Fanfic: Espectros | Tema: Terror, Ficção Científica, Suspense, Sobrenatural, Super Poder, Filosofia, Drama, Magia, Luta
Nathally guardou seu celular no bolso de seu avental após falar com sua amiga Verônica. Estava animada para o luau que aconteceria naquela noite, mas antes tinha que encher as tigelas de água dos cachorros. Era voluntária num abrigo de animas que, sua irmã Charlote, a melhor veterinária da cidade fundou. Fazia aquilo todos os dias, enchia tigelas de água e ração. Mas aquilo nunca foi cansativo para Nathally, nunca foi entediante ou qualquer outra coisa do tipo. Ela fazia aquilo com toda a boa vontade. Para ela, receber carinho dos animais que se abrigavam ali era a forma mais pura de amor. Então, ela se esforçava ao máximo para poder retribuir.
Ela via seu reflexo se contorcer e destorcer enquanto enchia as tigelas de água. Seus olhos eram pretos, seu cabelo era preto tingido de azul, sua cor favorita. Tinha piercings por toda a orelha. Tinha dezoito anos e estava no terceiro ano. Nathally era o tipo de adolescente comum do século 21, talvez a única comum dentre todos os seus amigos. Passava a maior parte do tempo assistindo séries, animes e filmes. Só pensava em sair de casa para se divertir com os amigos nos finais de semana, e isso quando tinha vontade. Mesmo estando no terceiro ano, Nathaly não sabia que caminho queria trilhar, não tinha a menor ideia de que profissão queria seguir. E também não ligava muito pra isso.
Seu pai, James, era advogado e dizia que ela deveria seguir os passos da irmã, ser uma grande veterinária. Já sua mãe, Sonia, dona de um salão de cabelo, dizia que a filha deveria fazer algo diferente. E sua irmã dizia que Nathally não precisava ter pressa, logo a coisa certa apareceria. E ela seguiu os conselhos da irmã, não teve pressa e espera até hoje a coisa certa aparecer, só não sabia que demoraria tanto.
Enquanto saía do canil, ela tirava seu avental. Começou a caminhar pelo corredor de veterinários. Olhava rapidamente para dentro das salas ao seu redor através dos gigantes painéis de vidro na parede. Gatos, cachorros e até algumas aves domésticas eram cuidados naquelas salas. Nathally não gostava nem um pouco da cena, mesmo sabendo que era pelo bem deles. Lutando contra a própria curiosidade e tentando evitar olhar para dentro das salas, ela caminhou até o painel de vidro da sala de sua irmã e observou.
Ela estava sozinha lá dentro. Tirava as luvas das mãos e a touca da cabeça. Seus olhos e cabelo eram pretos como os de Nathally. Charlote tinha também sardas abaixo dos olhos e acima do nariz. Haviam pingos de sangue na mesa atrás dela, obviamente tinha acabado de cuidar de algum animal. Quando Charlote percebeu Nathally a encarando-a através do espelho, estampou um sorriso amigável no rosto. Nathally caminhou até a porta da sala e a abriu.
- Só vim avisar que já estou indo - disse Nathally sem adentrar muito na sala por receio daquela mesa suja de sangue. - Acho que já terminei por hoje, né?
- Continua com medo de sangue, irmã? - perguntou Charlote dando leves risadas. - Acho isso fofo. E sim, você já terminou por hoje. E mais uma vez agradeço sua ajuda.
- Não precisa, já disse que gosto de ajudar. Mas enfim, já vou indo então, vou caminhar um pouco no parque - ela jogou seu avental para sua irmã e se virou, logo depois começou a caminhar até a saída pelo corredor. Nathally caminhava no parque quase todos os dias, era algo que nem ela entendia porque fazia, mas continua fazendo. Uma caminhada de quinze minutos não fazia mal, até porque o abrigo de animais era bem próximo ao parque. -
- Avisa a mamãe que vou jantar lá hoje - sua irmã gritou. -
- Pode deixar - Nathally respondeu com outro grito. -
O Sol continuava a brilhar fortemente enquanto ela caminhava pelo parque. Ela andava por uma estrada de concreto rodeada de grama e árvores. Mais ao longe havia um enorme lago, tal lago ficava no centro do parque. Algumas pessoas brincavam e caminhavam com seus cachorros, já outras apenas corriam pela estrada de concreto, passando eventualmente por Nathally. Outras deitavam-se sobre a grama, aproveitando o dia ensolarado. Nathally podia escutar os patos no lago ao longe se entrelaçando com o som de sino do carrinho de sorvete. Crianças puxavam os pais pelos braços até aquele carrinho.
Estava tão distraída com tais coisas que, no último segundo, parou de andar para não bater de frente com alguém. Em um rápido passo para trás, ela observava quem estava em sua frente. Um garoto de idade próxima a ela, com olhos castanhos e cabelo loiro e encaracolado estendia a mão segurando um folheto em direção a ela. "Não creio que uma garota linda como você precise, mas pega aqui", ele disse encarando-a com um sorriso no rosto.
Envergonhada, Nathally pôs o cabelo atrás da orelha e soltou um sorriso fofo e tímido. Estendeu sua mão e pegou o folheto. Abaixou sua cabeça e observou o panfleto. Era um anúncio de advocacia. Na parte da frente havia um homem vestindo terno preto e gravata cor de vinho. Tinha os olhos e cabelo preto. Seu olhar era penetrante, poderoso e intimidador. Seu sorriso tímido logo sumiu de seu rosto. O que antes era timidez, acabou virando vergonha alheia. O homem no folheto era seu pai, um dos melhores e mais conhecidos advogados da cidade. Um homem que esbanja poder só no olhar. Um homem crítico e calculista. "Que tipo de advogado faz publicidade de um panfleto?", ela perguntou enquanto voltava a levantar a cabeça.
Para sua surpresa, o garoto que lhe entregou o panfleto não estava mais à sua frente, estava a metros de distância, entregando panfletos para uma família que acabava de comprar sorvetes. Ela amaçou o papel com indignação e com passos raivosos e pesados, começou a caminhar até sua casa.
Pouco mais de meia hora se passaram até que chegasse à sua casa. Ela andava sobre um caminho feito de pequenas pedras até a porta enquanto pensava apenas no luau. Sua casa era maior e mais bonita que a maioria das outras. Tinha a faixada branca e vermelha. A porta estava sobre uma varanda gigantesca com cadeiras de balanço, mesa, cadeiras em sua volta e plantas penduradas ao teto. Ela andou até a porta vermelha e a abriu.
O chão de sua casa era feito de piso de madeira clara tão bem encerado que conseguia refletir qualquer coisa. À sua frente estava a escada para o segundo andar. Lá estava seu quarto, o quarto de sua irmã, o de seus pais e o escritório de seu pai. À sua esquerda estava a sala de jantar. Lá estava uma mesa de madeira escura, suas dez cadeiras da mesma cor e com almofadinhas brancas e duas janelas abertas fazendo suas cortinas de tecido branco e fino flutuarem ao vento. Sua mãe estava sentada em uma das cadeiras, tomando seu chá da tarde tão elegantemente que parecia uma inglesa.
Ela tinha cabelos e olhos castanhos, o único marrom entre todo preto que havia naquela família. Estava com um batom vermelho na boca, brincos dourados e um vestido rosa e branco até os joelhos. Sentava-se de pernas cruzadas, realçando ainda mais toda sua elegância.
Atrás da sala de estar estava a cozinha. Tinha balcões gigantescos e armários feitos de madeira amarelada e aço. Tinha também um fogão, geladeira e outros eletrodomésticos. Havia também uma porta para o jardim de trás. À sua direita estava a sala de estar. Uma gigante TV era presa à parede e tinha uma pequena estante feita de madeira alaranjada abaixo dela cuidadosamente decorada. Também havia uma pequena mesa de centro, sua superfície era feita de vidro escuro. Sobre ela havia revistas, jornais e algumas decorações de porcelana. E ao redor da mesa estavam dois sofás e uma poltrona marrom. Um dos sofás tinha espaço para quatro lugares e o outro tinha espaço para três, ambos eram ridiculamente macios e aconchegáveis.
Seu pai estava sentado sobre a poltrona. Com o jornal na frente do rosto, ele balançava sua perna cruzada ao ar. Mesmo estando em casa e longe do trabalho, ele continuava elegante. Vestia uma blusa social branca, calça e sapatos sociais pretos.
Atrás da sala de estar estava uma sala de leitura. Tinha uma mesa feita de madeira clara no centro e suas paredes eram tampadas por gigantescas estantes repletas de livros. Havia também um lustre dourado acima mesa.
- Olha quem chegou - sua mãe disse enquanto colocava a xícara que bebia chá sobre o pires, causando um som suave e baixo como o de um sino. - Já terminou de ajudar sua irmã? - ela perguntou colocando o queixo sobre a mão e soltando um sorriso amigável. -
- Já sim, mãe - respondeu Nathally. Ela caminhou até a sala de estar e escorou-se na porta de braços cruzados encarando seu pai. Assim ela ficou durante alguns segundos até que ele notasse e abaixasse o jornal de vagar. Ele a encarou olhando por cima do jornal. -
- O que eu fiz dessa vez, Nathally? - ele perguntou impaciente. -
- Você tá fazendo propaganda em panfletos de papel, pai? - ela perguntou com um tom decepcionado na voz. -
- Estou sim, e por que faz essa cara? - ele perguntou fechando seu jornal e o colocando sobre as pernas. -
- Quem você é? Leo Getz? - ela perguntou. Seu pai trocou olhares com sua mãe, estava confuso e perdido. -
- De onde eu já escutei esse nome? - ele perguntou curioso e franzindo as sobrancelas. -
- Máquina Mortífera! - ela respondeu impaciente, parou de escorar-se na porta. -
- O filme? - ele perguntou. -
- A série também! - ela respondeu ainda mais impaciente. -
- Existe uma série de Máquina Mortífera? - ele perguntou surpreso. -
- Existe! - ela respondeu indignada e com os olhos arregalados. -
- Olha só, já chega - sua mãe levantou-se e caminhou até a sala de estar. Parou ao lado de seu pai e colocou sua mão sobre o ombro dele. - Vai direto ponto, garota.
- O Leo Getz fica fazendo esses anúncios toscos, na série por exemplo, ele faz anúncios em ônibus - ela explicou. -
- Tá dizendo que minha forma de anunciar é... "tosca"? - ele perguntou fazendo o sinal de aspas com os dedos. -
- Sim - ela respondeu. -
- E o que você sabe sobre publicidade? - ele perguntou de forma intimidadora e subestimando-a. -
- Bom, eu sei que você é o único advogado da cidade, talvez do mundo, que faz anúncios em um panfleto. Estamos no século vinte e um, pai. Crie um site, uma página no facebook, sei lá. Só para com esses anúncios de panfletos, tá? Com toda certeza estão estragando sua imagem - seus pais trocaram olhares. Já o olhar de Nathally foi preso ao chão, estava pensando sobre o que tinha acabado de falar. - Publicidade? Talvez. - ela murmurou. -
- Obrigado pela dica, filha - seu pai a respondeu de forma sincera. Nathally chegou a ficar um pouco assustada. - Talvez eu crie um site ou sei lá.
- Então tá, eu vou pro meu quarto, então - ela saiu da sala de estar e começou a subir dois dos degraus da escada. -
- Que novidade, filha - sua mãe disse ironicamente. Nathally voltou os degraus que tinha subido e caminhou novamente até a sala de estar com um sorriso no rosto. -
- Esqueci de avisar vocês, hoje vai ter um luau lá no parque, ou vou, tá? - ela disse ainda com o sorriso estampado no rosto. -
- Ela tá nos pedindo permissão ou nos avisando? - seu pai perguntou olhando para sua mãe. -
- Acho que nos avisando - sua mãe o respondeu. - A Verônica vai?
- Vai sim - ela respondeu. -
- Menos mal - sua mãe reagiu de forma tranquila. -
- E aquele irmão delinquente dela? - seu pai perguntou com um tom mais sério e intimidador na voz. - Ele vai?
- O Sebastian não é delinquente, pai - ela respondeu impaciente e revirando os olhos. - Você simplesmente não gosta dele, não é? E eu não sei se ele vai.
- Claro que eu não gosto - ele respondeu. - Já viu como aquele garoto age? Ele é estranho, não ficaria surpreso se saísse por aí matando pessoas, deve ser um psicopata. Além disso, filho daquele homem não pode ser coisa boa - James detestava Mike, pai de Sebastian, pois o mesmo conseguiu prender um homem que James fez de tudo para defender. Nathally, ainda mais impaciente, voltou a subir as escadas de forma entediante e desanimadora, não era a primeira vez que escutava aquilo de seu pai e com certeza não seria a última. -
- Ah, esqueci de avisar, - Nathally gritou já no segundo andar - Charlotte vem jantar aqui hoje.
Autor(a): kaysouza
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