Quando Maite e Alfonso chegaram na mansão de festas dos Herrera, esperaram um bom tempo para descer do carro. Cada casal entrava de uma vez e a agonia estava formada, os flashes, as perguntas, um aglomerado de atenção que Maite realmente não estava acostumada.
─ Eu vou sair primeiro e o chofer tomará meu lugar. Darei a volta e você irá entrar comigo. ─ Ela avisou e ela assentiu com os pensamentos distantes. Tudo o que Christian havia dito naquela carta não parava de ecoar na sua mente enquanto ela se perguntava qual seria o passado de Alfonso. Então ela tirou o cinto e colocou o presente de Serena no fundo do carro, ele franziu o cenho.
─ Entregarei a ela na volta. ─ Disse apenas. Sabia que a menina lá dentro muito provavelmente não daria a devida atenção e ela queria reparar cada reação dela ao ver o presente. ─ Veja, Anahí e Jared entraram. ─ Comunicou e Alfonso assentiu, avançando com o carro até a entrada exata em direção ao tapete vermelho. Ele suspirou, olhou Maite e saiu do carro. Logo ela viu o chofer entrar e esperou Alfonso abrir a porta para a mesma.
─ Não precisa ser simpática se não quiser.
Foi a única coisa que Alfonso sussurrou a ela antes de pegar sua mão – um choque parecendo percorrer os corpos dos dois com aquilo – e a guiar com um braço em sua cintura até o tapete vermelho. Assim que Maite saiu do carro, entretanto, os flashes e o barulho se iniciaram novamente. Quando eles pararam sobre o tapete vermelho, Alfonso se manteve sério, impassível, porém Maite sorriu. Dezenas de fotos sendo tiradas por segundo. E eles seguiram andando, lado a lado, o casal era invejavelmente bonito. Mesmo de salto, Maite era menor que ele, batia na altura do seu ombro. Ela era bonita, eles não deixaram de notar o rosto angelical que a mesma tinha que entrava em total contraste com a fama e a expressão de demônio que Alfonso tinha. No caminho eles conseguiram ouvir algumas perguntas e Maite mirou Alfonso como se perguntasse a ele se era ou não para responder, ele mirou-a de volta e foi aí que os flashes explodiram. Eles cara a cara... se olhando tão intensamente que aquele ângulo de foto certamente iria para as capas de revista na manhã seguinte. Então eles finalmente entraram no salão e eles continuaram como o centro da atenção dali. Maite novamente mirou Alfonso com uma cara engraçada, uma espécie de careta reprimida para que ninguém percebesse.
─ Sorria e acene, querida. ─ Ele ironizou em um sussurro e ela riu revirando delicadamente os olhos. A noite seria longa.
Diversas apresentações formais foram feitas. Algumas fotos deles com Serena, juntos e sozinhos, assim como de toda a família junta foram tiradas e eles estavam “livres” para transitar no enorme salão de festas da mansão sem que as pessoas os parassem. A festa era enorme, havia diversas atrações na mesma que deixava Serena confusa do que ia fazer lá, correndo sempre de um lado a outro com algumas crianças que ali estavam. Hora ou outra Maite e Alfonso estavam a seguindo com o olhar, confirmando que estava tudo certo com a mesma. Então, anda juntos, eles caminharam em direção que a maior parte da família estava sentada. Cumprimentaram Ruth, Helen e Enrico – a contragosto de ambas – e se sentaram ali. Depois de um tempo de conversas formais, Serena chegou ali correndo chamando Maite, mas estava animada, então não preocupou ninguém. A morena sorriu e sussurrou um “graças a Deus” que só Alfonso ouviu, prendendo o riso. Sabia que Maite não estava gostando nenhum pouco daquelas conversas formais apenas sobre empresa e tudo mais.
─ Se me dão licença. ─ Ela falou e se levantou, indo em direção a Serena que lhe deu a mão e praticamente a arrastou para o outro lado do salão. Alfonso viu o olhar que Enrico lançou em direção a Maite e franziu o cenho, a expressão fechada, sombria. Foi então que Ruth sentou ao lado dele, séria, e ele esperou.
─ Filho, por favor me diga que esse noivado não é uma farsa por algum motivo que eu realmente desconheço...
─ Por que isso agora? ─ Indagou.
─ Só me diga, Alfonso... eu estou achando vocês dois muito... estranhos hoje. Mas você não seria capaz de mentir nessa proporção, né? Não seria capaz de forçar um noivado, usando um casamento como um simples, sei lá, contrato. ─ Ela deu de ombros.
─ Claro que não, dona Ruth. ─ Mentiu, a expressão impassível.
─ Alfonso, vocês vão se casar em uma semana...
─ Eu perdi Belinda quando éramos noivos, uma semana antes de nos casarmos. Eu não quero mais ter que esperar, mãe. Agora que finalmente abri meu coração para alguém, eu não vejo mais o porquê de esperar... ─ Falou e só então ela acreditou.
─ Oh querido, entendi... desculpe por pensar algo tão absurdo, me desculpe. ─ Pediu pegado as mãos dele e as acariciando.
─ Está tudo bem. ─ Tranquilizou, reprimindo um suspiro cansado. Ele viu Enrico se levantar da mesa e sair. Procurou Maite com os olhos quase que instantaneamente e não a achou, porém viu o homem caminhar na direção que Serena havia ido com a morena. ─ Bom, vou ver como as meninas estão. ─ Disse e Ruth lhe sorriu carinhosamente, assentindo.
Quando Alfonso cruzou o salão viu Enrico numa roda de amigos conversando, porém seguiu o olhar dele fixo em alguma coisa e descobriu que ele olhava Maite – essa, estava abaixada em frente a uma roda cheia de crianças com um pincel na mão, pintando os rostinhos dos mesmos com o que eles pediam. Ele negou com a cabeça reprimindo um sorriso e se aproximou.
─ Papai! ─ Serena exclamou animada, no seu rosto tinha o desenho de uma borboleta e ele já havia ouvido Maite chamar Serena assim algumas vezes. ─ Quer pintar o rosto também? ─ Indagou depois que Alfonso pegou-a no colo e ele ouviu a risada de Maite que ainda estava de costas para ele.
─ Nem que essa fosse a última coisa que eu pudesse fazer no mundo, querida. ─ Disse e Maite riu novamente.
─ Ora, quanta rebeldia... eu desenharia facilmente um lobo no seu belo rosto, querido. ─ Ele ouviu Maite falar. Então colocou Serena no chão e se abaixou levando a boca até o ouvido da mesma.
─ Só se você estivesse vestida de chapeuzinho. ─ Ele ficou satisfeito ao sentir a mulher estremecer e viu o braço da mesma arrepiado. Ergueu o corpo tendo a certeza que muitas pessoas ali observavam os dois e então se virou para Serena.
─ Está gostando da sua festa? ─ Indagou a filha que prontamente assentiu.
─ Sim. Eu amei, papai! Eu gosto muito de circo. ─ A menina afirmou. ─ Mas olha... vem cá. ─ Chamou em um sussurro que Maite ouviu bem e quase sorriu. Alfonso se abaixou ficando na frente da mesma. ─ Eu não gosto muito daqueles palhaços... e eles toda hora vem até mim. ─ Disse e Alfonso e Maite riram.
─ Claro que irão muito até você porque é a aniversariante... mas nada que eu não possa resolver, querida. ─ Piscou para ela que sorriu. Estava amando o pai atencioso com ela da maneira dele.
─ E ah, papai?
─ Hum?
─ No próximo você poderia fazer um baile de princesas pra mim... o senhor sabe, todo mundo de vestidão e os homens de calça e camisa do seu trabalho... eu ia amar. ─ Ela falou assentindo e Alfonso riu de lado.
─ Não abusa, menina... ─ Falou em um tom engraçado, apertando os olhos na direção dela, porém ria. ─ Eu vou pensar. ─ Afirmou e a menina o abraçou, ele arqueou as sobrancelhas porque não esperava, mas retribuiu o abraço.
─ Ele vai fazer sim. ─ Maite sussurrou para a menina, porém claro que Alfonso ouviu.
─ Obrigada papai. ─ Serena disse ao mesmo e piscou para Maite, sorrindo feliz.
Quando Alfonso soltou Serena olhou para Maite com uma expressão ameaçadora e ela deu de ombros, soltando um beijinho no ar para ele que negou com a cabeça, reprimindo um sorriso. Demorou mais um pouco até que Maite acabasse de pintar todas as crianças ansiosas da fila, e nesse tempo Alfonso estava conversando com Jared e Christopher sobre um assunto minimamente sério... e perigoso. Foi exatamente nessa conversa que ele se distraiu por tempo demais e em uma de suas olhadas para Maite viu que ela não estava mais lá. Então parou de falar e olhou para trás, vendo que Enrico também não estava lá, e então seu coração, estranhamente, acelerou.
─ Mas...? Alfonso, prossiga. ─ Christopher disse.
─ Puta merda. ─ Ele esbravejou e voltou a olhar os outros dois. ─ Depois falamos sobre isso.
Disse apenas e deu as costas, indo em direção para o caminho que seu coração pareceu escolher. Jared e Christopher se entreolharam com o cenho franzido, mas decidiram ignorar. Alfonso conhecia aquele lugar de ponta a ponta e tinha quase certeza que Maite sumiu porque tinha ido no banheiro. Ele sabia que os banheiros do andar de baixo não eram individuais... então teve a certeza que algo estava fodidamente errado quando tentou abrir a porta que dava acesso aos banheiros e a encontrou trancada. Nada dava para se ouvir de lá de dentro, a música de criança nunca irritou tanto Alfonso como naquele momento e ele se via em um impasse entre derrubar aquela porta apenas pela maldita sensação que ele tinha de que algo estava errado ou deixar para lá e acreditar que a porta estava trancada por fora, pois naturalmente aquele banheiro não estava funcionando. Derrubar a porta do banheiro do salão da festa da sua própria filha não lhe pareceu o certo a fazer, então ele voltou rapidamente até o salão e puxou pela camisa o primeiro funcionário que viu indo em direção a ala principal do espaço.
Um pouco antes disso...
Maite havia acabado de pintar as crianças e além da sua mão estar um pouco melada de tinta, ela tinha que usar o banheiro, então perguntou a primeira funcionária que viu que lhe indicou prontamente até o mesmo. Então ela lhe sorriu agradecida e entrou no mesmo. Primeiro tratou de tirar as tintas das mãos, e em seguida entrou em uma das cabines no banheiro, a última. Ela ouviu quando outra pessoa entrou ali, porém apenas ignorou. Teve a certeza de ouvir um barulho da porta se trancando, mas pensou estar louca e quando saiu da cabine, recuou um passo rapidamente com o que viu. Enrico estava parado bem ali, olhando-a com um maldito sorriso nojento que ela sentiu vontade vomitar só em ver.
─ O que você está fazendo aqui? ─ Indagou, mas todo o seu corpo já tremia.