Fanfics Brasil - Sol Vermelho Sóis Gêmeos

Fanfic: Sóis Gêmeos | Tema: Star Wars, Ficção, Amor, Irmãos, Família, Luke, Leia, Skywalker, Sonhos, Prosa poética, Sonhos


Capítulo: Sol Vermelho

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Com mãos ágeis, ela fazia as tranças de seus longos e castanhos cabelos. Dispensara as criadas. Geralmente assim procedia, apesar da mágoa delas em não poder servi-la.


Sempre a agoniava tantos a servirem, encherem sua vida de mimos. Ela se fazia por si só. Porém, era uma princesa e, sabiamente, cedia a esse trato especial de vez em quando, a fim de não decepcionar as pessoas que amorosamente se predispunham a agradá-la. Contudo, naquele dia específico, encontrava-se nervosa demais para poder dar atenção às suas damas de companhia, que a acompanhavam na viagem.


No criado mudo, ao lado de sua cama, achava-se o chip com os planos da Estrela da Morte.


Seus dedos trabalhavam ferozmente nas madeixas acastanhadas, enquanto seu olhar se fixava naquele minúsculo artefato de metal. Dentro dele, a possibilidade de salvar vidas pela galáxia... a promessa de paz por todas as estrelas.


E também, inerente, a probabilidade do fracasso.


Ajeitou as duas tranças enroladas lateralmente em sua cabeça, ainda fitando desconfiada aquele ínfimo mas reluzente aparelho. Quando o deteve em suas mãos, há poucos momentos, teve uma sensação estranha que se irradiou pelos dedos e atingiu seu coração. Um... pressentimento. Não conseguia atinar se era bom ou ruim, sucesso ou fracasso... mas a agoniava. Talvez tenha os dois, pensou consigo, ao olhar seu reflexo no espelho. Aquela informação custara muitas... vidas.


Alisou sua túnica branca, impaciente. Estava nervosa demais para essa missão. Não podia se descontrolar. Muitas vidas se foram... mas muitas esperavam que ela fosse o que era: uma senadora contra o Império... a uma das principais líderes rebeldes.


Existia um certo descrédito em relação a Alderaan quanto à sua postura, diga-se...  resistente e combativa. Conhecido como o planeta da beleza, Alderaan não suscitava a garra e a ferocidade inerentes a lutadores. Suas paisagens bucólicas e extraordinárias quanto à serenidade não produziriam uma população bélica... em princípio. A cultura e educação eram, de séculos de tradição, estimuladas e a natureza pacifista entranhada no mundo verde e azul não cultuavam guerreiros.


Porém, contra toda a lógica, Alderaan se posicionara contra o Império, a começar por seu pai, Bail Organa, que sempre se fizera uma voz de justiça e sensatez no Senado, desde a época da República.


Essa fachada de mansidão e pacifista servia para um bom propósito. O Império não considerava os alderaanianos como ameaça em si. Ela sorriu, mordaz. Como estavam enganados! Apesar de não possuírem armas construídas ali, patrocinavam ocultamente a Rebelião, tanto financeiramente quanto em material humano. E ela, uma princesa, uma senadora, uma... menina de dezenove anos era uma de suas espiãs ativas. Despontava já suas qualidades de líder e já coordenava várias missões perigosas pelos bastidores.


E, agora, estava a frente da mais arriscada delas.


Seu disfarce como uma senadora que não oferecia risco ao Império estava por um fio, ela sentia. Não existia nenhum indício que sua atuação rebelde fora revelada, mas ela sentia... sentia... e, por isso, talvez, essa fosse a última missão onde se representaria como senadora. Talvez fosse a hora de ela se infiltrar nas sombras, ir para Yavin 4 e dedicar-se exclusivamente à Aliança Rebelde, abandonando Alderaan. Uma intuição fazia suas têmporas explodirem. Temia colocar em risco seu planeta, onde viveu durante toda a sua vida, caso sustentasse ainda o duplo papel e fosse descoberta.


O que o Império faria com Alderaan, se este fosse identificado como lar de uma líder da Aliança?


Andou pelo seu aposento em sua nave embaixadora, a Tantive IV, a olhar de soslaio  para o chip. Precisava chegar a Alderaan com os planos... urgente.


Balançou a cabeça. Não. Não olharia mais para esse chip. Havia algo nele... que a fazia estremecer. Não era dada a sonhos e devaneios. Fora criada com o pé no chão, em ações pautadas na objetividade, praticidade e pragmatismo. Os sonhos, deixava para os sonhadores. Ela não tinha sonhos: possuía objetivos. E o seu primordial era uma galáxia livre da tirania do Imperador. Entretanto, até em função de seu racionalismo, não era capaz de ignorar que aquelas... sensações já haviam, inexplicavelmente, evitado várias situações difíceis, desde pequenos eventos de constrangimento diplomático até  ocasiões de despontavam para o perigo físico.


E por isso seu nervosismo.


Não. Tudo corria de acordo com o planejamento. Aquela sensação falhava, por vezes. Por que temer...? A viagem transcorria sem atropelos, mascarada como uma missão diplomática autorizada pelo Império.


Voltou seu olhar para o espaço. Precisava relaxar. Não adiantava ficar remoendo o plano já iniciado e agoniar-se. Isso tirava seu foco. Fitou o espaço escuro, pontilhado de estrelas e, ao fundo, o sol que iluminava e aquecia Alderaan. Chegara no sistema. Seus ombros baixaram, a tensão menos acentuada. Em breve...  em breve as plantas da Estrela da Morte seriam analisadas e o ataque organizado. O início do fim do Império.


Pensou em sua infância no planeta... que não era natal. Não nascera ali. Não era princesa pelo sangue. Adotada pelo, então, Vice-rei Bail Organa e pela Rainha Breha Organa, não conhecia sua origem biológica e muito menos seu local de nascimento. Fora tão amada que não questionava sobre seus verdadeiros genitores. Seus pais adotivos haviam lhe dito que ela era uma órfã das guerras clônicas e isso lhe bastou na época.


Fitou o sol avermelhado, fonte de luz e vida para Alderaan. Ela brincara e estudara sob o calor suave daquela estrela flamejante. Sua companhia abarcava os filhos tanto da nobreza quanto do povo. Seus pais nunca foram de separar as pessoas por castas. Ela conviveu com todas as crianças. Apenas em aulas específicas, ela era isolada, preparada para seu destino.


Sentia a responsabilidade em seus ombros desde tenros anos. Seria bom poder dividir suas preocupações nesse tocante, discutir sobre os temas governamentais, achar soluções para o bem estar de seu povo... de todos os povos. Ter um irmão para poder conversar, alguém no mesmo nível de compromisso do cargo e ciente de todo o peso de vidas em suas mãos.  Mesmo com as outras crianças, até mesmo com aquelas que estavam a serem treinadas como diplomatas, existiam assuntos nos quais ela não tinha como tocar. Nunca dera asas a esses sentimentos, mas a falta de alguém tão próximo, tão... uno a ela se fazia ouvir naquele momento. Um irmão.... uma irmã. Alguém que compartilhasse a mesma origem... um companheiro. Mesmo cercada de amigos e amigas em abundância, por dentro mantinha uma certa distância, não entendia o porquê. Aquelas sensações pareciam diferenciá-la dos outros, além, óbvio, de seu cargo e de seus afazeres reais.


Postou-se a um devaneio ligeiro, com o objetivo de acabar por acalmar os gritos internos daqueles pressentimentos indefiníveis. Em poucos momentos de sua jovem vida, permitira-se a essa prática tão díspare com seu costumeiro agir.


Um irmão ou uma irmã? Um irmão. Por que um... irmão? Sua mente respondera quase que imediatamente à pergunta. Não entendia, mas sentia-se mais confortável com a ideia do irmão. Fitou o sol mais uma vez. Verdade que enxergara explosões amarelas no sol vermelho...?


 Já que seria um irmão, ele poderia ser diferente dela. Brincou com a ideia de ele ser totalmente distinto dela.  Talvez com cabeços claros. Olhos... claros? Gostou da imagem. Seria interessante que ele fosse diferente dela. Assim, implicaria com ele desde garoto, aquela intimidade que apenas irmãos deveriam ter. Também lhe traria ideias novas. Era sempre bom ter pessoas com pensamentos diversos dos seus. Enriquecia. E com um  irmão... sorriu involuntariamente. Quase podia... senti-lo.


E se ele fosse do tipo sonhador, idealista, ingênuo? Do mesmo sangue e tão diferentes? Cuidaria dele, claro. E ele... cuidaria dela. Sim. Uma sensação de conforto a envolveu. Brigariam...? Não conseguia ver-se brigar com esse irmão imaginário. O idealismo e coragem dele a conquistariam, sem dúvida. Seu coração amansaria diante do sorriso tímido dele.


E ele estaria ali, naquele momento difícil com ela. Estaria a lhe pegar a mão e dizer-lhe que tudo daria certo.


Leia franziu o cenho, mirando sua própria mão. Um calor diferente envolveu sua palma e até uma certa... aridez, como se grãos arenosos dançassem por entre as linhas de sua destra. Mansidão... e fortaleza.


Talvez ela realmente não fosse filha única. Talvez... houvesse um irmão perdido seu pela galáxia. Que ideia... Só que não era improvável, era? Era possível, no entanto. Levantou as sobrancelhas, surpresa por onde sua mente trilhara. Quem sabe até já tivesse encontrado esse irmão e nem soubesse de sua identidade? Imaginar todo rapaz que se deparasse, que não tivesse pais... a Aliança era repleta deles.


Permaneceu por instantes assim, deixando-se levar por uma possibilidade altamente improvável. A galáxia era imensa. Seria praticamente impossível ficar cara a cara com seu suposto irmão.


Torceu a boca. Fitou a janela, um arrepio a correr por sua coluna. Uma nave, um destroier obliterou a luz do sol. Ela se enrijeceu.


Chega de sonhos. Sonhos seriam destinados para esse irmão imaginário. Ela tinha a realidade concreta em suas mãos.


Estava a ser abordada por uma nave imperial. E não existia nenhum irmão de cabelos e olhos claros que pudesse ajudá-la agora. 



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Autor(a): ninlil

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A galáxia em espiral enquadrava-se na grande janela. O fundo negro pontilhado por estrelas lindamente ordenadas em uma lógica física quântica, pintura de uma pequena parte do universo. Em cada ponto luminoso daquela obra, bilhões de vidas iluminadas por sóis. Vida... vida pulsante. E uma vida em suspenso. Uma nave de formato oval e ...


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