Maite e Alfonso entraram no carro. Ela no fundo, pegando a calcinha rapidamente na bolsa que havia deixado no carro e a colocando o mais rápido que conseguiu, tinha medo de alguém vê-la fazendo aquilo. Alfonso sentou na frente pegando a base e o pó que ela havia simplesmente jogado no colo do mesmo antes de sair do fundo do carro batendo com força a porta. Então foi para o banco da frente, batendo a porta mais uma vez e a raiva dela a troco de nada estava começando a irritá-lo. Ela pegou com grosseria a base da mão dele e a abriu, pegando a palma da mão de Alfonso e despejando um pouco de base em um dos seus dedos.
─ Passe. ─ Falou seca.
─ Que inferno foi agora? Fodi você e agora ficou irritadinha? ─ Indagou e ela revirou os olhos, bufando e começando a balançar a perna impacientemente.
─ Cale a boca, imbecil. Nem tudo no mundo se resumo ao seu sexo.
─ Você passou a porcaria dessa merda de blush, ou sei lá que raios é isso, antes de saímos de casa, qual o fodido problema que lhe impede de passa-la agora?
─ Isso é um pó, seu animal. E isso no seu dedo é uma base, passe no olho, vamos lá... você não é burro.
Alfonso grunhiu irritado, apertando os olhos na direção dela.
─ Condenada seja, se eu colocar isso no meu olho por um chilique seu, vou acabar com sua raça ao chegarmos em casa, Maite.
Ela deu de ombros, cem por cento nem aí para o que ele falou, mas quando virou a cabeça para o lado viu ele levar o dedo praticamente para dentro do olho, sem nenhum senso de direção, e praguejou, completamente estressada, erguendo o corpo e passando para o colo dele, possessa. Ele não esperava por aquilo e só teve tempo de pegar o pó compacto do seu colo e segurá-la pela cintura, em um reflexo.
─ Você é engraçado seu maldito animal imbecil. Sou uma vagabunda, imunda, suja, um lixo, menos que um nada a ponto de não poder nem te tocar porque certamente eu devo ser muito indigna de tocar o rei do mundo mesmo, mas é só ter um olho roxo para eu cuidar ou um pau para masturbar que você me chama, pede minha ajuda. Honestamente, Alfonso, vá a merda!
Ela falou irritada, enquanto passava a base no rosto dele e, estranhamente, mesmo quase tremendo de raiva conseguia fazer delicadamente, de modo que ele não sentisse nenhuma dor. Ele arqueou as sobrancelhas e sorriu. Ele realmente sorriu para fúria dela que pegou, de propósito, a esponjinha de colocar o pó e apertou levemente no rosto dele. Ele apertou os olhos para ela, mas não tirou o sorriso divertido dos lábios.
─ Então é isso? ─ Indagou. As mãos ainda estavam na cintura dela, que agora espalhava a maquiagem pelo rosto de modo que ninguém percebesse a diferença. ─ Isso que está te irritando? ─ Perguntou de novo e ela revirou os olhos, sem mirá-lo, apenas concentrada na maquiagem.
─ Eu não estou irritada, Alfonso. Eu não dou a mínima pra você se quer saber! ─ Disse e nesse momento a mão dela desceu para o colo da mesma, só que no processo, a unha dela sem querer passou pelo rosto dele. Não chegou a arranhar, mas ficou vermelho e ela arregalou os olhos. ─ Oh meu Deus, me desculpe, não foi intencional dessa vez. ─ Alfonso sorriu ainda mais e ela fez uma cara de brava que era estupidamente fofa.
─ Não dá a mínima pra mim, sei...
─ Arg! Você me irrita. ─ Disse e ia sair do colo dele, mas ele a segurou com força pela cintura e colocou uma mão nas costas dela, puxando-a para frente e colando os rostos dos dois.
─ Eu realmente te acho tudo aquilo que falou... ─ Ele grunhiu fazendo menção em se afastar de novo, irritada, mas ele a segurava com força ali. ─ Mas não é por isso que não permito que me toque, Maite. ─ Ele falou pela primeira vez realmente sério ali e ela parou de tentar lutar contra ele e o mirou, analisando cada detalhe da sua expressão a partir daquele momento. Ela o viu apertar os olhos e quando ele os abriu novamente, Maite só conseguiu enxergar dor e agonia ali.
Ela franziu levemente o cenho, atordoada. Então ele pegou a mão dela, abruptamente, nem ela esperava por aquilo, e a levou até o seu peito. Era a primeira vez que ela tinha aquele contato permanente das mãos ali. E sentiu todo o corpo dele retrair, a respiração ficar mais rápida e ele apertar os olhos, como se tivesse lembrando de algo ruim, como se ao invés de apenas tocá-lo ali, ela estivesse puxando sua pele com força, quase que a arrancando, de tanto agonia que ele demonstrava. Ela tentou puxar a mão na mesma hora que sentiu a dor dele de forma tão intensa que parecia ser com ela também, mas ele a prendeu ali, sendo masoquista por alguns instantes. Quando a mão dele tremeu sobre a sua e a agonia já era imensa para ele, ela não aguentou e deu um jeito de se soltar, os olhos marejados pela dor tão grande dele que acabou afetando-a, inesperadamente.
Então ela lembrou.
08 ─ Abrace-o todas as vezes que lhe der na telha que deve, todas as vezes que você ver a dor passar pelo olhar dele.
Ele abriu os olhos e, ainda agoniado, franziu levemente o cenho ao ver os olhos dela marejados. O que veio a seguir o surpreendeu ainda mais, o desarmando e fazendo com que ele ficasse sem reação.
Ela simplesmente o abraçou.
Puxou o corpo dele levemente para frente e o abraçou. Os dois braços ao redor do pescoço dele, levando uma mão aos seus cabelos e os acariciando de maneira tão terna que ele fechou os olhos, ainda atordoado, ao sentir o carinho. Ele não teve reação por um bom tempo. Não sabia como reagir aquelas demonstrações. Verdade seja dita teve muito pouco demonstrações de afeto como aquela e apesar de querer resistir com todas as suas forças aquilo, ele simplesmente não conseguiu. O corpo não respondia as suas vontades e ele apertou os olhos com força quando levantou um braço apenas e posicionou uma mão nas costas de Maite, retribuindo – da maneira dele – aquele abraço. Maite abriu os olhos e sentiu seu coração acelerar sem saber o que vinha depois daquilo... estava sem graça e não sabia como se afastar e ter que olhá-lo e dizer algo a ele depois de toda aquela estranha aproximação. Foi então que ela virou a cabeça para o lado e viu que ninguém mais, ninguém menos que Katrina Herrera estava parada em frente a porta da mansão, os braços cruzados, olhando com uma fúria que podia ser notada a distância pelo contato árduo de Maite e Alfonso e aquela foi sua deixa.
Ela se afastou dele e os dois se olharam intensamente depois daquilo. Maite sorriu, descaradamente, atuando muito bem com Alfonso nos segundos seguintes.
─ Temos plateia, querido, nós fazemos realmente um belo espetáculo juntos. ─ E piscou, saindo do colo dele e passando para o outro banco antes de abrir a porta do mesmo e sair do carro, sorrindo e piscando mais uma vez, só que agora para Katrina.
Alfonso não demorou muito a sair do carro, ainda confusa e estranhamente... sentido, com a cena anterior. Mas sentiu alivio ao saber que era só uma atuação de Maite porque tinha gente olhando para eles. Ao menos era o que ela queria que ele achasse... que tudo era apenas uma atuação. Naquele momento também, Maite e Katrina viram quando um carro preto chegou ali e Alfonso foi até ele, pegando algo em uma sacola delicada e andando na direção de Maite em seguida.
─ O presente da sua mãe? ─ Ela indagou quando ele passou um braço pela sua cintura e subiu os degraus da mansão com ela.
─ Isso, e um brinde a mais. ─ Informou e os dois pararam em frente a Katrina. ─ Algum problema? ─ Ele indagou em frente a prima.
─ Vocês estavam transando dentro do carro em frente a própria casa da sua mãe? ─ Indagou possessa de raiva, a vontade dela era avançar contra Maite e arranca-lhe o pescoço sem exagero de expressões. Alfonso riu.
─ Não, bela Katrina. Mas se estivéssemos quem seria você para dar lição de moral? ─ Maite não entendeu a referência, mas também não ligava para aquilo no momento, Katrina a entediava. A ruiva grunhiu com a resposta do primo.
─ Sabia que sua namorada é uma mentirosa? Ela atendeu o seu celular e me afirmou que você e ela eram noivos. ─ Ela riu debochada. Péssimo dia para ser Katrina Herrera, realmente.
─ Oh, mas somos! Ela não mentiu... ─ Ele e Maite sorriram falsamente simpáticos ao mesmo tempo para Katrina e ela quis avançar nos dois pela infeliz sincronia. ─ A propósito, vamos logo para dentro, irei oficializar e divulgar o nosso noivado para a família agora. ─ Avisou na maior plenitude e passou por ela ainda abraçado a uma Maite que olhava Alfonso com os olhos arregalados.
Como assim oficializar e divulgar o noivado agora?
Aquilo, definitivamente, não estava em seus planos.