─ Eu irei dizer o que você irá fazer aqui, Maite. ─ Falou e ela viu quando ele simplesmente puxou um canivete do bolso, abrindo-o e brincando com o mesmo ameaçadoramente entre a mão enquanto se aproximava dela.
─ Pare com isso... Pare... Você é louco?! Pelo amor de Deus PARE! ─ Gritou se afastando até que seu corpo estivesse colado na parede. Ele parou e sorriu.
─ Ou você chupa o meu pau agora, sua gostosa, ou eu vou realmente te machucar com isso aqui. ─ Ameaçou, doentio, e Maite engoliu a seco.
─ Me machucar e depois o que? Alfonso está lá fora! Encoste o dedo em mim e ele te matará!
─ Até lá você já estará morta e não terá o gostinho de ver. ─ Rebateu e Maite arregalou os olhos. Que tipo de homem era aquele?
─ Vamos lá faça o que eu te peço e os dois saíram daqui felizes...
─ Eu prefiro morrer a chupar um homem tão nojento quanto você.
Maite percebeu que não devia ter dito aqui um segundo depois que disse e viu o homem avançar contra ela com uma expressão monstruosa. Por sorte a primeira coisa que ela pensou e conseguiu fazer foi empurrar a mão dele com o canivete fazendo com que o mesmo voasse longe antes de ter a chance de fincar na sua pele. Então o homem começou a agarrá-la, com força. Maite gritava, o batia, virava o rosto cada vez mais para que ele não encostasse nela, o empurrava, mas ele era absurdamente mais forte. E ela sabia que não adiantava gritar... ninguém ia ouvir. Era um pesadelo em forma de realidade.
─ Maldita era só chupar a droga do pau... agora eu vou ser obrigado a comer você.
Ele falou nojento e as lágrimas dela já caíam. Ela conseguiu evitar que ele fizesse muitas coisas acertando-o com o joelho e pisando em seus pés com o salto que usava, mas o homem não desistia, se afastava e segundos depois já estava de volta tentando puxar o vestido da mesma para cima que Maite agradeceu a Deus por ser longo e dificultar mais ainda o processo dele. Ela pensou em Alfonso.
Alfonso, na verdade, foi a única pessoa em quem ela pensou e orou a Deus para que um milagre acontecesse e ele chegasse ali, porém nem ela mesma acreditava que aquilo fosse acontecer. Foi nesse exato momento, no entanto, que aconteceu.
Minutos antes...
─ Senhor, o-o que foi? ─ O funcionário que Alfonso havia puxado pela camisa indagou alarmado. O Herrera revirou os olhos ao notar que aquele homem já tremia.
─ O banheiro feminino daqui de baixo está interditado?
─ Nã-nã-não, senhor. Algum problema?
─ Você é gago por acaso? ─ Indagou estressado, mas no mesmo momento negou com a cabeça tentando controlar a fúria que sentia. ─ A cópia da chave. Eu quero a cópia da chave daquele banheiro agora! ─ O outro assentiu e correu rapidamente no corredor, Alfonso o seguiu e assim que pegou na chave voltou rapidamente até o banheiro feminino. Mas antes... ─ Nenhuma palavra a ninguém e bloqueie a passagem dos banheiros daqui. Mande usarem o de lá de cima. ─ E saiu correndo. Com certeza o funcionário cumpriria sua ordem.
Maite nem acreditou quando um baque tão forte foi ouvido ali dentro e ela viu Alfonso entrar e ir na direção dela e de Enrico com tanta rapidez e fúria que qualquer pessoa sentiria medo só de ver. Ele arrastou o outro pela camisa e o jogou no chão com tanta facilidade que ela cobriu as mãos com a boca, alarmada e em choque, vendo a porta se fechar novamente com força e Alfonso socar sem parar o homem a sua frente. Eles caírem em frente as cabines do banheiro. Maite ainda estava encostada na porta, chorando, e implorando ao seu próprio corpo que obedecesse a vontade dela de se mexer dali. Mas ela não conseguia... era horrível a sensação. Enrico implorava a Alfonso para parar e esse não conseguia dizer nada de tanta fúria. A cara do homem estava toda acabada, mas foi então que Maite viu ele esticar a mão para dentro de uma das cabines e miseravelmente alcançar o canivete.
O coração da mesma acelerou ali. E o fato daquele homem estar prestes a cravar o canivete em Alfonso foi a única coisa que a moveu do lugar que estava. Alfonso sequer viu como, mas do nada, Maite estava escorregando de joelhos na sua frente e agarrando com força um dos braços de Enrico. Só então ele parou de soca-lo e quando virou para o lado viu o canivete, arregalando os olhos para ela e tirando o mesmo rapidamente das mãos de Enrico que sussurrou um “desgraçada”. Foi o ápice.
Alfonso pegou o canivete e com rapidez mirou-o na direção do pescoço de Enrico, sem sombra de dúvidas, cedo em sua raiva, iria matar o homem se Maite não gritasse naquele momento.
─ NÃO, ALFONSO! NÃO!
Gritou em um pranto que tocou o coração do mesmo e ele parou, a centímetros do pescoço de Enrico. Maite caiu sentada para atrás, dolorosamente aliviada e chorou, passando as mãos pelos cabelos desgrenhados. Alfonso a viu desabar, chegando para trás até encostar na parede e se abraçando ali, parecendo se dar conta de tudo que havia acontecido só naquele momento. Maite não viu ou ouviu quando Alfonso tirou Enrico dali e o obrigou a ir embora pelos fundos afirmando que se alguém o visse ele espalharia a verdade para todos e em seguida o mataria. Os dois se conheciam bem, Enrico sabia que ele não estava brincando e sabe-se lá Deus como o homem, todo quebrado, conseguiu sair dali. Com aquilo, Alfonso trancou a porta do banheiro para ter privacidade com Maite e foi até ela, ainda estava nervoso, porém tinha que reprimir o máximo possível aquela raiva.
─ Venha. ─ Disse em tom baixo e Maite levantou a cabeça vendo a mão dele estirada na direção dela. Não houve como recusar, sentia-se tão sozinha, desolada, que qualquer coisa parecia melhor do que ficar chorando ali. Ele a guiou até a enorme pia dali e a levantou, sem muito esforço, fazendo com que ela ficasse sentada naquele mármore. Levou a mão até o rosto dela e acariciou o mesmo, secando as lágrimas da mesma. ─ Você está horrível. ─ Falou baixinho citando a mesma frase que ela citara a ele no dia que fora no quarto visita-lo quando ele estava todo quebrado. Maite riu verdadeiramente, mas um sorriso tão triste que era de partir o coração. Em seguida o sorriso foi se fechando e os olhos marejando novamente.
─ Oh, Alfonso... ─ e novamente caiu em prantos, mas daquela vez ele estava ali para acolhê-la, lhe recebendo em seu peito e acariciando seus cabelos, enquanto beijava o topo da cabeça dela. ─ Se-se você... não tivesse.. e-eu...
─ Shhh... eu estou aqui. ─ Tranquilizou. A voz estava tão mansa que nem parecia ele. ─ Eu estou aqui.
Demorou algum tempo para Maite se acalmar e ele não a soltou enquanto ela não cessou completamente o choro. Ao perceber que ela estava muito mais calma, e apenas dava alguns soluços, Alfonso começou a falar com a voz bem baixa e ela fechou os olhos quando começou a ouvi-lo, a paz estranhamente invadindo seu corpo com o ato.
─ Eu quero lhe contar uma breve história e logo depois você entenderá o motivo, ok? ─ ela assentiu, ainda com a cabeça encostada no peito dele enquanto o mesmo continuava com os carinhos ali. ─ Há muito tempo atrás havia uma garota. Ela foi capturada por um demônio, que maldosamente lhe disse: “Vá em frente, grite até ficar rouca que ninguém virá te salvar. A menina começou a gritar: “até ficar rouca”, “até ficar rouca”. E sabe quem veio lhe salvar? ─ Maite ergueu a cabeça para ele e os dois se miraram. Ela negou e ele acariciou o rosto da mesma. ─ Ninguém apareceu. Havia alguém com o nome de “ninguém” porque a garota gritou “até ficar rouca”. E foi isso que o demônio disse... que ninguém apareceria.
Maite franziu levemente o cenho, sem entender muito bem até onde ele queria chegar e viu o mesmo suspirar.
─ O que eu quero te dizer é: sempre que você estiver em perigo, não grite até ficar rouca. “Ninguém” não precisa aparecer, porque você tem a mim. Então só precisa chamar Alfonso. ─ Disse, pensativo. ─ Toda vez que estiver em perigo, chame Alfonso e então eu aparecerei para salvá-la. Sempre... ─ Concluiu.
Naquele momento, Alfonso conseguiu conquistar o sorriso mais sincero de Maite para ele e ficou satisfeito com aquilo. Então ela levantou a cabeça deixando o rosto na altura do mesmo e então lhe beijou a pontinha do nariz; ele se descobriu sorrindo também com o ato da mesma.
─ Obrigada, turrão. ─ Agradeceu ainda com um sorriso no rosto piscando para ele.
─ Turrão? ─ Ergueu uma sobrancelha para ela, que assentiu.
─ Uhum. ─ Rebateu e os dois ficaram se olhando por alguns segundos a mais. Pela intensidade do olhar o próximo passo seria um beijo dos dois e só então eles perceberam que já fazia um bom tempo que aquilo não acontecia... e se descobriram com saudade. Alfonso engoliu a seco ao perceber que estava realmente gostando de estar ali, naquele momento, com Maite. Ela sentiu o coração acelerar quando notou que mesmo o odiando, seu coração quebrado se enchia de... de alguma coisa que ela ainda não conseguia entender muito bem o que era, quando estava com ele. Queriam se odiar e até se odiavam... mas não era mais só ódio, só raiva... tinha mais. E aquilo era fodidamente perigoso. Os rostos se aproximaram... os nariz se roçaram e os dois de repente ficaram com medo de se beijarem e sentirem algo além de tesão, como costumava ser sempre. O medo foi tanto que ela se afastou, desviando o olhar do dele. ─ E-eu... tem como chamar a Anahí pra ela vir me trazer a maqui-...
─ Eu estou bem aqui.
Maite quase saltou da pia, enquanto Alfonso não pareceu nenhum pouco surpreso ao ouvir a voz de Anahí, que naquele momento estava encostada silenciosamente na porta olhando a cena.
─ Está a algum tempo, na verdade. ─ Alfonso comunicou e Anahí o fuzilou com o olhar. Como diabos ele havia percebido? Ela não havia feito nenhum barulho.
─ Como... Como diabos você... ─ Ela até tentou entender, mas no meio do caminho só negou com a cabeça, desistindo.
─ Você. ─ Alfonso apontou para a irmã ainda sem mover um só palmo para longe de Maite. ─ Cuide dela e a leve para o salão. ─ Ele voltou a olhar para Maite que instantaneamente agarrou a camisa dele e o mesmo sorriu de lado. ─ Eu estarei lá, petit. Ele não está mais aqui, e se estiver... ah, aí não terá Maite no mundo que me impeça de acabar com ele. ─ Afirmou e ela quase riu de lado, assentindo e o soltando aos poucos. Ele suspirou e beijou a testa dela. Só depois daquilo caminhou até a irmã e parou na frente dela com uma sobrancelha erguida. A mesma revirou os olhos.
─ Já sei que suas ordens ao homem amedrontado lá fora foi não deixar ninguém passar, mas eu precisava ver se ela estava bem... ─ ela pareceu pensar por um tempo. ─ E eu sou uma Herrera. ─ deu de ombros usando a fala típica dos irmãos e Alfonso riu para ela.
─ Cuide dela. ─ Disse novamente, em um tom mais sério, e em seguida saiu dali.
ESSE CAPÍTULO É O MEU AMOR DA MINHA VIDA!!!!
Eu chuto que tem sentimentos nascendo aí... ainda pequeninos, porém né...
Gostaram?! Até breveee