Fanfics Brasil - Folha 9 - Alexis: O passado no passado Lembranças de Outono

Fanfic: Lembranças de Outono | Tema: Romance


Capítulo: Folha 9 - Alexis: O passado no passado

590 visualizações Denunciar



— Ah... que dia maravilhoso! — exclamou Milo enquanto removia o paletó e o deixou sobre a perna após sentar-se junto ao balcão do bar e sinalizar para o atendente.  — E confesso que sentia falta daqui, das noites na cidade...


— Sei... — reagiu o amigo sentando-se ao seu lado enquanto observava o barman servir o uísque que pediu. — Sei bem do que sente falta nesta cidade... — e bebeu. — ... e me admira que não tenhamos ido para lá esta noite em vez daqui.


— Até pensei... — respondeu o loiro coçando o queixo. — Nada impede de fazermos uma visita depois... — e sorriu de modo sacana. — ... se tiver disposto.


Alexis riu, sorvendo de seu drinque enquanto seus olhos captavam a visão panorâmica de Manhattan atrás do bar admirando sua beleza turística.


Era o fim do entardecer, permitindo a iluminação alaranjada no ambiente nas cores quentes em sua decoração, com as luzes dos edifícios e painéis já acesas. Era um espaço nostálgico para os dois que tiveram uma das cidades mais competitivas do mundo como o trampolim para se firmarem como advogados.


Os lobbies dos bares por muitas vezes serviram de comemoração de conquistas profissionais e casuais. Quando voltou de Londres e estabeleceu-se nos quatro primeiros anos na cidade nova iorquina, Alexis perdeu-se em festas e inúmeros relacionamentos tumultuosos, reencontro com ex-namoradas de seus tempos em SoHo. Nada que interferisse diretamente em seu trabalho, pelo contrário.


A imagem de um jovem aparentemente playboy e conquistador era uma fachada interessante para quebrar seus adversários e torná-lo mais agressivo e persuasivo.


Juntamente com Milo, formavam uma dupla preocupante, uma vez que ele possuía uma lábia assustadora e, muitas vezes, venenosa. Era interessante como a empresa sempre buscava fazer os dois trabalharem juntos.


A transferência de ambos para Sunport, onde administrariam a sessão jurídica comercial e empresarial foi uma incrível promoção. Ambos cogitaram recusar a oferta quando dito que teriam de deixar a cidade de Nova Iorque para um ilhéu com promessas de prosperidade, mas assumiram o compromisso. Seria algo que duraria cerca de um ano, até que o escritório estivesse devidamente estabelecido e organizado. Mas já estavam lá há seis anos, sendo os principais administradores da sede na ilha.


Se antes estavam hesitantes em seguirem para Sunport, uma cidade esquecida, agora relutavam em deixar aquela que estava servindo de refúgio para pequenas empresas e escritórios que fugiam da aglomerada Nova Iorque.


No entanto, antes mesmo de completarem um ano no ilhéu, estavam hesitantes em retornar à Capital do Mundo, seguindo contra a correnteza de jovens profissionais que ansiavam pelas oportunidades na cidade já inchada e tão competitiva. Não mais havia o estresse e a tensão de um dia que parecia ser duas vezes mais longo.


Para Alexis a mudança de Nova Iorque para Sunport foi uma fuga, uma tentativa de recomeço sem os exageros que estavam próximo de sabotá-lo como profissional.


— Foram os quatro anos bem loucos aqui. — comentou o ex-jogador, de canto, quando o barman se aproximou para servi-los com mais uísque e deixou um pequeno prato com petiscos de quadradinho de salmão. — Porém, isso ficará para uma próxima vez.


— Eu sabia que estava mal, mas não imaginava tanto. — Milo brincou e comeu um petisco.


— Juro que tão logo chegar em casa, vou desligar tudo para ter boas horas de sono. — Alexis dizia quando se voltou para um ponto específico. — Espera... Barman! Aumente o volume.


 “... quando Christer Aasen foi visto saindo do fórum de Nova Iorque no início desta tarde escoltado por seguranças e seu agente. O modelo internacional, conhecido como ’Afrodite’, está numa batalha judicial contra um tablóide e alegando estar sofrendo chantagem de...”


— Ah... Isso explica a confusão com gente da imprensa no corredor hoje. — Alexis comentou e se serviu de mais um petisco.


— É Christen Aasen! — sorriu Milo. — Estava me perguntando de onde conhecia ele... Agora lembrei. — comentou tomando seu uísque. — De revistas de moda. — e assoviou.  — Ele é mais bonito que nas fotos.


Alexis franziu o cenho, voltando-se para a TV, mas o burburinho repentino que se instalou no ambiente com a chegada de mais alguns clientes impedia de ouvir o que era dito.


De fato, havia de concordar com o amigo que o modelo tinha um sex appeal. Ele mesmo teve sua atenção presa àquela figura de corpo esguio, muito bem vestido com uma jaqueta de couro vermelha escura sobreposta a uma blusa preta em mesmo tom de sua calça. Os cabelos loiros platinados lisos caíam sobre seus ombros e a expressão blasè dele, mesmo com aqueles óculos escuros redondos caramelados denotava certa arrogância.


As imagens dele eram rápidas na TV, mas bem lembrava de vê-lo nos corredores do fórum acompanhado de alguns seguranças ao deixar uma sala e de como a imprensa buscava fotografá-lo. A segurança buscava conter aquele sensacionalismo juntamente com seu advogado. No entanto, quando o viu tirar os óculos para tirar satisfação com alguém, as portas do elevador que havia tomado se fecharam.


— Não nego que ele chame atenção, mas...— comentou Alexis, mas voltando-se intrigado para o loiro. — ... desde quando acompanha revistas de moda? — indagou surpreso.


— Ele é modelo de uma marca de ternos italianos que gosto muito, e como sempre comprava com eles aqui em Nova Iorque, recebo o catálogo em casa com lançamentos... — o outro deu de ombros — ... e ele é um dos modelos. Inclusive abrirão uma loja em Sunport.


— Confesso que quando o vi no fórum achei que fosse uma mulher. — disse o amigo bebericando do uísque.


— Ele é um modelo andrógino que atua duplamente nas agências. Não é à toa que seu nome artístico seja Afrodite, a deusa da beleza. — sorriu o loiro olhando para o amigo. — Ele foi considerado uma das personalidades mais influentes ano passado e um dos mais bem pagos modelos do mundo trabalhando tanto como modelo feminino quanto masculino. Inclusive nesse catálogo tem ele com vestes femininas e nunca diria que é o mesmo cara dos ternos.


— E você é fã do cara que sabe tudo dele, né? — riu o outro encarando-o surpreso.


— Não, não... Não é difícil desconhecer alguém que estampa diversas capas de revistas, jornais, tablóides... — e o Milo sorve mais de sua bebida. — Inclusive, me admira você não conhecê-lo quando esse modelo está em foco por conta de um escândalo desses tablóides.


— Não é o tipo de mídia que chama a minha atenção. — Pontuou o outro. — Além do mais, não exija tanto de mim quando eu já me esforcei demais nessa semana por conta dessas reuniões e concluir o acordo que nos deu 30% dos milhões acordados nesta tarde.


— Você quer falar de 12% para nós dois, já que o maior percentual é da empresa jurídica. — corrigiu o loiro levantando o indicador. — Bom, não que deixe de ser alguns milhares em conta.


— Que seja! — e Alexis relaxou no bar. — O que quero agora é apenas chegar em casa e dormir. E falo de dormir MUITO!


— Imagino. – concordou o amigo assentindo. — Confesso que estava receoso sobre as condições que chegaria aqui. Afinal, você viajou de Nova Iorque para Atenas e de volta a Nova Iorque em menos de 48h, tudo isso sem preparação alguma. — respirou fundo, soltando o ar em seguida e sorvendo mais um gole de seu drinque. De fato tinha razões de estar preocupado se conseguiria defender as condições dos contratos.


O Andrew disse a mesma coisa. — riu Alexis um tanto desanimado pelo cansaço, lembrando das palavras do irmão. — Inclusive... – ele tomou o telefone que estava guardado no bolso interno do casaco que descansava em sua perna. — Ele me ligou hoje dizendo de que estaria voltando amanhã.


— Hum! — reagiu Milo servindo-se do petisco. — Estava para te perguntar sobre como foi lá com ele, mas essa correria…


— Eu não teria imaginado que seria assim... — e Alexis percebeu a expressão apreensiva do amigo enquanto era ele sorver um gole de sua bebida. — Calma… — riu ele deixando o copo no balcão. — Foi um bom encontro. Um recomeço… — respondeu enquanto balançava sutilmente o copo de uísque e contemplando a sua cor. — … ainda que não tenhamos conversado sobre o polêmico assunto que nos afastou nos últimos seis anos.


— Bom, já deram o primeiro passo e isso é o mais import… — dizia o loiro que não apenas se calou repentinamente com transformou seu semblante.


Milo tinha sua atenção voltada para a entrada do bar para um grupo que chegava com três homens em seus ternos caros e bem alinhados. Embora tinham uma presença que chamava a atenção de algumas pessoas, era na mulher que os acompanhava que o loiro direcionava seu olhar fulminante e fazendo-o beber o restante do seu drinque num único gole.


Era uma mulher de cabelo num castanho escuro liso com corte na altura do pescoço, reto e alinhado. Destacava-se pelo corpo esguio num vestido preto de alça franzida e gola V com bojo que criava um volume discreto. A saia seguia até a altura do joelho e usava um sapato preto scarpin. Ela tinha um andar gracioso apesar da postura altiva.


— De repente o ar ficou bastante intragável aqui. — murmurou Milo sem que completasse seu raciocínio anterior e fazendo sinal ao barman para servi-lo mais uma vez.


Alexis acompanhou seu olhar e reconheceu Camille Hawford-Pahlen, uma mulher tão elegante e altiva como ardilosa em seu trabalho. Atuava em casos cíveis na mesma empresa jurídica em que trabalhava — e se desligado há alguns meses por ‘divergências contratuais’.  


Os seus trabalhos estavam mais em situações de divórcios envolvendo grandes figurões de Nova Iorque, mas buscava favorecer às mulheres com pensões milionárias e conquistando vitória na maioria dos casos. Mesmo em causas ‘perdidas’, não eram necessariamente derrotas já que acabava sempre recorrendo a negociações que terminavam, ainda assim, favorecendo às suas clientes. Os meios como conseguia isso que era sua grande cartada.


A contar de seu trabalho, Camille também era divorciada e viúva de seu último cônjuge, de quem herdou uma grande fortuna no último ano, e após duas de suas clientes enviuvarem ao longo do processo de divórcio, passaram a chamá-la de Viúva-Negra. Ela apreciava esse título, ao ponto de sempre vestir preto total nas audiências, visando ressaltar exatamente à imagem da qual a associaram.


O relacionamento com Milo aconteceu após fechar um acordo em seu turbulento negócio. Na ocasião, ambos foram enviados à Chicago e iniciaram um caso mais movido pela tensão conflituosa de egos de ambos. Ainda que tenham tentado afastar-se ao regressar para Nova Iorque, não demorou muito para que alternassem entre seus apartamentos.


Quando a relação começou estagnar entre os dois, Alexis não tinha certeza. No entanto, arriscava pensar que foi após um trabalho conjunto quando Milo precisou atuar nas negociações de acordo de um dos clientes já que a partilha de bens envolvia títulos da empresa da qual tinha sociedade com a esposa — acusada de fazer Caixa-2 que estava levando a empresa à falência. No acordo, o marido se negava a ceder parte dos títulos milionários que garantiriam o levantamento da empresa.


Camille buscou persuadir Milo inúmeras vezes, até mesmo pelo sexo e prometeu parte dos lucros caso o seu cliente cedesse os títulos, mas foi negada pelo loiro que pediu um tempo na relação até que aquele caso fosse julgado e decidido. Evidentemente a ‘Viúva-Negra’ não aceitou aquilo de bom grado e sofreu uma derrota para sua cliente. Desde então, conflitos entre os dois se tornaram comuns e deixaram o ambiente até mesmo pesado quando dividiam o mesmo espaço.


A transferência para Sunport não foi uma fuga somente para Alexis na ocasião, mas também para Milo.


Se havia alguém a quem o amigo não queria encontrar, era aquela mulher. O seu dia, que beirava a perfeição, tinha praticamente terminado.


— Essa maldita cobra peçonhenta… — murmurou ele bebendo metade da bebida num único gole, novamente.


— Num outro momento faria uma piada, mas não é um momento oportuno. — disse Alexis se levantando. — Acho que é nossa saideira… — dizia quando ouviu alguém chamá-lo e já imaginou quem era, e pela cara do amigo, estava certo. Virou-se com seu melhor sorriso apesar do rosto cansado, cumprimentando-a. — Camille! Não imaginava encontrá-la aqui.


— Alexis, meu querido! — disse ela se aproximando, abrindo um largo sorriso naqueles lábios cor de vinho fosco, abraçando o antigo colega. — Eu também não esperava encontrá-lo aqui… — e voltou-se para Milo, denotando a certo cinismo. — Milo, há quanto tempo.


Alexis apenas observou o amigo de lado e temendo sua reação, mas apenas o viu, ainda sentado e encarando a mulher devolvendo o mesmo sorriso cínico.


Por um momento, o loiro pensou em ignorá-la, mas talvez o papel de mal-educado fosse exatamente o que ela iria querer que ele desempenhasse, e ele não estava nem um pouco disposto a dar esse prazer para a maldita.


— Olá, Camille. — respondeu ele deixando soar o mais natural possível. — Achei que já tivesse se mudado para a Costa Oeste.


— E pretendo. — disse ela confiante, deixando a bolsa de mão sobre o balcão e pedindo por um Martini. — Apenas estou a fechar algumas pendências e tão logo estarei me transferindo para Los Angeles. — e recebeu sua bebida, sorvendo um delicado gole. — E vocês, ainda em Sunport? Quanto tempo faz… cinco anos?


— Quase sete. — respondeu Alexis fitando-a, convidando-a sentar, mas ela declinou o convite, liberando-o para que ele assim o fizesse, enquanto estudava seu semblante. — Confesso que nem bem vimos o tempo passar.


— Uau! — e olhou brevemente para Milo que se mantinha calado, mas voltado para os dois. — Ouço falar que a cidade está em plena ascensão… — e brincou com a língua no céu da boca, pensativa. — Grandes figurões de Nova Iorque têm buscado refúgio na ilha e até mesmo criado alguns escritórios por lá.


— Impressão minha ou está repensando sobre se mudar para Costa Oeste? — indagou Alexis franzindo o cenho. Virou-se discretamente para buscar seu corpo, com intenção de estudar o amigo, que se mantinha sério, apenas ouvinte.


— Não, não… — riu a advogada, levando uma mecha do cabelo que caiu sobre seu rosto quando se abaixou, e prendendo-a atrás da orelha. — Sunport é uma bela ilha, pode estar crescendo… — e suspirou. — No entanto, Los Angeles é meu pote no fim do arco-íris… — comentou com um sorriso maldoso. — … se é que me entende. — e assistiu Alexis assentir, porém notou Milo distraído com algo na TV. — Porém, devo ir na ilha em breve. Deve saber que era eu a advogada de Lydia.


O loiro chegou engasgar por um momento, por mais que tentasse disfarçar. Alexis, por outro lado piscou aturdido. Afinal, ambos sabiam sobre seu modus-operandi.


— Você era a advogada da Lydia? —- indagou Alexis com surpresa.


— Sim, mas o caso de Andrew com Lydia é um dos meus raros casos extraordinários de casais que sabem resolver seus problemas sem que seja preciso ser mais rígida. — sorriu ela, brincando com a ponta do dedo em sua taça. — Diferente de outros, Andrew me despertou admiração quanto a apoiou nesses últimos anos e isso conta muitos pontos comigo. Inclusive...— e se mostrou mais séria. — soube que houve à Lydia. Tem conhecimento sobre como Andrew está?


— Estive com ele no fim-de-semana. — respondeu o cansado advogado que respirou fundo, apertando entre os olhos. — Cansado, esgotado física e mentalmente, mas sabendo lidar com tudo.


— Então esteve no velório dela? — surpreendeu-se a mulher. — Adoraria ter ido, mas fiquei presa às audiências que não me permitiram embarcar.


— Alexis viajou e voltou da Grécia em menos de 48h somente para isso. — comentou Milo alternando dela para o amigo. — Não sei ainda como ele tá de pé.


— Alexis, eu sei de suas… excentricidades, mas… — a advogada piscou aturdida. — Isso explica esse olhar cansado.


— Eu precisava ir. Era o mínimo que poderia fazer pela Lydia. — ele buscou justificar, alternando entre os dois. — Não pude visitá-la desde que foi para Cálcis, então…


— Estive lá apenas uma vez... — lamentou-se Camille deixando a taça sobre o balcão. ... mas ela não me reconheceu. Fui junto com um amigo que acompanhou seu estado clínico até que recomendou que poderia progredir numa melhora numa aproximação com sua família. Inclusive, foi ele quem me deu a notícia. Liguei para Themis lamentando e desculpando-se por não comparecer aos ritos fúnebres.


— Até onde soube, ela estava progredindo bem até uma crise acamá-la.  — lamentou Alexis e lembrando do que conversara com irmão e Themis. — Andrew estava com ela quando...  — e não terminou, deixando subentendido.


— Sim, eu soube. — comentou ela bebendo o último gole de seu Martini quando um garçom se aproximou e indicando que seus amigos a aguardava. — Ah, eu preciso ir. — sorriu ela. — Quando for a Sunport, podemos marcar para tomar um drinque? — e alternou entre Alexis e Milo.


— Claro! — disse Alexis se levantando e assumiu a conta de sua bebida, sendo agradecido por ela. — Andrew me mandou mensagem que, provavelmente, estaria voltando amanhã.


— Ótimo! Pode ser meu guia pela ilha, então. — brincou ela.


Claro! Quem sabe não tome gosto e mude de ideia sobre Costa Oeste? — comentou ele recebendo um chute discreto do amigo na perna.


— Acho difícil, mas nada é impossível. — riu ela e começou a gesticular. — Já disse que Sunport pode ser o paraíso, mas não o fim do meu arco-íris. Após desgarrar da ‘velha-guarda’... — riu com escárnio daquilo. — ... decidi me reinventar. Recomeçar minha vida com minhas regras. Quero me renovar e não ficar estacionada no passado. — e piscou, acenando uma despedida e voltando-se para o grupo com quem chegou.


Camille seguiu desfilando sob o olhar admirado e repulsivo de Milo que se odiou por aquela fraqueza. “Como essa desgraçada ainda consegue...?!”, e respirou fundo, tomando o último gole da bebida. Fechou os punhos e sentiu-se impelido a esmurrar o balcão, mas a última coisa que queria era dela notar e interpretá-lo errado.


Levantou-se tomando seu paletó e batendo no ombro de um amigo distraído para irem embora. Se antes tinha vontade de esticar aquela última noite, agora só pensava em passar numa farmácia e tomar um antiácido.


.


.


.


Seguiram de volta ao hotel em silêncio, assim como quando entraram e saíram do elevador e caminharam pelo corredor com destino aos seus quartos. Combinavam a viagem de volta, com táxi e a decolagem enquanto Milo buscava o cartão no bolso do paletó. Alexis observava o quão transtornado ele ficou com a presença dela. Assistiu-o inserir o cartão e encontrando dificuldade para abrir, vendo-o esmurrar a porta com a vontade que percebeu dele se conter quando ainda no bar.


Alexis o auxiliou, abrindo a porta sem maiores dificuldades e empurrando-a, fazendo as luzes do ambiente se acenderem.


— Não achei que ela ainda mexesse assim com você. — comentou Alexis fitando-o, vendo-o entrar no quarto como um furacão.


— Não foi o seu pau que ela usou para fazer de trampolim. — rosnou Milo para o amigo, levando as mãos ao cabelo e fechando os olhos por alguns instantes. — Desculpa, Alexis. Eu não queria…


— Esquece isso. — disse o amigo forçando um sorriso. — Estamos voltando pra casa. Pense no nosso sucesso de hoje, está bem? — e bateu de leve no ombro dele e seguindo para a porta.


— Percebi que ela mexeu contigo também. — replicou o loiro fitando-o. — Não como foi comigo, mas de alguma forma. O que foi?


— Ela não é a primeira pessoa que fala sobre se recomeçar. — o outro forçou-se a sorrir. — Talvez seja algo que eu também deva pensar.


Milo franziu o cenho para ele, mas antes que pudesse dizer qualquer algo, viu-o despedir-se e fechar a porta.


 


Em seu quarto, Alexis deixou o paletó sobre a poltrona, afrouxando a gravata para removê-la e abrindo o blusão. Pensou em servir-se de água, mas ao tocar no copo, contemplou o anel em seu anelar, fechando o punho e aproximando-o do rosto enquanto tocava com a ponta dos dedos.


“Talvez também seja o momento de deixar o passado… no passado (...) Talvez seja um bom momento para recomeçar”, foram as palavras do irmão com ele, e depois Camille falando sobre se reinventar. Aquilo o fez respirar fundo, levar as duas mãos ao rosto.


— Deixar o passado no passado… — murmurou, perdido.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): katrinnae Aesgarius

Este autor(a) escreve mais 3 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

O silêncio da casa fez Andrew respirar aliviado. Não que os dias em Cálcis tenham sido terríveis, mas a casa sempre cheia com os familiares de Lydia tornava o ar cada dia mais sufocante. O que ele queria era um pouco de paz e espaço para pensar e se permitir o luto. Compreendia a preocupação de todos com ele já que tin ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 2



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • luisarroni Postado em 11/07/2018 - 23:36:44

    Escrita muito boa. Continue postando!

  • katrinnae Aesgarius Postado em 10/07/2018 - 23:10:20

    Após um erro de capítulos, foi preciso reupar 5 capítulos simultâneos.


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.




Nossas redes sociais