Como já perceberam, houveram mudanças aqui e me desculpem por isso... mas eu sempre tenho que deixar as coisas exatamente como eu quero ou não me conformo, kkkkk. Vão lá no prólogo e vejam os personagens, tem foto deles e umas pequenas mudancinhas no mesmo só pra fazer o link com o novo nome!
Disse lá e repito aqui: Confiem em mim. Tudo que eu escrevo, tudo que eu mudo, tem algum sentido nessa história. Xoxo, gatinhas!
“Querido irmão, se você está lendo essa carta é porque tudo deu errado e se tudo deu errado, eu provavelmente não estou mais do seu lado e você com certeza está me odiando. Primeiramente tenha calma e leia atentamente até o final. Você não acredita em destino, mas hoje eu posso te garantir que ele existe. Cerca de um mês e meio atrás eu ia ser morto por dois ladrões e a menina cuja se você já viu está odiando com todas as suas forças foi a única a tentar e realmente conseguir me salvar. É triste dizer que eu jamais teria dado a devida atenção a ele se ela não tivesse salvado a minha vida, mas é a pura realidade... o que no começo era apenas gratidão e um tanto de dó pelas condições em que ela se encontrava se tornou algo muito maior do que isso. Maite é um ser único. Lógico que todos nós somos seres únicos, mas o sentido da existência daquela menina é maior do que nós todos podemos imaginar. Além de me salvar da morte, Poncho, ela me salvou da vida antes que eu morresse de fato. Ela é a joia rara que nós tanto falávamos na nossa adolescência. Mas não é a minha, como eu muito provavelmente já te disse que seria... ela é a sua. Desde o primeiro momento que meus olhos se cruzaram com o de Maite e que trocamos as primeiras palavras, por algum motivo que eu desconheço eu só conseguia ver você. Não me leve a mal, mas é a pura verdade. Se existe uma pessoa que é capaz de transformar qualquer ser humano no melhor que ele pode ser, essa pessoa é a Maite. E não que você seja um ser humano ruim, apesar de você me afirmar sempre que era, eu não consigo ver isso, você é apenas um ser humano quebrado... assim como Maite. A diferença é que vocês lidam com isso de maneiras completamente opostas. A questão é que eu te conheço e sei que isso tudo jamais entrará na sua cabeça, mas eu sei que como meu irmão e como um homem que honra a palavra, você, mesmo a odiando e odiando essa ideia, fará o que eu te pedi! Cuide da menina como se ela fosse a minha joia rara que me salvou e que eu não pude recompensá-la em vida. Nessa altura do campeonato, você já me prometeu que o faria e um Herrera sempre cumpre suas promessas e pagam suas dívidas. Se algo de ruim acontecer com aquela mulher, Alfonso, eu jamais poderei descansar em paz, ela só tinha eu no mundo e sozinha, mesmo já tendo se virado por muito tempo assim, sem mim agora ela não vai muito longe. Uma chance, é tudo o que eu te peço. Eu jamais pediria pra você colocar embaixo do seu teto alguém que faria mal a você, a sua filha e a toda nossa família. E se ela fizer, a mínima coisa que ela fizer, você pode julgá-la da maneira que quiser, porque aí eu terei me decepcionado com a mesma e ela não vai ter sido nada do que eu pensei que seria. Mas eu sei que isso não vai acontecer... Eu amo você, irmão. Não é novidade pra ninguém, mas você o meu Herrera preferido. Mesmo sem o laço sanguíneo, construímos algo que ultrapassa tudo isso, algo tão forte que eu não me imaginaria vivendo uma vida na terra sem você e talvez seja por isso que Deus me levou antes. Cuida da mamãe, do papai, dos nossos irmãos, da minha pequena e linda sobrinha e claro... da Maite.”
Eu confio em você.
- Christian.
PS: Leia a segunda carta depois de ler o testamento especial que eu tenho certeza que você não ficou até o fim da reunião para descobrir o que tinha escrito lá. Se eu estiver enganado e você já tiver lido o testamento especial, pode abri-la e lê-la agora. Onde quer que eu esteja agora, irmão, saiba que estou com saudade.
─ Você só pode estar louco, seu maldito pirralho. ─ Alfonso falou com a voz embargada, apertando a carta entre a mão com uma raiva e uma tristeza fora do comum. ─ Só pode estar louco... ─ repetiu olhando para um ponto fixo enquanto pensava em tudo que tinha lido. Era óbvio que ele não queria fazer nada daquilo, mas se não fizesse... se não fizesse ia morrer todos os dias sentindo que estava em falta com uma das pessoas que ele mais amou ao longo da sua vida. Era crueldade demais deixar de lado todas as expectativas que Christian criara sobre ele... ele ia ter que cumprir a promessa e esperar até que a imunda fizesse algo de errado, o que com certeza iria acontecer, para finalmente tirá-la da sua vida. O plano até então era esse.
─ Papai. ─ ao ouvir a voz doce e um tanto chorosa de Serena, Alfonso se levantou rapidamente, recompondo a expressão de total tristeza e virando para olhar a menina. Franziu o cenho ao ver que o rosto da mesma estava banhado de lágrimas, vermelhinho, e viu que a menina estava com a roupa de dormir e nos braços carregava o urso de pelúcia que ele havia lhe dado no seu último aniversário. Ele olhou ao redor, procurando a babá da menina e depois olhou no relógio, já eram onze horas da noite.
─ Serena, o que você está fazendo acordada uma hora dessas? ─ a menina abaixou a cabeça assim que ouviu a voz de repreensão do pai.
─ Eu... eu tava dormindo, mas tive um pesadelo, e... ─ os olhos dela marejaram e apesar dele não ver, reconheceu pela voz que ela ia voltar a chorar. Ele suspirou e se sentou novamente no sofá.
─ Venha aqui. ─ disse jogando o envelope e a carta do irmão do seu lado e esperando a menina, que minimamente surpresa rapidamente foi até o pai. Quando ela parou na sua frente, ele pegou-a, colocando-a em seu colo e dava pra ver que os olhos de Serena brilhavam em felicidade e surpresa com aquele simples ato do pai. ─ Com o que você sonhou? ─ ele indagou e mesmo sendo doce com a menina, secando as lágrimas que estavam sobre seu rosto, mantinha o rosto sério, impassível.
─ A mamãe e o tio Chris... ─ ela falou quase em um sussurro pensando que o pai ficaria bravo. ─ Eu sei que não tenho que ficar triste, mas... eu sinto tanta saudade. ─ ela falou chorando. ─ Desculpa, papai. Desculpa. ─ em um suspiro cansado e até mesmo triste, Alfonso levou delicadamente a cabeça da menina até seu peitoral e a abraçou. Nenhum dos dois lembrava ali a última vez que ele tinha a abraçado daquela forma.
─ Está tudo bem. É normal sentir saudade. ─ ele afirmou acariciando o cabelo da menina que seguia tendo um cheirinho de bebê. ─ E se quer saber, eu sinto também, todo dia. ─ em paz, sentindo o cheiro do pai e sob o abraço protetor do mesmo, ela deu um leve sorrisinho, segurando a camisa do mesmo como se quisesse que ele não se separasse mais dela. Eles não disseram mais nada, e logo a pequena Serena foi pegando no sono, apesar de lutar contra ele.
─ Papai... ─ chamou mais uma vez, quase dormindo, lutando para manter os olhinhos abertos.
─ Hum?
─ Quando ela vem? ─ Alfonso franziu o cenho.
─ Ela quem?
─ A amiga do tio Chris... ele disse no meu sonho que ela era muito legal e que eu ia amar a sua companhia... quero que ela venha logo porque eu me sinto sozinha, papai... sei que você trabalha muito e não pode ficar comigo. Queria que ela ficasse...
E Alfonso não respondeu nada, sabendo exatamente de quem a filha estava falando. Ele suspirou e esperou a mesma dormir, para leva-la até o quarto e deixa-la na cama, a cobriu, acariciou seus cabelos tirando uma parte do rosto e saiu de lá. Não era possível que Serena havia sonhado com aquilo... era realmente impossível. Mas como Christian falaria antes de morrer a filha que uma amiga dele ia lá? Uma amiga... pra completar, ele insistia em dar uma importância imensa aquela... e foi então que perdido aos inúmeros pensamentos a respeito dos últimos estranhos acontecimentos da sua vida, que ele lembrou dela... Maite seguia sumida e quem havia sido responsável por aquele sumido, certamente era ele... Uma trovoada foi ouvida do lado de fora do arranha-céu e depois de agradecer a Deus por Serena ter um sono incrivelmente pesado para barulhos externos, terminou de descer as escadas da casa correndo, pegando as chaves do carro e saindo o mais rápido possível dali. Lógico que ele não dava a mínima para ela, mas se o seu irmão estivesse vivo, vendo o que ele fez, jamais o perdoaria... Com certeza ela não estava naquela estrada ainda, mas Alfonso estava tão desesperado que precisava checar.
A chuva forte o pegara de surpresa, o clima de Manhattan era realmente imprevisível e aquilo só afetara ainda mais o seu caminho. Já chegando no começo da estrada que ele havia a deixado, ele olhava para os dois lados para ver se conseguia enxergar alguém, se sentindo um completo idiota por estar fazendo aquilo. Era óbvio que ela não estava mais ali! Porém seu peito começava a arder de culpa pelo irmão. Os trovões estavam assustadores, a chuva forte, impetuosa.
─ Que diabos eu estou fazendo aqui?! ─ esbravejou batendo a mão no volante, mas não conseguia dar a volta e sair dali.
Entretanto no exato momento que ele se distraiu gritando com si mesmo, ele passou ao lado de uma mulher desmaiada, na beira da pista, tomando toda aquela chuva. E foi exatamente quando ele passou direto, que um raio caiu em uma das árvores que se fazia presente no local, a derrubando com tudo bem na frente de Alfonso, e pela luz forte que o mesmo viu sendo seguida pela árvore caindo e um barulho assustador que veio depois, ele fez uma curva brusca e muito rápida ficando lado a lado a árvore que havia caído bem no meio da pista, como um sinal de que era pra ele ir apenas até ali. Depois de frear o carro pelo enorme susto, ele estava ofegante e ainda mais irritado com tudo ao seu redor.
─ MERDA, CHRISTIAN! POR QUE DIABOS VOCÊ TEVE QUE MORRER E ME DEIXAR LOGO... LOGO... ARGH! ─ transtornado, ele olhou a árvore e em seguida, terminou de fazer a volta no carro, prestes a voltar para casa. Mas foi aí que ele viu... O corpo da mulher jogado ao chão bem na beirada da pista e arregalou os olhos imediatamente... freou o carro e olhando com mais cautela, constatou que era ela... Maite. ─ Não é possível... Eu não acredito que... ─ então tirou o cinto, abriu a porta do carro e saiu, sentindo a chuva forte bater em seu corpo, enquanto se aproximava de Maite. ─ Maldição! ─ era uma das palavras que ele praguejava vendo a mesma completamente encharcada, pálida e desmaiada ali no chão. Tentou acordá-la, mas era em vão. Não queria, mas teve que pegá-la no colo e a levar até o seu carro, colocou-a no fundo do mesmo e depois de dar a volta, entrar e ligar o carro, deu partida em direção ao hospital do seu irmão, Paul.
Seria uma longa noite, afinal. E o tempo foi passando...
─ Anemia, desidratação e hipotermia aguda. Comece a se explicar, Alfonso Herrera. ─ as palavras vieram de uma Dulce exausta de estar sempre atendendo os pacientes que Alfonso levava ali... e quando ela se referia aos pacientes que ele levava, claro que não era ninguém da sua família, e sim as pessoas que ele machucava e só depois se dava conta do que tinha feito...
Ele revirou os olhos. ─ Eu não tenho nada o que te explicar agora, quando ela vai ter alta daqui?
─ Amanhã mesmo ela já poderá ir pra casa, mas precisa de cuidados. Agora ela está no soro, e em casa precisa se alimentar bem, repousar e beber muita água. Precisamos de um responsável por ela, algum familiar, e suas informações. Até então só temos seu nome e idade, ditos por você.
─ Ela é uma mendiga, Dulce! Ela não tem família e não tem ninguém que possa se responsabilizar por ela.
─ Uma mendiga? E por que logo você a trouxe aqui? ─ indagou desconfiada.
─ Isso também não vem ao caso agora, mas a questão é...
─ A questão é que eu vou acabar com a sua raça, Herrera! Essa é a questão. ─ Anahí chegou ao lugar e Alfonso revirou os olhos antes mesmo de virar para olhá-la. ─ ELE é o responsável por ela! Pode colocar aí, Alfonso Herrera responsável por Maite! E eu vou passar a noite com ela hoje, inclusive trouxe algumas peças de roupas para a mesma, mas ela precisa de muito mais! Então trate de me dar um de seus cartões porque amanhã mesmo eu irei lotar o closet do quarto DELA, que por sinal fica na SUA casa, de roupas, sapatos, joias e tudo que eu achar que devo. Mande o seu motorista pra cá às 10. ─ então olhou para Dulce. ─ Às dez ela já estará de alta? ─ a mesma assentiu, achando tudo aquilo muito estranho e até engraçado. ─ Às dez em ponto. E ah, ela pode ficar com o quarto que fica em frente ao seu no andar de cima. É tão grande quanto o seu e tem closet e banheiro. Perfeito para a sua privacidade. ─ disse e parou, pensando se tinha mais algo pra dizer. ─ Ah, melhor deixar dois cartões! Um para tudo que eu quero comprar e o outro para um SPA, salão, essas coisas... E TUDO ISSO é pra recompensar a mesma e a memória do seu irmão pela VERGONHA e ABSURDO que você fez! Agradeça a Deus por ela estar viva, e ainda assim, tenha a certeza que Christian está decepcionado com você onde quer que ele esteja pela sua tamanha crueldade. Hoje eu sinceramente senti vergonha de ser sua irmã. ─ e deu as costas a ele, perguntando qual era o quarto de Maite e avisando que iria até lá.
─ Anahí. ─ ela ouviu a voz grossa dele chamar e parou no caminho, respirando fundo, e se preparando para os absurdos que ele ia dizer como sempre.
─ Olha, eu sinceramente não estou a fim de ouvir sobre o seu orgulho e egoísmo hoje, então... ─ ela parou de falar quando virou e viu que ele estendia dois cartões para ela, assim como a mesma pedira. Franzindo o cenho e logo depois erguendo as sobrancelhas, ela ficou se perguntando o que havia acontecido com Alfonso, até Dulce olhava a cena surpresa.
─ Vai pegar essa merda ou ficar olhando?
E apertando os olhos na direção dele, ela pegou rapidamente os cartões e se virou, saindo dali e só então colocando um sorriso de lado no rosto. Ela não sabia o que havia acontecido, mas esperava que Alfonso continuasse assim.