Fanfics Brasil - Folha 10 - Andrew: Vinho, Jazz & Recordações Lembranças de Outono

Fanfic: Lembranças de Outono | Tema: Romance


Capítulo: Folha 10 - Andrew: Vinho, Jazz & Recordações

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O silêncio da casa fez Andrew respirar aliviado. Não que os dias em Cálcis tenham sido terríveis, mas a casa sempre cheia com os familiares de Lydia tornava o ar cada dia mais sufocante. O que ele queria era um pouco de paz e espaço para pensar e se permitir o luto. Compreendia a preocupação de todos com ele já que tinha sido o último a conversar com ela, mas ter que repetir aquele momento diversas vezes estava sendo torturante e estava já no seu limite.


A presença do irmão, Alexis, o ajudou a lidar com aquela tensão, ainda que tenha sido por um único dia. Ter alguém com quem conversar além dos acontecimentos recentes era um alívio, além buscar inteirar-se, um com outro, de suas ascensões nos últimos seis anos que se evitaram diretamente. Não que Andrew não soubesse do irmão, algo que o mesmo também denotou acompanhar os progressos do seu gêmeo em Sunport. No entanto, nenhum dos dois tinha coragem de buscar o outro até aquele momento.


Quando se despediu no aeroporto após conversarem sobre a retomada de suas vidas, sobretudo de uma conciliação mais concreta quando voltasse para a América, Andrew se manteve pensativo.


Alguns planos teriam de ser adiados, enquanto que outros só seriam cogitados apenas quando realmente estivesse no santuário de seu lar, o que só aconteceria mais alguns dias depois. Antes mesmo da viagem havia feito reservas que, na ânsia da viagem, havia esquecido de cancelar. Por sorte seria uma surpresa e não geraria frustrações — embora ele mesmo sentia-se frustrado por aquilo já que era algo que havia planejado cuidadosamente.


Por mais que os Karras tivessem grande carinho por ele, e ele também nutrisse grande consideração, buscava apenas o tão sonhado sossego. Mesmo com a casa sempre cheia e todos sendo tão solícitos a Andrew, ele sentia um grande vazio e solitário meio a tantos. Verdadeiramente, um peixe fora d’água!


Após uma longa viagem de 9h entre Atenas e Nova Iorque e seguir para Sunport, conseguiria seu intento. Finalmente poderia descansar a mente, o corpo e a alma depois daquelas duas semanas tão atribuladas.


— Não há lugar como o nosso lar! — disse Andrew ao deixar as malas na sala do seu apartamento que tinham as luzes acesas ao abrir a porta. — Era disso que precisava. Silêncio!


— Se bem me lembro da família da Lydia... — dizia Charles chegando mais atrás, empurrando a porta que se trancou automaticamente. — Imagino passar os doze dias com uma casa sempre cheia!


— Nem tanto. — dizia Andrew caminhando pela sala, tomando um controle  e apontando para as cortinas deslizaram para os lados revelando uma janela que dava vista para a baía de Sunport. — Fiquei hospedado na casa de Themis, que estava até sossegado comparado à casa de seus pais, mas a agitação com o velório, depois com a missa... — e suspirou. — Isso sim que foi cansativo.


Quando deixou Grécia há algumas horas, foi numa noite até agradável após um dia ensolarado. Já em Nova Iorque, era um tempo fechado e cinzento com vento levemente frio. Foi abordado pelo amigo e sócio que o encaminhou, finalmente, para casa. No entanto, foi somente quando abriu as cortinas, parecia se dar conta de algo ao abrir a janela. Ao olhar o relógio viu que este marcava pouco mais das nove da noite e sentiu-se desnorteado com aquilo.


— São pouco mais das duas da tarde, Andrew. — respondeu Charlie percebendo o quanto o amigo pareceu perdido repentinamente. — Os dias tem estado bem nublados ultimamente e estava mais escuro quando fui te buscar no aeroporto. Acho que está tão cansado que nem percebeu, embora o céu tenha limpado um pouco. — disse caminhando até ele, parando próximo à janela e percebendo ainda algumas nuvens mais escuras no céu. — A chuva tem sido constante a noite, o que é uma boa pedida para o descanso que está merecendo.


— É o que farei. — respondeu Andrew conseguindo acertar o fuso-horário. — Ainda que tenha tirado um cochilo no avião pouco depois de decolar, sinto que meu corpo está implorando por isso. — e caminhou até um painel próximo à parede, ao lado da estante, para intensificar pouco mais as luzes do ambiente. — O lado bom disso é que não me sinto tão cansado de quando cheguei em Cálcis.


— Se levar em consideração o jet-lag e de que não estava preparado para uma viagem assim e somar a pouco mais de 24h sem dormir... — contabilizou o amigo olhando o apartamento. — ... De fato, imagino que esteja bem mais disposto, mesmo para alguém que durma menos 5h por dia porque parece uma pilha alcalina.


— Não exagera... — riu Andrew removendo o casaco após sentir que o clima na sala mantinha-se agradável após regulá-lo adequadamente. — Só exagerei naquela última semana para preparar aquela apresentação que seria muito importante para a EverGold após dois anos buscando o contrato com aquele distrito tão disputado.


— O que, aliás, foi bastante elogiado, não somente a apresentação como o projeto por um todo! — pontuou o sócio caminhando para outro ambiente onde tinha um painel luminoso e servindo-se no bar. Fez menção para o amigo que aceitou e servindo-se de uísque. — Porém, com toda a preocupação naquele dia, creio que pouco percebeu isso e  focou-se somente na parte técnica.


— Confesso que tentei manter o máximo do meu foco ali enquanto minha mente estava bem longe de tudo aquilo. — suspirou o arquiteto caminhando para a sala, dobrando a manga da camisa. — Depois, quando entrei no avião, pensei se tinha cometido alguma gafe.


— Não... — respondeu o outro entregando-lhe o copo. — Eu só notei porque você bebe água demais quando nervoso. — e deu de ombros. — Em outros tempos estaria acendendo um cigarro atrás do outro.


— Quanto a isso, estou limpo. — Andrew comentou e bebeu do uísque. — Foi apenas uma fase ruim que alguns dias no hospital me ajudaram a refletir. — e sentou-se no estofado. — E quanto aos contratos? Julie me enviou uma cópia, revisei e repassei para ela com algumas pontuações...


— Que já foram analisadas pelos advogados com seus pontos. — complementou o amigo sentando-se numa poltrona. — Andrew, estamos realmente falando disso aqui quando deveria estar desligando-se para descansar? — brincou Charles.


— Só estou perguntando se está tudo bem...! — riu o outro, abrindo os braços e olhando para o amigo que assentia numa expressão de “Sei...” enquanto bebericava mais um pouco.


— Mas, enfim. — falou o sócio cruzando as pernas. — Os contratos devem ficar prontos na semana que vem e, até lá, só quero que descanse! Em outras palavras, mesmo que descanse o resto da tarde e noite adentro, nem pense em pisar naquele escritório amanhã! — e percebeu que o amigo contestaria. — Tire esse fim-de-semana para descansar, dormir tudo aquilo que precisa, relaxar. Faça isso, Andrew. — disse num tom de ordem que fez o amigo, por fim, recuar. — Não quero levar puxão de orelha de ninguém, se é que me entende.


Andrew apenas riu com aquilo, olhando para o copo em mãos e que descansava em sua perna. Bem sabia de quem estava falando. Era verdade que estava ansioso para voltar ao seu escritório e para sua mesa para reaver os projetos antes em andamento, concluir outros e já esboçar outras novas que estavam em mente. No entanto, por mais que sua mente fervilhasse, seu corpo não parecia igualmente entusiasmado. Até chegar ao apartamento, sentia-se disposto a já rascunhar alguma coisa, mas estar em casa o fez agir no automático.


— Apenas imagino que Julie esteja sobrecarregada nessas semanas que estive ausente. — disse Andrew com alguma preocupação. — Nunca me ausentei por tanto tempo assim.


— Ela se virou muito bem. — pontuou Charles fitando-o. — Diria que ela foi de uma eficiência extraordinária! Ela tem empatia com sua equipe que a ajudou com cada um executando suas partes sem que a deixasse sobrecarregada. Precisei apenas chamar sua atenção porque, por duas vezes, a vi ficar além da hora fazendo relatório para enviar a você quando, imagino, não estava com cabeça para tanto. Fora isso, aplaudo sua eficiência. — e bebericou mais um pouco. — Estava pensando em roubar pra mim.


— Você tem duas secretárias, Charlie. — censurou Andrew apontando-o com o dedo que segurava o copo. — Não venha querer roubar a minha única secretária.


— Não seja tão ciumento! — o sócio rebateu rindo e se levantou, deixando o copo numa mesa  que lembrava um tronco de árvore petrificado envernizado em preto ao lado da poltrona. — Alguém já lhe disse que é muito possessivo? — brincou ele. — Age do mesmo jeito com a Laura que, aliás, não a vejo aqui hoje. Ela ainda trabalha aqui com você?


— Sempre! — respondeu Andrew bebendo mais, mantendo-se sentado. — Ela já estava com uma viagem marcada bem antes de tudo isso. — Curvou-se para frente após o último gole e deixando o copo na mesa de centro, levantando-se em seguida, percebendo o grande esforço para isso pelo cansaço que sentia. — Ela até cogitou adiar, mas liberei dela ir visitar a família no Brasil.


— Vai conseguir sobreviver até lá? — brincou Charles olhando em direção da cozinha.


— Diferente de você, sei me virar muito bem. — e bateu no braço do amigo. — E estou certo de que ela planejou tudo antes de viajar. Conheço a Laura.


— Qualquer dia venho jantar aqui com a ‘Dona Laura’! — o sócio riu, retirando a chave do carro do bolso. — Bom, deixe-me ir porque não quero pagar multa. E reitero o que disse: descanse e nada de pisar no escritório amanhã. Entendido?


— Eu não vou, Charlie. Fique tranquilo. — concordou Andrew levando a mão ao bolso da calça. — Vou tomar um bom banho, comer qualquer coisa antes de desmaiar na cama.


— Faça isso! — ordenou, ainda que num tom de brincadeira. — Ah, antes de ir... — disse parando no corredor para a porta. — Não está se esquecendo de nada?


Andrew piscou aturdido com aquilo, olhando para o amigo com estranhamento. Buscou na memória alguma data importante ou qualquer outra relevância, mas nada vinha em mente naquele momento.


— Não esqueceu de avisar a alguém sobre estar voltando...? — Charlie tentou iluminá-lo, vendo-o piscar novamente. — Tudo bem, eu vou te dar um desconto...


“Droga!”, praguejou Andrew mentalmente fechando os olhos antes mesmo do amigo falar do que se tratava, deixando o pensamento ganhar voz antes mesmo que percebesse. Aquilo fez com que buscasse seu casaco que deixou no encosto do sofá e tateou em busca do seu celular com flip transparente. Não estava totalmente descarregado, mas percebeu que a mensagem não havia sido enviada.


Lembrava-se de tentar ligar inúmeras vezes, mas a chamada não estava sendo completada. Depois de escrever a mensagem ainda no aeroporto, mas o sinal estava baixo demais, e como tinha chegado em cima da hora do embarque, acreditou que tinha enviado a mensagem, mas não tinha sido possível e ele não havia percebido.


— Ela me ligou hoje cedo para saber sobre você quando disse que estava de saída para buscá-lo. Pensei que tinha avisado a ela e acabei eu cometendo uma gafe. — lamentou-se o amigo.


— Não, a gafe foi minha. Eu estava certo que a mensagem tinha sido enviada, mas... — e suspirou pesado. — Falha minha.


— Então, ‘Dorothy’, acho melhor bater três vezes os calcanhares e busque corrigir sua falta. — brincou o sócio batendo em seu ombro. — Boa sorte!


— Não se você me ajudar. — disse Andrew fitando-o e vendo o amigo franzir o cenho, sendo ele agora quem piscou curioso.


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A Sky Full of Stars, um sucesso anteriormente de Coldplay ganhava um tom mais relaxante num estilo jazz  por The Cooltrane Quartet, banda esta que tomou alguns sucessos da época para um estilo único.


Andrew aumentou pouco mais o volume, despreocupado já que o apartamento assegurava um isolamento acústico. Foi até a cozinha e tomou uma bandeja do refrigerador e levando-a direto para o microondas. Voltou para a sala despreocupado em vestir-se, ainda usando o roupão de quando saiu depois um longo banho imerso em água quente e da taça de vinho que o acompanhou na banheira naquela última hora. Teve impressão de ter cochilado por alguns minutos não fosse a mensagem de Charles avisando ter cumprido seu pedido.


Sentou-se na poltrona onde o amigo havia ocupado quando esteve ali, imerso num ambiente somente pelas fracas luminárias decorativas nas paredes e pela lareira elétrica a gás embutida na parede. Ao fundo da sala, a vista para um dos icônicos prédios industriais de SoHo, cidade que serviu de inspiração para Andrew em seus design contemporâneos arquitetônicos simples e requintados. Aquele apartamento mesmo era um modelo da qual se orgulhava.


Não o bastante, aquele apartamento-modelo era parte de seu vasto portfólio de um dos inúmeros projetos de recuperação da ilha — outro bairro domiciliar com lofts e apartamentos requintados de um antigo bairro comercial, agora elitizado com prédios que fazia sombra aos hipsters de SoHo pelo visual contemporâneo. Em poucos meses, a valorização do bairro com a entrega dos primeiros apartamentos, elevou o padrão de vida da região.


Para aquele apartamento em questão, optara por um estilo neutro em tom monocromático, com paredes a darem impressão crua do concreto em contraste com os móveis envernizados em preto e estofados num tom cinza, combinada a uma variedade de iluminação simultânea e decorativa para deixar um espaço relaxante. E de modo a equilibrar o tom frio do ambiente, pisos em madeira maciça e o teto branco.


Evidentemente que o revestimento em Boiserie foi mantido no projeto, servindo como armários embutidos e invisíveis, ideal para guardar seus projetos pessoais quando trabalhava em casa, por exemplo.


Quando a faixa novamente trocou, desta vez para Holding Back The Years, anteriormente de Simply Red e também no estilo jazz, Andrew olhou para o som e sorriu, permitindo-se relaxar mais na cadeira, deixando-se escorregar, suspendendo as pernas para apoiar numa baqueta igualmente estofada. Suspirou longamente antes de beber mais do vinho que se servia e relembrando um momento daquela música e da companhia em questão.


Inclusive, o CD que tocava foi presente da noite que assistiram a apresentação do grupo, e bem lembrava da razão daquele disco estar na bandeja. Ouviram-na toda na noite que antecedia a sua viagem para sua conferência que aconteceria na semana seguinte.


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— Sei que não deveria perguntar, mas... — dizia Andrew ligando o viva-voz enquanto estava na cozinha fazendo algo para seu desjejum. — Como está essa sua ansiedade? Dormiu bem?


— “Consegui descansar, embora a minha última noite na cama tenha sido bem mais agradável, se é que me entende...” — disse a pessoa levemente maliciosa do outro da linha, o que fez Andrew parar o que fazia e sorrir com aquilo. “Creio que tenha acordado agora... Aqui passa de uma da tarde. Espero que você não tenha ficado até tarde acordado trabalhando”.


— Não tanto, não mentirei. — e despejou os ovos que tinha batido na frigideira, misturando. — Estava avaliando a pauta do que será discutido na próxima reunião e não quero ferrar dois anos de luta para frustrar possíveis investidores.


— “Eu sei...” — e ouviu-se um suspiro. “Falo isso, mas também estou preocupada com a apresentação nessa conferência que... Bom. Não quero criar expectativas”.


— Não há o que se preocupar. Olha... — dizia Andrew desligando o fogo, removendo o avental que usava e deixando sobre a bancada enquanto tomava o telefone, desligando o viva-voz, caminhando para a sala. — Eu sei que não preciso dizer isso para alguém confiante como você, mas... seja você, como de quando nos conhecemos.


Houve uma hesitação por um alguns instantes no outro lado da linha, antes de ouvir-se alguém puxar o ar e soltar, acompanhado do que poderia ser um riso.


— “Agradeço”. — respondeu após um alguns instantes. “Estava a pensar exatamente nisso pouco antes de ligar, embora eu não tenha sido assim tão confiante como naquele dia em que você precisou intervir...”


— Bom... — Andrew riu daquilo. — Eu percebi o quanto aquilo estava sendo incômodo, e depois você conseguiu retomar a atenção que era merecida e calando-o nas diversas correções das afirmações que ele fez que foi digna dos aplausos de pé que recebeu. O mesmo acontecerá aí, em Florença.


“Estava precisando ouvir isso”.­ — respondeu a pessoa com a voz levemente embargada. “Também estou torcendo para que sua apresentação também seja um sucesso, Andrew” som de campainha tocando ao fundo. “Ah! Preciso sair para um almoço com outros conferentes. E mais uma vez, agradeço o apoio, Andrew. Te am... adoro!”


E desligou, deixando Andrew aturdido enquanto murmurava silencioso, pensando naquelas palavras da qual ele completou mentalmente.


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Ao longo daquelas semanas nem bem havia perguntado um único dia sobre o evento em que havia sido convidada, apenas sendo sua ouvinte.  Se não estava errado, quando enviou mensagem avisando de sua repentina viagem, seria quando estaria meio uma conferência, dando-se conta disso apenas dias depois mesmo após receber sua ligação para confortá-lo. “E não bastasse meu egoísmo nas últimas semanas, ainda fiquei em falta com ela sobre meu retorno...”, pensou ele, praguejando mentalmente mais uma vez por aquilo.


Pegou o telefone que havia deixado ali na mesa carregando enquanto foi banhar-se e percebeu que havia uma mensagem.


“Oi, sumido! Fico feliz em saber que chegou bem =)”


A mensagem tinha cerca de 30 min, tempo o bastante do que havia pedido a Charles ter sido enviado acompanhado de um cartão escrito por ele desculpando-se — ainda que precisasse mais do que isso.


No entanto, estava certo de que ela tinha apreciado e ficou imaginar o seu sorriso ao ver aquele presente. N’Outro momento ele mesmo teria levado, mas não estava mais respondendo por ele e sair naquelas condições seria impossível. Nem mesmo a barba havia feito temendo se cortar, mas seria algo a ser providenciado tão logo descansasse.


“Talvez amanhã, um jantar...”, pensava ele entre um sorver e outro do vinho quando percebeu que a janela embaçava devido a fina chuva que caía sobre a cidade. Embora o apartamento isolasse o som externo, era como ouvir o som da chuva, ajudando ainda mais o relaxamento do corpo e a música que tocava acabasse por se perder, mergulhando o ambiente na paz silenciosa que tanto gostaria naquelas últimas semanas.


 


“O micro-ondas!”, pensou Andrew ao despertar. No entanto, não estava na poltrona da sala como bem lembrava de ter adormecido, somente que estava a bebericar uma última taça de vinho ao som de jazz quando percebeu a fina chuva que caia sobre a cidade. Tamanho o silêncio e tranquilidade que seu corpo e mente se renderam definitivamente ao cansaço, o que foi bom já que estava quase sempre alerta enquanto em Cálcis.


Demorou-se ainda na cama, mas sentia o corpo dolorido por conta do tanto que havia dormido e pensava no quanto um banho ajudaria a despertar. “Quem sabe um choque térmico não faça a mente trabalhar um pouco…”, pensava ele olhando para a mala que deixara no canto do quarto. Ao menos desfazê-la, colocar as roupas na máquina de lavar, tomar o sketchbook com os rabiscos que fizera na tentativa de espairecer.


Levantou com algum custo e conferindo a hora. Não sabia que horas eram quando apagou no estofado, apenas que já estava noite, mas estava certo de não ser tão tarde. Talvez por isso sentia o corpo dolorido pelas longas horas deitado, e a contar do quão cansado estava, simplesmente desmaiou na cama e ficando numa só posição por horas. “Talvez um alongamento ajudasse…”, pensou ele servindo-se de água. “Um banho e a mente, talvez, volte a trabalhar com o choque térmico...”, pensava ele quando ouviu o seu celular vibrar.


Voltou ao quarto rapidamente e conferindo o número quando seu rosto se iluminou naquele instante, atendendo em seguida. Porém, nem bem teve tempo de responder senão voltar-se para a sala onde acendeu algumas luzes e recolhendo as cortinas para que um pouco da luz do dia ajudasse na iluminação.


Nenhuma batida na porta, nem mesmo se preocupou em verificar no olho mágico. Parada ali estava uma mulher de pele alva e cabelos escuros segurando uma bandeja com duas grandes canecas de café numa mão e uma bolsa na outra que lhe sorria.


— Eu adoraria dizer ‘Bom dia!’, mas... — ela suspirou, olhando os copos de café. — ... como já passa das 16h... — disse ela fitando-o e rindo. — Aceita um café, Sr. Every?


“Selina...!”, pensou ele ao vê-la ali sem perceber que ainda usava o roupão de banho com qual adormecera na poltrona na noite anterior.



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Autor(a): katrinnae Aesgarius

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 2



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  • luisarroni Postado em 11/07/2018 - 23:36:44

    Escrita muito boa. Continue postando!

  • katrinnae Aesgarius Postado em 10/07/2018 - 23:10:20

    Após um erro de capítulos, foi preciso reupar 5 capítulos simultâneos.


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