─ Com licença.
O barulho de uma pequena colher na taça foi ouvido por todos que pararam de conversar e olharam para Alfonso. Ao ver que todos o olhavam com atenção em um completo silêncio ele sorriu falsamente – mas ninguém além de Maite percebeu a falsidade no ato ali – e pôs a colherzinha que pegara em alguma das bandejas e a taça que tinha em mãos apoiadas sobre a lareira que enfeitava aquele local e tinha uma parte de maneira específica atrelada a ela para apoiar as coisas.
─ Bom, desculpe interromper as conversas, mas eu precisava abrir um parêntese no dia de hoje primeiro para felicitar nossa fantástica e fabulosa mãe, Ruth Herrera ─ Ele piscou para ela que sorriu orgulhosa. ─ E para que eu fizesse um comunicado importante para todos que estão aqui e logo, são a base da nossa família. ─ “Com exceção a alguns”, ele e os outros irmãos completaram na mente.
─ O que ele vai me inventar agora? ─ Anahí indagou baixinho para os irmãos.
─ Primeira vez na história que vejo Alfonso dando um discurso familiar, não atrapalhe em nome de Cristo. ─ Christopher sussurrou de volta e Dulce riu, abraçando-o de lado.
─ Primeiramente, mãe, espero que a senhora saiba do quão eu sou grato por tudo que fez e faz por mim desde o dia que me encontrou naquela noite... ─ Maite franziu o cenho no momento, “o encontrou”? Ele não era filho legitimo? ─ Todos aqui sabem que eu, assim como Paul fomos adotados e o tal Deus que minha mãe acredita não poderia ter feito escolha melhor no mundo para ser minha mãe que não fosse a senhora, dona Ruth. Espero que esteja ciente de que meu sentimento por você é enorme, um dos maiores que têm. Sinto muito não demonstrar isso sempre, digamos que demonstrações de afeto não fazem muito o meu tipo... ─ Ele fez uma careta e todos riram. Maite tinha um sorriso orgulhoso brincando nos lábios, mas ninguém além de Ruth, Elias, Anahí e Katrina estavam atentos a isso. Nem ela mesma percebia. ─ Esse presente aqui não é nada comparado ao que a senhora merece... ─ Ele disse e ela foi até ele, abraçando-o com força, emocionada.
─ Muito obrigada, querido. Eu amo você também... ─ Sussurrou no ouvido dele que a apertou em seus braços, tirando uma caixinha de dentro da sacolinha que tinha em mãos e lhe entregando.
Ruth adorou. Era um conjunto de joias que ninguém precisava ser expert no assunto para perceber que custou muitos zeros na conta de Alfonso, que certamente não fazia diferença nenhum na vida do mesmo. O curioso foi que depois de todo o agradecimento dela, o abraço e tudo mais, Alfonso puxou mais uma caixinha de dentro da sacola e certamente o que teria dentro da mesma era um anel. Maite gelou de onde estava e seu estômagos começou a dar voltas... ele realmente assumiria o falso noivado ali. Katrina estremeceu em ódio, sabendo exatamente o que aconteceria ali.
─ Amor diga que ele não vai fazer isso... ─ Anahí gemeu baixinho, atordoada e Jared pôs a mão na cintura dela, segurando-a firme.
─ Ele vai... infelizmente, ele realmente vai.
─ A vida é mesmo imprevisível... ─ Começou a dizer. O coração de Maite parecia saltar pelo boca. Helen, Enrico e Ian estavam atônitos, boquiabertos. ─ Há muito tempo atrás... Christian e eu estávamos lá fora conversando sobre algum assunto banal e era aniversário da nossa mãe, assim como é hoje. ─ Ele riu de lado com a lembrança. Sorriso triste e sincero, Maite notou novamente. ─ Anahí e Elias desceram do carro em uma cena engraçada de se ver... ─ Contava e os olhos de Anahí marejaram na hora. Ela sabia exatamente o que ele ia dizer e, além disso, a saudade lhe acertou em cheio. Até Elias sentiu a dor, engolindo a seco e desviando o olhar de Alfonso. ─ Ele estava tranquilo, sereno, caminhava como se nada tivesse acontecido; já ela... vinha logo atrás como um verdadeiro furação que já estamos acostumados a ver ela ser. ─ Alguns riram. ─ Então ela falou “papai, como o senhor não está desesperado? Era uma JOIA RARA”, sim, ela gritou o joia rara, muito, muito alto, a propósito. ─ Risos de novo. ─ “A mamãe te deu uma joia rara e você perdeu... simplesmente perdeu; e você não está nem aí... como pode?!” ela repetiu diversas vezes e vimos quando Elias parou de andar e olhou para ela. Ele tinha um sorriso nos lábios... e disse, exatamente com essas palavras: “Sua mãe é a minha joia rara, Annie. Ruth Herrera é a joia mais rara que eu posso possuir na vida. Não existe ninguém como ela, assim como o brilho que ela tem para mim não será visto igualmente em nenhuma outra que ousar aparecer no meu caminho. Diferente de um simples objeto que aquela joia, apesar de ser realmente bela e valiosa, é, Ruth Herrera é a pessoa mais rara, única e importante da minha vida, filha. Minha joia rara é uma pessoa e eu trocaria milhões de diamantes, trilhões de diamantes, só para acordar todas as manhãs ao lado dela. Você consegue me entender?! Acredito que ainda não, mas um dia você irá. E quando a sua joia rara chegar na sua vida você vai saber só de olhar, e nesse dia, filha... nesse dia você irá perceber que dinheiro não é nada, que objetos de suposto valor não são nada. Nesse dia você vai fechar os olhos e, misteriosamente, perceber que diferente do que você faria com uma joia rara objeto, você daria a vida para proteger uma joia rara pessoa que, sem você nem esperar, chegou na sua vida.”.
Ao terminar de contar, todas as mulheres, com exceção a Katrina que não parava de olhar fixamente para Maite, os olhos explodindo em ódio, e Helen que era despeitada por natureza, estavam emocionadas. Anahí selou os lábios de Jared com o discurso e ele sorriu, lhe sussurrando “minha joia rara”. Dulce olhou Charlie brincando no tapete e em seguida olhou Christopher, que fez o exato caminho com o olhar antes de sorrir para ela e a abraçar com força, ela com as costas colada no peitoral dele. Paul acariciou a mão de Candice e lhe sorriu.
─ Christian deixou para mim uma carta há algum tempo atrás me dizendo basicamente “Maite é a sua joia rara. Seja feliz” e a primeira coisa que eu pensei foi: esse cara só podia estar louco. ─ Risadas foram ouvidas, Serena foi até Maite vendo que ela havia derrubado uma lágrima e a abraçou de lado. A morena sorriu para a menina, acariciando seus cabelos. ─ Mas Christian Herrera mais uma vez tinha razão... e ela realmente é. ─ Disse. Os olhos focados nos de Maite e aquilo seria a coisa mais linda do mundo se não fosse uma oura atuação, ela pensava. ─ Não imaginei que a minha joia rara chegaria da forma que chegou, ou que seria tão impossivelmente difícil de lidar e conviver como ela é, mas... ─ Mais risadas e até Maite riu. ─ Mas ela não deixa de ser a minha joia rara por isso. No mais, ignorando absolutamente todos que nos acharem precipitados... eu só tenho que te fazer uma pergunta, Maite.
Ele caminhou em direção a ela e pegou sua mão. Notou que ela estava gelada e que a mesma tremia. A caixinha já estava aberta e ela viu quando dois anéis brilharam ali dentro.
─ Você aceita ser, oficialmente, minha noiva? ─ Indagou e Serena arregalou os olhos, entendendo, em seguida abriu um sorriso tão grande que só incomodou mais algumas pessoas ali...
─ Aceita, Mai. Aceita! ─ Alfonso teve que se controlar para não franzir o cenho ali. Serena estava apoiando? Ele já devia imaginar, mas... foi realmente surpreendente para ele a maneira com que ela estava empolgada, dando pulinhos animados e esperando ansiosamente a resposta de Maite.
─ E-eu... ─ Ela gaguejou, lembrando de tudo que havia por trás daquilo e gaguejou. Ele apertou suavemente sua mão, então ela forçou o riso. “É tudo uma mentira, Maite. Por que está tão abalada?” se perguntou antes de responder. ─ É claro que eu aceito.
E estava feito.
Que os jogos começassem.
Primeiro ele colocou a aliança de noivado no dedo dela, em seguida ela fez o mesmo com ele. Eram belas e delicadas, feitas em ouro branco de modo que o dela havia um diamante pequeno, sutil. Ambos brilhavam. Deu tempo deles sorrirem do “uau” que Serena soltou antes deles se abraçarem e se beijarem. A questão ali era clara: os irmãos e suas respectivas esposas sabiam/desconfiavam que era atuação, mas se um Herrera entra em uma furada, todos (ou a maioria deles) entram juntos. Por isso, todos bateram palma, fizeram um coro de comemoração e assobiaram quando eles se beijaram. Alfonso achou um tempo antes das felicidades que todos iam desejar a ele para olhar Katrina e notar o seu mesmo olhar quase assassino na direção de Maite, assim como ela olhava para a morena durante todo o discurso dele... É, nada bom.
─ Você! Espere.
Katrina virou-se para olhar para trás com fúria, os cabelos cacheados ruivos chicoteando no ar, ela estava vermelha. Alfonso a seguiu assim que o foco saiu dele e Maite. Conseguiu alcança-la já no fundo da mansão, já que ela andava em direção a piscina do local que era o que dividia a mansão de uma espécie de área verde que era repleta de lugares de lazer que pertenciam a família.
─ Que diabos quer comigo, Alfonso? Não já está satisfeito?
─ Satisfeito por...? ─ Indagou sem paciência.
─ Depois do que passamos naqueles quatro dias você me aparece aqui NOIVO daquela sem sal, Herrera? Eu não acredito nisso! Ainda estou procurando a pegadinha, porque verdade aquilo com certeza não é. ─ Ela esbravejava, possessa. Suas mãos tremiam.
─ Não passamos absolutamente nada nesses quatro dias. Em todos eles você tentou me beijar, tentou fazer com que nós transássemos e eu te recusei, como sempre. Se seus lábios encostaram nos meus por, sei lá, dois segundos, foi muito, e apenas por um deslize meu. ─ Cortou duro e ela gemeu atordoada de fúria.
─ Você é um grande cretino. ─ Cuspiu irritada.
─ Eu vim aqui te falar apenas uma coisa, Katrina. ─ O tom que ele usou foi tão ameaçador que qualquer um ali tremeria na base, porém Katrina não tinha medo dele... eles eram de igual para igual ali, ou ao menos era isso que ela pensava. ─ Um dedo... só precisa encostar um dedo nela e eu acabo com a sua raça sem dó. ─ Aquele olhar... ela conhecia aquele olhar dele. Usava geralmente quando estava sendo totalmente verdadeiro e sanguinário. ─ Vi o seu olhar para ela durante praticamente todos os momentos naquela sala. O olhar que já vi muitas vezes antes de você matar alguém sem piedade. ─ Revelou e a cada segundo a raiva de Katrina por ele estar defendendo aquela mulher só aumentou. ─ Fique ciente, Katrina, um dedo. E você... ─ fez um sinal de explosão com a mão e a viu sorrir.
─ Não farei nada com a sua amada, Alfonso... ─ Disse em um tom debochado, sem um pingo de medo dele e viu o mesmo assentir, dar as costas e sair dali. ─ Ainda não...
Completou sozinha e virou-se, pegando o celular no bolso da calça que ela usava e discando rapidamente um número.
─ Herrera. ─ Alguém atendeu.
─ Jason?
─ Óbvio.
─ Seu irmão está noivo... sabia?
─ Que porra é essa, Katrina? Ele não é louco de se envolver com outra pessoa depois do que houve com ele e Belinda.
─ Oh, ele é. E a mulher não me cheira a coisa boa... Maite, o nome. Quero que você descubra tudo sobre ela. Acho que com a chegada dessa mais nova integrante na família, minha vida vai ficar mais interessante...
─ Não vai deixa-la em paz, não é? ─ Ele indagou quase rindo no processo, tão perverso quanto a que falava.
─ Claro que vou, priminho... na mais pura paz do seu próprio inferno.
Maite que se cuidasse... De repente, seus inimigos surgiam de todos os lugares possíveis.
Katrina Herrera.
Todo mundo confuso com esse tal de Jason que chegou aí? E com esse lado sombrio e sanguinário da família Herrera? Palpites sobre o que vem por aí ou tá tudo no mistério mesmo? Katrina tinha que ser essa atriz... sério! A cara dela não nega... Aguardem os próximos capítulos!!!