─ Meu Deus, Annie... eu nem pensei nisso. Eu nem lembrava disso! Quando você não tem um filho pra amamentar de fato, leite não é uma coisa que você pense. E pra completar bebi álcool, céus!
─ Ei, relaxa. ─ tentou tranquilizar, vendo a mesma pegando vários papel-toalha e tentando secar o que seu leite havia manchado. Entretanto estava difícil... o vestido era cinza, e a parte dos seus seios ficaram completamente escuras, quase que de cor preta. ─ Daqui a seis horas já pode alimentar, e o Nate tá lá te esperando. ─ disse sorrindo. ─ Como a mama de leite tava lá, eu esqueci de levar ele pra você hoje, desculpe.
─ Isso não é culpa sua, Annie, pelo amor de Deus! Eu só não sei o que fazer agora... não vai sair, nem secar assim tão fácil. ─ ela constatou e quando olhou para Anahí, viu o celular da mesma na sua mão. Automaticamente Alfonso veio na sua mente. ─ Annie, me empresta? Por favor! ─ pediu apontando para o celular e na mesma hora, Anahí o ergueu na sua direção, enquanto já colocava sua digital e o desbloqueava. ─ Obrigada! ─ ela falou e foi nos contatos dela, o primeiro já era “Alfonso – irmão”, e sem nem pensar duas vezes, ela apertou pra ligar. Anahí franziu o cenho, sem saber pra quem ela ligaria e, verdade seja dita, Alfonso nem passou na sua mente. ─ Alfonso? ─ Anahí arregalou os olhos. Ela ligara para seu irmão! Aquela mulher tinha realmente coragem.
─ Não é possível. ─ Alfonso esbravejou do outro lado da linha. ─ O que quer, mulher?
─ Eu preciso da sua ajuda. ─ ela apertou os olhos e mordeu o lábio inferior ao dizer aquelas palavras e ouvir a risada dele do outro lado da linha. ─ É sério. Estamos na boate... a boate do Christopher, qual o nome mesmo?
─ Lunna. ─ Anahí e Alfonso disseram ao mesmo tempo. O homem revirou os olhos ao dizer.
─ Isso, na Lunna. E bom... eu... meus... meu leite vazou. Céus, você realmente seria a última pessoa pra quem eu ligaria pra pedir isso, mas eu só tenho você... digo, pra ligar agora, claro. ─ do outro lado da linha, ele engoliu a seco ao ouvir a frase dela. ─ Eu preciso que traga ou mande alguém trazer, não sei, um sobretudo, que é o mais fácil pra você pegar no quarto, pra mim... por favor, por favor, por favor.
─ Ah, quando você implora é realmente bom demais. ─ ele se divertia. ─ Bom, eu posso fazer isso, com uma condição... ─ ele falou.
─ Okay, que seja. Só traga.
─ Espero que seja uma mulher de palavra, Maite. ─ ele falou, decidindo só ali que levaria o sobretudo, para então ela dever qualquer favor a ele. Então desligou.
─ Mas vo-... você... filha da puta! ─ ela esbravejou. ─ Ele desligou.
─ E vai trazer? ─ Anahí indagou ansiosa.
─ Vai. ─ contou, esperando realmente que ele levasse. ─ Até que ele venha, já que não é longe, fique aqui comigo por favor, não quero voltar pra mesa agora e ter que explicar porque tenho leite no peito, se é que você me entende.
─ Certo... e me desculpe, Mai. Eu quis te livrar de tantas perguntas, achei o momento perfeito pra isso e acabei estragando tudo soltando uma informação que não devia.
─ Tudo bem, Annie. Se vocês vão ser minhas amigas a partir de agora, uma hora ou outra terão que saber mais sobre mim... é inevitável. Tenho muita resistência quanto a isso, mas olha... nada é impossível. ─ ela riu de lado e Annie assentiu, sorrindo.
─ Tudo no seu tempo.
Dez minutos foi tudo que Alfonso levou para chegar na Boate Lunna e estacionar seu carro. Quando ele entrou, foi um choque para todos que ali estavam e iam o avistando, um por um, rapidamente saindo do caminho e dando espaço para ele passar.
─ É o Poncho ali? ─ Nina indagou, se levantando um pouco da cadeira que estava do segundo andar e focalizando no moreno que passava por entre as pessoas, sério.
─ Com certeza é, mas que diabos... será que por isso que elas demoraram lá? Tavam esperando ele? Mas pra que...
─ Olhe, Dul, ele tá com um sobretudo na mão. Com certeza é pra ela.
─ E quando o Poncho ficou bonzinho vindo trazer sobretudo de uma mulher na boate, ainda por cima? Esse não é o Alfonso que eu conheço.
─ Boa noite, Nina. ─ a voz grossa atrás da mesma fez ela pular. ─ Quem é vivo sempre aparece. ─ e então olhou para as outras duas que completavam a mesa. ─ Boa noite. ─ cumprimentou ainda sério.
─ Boa noite, Alfonso. ─ elas responderam em coro.
─ Senti falta das nossas brigas. ─ Nina alfinetou.
─ Isso certamente não será problema com a sua volta. ─ revidou e olhou ao redor. ─ Onde está Anahí e a imunda? ─ soltou até sem perceber, a raiva dela continuava sendo real.
─ Estão no banheiro. ─ Candice se respondeu, e rapidamente Alfonso se dirigiu até ele. ─ Espere... ele chamou a Maite de imunda ou é impressão minha?
─ Maite era moradora de rua, Candy. Você tem dúvidas que a relação deles seria assim?
─ A Maite era o que? ─ Nina engasgou com a bebida. ─ Pelo amor de Deus, isso tá melhor que novela, me contem tudo!
Enquanto isso...
─ Mas e a mãe da Serena? O que aconteceu com ela? ─ em meio ao papo entretido das duas, Maite perguntou com muita curiosidade e fez Anahí suspirar, desviando o olhar.
─ Ela morreu, Mai. ─ contou. ─ Alfonso pode ser considerado por muitos um homem cruel, mas só Deus sabe tudo que ele teve que aguentar sozinho nessa vida. ─ resumiu, não querendo contar a vida do irmão, mas sentindo que na hora certa Maite saberia de tudo.
─ E como ela era? Digo, a mãe da Serena...
─ Ela era uma boa mulher. ─ afirmou. ─ Tinha um coração muito lindo, vários sonhos, era geniosa, um tanto mimada, muito mimada na verdade, mas uma ótima pessoa. ─ ela riu lembrando. ─ Não merecia a morte triste que teve, mas eu não tenho dúvidas que ela está em um bom lugar agora.
─ Eu acredito que...
─ Da próxima vez, eu não serei tão bonzinho. ─ elas olharam para a porta, que Alfonso abriu bruscamente, entrando e olhando primeiro para os olhos de Maite e em seguida para os seus seios, que verdade seja dita, eram grandes, realmente chamavam atenção, e ainda destacado pelo leite que vazara, estava muito atrativo. Ele engoliu a seco e viu quando a mesma cruzou os braços.
─ Pois jogue logo isso, preciso vesti-lo. ─ disse nervosa pelo olhar que recebeu dele e o mesmo jogou o sobretudo, fazendo ela se virar de costas para vesti-lo.
─ Nos deixe a só, por gentileza, Anahí. ─ Alfonso pediu.
─ Não vou fazer isso! E se você não percebeu, esse é o banheiro feminino.
─ E eu sou um Herrera. ─ ele revirou os olhos. ─ Sai do banheiro, Anahí. Eu e ela precisamos fazer um acordo. ─ Maite suspirou depois de vestir o sobretudo e se virar para Anahí.
─ Pode ir, eu sei me virar com ele. ─ ela piscou. Maite era uma mulher de palavra, e ficou curiosa para saber o tal acordo que Alfonso queria.
─ Tem certeza? ─ Alfonso revirou os olhos, ignorando Anahí ali e olhando fixamente para o rosto de Maite que também estava focada nele.
─ Tenho.
E então Anahí saiu.
─ O que vai querer em troca de um sobretudo? ─ ela indagou um tanto debochada, cruzando os braços e erguendo uma sobrancelha pra ele.
─ É simples: informações. ─ ele notou quando ela engoliu a seco, voltando a expressão dura e séria.
─ A respeito de?
─ Deixe-me pensar... ─ Alfonso era um homem minimamente inteligente. Era óbvio que uma mulher que fazia de tudo para esconder até o seu segundo nome, não responderia nada muito objetivo que ele perguntasse. ─ Cinco perguntas. ─ ele falou.
─ Cinco é muito, apenas pelo fato de me trazer isso.
─ Cinco perguntas. ─ insistiu.
─ Três. E serei obrigada a responder as três, ou então continuarei te devendo algo. ─ ela falou negociando, mas no segundo em que viu o rosto dele formar uma expressão de satisfação e vitória, se arrependeu.
─ Fechado. ─ ele concordou, virou a chave do banheiro, trancando-o e então andou mais alguns passos na direção dela. Não estava tão próximos, cerca de dois metros o separavam, mas o clima de tensão ali estava enorme. ─ Você é de...
─ Espere. ─ ela o interrompeu no meio da pergunta e ele ergueu a sobrancelha, esperando. Ela parecia nervosa. ─ Tudo que eu responder, ficará aqui. ─ disse, sabendo que estava entrando em um jogo perigoso. ─ Você pode fazer o que quiser com as informações, mas apenas você saberá delas! Ninguém mais da sua família, por favor. ─ pediu e ele estava ficando interessado com aquilo. Talvez ter mais uma nova brincadeira na sua vida não fosse ser tão ruim quanto ele imaginara.
─ Você é de Nova Iorque? ─ pergunta simples, mas que se a resposta fosse conversada entre os irmãos, Alfonso e Anahí, ela seria desmascarada. Entretanto para ele, ali, não podia e nem conseguia mentir.
─ Não. ─ suspirou e ele assentiu. Por isso seu investigador não tinha achado ela por ali. Teria que procurar em outros lugares também. ─ Próxima, com um assunto diferente, nada mais que envolva lugar.
─ Esperta. ─ ele ponderou. ─ Tem parentes vivos? ─ mais uma vez tensa... família era um ponto fraco, ele constatou, descobrindo exatamente o que queria saber.
─ Sim. ─ respondeu em um tom de raiva ou de tristeza, talvez de um misto dos dois, virando o rosto como se não quisesse lembrar daquilo.
Ele assentiu, pensando bem no que viria depois... era a última pergunta. Ele tinha que fazer algo útil, então aproveitou que o olhar dela não estava nos olhos dele e desceu o olho sobre o seu corpo, parando nos seios e em seguida a olhando de novo.
─ Seus filhos... ─ ela o olhou rapidamente. Então ele viu a dor passando pelos seus olhos e pode jurar que eles brilharam em lágrimas imediatas que ela, rapidamente, escondeu. Quase que da mesma forma que ele conseguia fazer.
─ Como você sabe que são... Anahí. ─ ela mesma chegou a conclusão e ele assentiu, óbvio.
─ Eles estão em Nova Iorque? ─ indagou e ela respirou fundo, agradecendo aos céus por aquela ser a última pergunta.
─ Estão. Agora se me dá licença. ─ concluiu e ia passar na direção dele, mas assim que chegou ao seu lado, ele a puxou pelo pulso, adquirindo uma postura irritada. As expressões rígidas dos dois demonstravam a raiva que sentiam... mais uma vez. Os olhos fulminavam. Algo iria acontecer ali... a guerra, estava próxima a se iniciar e eles sentiam isso. Entretanto Alfonso já estava saindo disparado na frente com aquelas informações sobre a vida de Maite... e sabe-se lá Deus de que maneira ele usaria aquilo contra ela.