar conosco mais alguns dias, mas em breve vai poder voltar para casa. As recomenda&cc ...
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