Fanfic: Espectros | Tema: Terror, Ficção Científica, Suspense, Sobrenatural, Super Poder, Filosofia, Drama, Magia, Luta
Verônica repunha potes de geleia feitos de vidro em uma das prateleiras da mercearia. Eventualmente, acabava encarando seu próprio reflexo. Verônica estava no ultimo ano do ensino médio e tem dezoito anos. Seus cabelos são loiros claros como o Sol e seus olhos são verdes como uma floresta. Seu corpo era como o de muitas mulheres queriam, magra e com certas partes relativamente grandes. Além disso, tinha uma tattoo no antebraço direito, um pequeno coração desenhado. Sua vida na escola sempre foi boa, sempre foi popular. Mas diferente de como filmes americanos que costumam mostrar pessoas populares de um jeito arrogante, Verônica sempre foi gentil, caridosa e carismática. Era amiga de todos.
E sempre que pensava naquilo, acabava ficando deprimida. Teria que deixar aquilo tudo para trás, ela odiava pensar naquilo. Ela e o namorado, Jason, iriam para universidades provavelmente diferentes e em cidades diferentes. Não teria mais a companhia de sua melhor amiga, Nathally. Não veria mais o olhar sonhador e tranquilo de seu meio-irmão Sebastian, sequer teria o carinho e apoio de sua mãe, Rose.
Quando ela terminou de repor os potes, levantou-se bufando e começou a andar até o caixa da mercearia. Foi para trás do caixa e tirou o avental branco que vestia. Logo em seguida, prendeu o cabelo num longo rabo de cavalo. Notou seu celular acesso bem ao seu lado, recebendo diversas mensagens. Quando estendeu a mão para pegá-lo, o sino da porta da mercearia tocou. Quando olhou para a mesma direção, todo o stress que tinha daquele pensamento desapareceu num instante. Aquele rosto a confortava estranhamente bem. Era Jason, ele andava em sua direção com um sorriso gigantesco e amigável estampado no rosto.
Ela saiu de trás do balcão e andou até ele animada com os braços abertos. O recebeu com um abraço, beijos e algumas trocas de olhares enquanto estavam cara a cara. Pareciam conversar com aqueles olhares, um língua que apenas os dois entendiam.
O que você tá fazendo aqui? - ela perguntou enquanto se desabraçavam. -
Vim fazer uma pequena surpresa - ele respondeu sorrindo enquanto a observava voltar para trás do balcão. Ela se escorou lá e colocou a mão no queixo. -
Levou o Sebastian em casa? - ela perguntou. -
Não, ele insistiu em ir de ônibus - ele respondeu em um encolher de lábios. - Disse que era melhor eu ficar pra melhorar minhas notas.
Sabia que ele faria isso, mas ele está certo - ela respondeu com um pequeno tom irritado na voz. - Você não quer repetir justo no último ano, não é?
Claro que não, Vee - ele respondeu. -
Então trate de estudar mais.
Já estou fazendo isso, mas mudando de assunto... - ele se debruçou no caixa e ficou mais perto dela. - O pessoal tá pensando em fazer um luau no parque hoje a noite. Topa?
Achei que luais eram feitos em praias - ela disse com uma de suas sobrancelhas levantadas. -
Novas tendências - ele respondeu rindo. -
Por quê não? - ela disse. - Você vem me buscar?
Claro que sim - ele respondeu entusiasmado. - Passo na sua casa as oito.
Vou estar esperando.
Tenho que ir Vee, sei que foi uma passada rápida, mas marquei um treino com o pessoal daqui a alguns minutos - ele se debruçou ainda mais no caixa e beijou a testa dela. Em seguida, começou a caminhar em direção à saída. -
Não se esqueça, oito horas! - ela gritou enquanto ele saia da mercearia. -
Pode deixar - ele respondeu também gritando. -
Verônica continuou com o queixo apoiado na mão enquanto observava Jason entrar em seu carro e ir embora. Quando o mesmo saiu do acampamento e saiu de sua visão, ela retomou seus pensamentos. Viu seu celular ali ao seu lado e lembrou-se das mensagens que recebia. Ela o desbloqueou e começou a ler as mensagens. Era Nathally, falava sore o mesmo luau que Jason havia falado. Além disso, Nathally também perguntava se Verônica iria ao tal luau. Digitando, Verônica a respondeu que sim.
Nathally a respondeu na hora. Mesmo sendo mensagens digitadas, Verônica conseguia sentir a animação da amiga quando disse que iria. Logo em seguida, Nathally disse que infelizmente precisaria sair e que conversariam quando chegassem.
O sino da porta voltou a tocar. Verônica ajeitou sua postura, levantou o queixo e olhou sobre as prateleiras que tampavam sua visão. Tinha esperança de que fosse sua mãe, mas tal pessoa começou a andar entre as prateleiras, parecia procurar algo. Enquanto tal pessoa caminhava, ela eventualmente aparecia em espaços entre uma prateleira e outra. E quando Verônica finalmente conseguiu ver seu rosto, ela imediatamente paralisou de medo, tinha uma sensação ruim.
O indivíduo era adulto, parecia ter mais de trinta anos. Tinha cabelo loiro, olhos castanhos, pequenas cicatrizes pelo rosto e uma tattoo no pescoço com o desenho do que parecia ser um anjo. Tal pessoa não parecia se preocupar com o jeito que se arrumava, vestia uma jaqueta marrom cheia de buracos, calça preta e sapatos velhos.
Quanto mais Verônica olhava para aquele rosto, mais ameaçada ela se sentia. Tal pessoa parou de caminhar e sons de plástico balançando surgiram. Segundos depois ela voltou a caminhar, saiu de trás das prateleiras com um pacote de M&M's nas mãos e veio até o caixa. Colocou a mão no bolso de sua jaqueta e pegou sua carteira. Fez aquilo tudo com a cabeça baixa, evitava olhares propositalmente. Verônica engoliu em seco e continuou paralisada, sequer pegou o pacote de M&M's para conferir o preço. Ao perceber aquilo, o homem levantou a cabeça e trocou olhares com ela. Verônica sentiu sua alma ser perfurada por aqueles olhos castanhos. Nunca tinha se sentido tão ameaçada em toda sua vida.
Tem algo de errado, moça? - perguntou o homem ao notar seu olhar assustado. Sem dizer nada, ela pegou o pacote de M&M's e conferiu o preço. -
Quatro dólares - ela disse com a voz falha de medo enquanto tentava evitar trocar olhares. O homem estendeu a mão lhe entregando uma nota de cinco dólares, com as mãos um pouco trêmulas, ela pegou. Em seguida abriu o caixa, pegou uma nota de um dólar e entregou ao homem. - Aqui está seu troco - ela disse com um sorriso forçadamente amigável. O homem sorriu com o canto de sua boca enquanto guardava seu troco na carteira. Logo após isso, começou a caminhar até o lado de fora da mercearia.
Verônica expirou aliviadamente e voltou a relaxar sua postura, chegou a rir de nervoso. "Viu só, não deve se julgar as pessoas pela aparência", ela murmurou. E então o sino tocou novamente. Verônica direcionou o olhar com os olhos arregalados para a porta, temia que fosse o homem novamente. Lá estava sua mãe, com seu cabelo loiro e olhos verdes exatamente como os de Verônica. Ela expressava confusão com o olhar assustado da filha.
O que aconteceu, Vee? - sua mãe perguntou enquanto caminhava até ela. -
Nada, só estava com um pé atrás com o cara que acabou de sair - respondeu Verônica. -
Por quê? - sua mãe perguntou, acabou ficando ainda mais preocupada. - Ele fez algo? Disse algo?
Não, nada - ela respondeu. - Ele só me pareceu um pouco assustador.
E ele é - respondeu sua mãe acariciando a bochecha de Verônica. - Vai pra casa, tá?
Posso ficar, caso a senhora precisar...
Não, vai e toma um banho - sua mãe a interrompeu. - Caso eu precise de algo, eu te ligo.
Exceto a noite - disse Verônica saindo de trás do caixa. -
O que tem a noite? - perguntou sua mãe curiosa com a mão na cintura. -
Um luau no parque, vai ser legal - ela respondeu. -
Não quero que volte tarde, escutou? - sua mãe perguntou com um tom mais sério na voz. -
Como sempre - respondeu Verônica rindo enquanto caminhava em direção a saída da mercearia. -
Essa garota nem ia me avisar nada... - sua mãe resmungou indignada. -
Verônica saiu da mercearia, entrou em seu carro que estava no estacionamento e começou a dirigir em direção à sua casa. O Sol brilhava como nunca. Mesmo no verão, não era comum ter tanto Sol no Canadá. Os pássaros cantavam e as pessoas caminhavam nas ruas com grandes sorrisos no rosto, ela estranhamente amava aquilo. Foram quase quinze minutos dirigindo. E enquanto dirigia, recebia diversas mensagens de diversas pessoas perguntando sobre o luau. Sempre que parava o carro como num sinal, por exemplo, ela respondia as mensagens. Ficava feliz com a quantidade de amigos que tinha, com a quantidade de pessoas que se importavam com ela.
Ela também passou por um mendigo enquanto dirigia. Parou seu carro no canto da estrada, não ligava se atrapalharia o tráfego ou não. Saiu de seu carro sem sequer trancá-lo e andou até o mendigo. Ele estava deitado no chão, dormia com uma expressão de tristeza no rosto. Aquele mendigo estava ali naquela esquina quase todos os dias, sempre que podia, Verônica dava dinheiro a ele. Verônica se abaixou e deixou uma nota de dez dólares num copo ao lado dele. Enquanto fazia aquilo, sua expressão demonstrava tristeza também. Mesmo não sendo, sentia-se culpada por não poder ajudar mais do que aquilo, queria fazer mais do que aquilo, queria tirá-lo das ruas.
Insatisfeita, ela caminhou de volta até seu carro e começou a dirigir. Quando finalmente chegou em casa, largou seu carro no canto da rua, o trancou e começou a andar pelos ladrilhos que davam até a porta de sua casa. "Sebastian?", ela chamou pelo meio-irmão assim que abriu a porta. "Estou aqui atrás", ele respondeu, sua voz vinha do jardim de trás. Ela passou pela sala de estar e cozinha para chegar até tal jardim.
Sebastian estava sentado em um pequeno conjunto de mesa e cadeiras brancas, um guarda-sol estava sobre sua cabeça. Estranhamente não desenhava nada. Arbustos gigantescos cercavam os limites do jardim. Além disso, estava ali uma piscina e uma fonte que jorrava água na mesma.
O que você tá fazendo aqui fora? - ela perguntou curiosa enquanto se sentava ao lado de seu irmão. -
Eu estava pensando sobre o luau - ele respondeu pensativo. -
Então você também sabe - ela disse. - Pra falar a verdade, acho que toda a cidade sabe.
De qualquer forma, acha que eu devo chamar o Seong? - ele perguntou direcionando seu olhar a ela. Ela pareceu pensativa e surpresa com a pergunta, apertou os lábios e levantou uma de suas sobrancelhas. -
Por quê não? - ela respondeu. - Sei que ele não se sai muito bem com o pessoal daqui, mas isso não é motivo pra ele ficar sempre em casa. Ele precisa se enturmar mais, se acostumar com as pessoas. E se não fizer, nunca vai parar de sofrer bullying - um sorriso crescia no rosto do irmão. - Ah, e se algo não der certo, eu e Jason estaremos lá.
Você é incrível, sabia? - seu irmão se levantou e deu-lhe um beijo na testa. - Tenho que ir - ele começou a caminhar com passos apressados até de volta a casa. -
Aonde você vai? - ela gritou -
Marquei de encontrar o Seong, eu volto já - ele respondeu. Logo após, Verônica escutou a porta batendo. -
E ali ela ficou durante alguns minutos. Encarando a fonte jorrar água na piscina. Estranhamente tinha um sorriso no rosto, ela viajava em seus próprios pensamentos. Após um breve balançar de cabeça, ela recobrou os pensamentos e entrou em casa. Subiu as escadas até o segundo andar e caminhou pelo corredor dos quartos. Parou em frente a porta do próprio quarto e a abriu.
Ali estava seu cafofo. Com pisos de madeiras, paredes lilás cheias de posteres de sua banda favorita e corações com anotações. Em sua frente estava a estante cheia de CDs e um rádio. À sua esquerda estava sua cama, arrumada e com lençóis brancos. E na parede de fundo, bem ao lado da janela quadrada de seu quarto, estava a mesa de seu computador feita de madeira escura.
Ela caminhou até sua estante e colocou o CD de sua banda favorita nele. Enquanto o rádio engolia o CD, ela se jogou na cama. E naquele momento em que ela encarava o teto e os pensamentos sobre tudo o que ia perder com o fim do colegial voltaram à sua cabeça, Queens, sua banda favorita, começou a tocar.
Autor(a): kaysouza
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Nathally guardou seu celular no bolso de seu avental após falar com sua amiga Verônica. Estava animada para o luau que aconteceria naquela noite, mas antes tinha que encher as tigelas de água dos cachorros. Era voluntária num abrigo de animas que, sua irmã Charlote, a melhor veterinária da cidade fundou. Fazia aquilo todos os dias, en ...
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