Fanfic: Destiny | Tema: Herroni

Povs Maite

Tentei de tudo para prestar atenção na aula, mas a cada vez que eu começava a me concentrar, sentia algo de cutucando, algo pontudo, e sabia que isso era coisa da bendita minha irmã, que deveria estar com seu lápis me cutucando, e arranhando, eu sentia minhas costas doerem, mas o que poderia fazer ali, nada, a não ser esperar essa desgraça acabar.

-Vocês entenderam? – ouvi a professora perguntar, quase levantei minhas mãos para falar que não havia entendido, mas se fizesse isso, seria mais um motivo para ser zoada. E sinceramente, não aguentava mais isso.

A aula passava tão lentamente que não conseguia pensar em nada, além de querer ir para casa e me trancar, sentia minha pele toda arranhada, mas não era nada comparado ao que eu já tinha feito comigo mesmo.  Quando ouvi o sino tocar, foi como se tivessem me jogando na maior livraria e me dado todos os livros que poderia ter, mas assim que me levantei, vi que estava só na sala, e que a porta estava fechada, tentei abrir mas isso não acontecia, pois sentia que tinha alguém segurando a maçaneta, continuei puxando, e quando consegui abrir, senti um empurrão, me fazendo cair para trás, batendo minha cabeça na perna da mesinha da professora.

-Ai – gemi sentindo meus olhos lagrimejarem, mas segurando as lágrimas eu me levantei, porém por um momento achei que iria cair novamente, pois senti tudo girar, então me apoiei na mesa, e quando senti que estava mais firme peguei meu material e sai da sala, minha vista ainda estava meio turva, mas fui até o quadro de horários e vi que teria aula de educação física, mais especificamente de handebol, quase gemi de felicidade, era a única coisa que gostava da educação física, sempre joguei na escola, minha irmã não gostava porque quebrava as unhas, mas hoje, parece que ela queria me fazer deixar de gostar até disso, pois ela sempre estava no time rival, e eu sempre voltava com marcas no corpo, e ela dava um jeito para que eu ficasse ainda mais marcada quando chegava em casa.

-Vejam só, se não é a baleia, e vejam só, está com uma roupa que não esconde as gorduras, não puta gorda? – baixei a cabeça ao ouvir uma das amigas de minha irmã falar, já estava tão acostumada a isso, que não tinha mais o que fazer, apenas deixar. Mas hoje, parecia que algo diferente ia acontecer, pois ouvi ao fundo.

-Olha quem fala, quem é mais gorda e puta do que você garota? – levantei meu olhar procurando pela voz que falou isso, e encontrei uma ruiva segurando uma das bolas e sorrindo sarcástica.

Olhei bem para ela, e sorri agradecendo pelo que fez por mim, era muito raro isso acontecer.

-Não se mete sua sapatão – ouvi a Mariana falar olhando para a ruiva que riu, levantou a bola e jogou acertando mesmo na cabeça oca de minha irmã, comecei a rir da cara que ela fez, mesmo sabendo que quem iria se dar muito mal com isso era eu.

-Está rindo do que sua vaca gorda? Acha que não vou falar ao papai? imagina o que ele vai fazer com você – gelei quando a Mariana falou olhando para mim

-Mas eu não fiz nada – falei olhando para ela desesperada.

-Você existe garota, porque você não se mata mesmo? – baixei a cabeça quando ela falou isso em tom de questionamento, fazer isso já tinha me passado pela cabeça muitas vezes, mas algo sempre me impedia.

Ouvi um rosnado, e quando pensei que a pessoa ia falar, ouvimos a professora pedir para formarmos os times, acabei ficando no mesmo time da ruiva, que piscou para mim, me fazendo sorri.

Começamos a jogar, e como eu sabia, estávamos ganhando, pois as meninas que eu conhecia e sabia que jogavam bem, estavam tudo nesse time, no outro estava minha irmã e sua cambada de patricinha, num dos determinados lances, eu consegui armar a jogada para a ruiva, mas assim que joguei a bola, senti meu corpo ser prensado, e um soco ser dado em minhas costas, enquanto a pessoa na frente me socou o estômago me empurrando com muita foça no chão, cai gemendo e sentindo falta de ar, os dois golpes forma bem fortes, além da queda, bati minhas costas e a sensação era que eu estava me afogando. Ouvi alguém gritar para pararem o jogo, enquanto eu gritava quando senti alguém pisar em meu pé, depois disso tudo havia ficado turvo e eu só senti braços fortes me pegando nos braços, e uma gritaria começar no ginásio.

Povs Alfonso

Depois de algumas investigações eu descobri que a Maite iria estudar na mesma sala da Dulce, minha irmã, ela morava comigo pois nossos pais ficaram na fazenda, diziam que tudo era muito barulhento na cidade. Sei que não deveria fazer isso, mas como estava sem nenhuma turma, eu decidi acompanhar o jogo de minha irmã, ela era apaixonada pelo handebol, e além disso, seria uma nova oportunidade de ver novamente a Maite.

Assim que me sentei na arquibancada, pude ver que o time em que a Dulce estava era o vencedor, e que vencedor, estavam ganhando de lavada, vi que a Maite jogava muito bem, tinha um arremesso perfeito e uma excelente visão de jogo, essa garota deveria ser treinada para a seleção, pois jogava muito bem.

O jogo estava bem desigual, visto que o outro time não conseguia ficar com a bola e não fazia um gol, mas algo me fazia ficar em alerta, foi quando vi a Maite lançar a bola para a Dulce, que conseguiu marcar fácil, mas vi quando a Miate foi prensada com muita violência, e logo em seguida foi ao chão, me levantei rapidamente  e desci as arquibancadas para ir até onde estava a confusão, cada passo que eu dava, via que a Maite tentava respirar, mas a força que ela havia caído no chão, devia ter roubado todo o ar dos seus pulmões, olhei em volta procurando pela responsável pelas garotas e vi que a professora se aproximava, mas rapidamente corri quando ouvi um grito de dor, cheguei rápido onde a Maite estava, quando vi que ela estava quase fechando os olhos, sabia que o grito que tinha ouvido tinha vindo da Maite, mas olhei para o corpo dela e vi que ela não tinha marcas de nada, devia ter sido pela pancada. Me aproximei dela ainda ouvindo uma gritaria ao fundo, sabia que uma das vozes era a da Dulce, a outra eu não reconhecia. Minha irmã sabia se virar, por isso eu apenas me abaixei pegando a Maite no colo, ela gemeu quando passei um dos braços em sua nuca, apoiando suas costas e o outro braço passando pelos joelhos, ergui ela rapidamente, e quando ia saindo falei que era para mandar as que brigassem para a direção, e que as numero 6 e 8 eram as responsáveis pelo ataque a Maite, se fosse só pela frente era falta normal e isso se ela estivesse com a bola, mas ela já tinha jogado a bola quando foi prensada e empurrada.

Vi que a professora fechou a cara quando dei as instruções, mas como eu era o coordenador ela não poderia falar nada, ainda mais porque eu vi o que tinha acontecido. Entrei com a Maite e fui em direção a enfermaria, lá falei a enfermeira o que tinha acontecido, ela apenas balançou a cabeça e sussurrou algo que me chamou atenção.

-Já aconteceu isso? – perguntei espantado. Vi que ela riu sarcasticamente.

-Várias vezes, a Mai sofre a muito tempo essas agressões, e sei que esse ano só está começando, e ninguém interfere – vi que ela estava resignada, enquanto levantava a blusa da garota, pois foi o que eu disse que aconteceu, vi que o tórax dela e o abdome estava com muitas marcas, umas roxas vivas, outras mais esverdeadas. – Como o senhor pode ver, essa menina come o pão que o diabo amassou.

-Meu Deus – sussurrei sentindo meu coração se apertar com as marcas que essa garota levava, mas uma me chamou atenção – ela é agredida – falei olhando para uma marca na lateral do abdome, era a impressão de uma fivela de cinto, que estava em carne viva ainda, como ela estava sem camisa, pude ver como o corpo dela estava magro, mas nem isso a deixava menos bonita, ela tinha uma voz tão meiga e um jeito que passava paz.

-Estou com falta de ar – voltei minha atenção para a menina que gemia e tentava puxar oxigênio para seus pulmões. Me aproximei dela junto com a enfermeira e observei quando ela sorriu. – Oi Betty

-Oi Mai, respira calmamente – ouvi a enfermeira falar com ela enquanto colocava uma máscara de oxigênio.