Olá! Um passarinho verde previu o futuro e me contou que muita gente vai ficar confusa com o capítulo que ele tá mandando aí. Beijoss e desculpem a demora para postar. Faculdade começou com tudoo!
Pela primeira vez na vida, uma mulher deixara Alfonso Herrera sem palavras. A verdade era que dentre todas as opções que ele poderia pensar e pensou que ela diria quando a mesma afirmou que lhe faria três pedidos, nenhum em sua mente envolveria Serena... e muito menos um passeio entre eles três. Que diabos aquela mulher estava tramando agora? E depois que ela concluiu a fala, simplesmente se virou saiu dali, subindo para o seu quarto e o fazendo ficar ali, enquanto ele decidia entrar no jogo dela. Seu plano era simples... realizar os três desejos da mesma, descobrir o que ela realmente queria com ele e sua filha – cuidando para que a mesma não fosse machucada de jeito algum por aquela mulher – e em seguida acabaria com ela. Xeque mate.
Do andar de cima, Maite entrava no quarto e depois de fechar a porta, se encostava na mesma respirando fundo e se perguntando quando ela ficou louca de pedir aquilo a um homem que ela detestava, o qual o máximo que ela desejava era distância. Mas fizera aquilo por Serena. Já que elas teriam que se despedir em breve, que fosse pelo menos depois de fazer a menina um pouquinho mais feliz. Mas parte dela tinha quase certeza que Alfonso não cumpriria nada do combinado. Restava esperar o dia seguinte chegar...
─ Eu não acredito. ─ foi Maite quem falou, às três da tarde do dia seguinte, uma terça feira, quando ela recebeu duas caixas e duas sacolas no andar de Alfonso que estavam em seu nome e no de Serena. ─ SERENA, SERENA, VEM CÁ! ─ gritava empolgada e a menina, que havia ido pegar uns livros para elas lerem juntas chegou correndo na sala, franzindo o cenho para Maite que olhava minimamente feliz para duas caixas e duas sacolas sobre o sofá.
A morena não havia comentado em momento nenhum com a pequena loirinha sobre o pedido que fizera a Alfonso, afinal, tinha quase certeza que ele não cumpriria. Mas ali, bem na sua frente estavam dois patins, junto as roupas bem quentinhas especialmente para quem patinava no gelo.
─ Adivinha quem vai ser a pequena princesa que irá aprender a patinar no gelo hoje junto com a Maite e o papai Alfonso? ─ indagou com um imenso sorriso e viu quando Serena arregalou os olhos, largou os dois livros que segurava no chão e abriu a boca em total surpresa, para tentar falar algo.
─ E-e-eu... Eu vou... Mai, é sério? É sério mesmo? ─ e só foi a morena assentir, que Serena correu na sua direção, pulando em seu colo e a abraçando com força, falando inúmeros “obrigada” para a mesma. Felicidade era o único sentimento que lhe fazia presente ali.
Logo o motorista chegou e Maria informou as meninas que elas teriam de descer. Com as mesmas roupas que estavam vestidas, elas só fizeram prender o cabelo, pegar as caixas e as sacolas e descerem juntas até a entrada principal do prédio, onde o motorista as esperava. Quando entraram no quarto, Alfonso não estava, e Serena fez uma carinha triste, mas Maite prometeu a ela que o pai iria... não era possível que não fosse! Ou era? Mas assim que chegaram ao tal “parque de gelo”, como Serena dissera, elas entraram no local e lá estava Alfonso, encostado na barra que cercava a pista de gelo, esperando por elas. Maite sorriu instantaneamente... o filho da puta pelo menos não agiu como tal naquele momento.
─ Papai! ─ a menina gritou e correu na direção dele, que a segurou em um reflexo, enquanto ela o abraçava pelo pescoço. ─ Obrigada, obrigada, obrigada, eu tô muito feliz! ─ a menina disse empolgada e Maite percebeu o quão Alfonso ficava desconfortável com aquele momento... era estranho, como se ele mesmo amando a filha, não quisesse estar perto da mesma.
─ Vá vestir sua roupa ou ficará empedrada aqui dentro. ─ ordenou, colocando-a no chão e a menina assentiu prontamente, feliz. ─ O banheiro fica logo ali.
─ Vamos, Mai! Rápido! ─ a menina chamou e Maite sorriu, seguindo-a, antes de trocar um olhar rápido com Alfonso, tentando transmitir um “obrigado” pelo brilho no olhar que ele captou bem, e virou o rosto em resposta, cruzando os braços, entediado. Logo elas voltaram e só faltava colocar os patins. Então elas seguiram Alfonso até o portãozinho de entrada para a pista, e o mesmo colocou Serena sentada em frente a um dos banquinhos que ali ficavam, calçando os patins da mesma enquanto ela não parava de tagarelar sobre como a pista era mais bonita e muito mais legal pessoalmente. Maite sentou do lado da mesma, colocando os patins, sem deixar de notar o olhar debochado de Alfonso na sua direção, que ela não entendeu, mas ainda assim ignorou. Quando terminou de calçar o de Serena, ele calçou rapidamente o seu, se levantando.
─ Como foi ela quem teve a ideia, Maite será a primeira a demonstrar suas habilidades em pista, enquanto eu e você apenas a observamos, okay?
─ Certo, papai! ─ concordou e olhou feliz para Maite, que ria, finalmente entendendo o olhar que ele lhe lançava. Ela claro que ele achava que ela não sabia patinar... como iria saber afinal, se para ele, ela não passava de uma mendiga? ─ Você vai, Mai?
─ Claro, querida. ─ disse sorrindo docemente para ela e quando virou para Alfonso, piscou debochada para o mesmo, que esperou, apertando os olhos na direção dela e cruzando os braços, na pose de sempre que ele fazia que seria realmente sexy que se ele não fosse ele para Maite.
Então ela caminhou até o portãozinho e o abriu, pisando no gelo e travando no exato momento. Ela ouviu a risada de Alfonso, mas aquilo não a atingiu... o que estava lhe atingindo naquele momento eram as memórias da última vez que ela pisara em uma pista como aquela... sua antiga vida... seus antigos vícios e costumes... oh, aquilo doía em seu coração. Então ela apertou o portão, hesitando.
─ Tá com medo, Mai? Não tenha... se você cair, o papai te salva. ─ Serena falou e Maite quase riu... capaz dele empurrá-la no chão, e não a salvar. Mas as palavras de Serena a trouxeram para o mundo real, e então ela finalmente pôs o outro pé no gelo, levando uns segundos até conseguir o seu equilíbrio, ganhar confiança e virar para Serena e Alfonso.
─ Tá pronta pra ver a melhor patinadora do gelo que já viu, Serena? ─ a menina assentiu, batendo palminhas e sorrindo, enquanto Alfonso a olhava com as sobrancelhas arqueadas. ─ Pronto, querido Ponchito? ─ apenas Serena não notou o tom de deboche no apelido de Alfonso que ela usara no diminutivo e ele quase espumou de raiva ali.
─ Pronto, querida. ─ respondeu na mesma ironia e ela riu abertamente, antes de começar seu verdadeiro show.
Foi como se seu corpo estivesse em câmera lenta. Ela virou de costas para eles e o enorme cabelo preso em um rabo de cavalo chacoalhou, e então eles viram ela pegar impulso para frente e deslizar normalmente pelo gelo, só que rápido, até chegar no meio da enorme pista e erguer uma perna para trás, fazendo uma verdadeira pose de bailarina, só que sobre o gelo, o que era extremamente difícil. Alfonso arregalou os olhos, chegando para frente e vendo cada movimento sutil que ela fazia, em uma verdadeira dança sem música ali.
─ Me pega no colo, papai, quer ver direito! ─ Serena pediu animada e ele o fez, levando-a para perto da barra e sentando-a ali, enquanto segurava seu corpo com um braço, sem conseguir tirar os olhos de Maite. Mas de onde aquela mulher verdadeiramente saíra? Quem ela realmente era? ─ Uau, ela... ela parece uma princesa bailarina, papai...
Maite esqueceu por um momento que estava sendo observada. Então apenas girava, deslizava, fazia uns passos que mesclava o balé e a ginástica e se sentia livre ali. Seu corpo era leve, ela claramente tinha elasticidade e anos de prática naquilo. Então Alfonso viu ela deslizando em ré, enquanto se afastava do centro da pista e estava tão vidrado na mesma, que soube o que ela faria, e apertou a mão na barra... não podia ser. Tocando em um lado da barra, ela sorriu sozinha ali e tomou impulso pra frente, indo com tudo até o meio da pista, onde simplesmente pulou com as pernas abertas, uma para frente e a outra para trás, executando um salto perfeito e tocando o chão meio agachada (ainda com uma parte em frente da outra), onde continuou deslizando naquela posição até erguer o corpo novamente em mais um pulo perfeito complementado com um giro. Quando seus patins tocaram ao chão, perfeitamente, ela curvou o corpo em direção aos dois que a observavam boquiabertos, completamente sem palavras, em sinal de agradecimento e quando o ergueu, ouviu as palmas e gritinhos de uma Serena empolgada, que sorria sem parar e falava várias coisas a Alfonso, que a olhava de maneira tão intensa que a deixara desconfortável. Então ela riu para a menina e se aproximou dos dois, devagar, afinal estava um pouco tonta.
─ Nossa, Mai, você é a melhor, ela é a melhor mesmo papai, você viu? Ela... ela parecia um anjo, e uma princesa, e uma fada... tudo ao mesmo tempo, eu... eu quero ser igual você, Mai. Quero ser igual você quando eu crescer! ─ aos ouvir aquelas palavras de Serena, Alfonso ficou rígido e a pegou bruscamente no colo, colocando-a no chão e praticamente a puxando em direção a pista.
─ Não temos o dia todo aqui e já perdemos muito tempo com o seu show exibicionista. Quer patinar, Serena? Vá! ─ e soltou a mão da menina, que como ainda não tinha equilíbrio, caiu imediatamente pra frente e foi aí que aconteceu.
Ao ver a menina caindo, Alfonso se deu conta do que fez e rapidamente deslizou até ela segurando-a pela cintura no mesmo momento que Maite deslizou até ela, fazendo o mesmo movimento que ele. Suas mãos pequenas ficaram sobre as deles e quando os dois ergueram o rosto para se olharem, estavam cara a cara. Ninguém soube dizer o que aconteceu, mas eles, sérios e impassíveis como sempre se tratavam, não conseguiram desviar mais o olhar. Os olhos dele desceram imediatamente para a boca dela e vice-versa. Foi automático, eles não puderam controlar. Quando Serena levantou a cabeça para olhá-los e viu a proximidade dos dois, prestes a se beijar como ela já havia visto várias vezes nos filmes, ela apenas tapou os olhinhos e fora justamente aquela ação que fizera Maite e Alfonso voltar para a realidade.
─ Você está bem? ─ os dois perguntaram na mesma hora, depois de coçarem a garganta em sincronia, erguendo o corpo e mirando a menina entre eles, que assentiu.
─ Você me dá a mão aqui... e você aqui. ─ ela disse pegando a mão do pai em sua cintura e com a outra, puxando Maite para o lado dela. ─ Vamos! ─ disse empolgada e Maite riu.
─ Vamos, mandona.
E eles foram andando com a menina do jeito que podiam... Às vezes Alfonso soltava a mão, e quando Maite ia soltar, ela perdia a coragem e segurava a dos dois de novo. E o tempo foi passando sem que eles percebessem, até que a menina finalmente conseguiu ficar em pé sozinha.
─ Isso! Isso, Serena! Agora deslize um pé pra frente, firmando bem no chão e já puxe o outro... e assim sucessivamente, vai!
Maite dizia animada e a menina foi seguindo suas palavras, até que foi dando seus primeiros “passos” sozinha ali, fazendo Maite rir animada e olhar Alfonso, ainda com um sorriso no rosto. Verdade seja dita, ali ela sequer estava lembrando mais que ele era um cretino, só estava feliz pela menina.
─ Eu consegui! Eu finalmente consegui, Mai. Olha, papai! ─ ela dizia animada sem olhar pra trás enquanto andava pra frente sem ter noção do quão estava se afastando deles.
─ Ela vai cair em... ─ eles falaram juntos, exatamente no mesmo momento e se entreolharam rapidamente, estranhamente sem jeito, antes de voltar os olhos para a Serena e começar a contar.
─ Um. ─ Maite puxou.
─ Dois.
─ Três. ─ ela concluiu a contagem e foi quando a menina se virou de vez pra eles, caindo de bunda no chão, com os olhos enchendo de lágrimas no mesmo momento. O instinto de Maite foi deslizar na direção dela, mas foi freada pela mão firme de Alfonso que segurou seu braço e fez ela virar na direção dele.
─ Se você for lá e ajuda-la a levantar dessa vez... ela jamais vai aprender a cair e levantar sozinha. ─ falou e ela engoliu a seco, por que estava tão... mexida, talvez, com os toques e palavras ditas de Alfonso com aquela voz rouca e séria de sempre? Então se afastou rapidamente do mesmo, se achando louca por pensar naquilo e assentiu, se virando para Serena e vendo ela lutar pra se levantar sozinha... E quando o fez, continuou andando por ali, independente, se divertindo sozinha enquanto aprendiz a andar de patins, e o ato fez Maite virar feliz para Alfonso, sem sequer perceber que ele já olhava antes dela se virar para o mesmo. A morena sorriu.
─ Tem razão... ela precisa se virar. E tá fazendo bem. ─ elogiou e virou o rosto para olhá-la. Foi uma pena... pois se não tivesse virado, talvez teria visto o sorriso de lado que ele deu, tão autêntico, que sequer sentiu.
Parecia que as coisas estavam mudando ali...