Fanfic: Soldier | Tema: A Elite
-Você ficará bem? Bem, eu sei que você não tem escolha, mas, eu so quero me enganar e dizer que você estará bem aqui... - Peter esta quase caindo no choro em se despedir de Julian.
Em tão pouco tempo, o ruivinho se tornou tão especial para alguns de nós que chega a ser dificil pensar em deixa-lo aqui.
- Hey, não pense assim - respondeu o ruivo, segurando o rosto de Peter com suas mãozinhas. Nessa altura do campeonato, é possível ver os olhos de Julian brilhando de lagrimas - Não estarei sozinho, os grupos que não foram sorteados estarão aqui também. Mas eu irei sentir uma imensa saudade de vocês - seus olhos azuis encontraram os meus, nunca havia repara a semelhança deles com o mar.
Despedidas são tão tristes. Ninguém nunca esta preparado para partir, não completamente. Eu sinto algo dentro de mim -talvez seja minha consciência- dizendo que não é seguro deixa-lo aqui, não é o certo.
Eu gostaria imensamente de leva-lo, mas é impossível
-Eu sentirei muita falta de você, ruivinho - respondi o abraçando apertado, e logo ouço o mesmo sussurrar algo no meu ouvido
-Quando estiver sozinha, leia a carta que coloquei em sua mochila hoje cedo depois da revista. Acredito eu que tenho esclarecido todas suas duvidas - assenti com a cabeça e o soltei de meus braços, encarando seus olhos marejados, sem demora dei um beijo em sua testa.
-Vamos gente, não podemos demorar, a aeronave ja vai sair e nos ainda estamos aqui - berrou Jim da entrada da aeronave -quase impaciente- todos os outros ja estão dentro da aeronave e só nos estamos enrolando na despedida
- Já vamos - gritou Peter sem olhar Jim. Seus olhos esta preso nos olhos azuis - eu vou logo, porque se eu ficar mais um minuto aqui com hoje, vou acabar chorando e eu não quero que você me veja chorando de novo - resmungou Peter meio rouco, não aguentando e soltando um soluço. Julian lhe deu um beijo demorado na bochecha e um abraço apertado. Sinto que devo interferir, ou não sairemos hoje - Eu amo você - sussurrou afundando seu rosto nos cabelos ruivos.
-Eu também amo você, Pe.
eu acho que eu vou acabar chorando, meu deus do ceu
-PETER PORRA - gritou novamente Jim fazendo o menino louro se afastar do ruivo e seguir seu caminho ate a aeronave.
É tão espaçosa e bonita. Os bancos grandes e de couro bege claro, totalmente convidativos. Sento-me a frente de Guilherme que está a conversar distraidamente com Solange ao seu lado, e ao meu lado esta o impaciente Jim Moriarty, o mesmo que encara a janela pensativo. Seu rosto agora só tem um pequeno hematoma roxeado em sua bochecha esquerda.
Prevejo que sera uma longa e silenciosa viagem.
-Oi soldados - Harry apareceu como um fantasma exibindo seus dentes branquíssimos e alinhados. Seu rosto descreve o entusiasmo e talvez a felicidade de estar pondo novos soldados na rua
-Ola Harry - Solange saudou com um sorriso meia boca
Solange não conversou comigo desde o ocorrido de ontem e eu também não fiz nenhuma questão de puxar assunto.
-Como estão? - perguntou Harry dando uma passada de olho em nossas caras
-perfeitamente bem, senhor - respondeu Solange com entusiasmo a altura.
Essa garota tá interessada no Harry?
-Onde está Peter? - perguntou notando a ausência do lourinho
-Eu o vi entrando no banheiro - respondi encarando o banco vazio ao meu lado. Levantei meu olhar encarando os olhos cinzentos que agora pareciam um pouco azuis, diferente do dia em que o vi pela primeira vez em sua palestra.
-Ah sim, entendo. Deve ser difícil para ele, percebi que ao longo dos dias Julian e ele se tornaram grandes amigos - respondeu um pouco pensativo. O tom que que ele usou em sua voz é um pouco estranho, não consigo explicar. - Morgana, eu lhe trouxe uma coisa - o vi remexer no bolso de dentro de seu terno cinza claro, totalmente bem alinhado em seu corpo. Harry segurou um livro de capa dura na cor vinho e um M na cor branca.
O encarei sem entender enquanto Harry me entrega o livro. Não o abri, apenas segurei.
-Lembra da nossa conversa ontem? Achei melhor te ajudar lhe dando um diário. Eu escrevi algumas coisas para te ajudar a entender o que é um diário e para que serve. Espero que goste, é um presente...
Sorri, totalmente corada.
-Obrigada Harry
-Por nada. Agora, se me dão licença, preciso falar com o co-piloto. Logo já levantaremos voo - Harry se despediu indo até a cabide dos pilotos.
Como será que essa coisa voa?
-É bonito - Jim disse baixinho apontando para o diário em meu colo
-É sim - encostei minha cabeça em seu ombro. Seu corpo está rígido, o que sugere que Jim está nervoso, mas por que?
-Oi gente - Peter resmungou se sentando ao meu lado, seus olhos castanhos esverdeados ganharam um tom avermelhado. É tão ruim saber que ele esteve chorando.
-vem cá, meu loiro safado - o puxei para um abraço apertado na tentativa de fazê-lo se sentir melhor.
***
"Olá Morgana, como está?
Eu lhe dei esse diário para você se expressar, se entender e se tudo ocorrer bem, se tornar mais forte. Aqui você irá desabafar, descrever tudo o que sente, o que te fez sentir bem ou mal, descrever sobre seus planos e suas esperanças, sua agonia e sua dor, seus medos, sua angústia e sua felicidade. Escrever tudo sobre tudo sem ter a preocupação de ser julgada. Ninguém pode invadir o diário de alguém. Eu espero profundamente que isso te ajude.
Com amor, Harry Greenwood."
Isso está escrito na primeira página do meu diário. Só pude ler quando cheguei em meu quarto, sim, MEU QUARTO. Fiquei tão feliz quando soube.
Vamos lá, então
"Oi diário. Isso é tão novo para mim quanto para você.
Por onde começar?
Hoje pude observar um pouco do que é o mundo é de onde estamos. Não parece que houve guerra, não aparenta. É tudo tão bonito e cheio de pessoas andando as ruas sorridentes com seus filhos ou cônjuges.
A casa que estamos é linda, um pouco grande mas é aconchegante. Fica um pouco longe do resto da cidade, mas não tem muita importância.
Eu estou tão ansiosa para começar a missão, e sem querer esqueci que tenho que me arrumar logo. Começaremos hoje.
Volto logo para lhe contar como foi..."
As roupas do meu vestiário são todas lindas, a maioria coisa que nunca usei e nem sabia que existia, como vestidos curtos e colados, mas acredito que no ambiente em que estaremos hoje, é necessário usá-lo.
Optei por um vestido azul escuro acinturado, porém largo nos quadris e nas coxas. Isso porque as armas que irei usar por baixo das roupas não podem ficar visível.
Posicionei o coldre de perna em cada uma de minhas pernas. As armas não estão aqui, elas têm um cômodo próprio.
Lyanne disse-me uma vez que saltos altos passam uma imagem de poder a quem usa. Não posso deixar de usá-los. Usei também um pouco de maquiagem. Caralho, estou tão nervosa.
-Uau, tá gata
ESSE PETER VAI ME MATA DO CORAÇÃO
-assombração - resmunguei com a mão no peito - me assustou
Peter está igual a um príncipe. Está lindo. O terno azul safira com detalhes em dourado... perfeitamente lindo. Se alguém nos visse, acharia que teríamos combinado
-desculpa - soltou uma risada um pouco forçada - já está pronta?
Afirmo que sim e pego minha bolsa e assim nos vamos para a sala de armas. Todos os outros já estavam lá, eles estão tão lindos.
Jim está encantador, totalmente impecável com seu clássico terno negro. O mesmo agora parecia em transe encarando as belas armas e munições. É como se estivesse de volta ao passado?
Solange está perfeita, é até difícil de aceitar que uma pessoa pode estar tão deslumbrante.
Não irei falar sobre como o Guilherme está lindo, e de que sua altura favorece muito o caimento do termo vermelho escuro em seu corpo. Deus, se eu não estivesse com ódio dele, estaria fascinada
Paro de encarar meus colegas e me direciono a fileira de pistolas, pegando duas e as colocando no coldre. Aproveitei e peguei munições e guardei.
Na bolsa, coloquei um canivete dourado e um soco-inglês simples. Nunca se sabe, né?
-Você está linda... - Jim sussurrou ao meu ouvido, fazendo-me arrepiar. Espero que ele não tenha notado isso
-Você também está - respondi sorridente. Ele me parece tão alegre e feliz
-Tenho tantas recordações dessas coisas - encarou pensativo as armas, segui seu olhar indo parar nas bombas. Tem de todos os tamanhos - são minha especialidade
-Chega a ser poético
-Vamos - gritou Solange na porta do cômodo.
Pegamos nossos documentos falsos -Aliás, chamo-me Olívia Royal- e muito dinheiro. Sem demora saímos com os dois carros que a Elite disponibilizou. Um que a Solange está dirigindo e eu estou dentro -medo, ela vai me matar- e outro com os meninos
Como não é supresa para ninguém, Solange não dirigiu nenhuma palavra a mim no trajeto até o Casino Palace. É um lugar lindo. Parece palácio grego, é enorme. No interior é cheio de pessoas elegantes, a decoração carregada de vermelho e dourado. A música está alta, porem, não de modo ruim
Tudo que eu tenho que fazer primeiro é localizar Lucius, e logo depois chamar sua atenção. E claro, tomar o máximo de cuidado para que ele não perceba nada suspeito
Mas o problema é que tem tanta gente...
A menor aglomeração é, por incrível que pareça, no bar e é para lá que eu irei
-Sozinha, baby? - sinto um toque diferente em minha cintura e viro-me para ver quem é.
Encontro uma mulher, uma linda mulher na meia idade.
-Agora não - sorrio passando o dedo indicador na mecha de cabelo platinado e ondulado que caia sobre seu ombro quase nudo. A mulher vestia um vestido de alça bege brilhante, realçando suas curvas.
-Theo, a senhorita gostaria de uma bebida - Disse ela para o barman que apenas a obedeceu e me serviu uma bebida vermelha - beba, é suave
Beberiquei a bebida, é doce e gostosa, com uma pitada de algo quente.
-Como se chama? - perguntou ela se sentando no banco alto e vermelho. Eu fiz o mesmo, cuidando para que isso não deixe as armas marcadas na roupa.
-Olívia. Olívia Royal - sorri bebendo um pouco mais da bebida - e você?
-Marisa Jackson
E é nesses momentos em que eu agradeço imensamente a Lyanne por ter me ensino a não deixar transparecer sentimentos e sensações no olhar.
PQP ELA É A MAE DO LUCIUS???
-É um nome muito bonito - disse a ela enquanto sorria.
Sinto a mão de Marisa acariciar a minha que descansara no balcão
-carne nova, mamãe? - a voz vinha de trás de mim, olhei e para a decepção de todos, não era Lucius. A diferencia entre eles é que esse é um pouco mais baixo e os olhos são esverdeados... Puta merda, eu vou conhecer todo mundo menos o "cara". Mas isso ainda pode dar certo.
- Deixo-nos em paz, Emanoel - respondeu Marisa, seca e rude.
-Ele quer falar com você - respondeu o homem em desdém e Marisa assentiu e pediu ao rapaz que saísse
-Desculpe-me querida, mas eu preciso ir - Disse se levantando e antes de ir depositou um beijo molhado em meus lábios.
Encaro enquanto ela se afasta e tento prestar a máxima atenção possível na direção em que ela vai até virar o corredor atras de um pilar dourado. Termino meu drink e refaço seu caminho.
O corredor seguinte é um pouco escuro e longo. Tem vários portas, todas fechadas. Ao fim, na última porta, ouço uma voz rouca e forte gritar "ELES ESTÃO AQUI"
Oh, merda. "Eles" são nos?
-Como você sabe disso? Como pode ter tanta certeza, Otávio? Faça meu favor - respondeu Marisa, sua voz parecia estar carregada de fúria e ódio
-Você sabe muito bem Marisa. Sabe que depois que neguei aliança com aquela gente, eles vem nos ameaçando - ouço um grande estrondo de algo se quebrando - Nosso filho, Lucius
-Isso é culpa sua e eu já estou cheia dessa vida, estou cheia de você
-ENQUANTO ISSO, MARISA ESTAVA PERDENDO TEMPO COM UMA FEDELHA QUE ELA NUNCA MAIS VERA NA VIDA. Que mae perfeita - rebateu o homem com sarcasmo e provocação mas em seguida um estrondo. Alguém levou um tapa
-NÃO DIGA O QUE EU DEVO OU NÃO FAZER. Lembre-se de quem desgraçou a nossa família foi você - berrou arrastando alguma cadeira
Acredito que ela irá sair da sala. Preciso sair daqui e avisar os outros.
Enquanto me encaminho ao salão de jogatina, pego o celular e envio uma mensagem "precisamos sair, eles sabem que viemos" a todos os outros, já que achá-los um por um seria um tanto difícil.
Estou me dirigindo até a saída, tem tanta gente entrando na minha frente que dá vontade de dar um chute em cada um.
-Senhoras e Senhores do Casino Palece. Iremos interditar todas as entradas e saídas por tempo interminável. Pedimos calma e paciência. Desculpe-nós pelo transtorno - dizia a voz que interrompera música.
Merda, estamos fodidos
"Onde você está?
-Peter"
"Estou perto da saída. Encontre-me no bar
-Morgana"
-Desculpe-me, mas a senhorita deve me acompanhar - disse um dos seguranças a uma garota jovem ao meu lado.
Preciso sair daqui...
Ando em passos rápidos até o bar e peço a Theo a mesma bebida de antes.
-Então essa é a famosa Olívia?
Viro-me encontrando Peter e Lucius. Ambos pareciam contentes. Estamos em perigo?
-Oras, o que devo a honra? - Digo sorridente cumprimentando Lucius com dois beijos nas bochechas
-Ele disse que gostaria de conhecer uma garota bonita com quem pudesse conversar - Peter respondeu parecendo um pouco nervoso
Lucius me encarou sorridente e eu retribuiu o olhar
-Podes me acompanhar a um lugar mais íntimo? - Perguntou-me estendendo sua mão. Não posso negar, eu preciso aceitar
-Claro - seguro sua mão.
Lucius me puxara para andar ao lado de si, estamos indo para o lado oposto daquele que Marisa foi. Entramos em um elevador e fomos para o 14 andar. O último.
O corredor é vermelho e bem iluminado. Sua mão puxou-me para um quarto grande e espaçoso. Tem uma cama branca enorme, vários armários e muitos livros, alguns quadros de Deuses Gregos e por fim alguns caixotes. Preciso dizer que a janela é deslumbrante, é enorme e é linda, pode-se ver a luz da lua entrar no cômodo. Claro, antes dele acender as luzes.
Eu estou tentando não pensar no que terei que fazer. Não quero ter meu primeiro sexo com quem acabei de conhecer. Peter, por que não apresentou a Solange?
-Me chamo Lucius - Disse ele se soltando da minha mão e indo até seu uma poltrona, onde tirou a jaqueta de seu palito azul escuro-quase preto-
-Oi Lucius - respondi um pouco tímida. Lucius tirou seus sapatos e se deitou em um lado da cama enorme.
-Fique a vontade Ol - assenti nervosamente. O que devo fazer agora? Tirar esses saltos que estão machucando meus pés? ELE VAI TIRAR A MINHA ROUPA E VAI VER AS ARMAS, O QUE EU IREI DIZER?
"Desculpe Lucius mas eu vim aqui pra pegar informações sobre a sua vida"
Eu tô suando caralho. SUANDO FRIO. Maldição. Essa missão vai dar errado e vai morrer todo mundo, se não pelas mãos dos Jackson, pelas mãos da Elite.
Maldito hora que eu implorei pra ter essa missão. Meu Deus do céu, vou me matar
-Olívia? Tudo bem? - perguntou Lucius sentado em sua cama, um pouco preocupado
-Eu tô... eu tô bem -respondi sentimento minha boca ficar seca, como se eu nunca tivesse bebido água em toda a minha vida.
-você não está pensando que nós iremos transar, não é? - Lucius soltou uma risada e eu arregalei os olhos
???? Me explica vida, por que eu não tô conseguindo te acompanhar
-Desculpe, era o que eu estava pensando e fico muitíssimo feliz e aliviada por saber que não é isso que irá acontecer - solto tudo de uma vez, sentindo-me até um pouco mais leve
-Meu deus, que tipo de cara você acha que eu sou? - riu mais - te chamei aqui pra conversar, faz tanto tempo que ninguém tem tempo pra mim que uma conversar se tornou mais importante que uma transa. - Lucius deitou-se novamente, ainda soltando risadinhas
Esse cara tá me achando com cara de terapeuta??
-Tudo bem então Lucius - sorri, tirando meus saltos e me deitando ereta do outro lado da cama.
-Você tem família? - perguntou ele com seus olhos presos no teto
-não, eu sou órfã - respondi. Por um lado, não é mentira, as pessoas dizem "se não me lembro, não fiz" Não lembro de ninguém da minha família, é como se não tivesse. - E você?
- Isso me dá uma pontada de inveja sabe - suspirou triste - eu tenho, bom, na verdade eu tenho o que se chama de "mesmo DNA". Não se pode chamá-los de família
-isso parece ser tão triste. O que eles fizeram a você?
É A MINHA CHANCE, EU ESTARIA PULANDO DE ALEGRIA SE PUDESSE
-Bom, que bom que perguntou, eu estava mesmo afim de tocar nesse assunto. Muito atenciosa você - segurou minha mão novamente e apertou de modo suave - nunca senti o calor do amor familiar. Éramos tão pobres... Meu pai não tinha um dia abundante no trabalho e quando chegava em casa, descontava em mim e na minha mãe - sua voz era baixa, um pouco triste - ele nos batia. Todos os dias.
-Isso é horrível, Lucius. Vocês nunca pensaram em denunciá-lo?
-Tínhamos medo - respondeu cabisbaixo - um dia ele conheceu um homem cruel e sádico. Um verdadeiro monstro - sua mão soltou da minha e foi desabotoar sua camisa social branca - ele estuprava minha mãe e me batia - mostrou-me suas costas cheia de cicatrizes. Como um ser humano pode ter aguentado isso? Essas cicatrizes enormes com um desenho de leão com suas garras abertas, como se estivesse pronto para atacar sua presa
Sem pensar, toco algumas cicatrizes com a ponta de meus dedos, o que o faz se arrepiar
-Esse leão significa para mim o que eu sou hoje. Depois que todo esse império foi construído as minhas custas
PIMBA
-as suas custas? Como assim? - perguntei de modo inocentemente. Envolvi seus ombros em meus braços e o abracei
-Meu pai nos vendeu, eu e minha mãe. O homem sádico, ou não tão sádico assim, deu muito dinheiro e fortuna ao meu pai, em troca da minha vida. Eles me criaram para ser uma arma na sociedade, mas eu nunca quis, eu queria ser normal. Queria viver a vida ao lado de Kalissa, mas eles disseram que ela me fazia fraco e a mataram, na minha frente - Lucius desabou em lágrimas que inundaram a alça de meu vestido - desculpe por isso - sussurrou e se soltou do abraço, deitando novamente na cama, puxando-me consigo
-não fique assim, sabe, eu não tive muita boa em minha vida também. Mas a gente tem que se adaptar a viver como da. Você é forte, Lucius - disse acariciando seus cabelos platinados
-não, não sou, Olívia. Eu estou cansado disso tudo.
-quem era esse homem? - perguntei, pode ser que isso seja importante
-não posso dizer, desculpe
Assenti mas antes que pudesse responder, ele disse
-na verdade posso. O nome dele verdadeiro ninguém sabe, talvez só meu pai, todo mundo o chama de HMG. É estranho, eu sei - riu fraco
H M G
-Ele mataria se soubesse que eu contei essas coisas a você. Uma estranha - Lucius se levantou da cama abotoando sua camisa de volta
-Ele não irá saber
-Claro que não - zombou - você está ciente de que irá morrer hoje, não é?
-Não, Lucius - permaneci deitada, o encarando de longe
-olhe, eu sei que é difícil, você tem que facilitar as coisas. Como pode acreditar que eu lhe contaria tantas coisas, lhe daria tantas armas contra mim e a deixaria sair daqui viva? Você é muito inocente
-Como pretende me matar? - por incrível que pareça, o olhar de Lucius não era frio, não era um olhar assassino e nem raivoso. É triste, doloroso, como quem tem a alma em pedaços
-Como você gostaria de morrer?
-De um jeito que não seja doloroso. De um jeito rápido e silencioso, sem dor, sem trauma e sem agonia de esperar entre o momento da dor até a partida
-Gostei do jeito que fala sobre isso - sorriu de lado e se sentou novamente - não tenho pressa, você se importa em viver em cárcere privado? Posso te esconder em minha casa pra todos os dias conversar com você. Seria tão encantador
Eu acho que eu tô falando com um debiloide... mas tudo bem, eu preciso de tempo
- eu sei que não é um assassino, mas não vamos pensar no amanhã, vamos só conversar hoje, e se quiser me matar enquanto eu durmo, seria uma boa ideia - forcei um sorriso
-Você não tem medo de morrer?
-Medo? Não, a morte é a paz e o descanso, sem ninguém para te julgar, brigar com você e te obrigar a ser quem você não é. Tem horas que é tudo o que eu mais quero
-Isso foi profundo - respondeu com seu olhar preso a parede e em seguida me encarou - acha que eu devo me matar?
O que eu devo responder?
-Profundamente, eu acredito que eu não devo lhe responder a essa pergunta. Somente você pode. Isso é uma decisão única é inteiramente sua
-eu gostaria de ser feliz
-defina felicidade
É meu primeiro dia de trabalho e eu acho que estou indo mal
-não sei. Talvez, ter alguém que te ame, viver sem ninguém lhe ditando regras e limites...
-O que te impede de fugir? Ninguém irá te achar se souber se esconder bem, você pode ir para o litoral, ou para uma cidade pacata onde ninguém te ache, onde ninguém te conheça. Você pode até levar sua mãe consigo, ou deixá-la, você quem sabe
Lucius parece estar pensando na ideia, o que é de grande feito
-Você iria comigo?
???? Eu me demito
Ops, não pode...
-Não da Lucius, eu tenho algo que me prende aqui - sussurrei
-algo ou alguém?
-Alguém...
-Como ele é? - perguntou virando para me encarar, sorridente
-Atencioso, carinhoso e super-protetor, eu amo o jeito louco dele agir, é totalmente igual a mim. É alguém que sei que nunca irá me julgar, ou quebrar meu coração. Eu confio inteiramente nele, por mais que não faça tanto tempo que nos conhecemos...
***
Lucius está roncando igual um porco.
Eu preciso sair daqui.
Levanto-me e calço meus saltos, incrivelmente desconfortáveis
Vou até sua escrivaninha a procura de algo que comprove a história dele. Pegos alguns recibos e coloco na bolsa. Preciso sair, antes que ele acorde.
Pego meu celular para olhar as horas e está quase amanhecendo. Peter e Jim mandaram-me 250 mensagens
"Aonde você está?
-Jim"
"VOCÊ ESTÁ MORTA?
-Jim"
"Você é minha melhor amiga. Não esteja morta, por favor"
Coisas desse género, coisas que me fazem revirar os olhos. Como eles pensam que eu morri? Só por que sumi a noite toda?
Pego meu soco inglês e o posiciono em meus dedos. Saio do quarto e puta merda, nunca vi tanto segurança assim.
-Com licença senhorita, você não deve sair do quarto até a permissão de Lucius - a segurança disse de maneira rude fazendo-me cerrar os olhos
-eu preciso ir - respondi
-Por favor, volte para o quarto - disse o outro segurança. São tantos, eu não posso lidar com todos eles
Merda
Sim, eu voltei ao dormitório e estou pensando em alguma maneira de fugir daqui. Eu tenho uma ideia, mas é insana. Eu tenho que tentar
Peguei todas as camisas de Lucius e dei um no em todas as mangas, ligando umas nas outras, fazendo uma corda improvisada. Amarrei no suporte de toalhas e joguei o resto pela janela do banheiro.
Me dê sorte.
Segurei firme nas camisas e desci devagar. O vento bateu contra meu corpo fazendo meu vestido subir, estamos no último andar e se eu cair ou a corda se soltar, são 14 andares de queda é uma Morgana morta. Tudo bem, não vamos pensar nisso.
Continuei descendo devagar, a janela do 13 mostra o corredor vazio, é a minha chance. Balancei-me na corda e chutei a janela, com o auxílio dos meus saltos.
Entro no corredor e procuro pelo elevador, não demorando muito para acha-lo. Desci até o primeiro andar. Eu não acredito no que estou vendo.
Há centenas de corpos sem vida jogados por todo o enorme salão. Todas mortas e ensanguentadas.
Ouço passos...
Escondo-me atras de um pilar dourado e a voz rouca de Marisa entra em seus ouvidos
-Eu odeio a guerra, definitivamente, isso me cansa profundamente
-Precisamos dar um jeito em todos esses corpos - respondeu seu marido, Otávio - devemos levá-los para o porão por enquanto, e depois queimá-los
-Sim, com certeza. E nós precisamos conversar com Lucius sobre isso, ele poderia ter evitado
-o segurança pessoal disse que ele pediu para não ser interrompido, não pudemos fazer nada. Ele é um garoto mimado
-Estou tão cheia disso...
Seus passos foram se distanciando até a porta. Esperei alguns minutos e sai. O mundo lá fora está intacto, como se essas mortes não estivessem acontecido.
Andei onde escondemos o carro e os encontrei. Fico muitíssimo feliz que eles não tenham desistido de mim
Vou até o primeiro carro e bato no vidro três vezes antes da pessoa ali dentro mostrar sinal de vida. Pra minha sorte -ou nao- era Jim
-Morgana? VOCÊ ESTÁ VIVA? - ele sorriu e coçou os olhos com as costas das mãos
-Fique quieto meu amor - a voz de Solange soou dentro do carro. Afundei meu olhar para logo me arrepender, Solange está nua... eu não quero acredito mas acho que eles tiveram uma noite muito feliz
-Oh, bem, irei pegar um táxi - respondi suave, não deixando transparecer a tristeza em minha voz.
-Morgana? Eu... ela... nos não... - tentou dizer mas eu não quero ouvir. Eu não quero ouvir. Eu não quero...
Enquanto atravesso a rua, é como se eu não fosse eu, me sinto tão atordoada. Não sinto minhas pernas mas elas continuam a me movimentar. Eu não posso ser uma presa fácil. Tenho que me manter forte, por mais triste e decepcionada que eu esteja. É como ele mesmo disse, ninguém merece as minhas lágrimas.
Aceno para um táxi e o mesmo para a minha frente, antes que eu pudesse entrar, fui surpreendi por uma munição que atravessou o vidro matando o motorista.
Ótimo, eu estava precisando mesmo de um tiroteio.
Tentei correr mas essa merda de saltos dificultam muito. Decido abandoná-los na rua e correr até um beco deserto. O lugar mais próximo que pude me esconder. Tirei as pistolas do coldre e posicionei, preciso saber quem é que está atirando...
Outro tiro veio em direção ao latão de lixo do outro lado do beco.
Alguém que quer jogar comigo, e não me matar. Por enquanto
Mantenho meu olhar preso nos telhados, até que eu o vejo. É o irmão de Lucius
Sem pensar muito, eu atiro contra ele diversas vezes mas para a minha tristeza, o mesmo está usando um colete à prova de balas, que aliás, eu deveria estar usando. Merda. Aqui estou eu para morrer novamente.
-Senhorita? - chamou um menininho, com seu rosto molhado de lágrimas. O mesmo levou a mão trêmula me entregando um papel dobrado e assim que peguei, o menino correu.
"Nos encontre hoje à noite novamente, desta vez no baile de máscaras da caridade da família Jackson. Traga seus amigos para jogar conosco também...
-Jackson's"
Autor(a): annewinchester01
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