Fanfic: Scars: Caminhos do Coração. | Tema: Drama, Romance, Hot (+18)

 

─ Todos em silêncio.

O juiz deu a que pelos cálculos de Anahí era a quinta martelada da audiência. Sentados como plateia daquele júri estava ela, Jared, Dulce, Candice, Nina e Christopher. Paul, apesar da imensa vontade, não pode comparecer ali por conta do trabalho, mas os outros fizeram o possível e o impossível para estarem presente naquele momento. Entretanto, os principais daquele dia ainda não estavam ali. Maite e Alfonso estavam a uma hora e meia atrasados e sabe-se lá porque diabos aquilo estava acontecendo...

A primeira martelada do dia, a propósito, se deu quando Allan e Jaqueline fizeram diversas reclamações a respeito daquelas pessoas estarem ali se era um júri sigiloso, e nem o próprio juiz pode lhe dar uma justificativa. Ouvira que eles, em sua maioria, eram os Herrera e era só. As outras quarto marteladas, foram dadas durante as falas de Allan e Jaqueline. Quando o primeiro falava algo, Jaqueline surtava alegando tudo ser mentira e no discurso dela, Allan fazia o mesmo. Então vieram as testemunhas, cada um tinha duas pessoas ao seu favor e os Herrera, assim como Dulce, Candice e Nina já estavam entediados e horrorizados com as barbaridades que ouviam dos dois lados. A verdade para eles era óbvia: todos estavam mentindo, e ponto. E de fato, estavam.

X-x-X

Do lado de fora da sala onde ocorria o júri...

─ Raios, Maite! Essa porcaria vai acabar e você não vai entrar! Que diabos está fazendo agora? Vai ser a vadia que eu acho que é e entregar os meninos para um desses dois psicopatas?

─ Cala a boca, Alfonso! ─ Ela disse e tremia, mas aquilo não a impediu a estar a mais de duas horas mexendo com os dedos nervosos naquele celular que Alfonso estava prestes a quebrar de tanto nervoso. ─ Pronto. ─ Ela levantou o olhar para ele. Estava pálida, tremia de nervoso, mas tinha um sorriso perigoso brincando nos lábios. Alfonso franziu levemente o cenho na direção dela. ─ Vamos conseguir a guarda. ─ Afirmou.

X-x-X

─ Bom, já que todos foram ouvidos... eu e a plenária jurídica do tribunal solicitamos uma pausa de trinta minutos para encontrar a verdade...

Enquanto ele pronunciava aquelas últimas palavras da frase as portas de madeira se abriram e todos viraram para olhar quem era.

─ Por falar em verdade... tenho um lote delas que o senhor gostará de saber, meritíssimo.

A voz de Maite se ouviu... e todos ali puderam jurar que ela nunca esteve tão poderosa quanto naquele momento. Usava calças jeans e uma bata branca, nos pés, usava uma bota de salto que batia perigosamente no chão e mesmo não sendo o momento certo para aquilo, Alfonso estava excitado só em vê-la agir e falar daquele jeito. E para o choque da família, o próprio Ian Herrera os seguia, como advogado oficial do casal.

─ Agora sim as coisas vão ficar interessantes... ─ Christopher disse sorrindo.

─ Que diabos você está fazendo aqui? ─ Jaqueline indagou alarmada, os olhos arregalados demonstrando o pânico que sentia.

─ Maite... ─ Allan Turner falou e um sorriso perigoso brincava em seus lábios.

─ Quem são vocês? Acham que podem entrar assim no meu tribunal e...

─ Somos os Herrera. ─ Maite respondeu, o tom demonstrava uma superioridade que era típica dos Herrera. ─ E sim, podemos. ─ Ela virou a cabeça para mirar a plenária jurídica que já estavam cientes de tudo aquilo e um cochicho entre eles começou até chegar aos ouvidos do juiz.

─ Eu já disse que venero essa mulher hoje? ─ Christopher sussurrou e os outros riram.

─ Bom, nesse caso... ─ ele deu uma pausa, tentando processar todas as informações absorvidas. Certamente aquele júri seria longo. ─ Maite Herrera é a mãe biológica das crianças e veio ao lado do marido lutar para ter a guarda dos meninos para si. Pode sentar-se ali, Sra. Herrera. ─ Falou e Maite olhou para Alfonso, que estava sentado ao lado de Ian, em uma mesa no meio do tribunal que havia sido colocada especialmente para eles; entre Allan e Jaqueline, ambos com seus advogados lado a lado. Ele assentiu levemente para ela e a mesma sentou-se de frente para todos que ali estavam, estremecendo só de olhar para Turner. Fez o seu juramente diante de todos e então o juiz falou. ─ Dê primeiro o seu testemunho. Em seguida os advogados do sr. Turner e da sra. Santiago poderão fazer-lhe perguntas. ─ Maite assentiu. ─ Nos diga, sra. Herrera, por que deve ficar com a guarda dos gêmeos Noah e Lucca?

O silêncio absoluto se fez ali e todos olhavam para Maite, ansiosos. Ela ficou calada por um tempo, pensando em tudo que havia sofrido... em tudo de ruim que havia passado e pior: em tudo de ruim que os seus bebezinhos haviam passado por aquele desgraçado que a olhava com um sorriso debochado no rosto, bem na sua frente. Chegara a hora de acabar com William Levy, apresentado ali falsamente com o nome de Allan Turner. Chegara finalmente a hora de Maite se vingar. E mostrar para Alfonso e todos os outros quem ela realmente era.

─ Eu nunca abandonei os meus filhos. ─ Foi direta em dizer, mas sua voz ainda tremia. Ela mirou Alfonso nos fundos dos olhos novamente. Ele esperou ansiosamente e ela suspirou pela milésima vez ali. ─ Eles... Eles foram arrancados de mim quando eu ainda estava no hospital. ─ Todos os Herrera ficaram sérios, os olhos de Anahí marejaram. O sorriso divertido que brincava no rosto de Christopher pela presença de Maite ali sumiu completamente.

─ MENTIROSA! ─ Jaqueline gritou e o juiz bateu o martelo imediatamente, ordenando silêncio e aquele grito deixou Maite furiosa.

─ Porém para chegar até a parte em que uma mãe acaba de ter os filhos e depois perde o total direito de tê-los nos braços, eu preciso vos contar uma história interessante... e verídica. ─ Ela olhou pela primeira vez nos olhos de Allan Turner e o sorriso nos lábios deles se fechou. Ele lhe sussurrou um “você não se atreveria” que Alfonso entendeu muito bem já que seguiu os olhos de Maite vendo para quem ela olhava de forma tão furiosa no processo. ─ O nome daquele homem é William Levy Gutierrez.

Sabem aquele momento onde tudo que está indo de forma extremamente tensa, mas ainda assim calma, e do nada explode? Aquele foi o “CABUM” do dia. Ninguém ali saberia dizer o porquê, mas Christopher que estava lá atrás e Alfonso que estava lá na frente tiveram um tempo para se entreolhar, surpresos, confusos, minimamente irritados. William Levy? Ah... eles conheciam bem os Gutierrez. Mas Maite nem sonhava com aquilo...

─ Gutierrez. A família que foi descoberta como protagonistas de uma das piores máfias que o mundo já viu, e eu posso provar. ─ Falou, vendo que logo as interrupções começariam. ─ Essa mulher, meus caros, é Elizabeth Gutierrez. Irmã de William Levy, os dois são dois obcecados, loucos, que supostamente se apaixonaram ao mesmo tempo em que eu tive a infelicidade de conhecer esse homem.

─ Protesto. ─ Alguém falou e Maite virou a cabeça para olhar o advogado de Jaqueline/Elizabeth, entediada. ─ Está alegando sem provas, meritíssimo.

─ Negado. No começo da fala ela afirmou que poderia provar, deixe que prove. ─ Disse e claramente estava vidrado naquele testemunho que Maite dava.

─ Ian. ─ Maite chamou e ele assentiu, se levantando e levando um CD a um dos responsáveis pela assistência técnica dali. ─ Não dê play ainda. ─ Ela pediu e o mesmo assentiu. Alfonso não sabia da existência daquele CD ainda, pra falar a verdade. ─ Tenho vídeos e fotos que podem provar toda e qualquer palavra que eu falar aqui. Posso continuar, meritíssimo?

─ Deve.

Ela assentiu. ─ Eu fui vendida pelos meus tios para a máfia Gutierrez aos dezesseis anos, mas a primeira vez que vi William Levy eu tinha 20. ─ um coro de “oh” que expressava surpresa foi ouvido e Alfonso engoliu a seco. ─ Os Gutierrez assassinaram os meus pais na minha frente, mas me deixaram viver sobre o cuidado dos meus tios. Esses, em meio a uma crise financeira que tiveram, decidiram que eu seria uma mercadoria que daria muito dinheiro ─ ela deu um sorriso amargurado, Anahí se contorceu inquieta naquele banco. ─ Me venderam para a máfia e lá eu era a escrava deles... de todo o jeito que se pode imaginar, mas como eu nunca fui fácil de domar, poucos conseguiram o sexo. ─ Ela sentiu ânsia de vômito naquele momento e Alfonso nem piscava com os olhos vidrados nos dela. ─ William foi um deles. ─ Ela suspirou. ─ Ele era o mais cruel, na verdade, então por isso eu cedia... até que um dia engravidei. Foi difícil, muito difícil. Eu amava aqueles bebês com toda a intensidade da minha alma, independente da relação terrível em que eles eram frutos, e então William descobriu a gravidez. Ele mudou da água para o vinho do dia para a noite. Me fez várias promessas, jurou me amar e pelo menos nos seis meses que veio depois disso ele não me maltratou mais e nem deixou que ninguém encostasse um dedo em mim. Porém eu estou falando de um dos homens mais fi-... ─ Ela respirou fundo para se conter. ─ Mais cruéis que eu já conheci, e algo em algum momento daria muito errado. Foi então que chegou o dia dos gêmeos nascerem... ─ ela suspirou mais uma vez, e estava segurando o máximo que podia o choro que se formava na sua garganta. ─ Ele me levou ao hospital, tive os bebês e o máximo que consegui de tempo com eles foram contados 35 segundos. Eles sentiram o meu calor por apenas 35 segundos antes de serem arrancados de mim e simplesmente entregues a William e a Elizabeth. Eu desmaiei... não sei quanto tempo fiquei assim, mas quando acordei, os gêmeos estavam registrados no nome dos dois e ele me ameaçou. As primeiras ameaças foram com os meus tios. Ele ameaçou mata-los, mas ainda assim eu tinha que tentar... por Deus, eram meus filhos! Então depois de falir meus tios e os deixar no fundo do poço, começou a ameaçar e machucar os gêmeos para me atingir. Minha única opção era ficar longe, porque toda vez que eu chegava perto... ─ As primeiras lágrimas da noite caíram e ela mirou Ian.

As mulheres ali já choravam. Até Elizabeth derrubava lágrimas naquele momento. Christopher engoliu a seco, os olhos marejados, fazendo o máximo para segurar o choro. Ian então deu a ordem para que a mídia que eles levaram fosse mostrada e os próximos minutos foram preenchidos de fotos e vídeos que chocaram a todos que viam.

Primeiro havia um vídeo... William reconheceu na hora que ele mesmo tinha gravado e se perguntava como diabos aquela desgraçada tinha conseguido aquilo. Naquela altura do campeonato ele já sabia que seria preso, mas sabia também que uma hora seria solto e se vingaria dela... por isso estava tranquilo, o rosto sereno, mesmo que por dentro estivesse furioso.

Todos estavam atônitos. E nem é preciso dizer como aquilo acabou.