Fanfics Brasil - Sebastian W. Scott, as folhas de outono Espectros

Fanfic: Espectros | Tema: Terror, Ficção Científica, Suspense, Sobrenatural, Super Poder, Filosofia, Drama, Magia, Luta


Capítulo: Sebastian W. Scott, as folhas de outono

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Se passavam poucos segundos após o sinal bater e os corredores já se enchiam de alunos. Mais um desgastante dia de tédio havia acabado. Sebastian estava livre para ir pra casa e fazer o que mais gostava, desenhar. Andava pelo corredor com a cabeça baixa como sempre fazia, tentava evitar ao máximo chamar atenção. Mesmo que para ele fosse quase impossível. Afinal era irmão da garota mais popular da escola e cunhado do atleta mais popular. 


Parou em frente seu armário e colocou sua senha com toda a pressa que tinha. Não queria perder a carona que sua irmã sempre lhe dava. Ao abrir seu armário, deu de cara com o seu reflexo, sempre guardou aquele espelho ali, no fundo de seu armário. Encarou a si mesmo por alguns segundos.


Seus olhos eram castanhos tão claros que, quando refletiam a luz, podiam ser comparados com um amarelo. Seu cabelo era longo, desarrumado e castanho também, muito embora alguns fios eram tão claros que algumas pessoas achavam que era loiro. Usando a mão direita, Sebastian o jogou para trás tentando arrumar um pouco daquela bagunça. E foi quando ouviu sussurros e múrmuros á sua volta.
Soltou o cabelo assustado. E com os olhos arrealados inclinou a cabeça para trás da porta de seu armário. Enquanto olhava a sua volta, notou que as garotas falavam dele. Encaravam-no e sussurravam uma para as outras, animadas e um pouco tímidas. Mesmo tentando evitar, Sebastian acabou virando o centro das atenções novamente. Aquela jogada de cabelo para trás acabou saindo de jeito errado, por algum motivo, as garotas pareciam ter gostado daquilo. Os outros alunos do segundo ano não chamavam metade da atenção que Sebastian conseguia chamar. Com 17 anos, Sebastian já era bem popular e ironicamente anti-social. E tudo pela influência de sua irmã e seu cunhado. Por conta de ser anti-social, algumas pessoas achavam que tinha complexo de superioridade, já outras o achavam infantil. Mas a verdade é que Sebastian não gostava de perder tempo com conversas bobas.


"Não foi proposital", ele murmurou enquanto balançava a cabeça e começava a guardar seus livros no armário. Quando esvaziou a mochila, deixando apenas seu caderno de desenhos dentro dela, ele fechou seu zíper e a colocou nas costas. Em seguida, fechou a porta de seu armário. E ali estava Jason, atrás da porta que Sebastian fechava. Com um sorriso no rosto e escorado em outros armários, ele encarava Sebastian, mesmo que ele tentasse o ignorar.


Jason era um dos atletas mais populares da escola. Musculoso, quase careca e carismático, Jason perturbava seu cunhado todos os dias. Sebastian demonstrava não gostar daquilo, mas no fundo ele gostava da presença de Jason e o mesmo sabia daquilo.


Então, sem dar bola alguma para seu cunhado, sem sequer olhar nos olhos dele, Sebastian voltou a caminhar pelo corredor. Jason continuou escorado nos armários durante alguns segundos, mas acabou indo atrás de Sebastian. Andou depressa para alcançá-lo e quando o alcançou, deu-lhe uma gravata e começou a bagunçar seu cabelo.


 


Acha mesmo que vai me ignorar, é? - perguntou Jason enquanto bagunçava mais e mais o cabelo de Sebastian. Todos os olhares do corredor foram imediatamente voltados a eles. -


 


Para com isso Jason, puta merda! - reagiu Sebastian tentando tirar o braço de Jason de seu pescoço. Após alguns segundos, Jason o soltou. -


 


Isso é pra aprender a não me ignorar - disse Jason. - 


 


Tu bagunçou meu cabelo todo - disse Sebastian voltando a jogar seu cabelo para trás. E as garotas do corredor voltaram a murmurar sobre ele. Jason olhou ao seu redor e as observou. -


 


Fazendo sucesso, hein cunhadinho - Jason disse com um sorriso no rosto. -


 


Sabe se a Verônica tá me esperando no estacionamento? - Sebastian perguntou enquanto voltava a caminhar pelo corredor. Jason começou a acompanhá-lo. -


 


Na verdade não - Jason respondeu - Ela teve que substituir sua madrasta, ou melhor, a mãe dela lá na loja.


 


Então eu estou sem carona? - disse Sebastian direcionando o olhar para Jason. -


 


Não, é por isso que estou aqui - Jason sorriu. - Ela me pediu pra te levar até em casa - ambos estavam na porta da escola, prestes a sair dela. -


 


Não precisa, relaxa - Sebastian respondeu parando de andar. - Sei que você tem muita coisa pra fazer aqui na escola. Eu posso ir de ônibus.


 


Sim, eu tenho muita coisa pra fazer - respondeu Jason. - Mas eu posso te levar até em casa, não se preocupe.


 


Se concentre em recuperar suas notas, Jason. - disse Sebastian enquanto caminhava para fora da escola. Jason continuou lá dentro encarando-o ir com um sorriso de canto de boca. - Eu vou de ônibus. 


 


Sebastian começou a andar pelo estacionamento da escola. Ignorava os outros alunos entrando em sues carros e indo embora. Sua atenção estava presa a um ônibus amarelo e velho encostado na beira da estrada. Estava praticamente vazio como sempre, sem surpresa nenhuma. 


Foi quando ouviu vozes mais altas que o normal vindo de sua direita. Sem parar de andar, virou a cabeça para a mesma direção e observou. Eram quatro alunos. Três deles pareciam implicar com o outro que estava ali. Era Seongwoo, o melhor amigo de Sebastian. Não fazia muito tempo que se mudou da Coréia do Sul para o Canadá, ou seja, Seongwoo ainda não havia se adaptado muito ao ambiente. Então acabava sofrendo bullying diariamente dos outros alunos por esse e outros motivos. 


Sebastian continuava a caminhar em direção ao ônibus enquanto encarava aquilo. Pensou em interferir como já tinha feito antes, mas isso se repetiria amanhã como sempre repetia. Quando finalmente chegou perto do ônibus, suas portas se abriram e Sebastian subiu as suas escadas.


 


Ficou sem carona de novo, é? - perguntou o motorista com um sorriso amigável estampado no rosto. -


 


Pois é - respondeu Sebastian enquanto subia as escadas e posteriormente andava até os assentos do ônibus. -


 


Dando uma olhada rápida, Sebastian havia notado que além dele, tinham apenas mais dois alunos dentro do ônibus. Parou em frente a assentos perto da saída do ônibus, tirou sua mochila das costas, sentou-se no banco ao lado da janela e jogou sua mochila no banco ao seu lado. E ali ele ficou durante poucos minutos, observando Seongwoo através da janela recolhendo seus livros do chão enquanto as pessoas o encaravam e soltavam leves risadas, até o ônibus sair.


Seu caminho era feito por uma pequena estrada asfaltada de mão dupla rodeada de uma floresta de carvalhos e pinheiros. Sebastian adorava aquele local, nunca encontrou uma resposta pra isso, mas sempre teve uma ligação com a natureza, mais especificamente com árvores. Os poucos raios de sol que conseguiam passar pelas folhas das árvores deixavam o local ainda mais aconchegante e bonito. "Ainda não é tão bonito quanto é no outono", ele murmurou.


Outono. A estação favorita de Sebastian. Considerava suas folhas alaranjadas a coisa mais bonita do mundo. Nada podia ser comparado a sua cor aconchegante, animada e carismática. Para ele, aquelas folhas passavam a melhor sensação do mundo. O motivo ele nunca havia contado a ninguém.


Foi quando se lembrou de seu caderno de desenhos. Sentiu vontade de desenhar as folhas de outono como fazia quase todos os dias. Tirou a cara da janela e olhou para sua mochila. Ele a encarava, pensava em pegar o caderno e desenhar ali mesmo. Mas sempre teve vergonha de desenhar em público, tinha vergonha até de mostrar seus desenhos aos outros. Em toda a sua vida, só mostrou seus desenhos para seis pessoas. Sua falecida mãe, seu pai, sua madrasta, Verônica, Seongwoo e Nathallý foram as únicas pessoas com a honra de ver aqueles desenhos. Embora aquele ambiente fosse simplesmente incrível, ele voltou a apoiar o rosto no vidro da janela descartando a ideia de desenhar ali.


Sua casa era relativamente longe da escola, levou quase quarenta minutos para chegar até ela. Mas cercado com um ambiente e vista inspiradores como aquele, ele sequer se importava com aquilo. Na verdade, sentia que podia ficar ali durante dias.


O ônibus parou em frente a sua casa. Sebastian se despediu do motorista enquanto descia do ônibus. Tinha perdido aquele ambiente lindo, mas agora ele poderia desenhá-lo. Virou-se em direção sua casa e começou a andar sobre o caminho feito de ladrilhos cercados de grama. Sua casa tinha os telhados cinzas, paredes brancas e dois andares. A típica casa americana. Quando chegou na porta, Sebastian  a destrancou e entrou.


Como esperado, ninguém estava em casa. Verônica estava na loja de sua madrasta e a mesma precisou fazer algo, afinal Verônica estava lá para substituí-la. Seu pai era policial, então devia estar na rua com sua viatura. Sebastian entrou, fechou a porta, caminhou em direção as escadas e logo depois começou a subi-las. Quando chegou no segundo andar, foi até seu quarto. Girou a maçaneta da porta do mesmo e entrou.


Ali estava seu quarto, bagunçado como sempre. Suas paredes eram cinzas e com diversas folhas de desenho coladas, o chão era feito de piso de madeira. À sua direita estava uma estante repleta de livros e algumas folhas de desenhos. À sua frente estava sua cama, com lençóis pretos bagunçados e algumas peças de roupas em cima. Ao lado e um pouco acima da cama estava a única janela de seu quarto. À sua esquerda estava o local onde passava a maior parte do tempo. Ali estava a mesa com seu computador, cadernos de desenhos e um pequeno estojo com diversos lápis. Bem à frente dela estava uma cadeira de escritório também.


Sebastian jogou sua mochila sobre a cama, ligou seu computador com pressa e escolheu um lápis no estojo que estava sobre a mesa. Após isso, foi rapidamente até a mochila, a abriu e pegou seu caderno de desenhos. Com ele debaixo do braço, Sebastian subiu na cama com tênis e tudo e se sentou na janela olhando para o lado de fora. Com o vento batendo suavemente em seu rosto, ele fechou os olhos e inspirou profundamente. Tentava se lembrar daquele local, procurava inspiração nas memórias daquele lugar.


Quando voltou a abrir os olhos, Sebastian olhou para a rua de sua casa. Observou as outras casas, jardins, pássaros que voavam por ali e claro, as árvores também. Ele abriu seu caderno rapidamente e repleto de inspiração começou a desenhar. Não seria a primeira vez que desenharia sua rua, mas seria a primeira vez que desenharia sua rua com a paisagem de outono. 


Enquanto desenhava, pessoas passavam pela rua. Algumas achavam um garoto sentado na janela estranho, já outros, como vizinhos e conhecidos o cumprimentavam com acenos e sorrisos quando passavam por ali. Quando Sebastian prestava atenção ele respondia, quando estava muito ligado ao desenho, tudo ao seu redor sumia. Mesmo sem querer, acabava deixando as pessoas ao seu redor no vácuo.


Quase meia hora se passaram e o olhar de Sebastian continuava fixado naqueles contornos. Mas sua atenção finalmente foi presa a algo diferente. Uma viatura da polícia parou em frente a sua casa. A porta se abriu e seu pai saiu de dentro. Seu pai, Mike J. Scott é um coroa de quarenta e três anos, tem os cabelos curtos e grisalhos, olhos verdes e é policial a mais de vinte anos. Não demorou muito para que ele notasse Sebastian ali. Seu pai colocou as mãos na cintura e chamou por ele. O mesmo desceu da janela ao telhado e pulou para o jardim com o caderno na mão. Seu pai começou a andar em sua direção e Sebastian fez o mesmo.


 


Já disse que você vai acabar caindo de lá de cima de novo - disse seu pai cumprimentando-o com um bagunçar de cabelo. - Quebrar um braço não foi o suficiente, não é?


 


A vista vale a pena - Sebastian respondeu com um sorriso. Seu pai o encarou por alguns segundos e logo depois olhou para o Sol, depois disso voltou a encara-lo novamente. -


 


Seus olhos estão amarelos, me...


 


Te lembram os dela - Sebastian completou a frase de seu pai. Ambos sorriram. - Você sempre se lembra da mamãe quando olha nos meus olhos, é?


 


A culpa é sua por puxar tanto ela - seu pai respondeu. -


 


Isso é algum tipo de cíumes? - perguntou Sebastian. Seu pai o respondeu com um sorriso. - O que está fazendo em casa a essa hora? Onde está o Conor? - Sebastian se inclinou para os lados e olhou para dentro da viatura que estava atrás de seu pai. Conor era parceiro de Mike a quase três anos. -


 


Acabei deixando alguns documentos sobre um caso aqui - seu pai o respondeu. - Conor ficou na delegacia. O que está desenhando dessa vez? - seu pai perguntou enquanto pegava o caderno das mãos de Sebastian. -


 


O de sempre, a nossa...


 


A nossa rua - dessa vez, foi seu pai que completou a frase. Estava na cara que a ligação entre os dois era extremamente forte, mais forte do que a de qualquer outro pai e filho. - Quanto laranja - seu pai reagiu ao desenho com os olhos arregalados. -


 


A melhor cor, a melhor estação - Sebastian sorriu. Seu pai sorriu logo depois com lágrimas nos olhos. Sempre acabava com lágrimas nos olhos, a paixão de seu filho por coisas pequenas e bobas era algo que o inspirava. -



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Autor(a): kaysouza

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