Fanfic: Lembranças de Outono | Tema: Romance
DISTRITO NORTE — Píer
— Vamos acordar, Alexis?
Uma mulher dizia, enquanto cruzava o quarto levando a mão aos longos cabelos loiros dourados que descia em camadas até meio das costas. Trajava uma camiseta simples branca que desenhava seu corpo malhado, busto e cinturas afiladas com pernas levemente musculosas.
Caminhou até às grossas cortinas em tom tabaco e as puxou, apresentando um paredão de vidro com imagem panorâmica da baía rodeada pelos prédios iluminados pelo sol. Ela suspirou espreguiçando-se, esticando os braços para o alto, depois encolhendo apenas o braço direito para um alongamento a partir do cotovelo, para trás do corpo.
— Alexis?! — chamou novamente, desta vez com um tom ainda mais manhoso e virando-se cruzando as pernas. — Você me prometeu que passearíamos o dia juntos! — ela olhava para a cama à sua frente e suspirou, revirando os olhos. Por outro lado, vendo-o deitado, mordiscou os lábios, depois o dedo indicador, ao pensar nas travessuras que havia acontecido ali na última noite.
Alexis estava deitado de bruços, com os braços fortes, destacando uma tatuagem no braço direito, e bem definidos cruzados de modo a abraçar o travesseiro que o acomodava. Quando ouviu ser chamado, respirou fundo. Quando a cortina foi puxada e a luminosidade invadiu o ambiente, ele fez uma careta e cobriu o rosto numa reação imediata, ainda que já estivesse meio desperto. Viu a mulher aproximando-se, desfilando de modo provocativo e vendo-a vestir aquela camiseta que sombreava seus seios, assim como sua calcinha fazia o mesmo em sua virilha. Ele sorriu ao ver aquilo, ainda que preguiçosamente.
— Ei... Que preguiça é essa? — perguntou ela mexendo em seus cabelos castanhos acobreados cheios e ondulados, descendo para sua nuca e percebendo-o arrepiar. — Será que dei tanto trabalho assim... — e desceu a mão por suas costas largas, como se desenhasse uma linha em sua coluna e descendo o lençol de seda azul-marinho. — ... para deixá-lo tão cansadinho... hum...? — e sorriu ao ouvi-lo rir.
— Quer mesmo que diga...? — respondeu ele, ainda levemente rouco, os olhos ainda meio fechados pelo sono, tateando o criado mudo para buscar o relógio. — Gwenn... ainda nem são 9h... — e se deixou deitar novamente.
— Mas o dia está lindo demais para ficarmos aqui nesse quarto... — disse ela novamente em seu tom manhoso, subindo na cama, beijando suas costas e subindo, falando ao pé do ouvido dele. — Quero aproveitar ao máximo... Depois ajudá-lo a relaxar... — e mordisca seu lóbulo.
— Se continuar assim... aí que não saio dessa cama... — e ouviu-se o riso dela. — Está bem... Você venceu...! — e foi a vez dele de rir, abrindo seus belos olhos verdes para fitá-la. — Me dê mais uns... dez minutos...?
— Façamos assim... — ela se mantinha apoiada em suas costas, ainda sussurrando ao pé do ouvido. — É o tempo que tomo um banho e você aproveita para se levantar dessa cama. Combinado? — ela o viu assentir e se levanta, animada. — Quem sabe, não me ajuda no banho? — propôs, num tom provocativo.
Alexis apenas sorriu. Virou-se na cama, voltando-se para cima e observando-a tirar a camiseta e jogar contra ele. Ele apenas ficou a acompanhá-la com os olhos entrando na suíte, esta ao lado da cama, já removendo a calcinha, deixando-a deslizar por suas pernas. Ele não pôde evitar de mordiscar os lábios ao ver aquelas nádegas e sorrir, principalmente em pensar do quanto haviam se divertido naquela cama até início da madrugada quando caíram fatigados.
Gwenn era incrível e com dotes maravilhosos dos quais Alexis gostava em uma mulher: seios firmes que enchiam suas mãos, pele sedosa e perfumada, coxas malhadas das quais podia apertar e trazê-las para si, tal como sua bunda firme da qual ele tinha uma tara peculiar, e ela tão bem sabia disso criando joguinhos cada vez mais inovadores.
Pensar nos `brinquedinhos` trazidos por ela na última noite o fizeram rir, contidamente. Olhou para o criado mudo, vendo ainda o gel lubrificante, as bolinhas tailandesas e aquele anel que fez Alexis arrepiar-se e olhar para baixo, vendo seu membro apenas desenhado pelo fino lençol e descansado depois de seu intenso uso.
Por fim, decidiu se levantar uma vez que já havia despertado. Jogou o lençol de lado e manteve-se sentado ainda na cama, esticando os braços para o lado e contraindo a musculatura das costas. Por fim, alongou o pescoço jogando-o de um lado para o outro antes de, finalmente, se colocar de pé, completamente nu. Caminhou pelo quarto, bocejando, catando o short de sua roupa de dormir, esta sempre dobrada na banqueta ao pé da cama, e a vestiu.
Alexis era um homem alto, com um físico definido e bem distribuído em seus 1,84m. Mantinha uma rotina de exercícios como correr no parque pelas manhãs, ou em sua esteira em dias impedidos de sair, ou bicicleta. Não gostava de academia por conta de algumas limitações, mas executava o mínimo de exercícios com pesos orientados pelo seu Personal Trainer.
Tomou o controle e ligava a TV em LED que tinha em seu quarto, já com jornal mostrando as cores do parque urbano migrando do verde para amarelo e vermelho tipicamente da estação. "Outono...", pensou ele e suspirando com pesar. Aquela era uma estação com um quê especial, mas também impactante o bastante para jamais esquecer. Mexeu nos dedos da mão, com o polegar sobre o anelar.
A batida da porta do box e o som do chuveiro o despertou do devaneio. Por um instante imaginou aquele corpo molhado e tentado a acompanhá-la naquele banho, como ela mesma havia proposto, enquanto o seduzia ao despir-se com aquele rebolado. Até percebeu reação de certo alguém.
— Não, pequeno Alexis... Você já trabalhou o bastante por uma noite. Guarde suas energias. — disse para si mesmo enquanto massageava-o. — Por um acaso não pediu nosso café, né? — perguntou, seguindo para sua mesa de trabalho.
Tomava o telefone sem fio e estava a discar o número em que pediria o desjejum quando percebeu a tela do seu celular se apagar, levando-o a franzir o cenho. Não ouviu o toque, porque ainda se encontrava silenciado conforme programado, sobretudo por conta da última noite. Deixou o telefone sem fio de lado e tomou o móvel para conferir a chamada, ficando surpreso com o registro e de quem se tratava. De imediato, uma nova chamada da qual ele atendeu prontamente.
— Themis...? — atendeu preocupado, caminhando pelo quarto, nem bem ouvindo o que Gwenn respondia.
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A mulher saia do box, recolhendo a toalha e enxugando os cabelos, despreocupada com sua nudez frente ao espelho. Ela orgulhava-se de seus dotes, sempre buscando qualquer eventual imperfeição. Tomou sua bolsa que deixara no quarto buscando por sua loção `Bombshell Paris`, da Victoria Secret quando notou leves marcas na altura dos seios que lembravam pequenas mordidas, fazendo-a rir. Parece que seu joguinho foi bem mais correspondido que imaginava.
Escovava o cabelo quando o ouviu perguntar sobre pedir algo no desjejum, e suspirou enquanto separava as mechas dos cabelos com os dedos.
— Não, não ainda. Pensei de comermos algo fora mesmo. Sabe aquele delicatessen que fomos na última vez? — dizia ela, guardando tudo. — Podíamos passar lá, o que me diz? Comprar um vinho e aqueles quadradinhos de queijo para mais tarde... — e franziu o cenho, estranhando dele não responder mesmo quando o chamou. — Ah, não... Dormiu de novo? — comentou para si mesma, suspirando.
Acabava de guardar seus itens, deixando a bolsinha ainda na bancada e puxou um roupão, cobrindo o seu corpo e deixando os cabelos soltos. Seguiu de volta para o quarto chamando-o, mas parou na porta da suíte quando o viu de costas, apoiado na janela e corpo curvado para frente enquanto falava ao telefone, assentindo.
— Entendo... Eu... verei se consigo um voo ainda hoje... Não, não. Tudo bem... — e se virou, encontrando uma Gwenn olhando-o séria. — Sim... Tudo bem... Obrigado por me avisar... Estarei aí amanhã... Até! — e desligou o telefone, respirando fundo.
Ambos ficaram emudecidos por alguns instantes, com Gwenn mantendo os braços cruzados, a expressão séria e um olhar que estava prestes a fuzilá-lo.
Alexis, por sua vez, respirava fundo já sabendo a tempestade que estava por vir, demorando-se com o celular em mãos até que, por fim, o deixara sobre a mesa. Caminhou alguns passos à frente, levando as duas mãos ao rosto, depois para trás da cabeça. Tinha o semblante pesado, respirando fundo mais uma vez.
— Gwenn, teremos de adiar nosso passeio. — e ele apenas ouviu ela respirar fundo. — Aconteceu um imprevisto.
— Claro que aconteceu. — murmurou ela já sorrindo de canto, batendo com um dos pés no carpete próximo da cama.
— Ah! — ele tentava dizer, mas parecia desnorteado ainda com o que ouviu e nem bem sabendo o que dizer. Apenas fechou os olhos. — Apenas me ouça, Gwenn...
— Melhor não dizer, Alexis. — disse ela mudando seu tom amável e manhoso de há pouco para um tom mais firme, fazendo-o abrir os olhos e lamentar aquilo. — Já entendi. Não precisa criar desculpas... — e fingiu sorrir, levando a mão aos cabelos.
— Gwenn, escute o que eu...
— NÃO, ALEXIS! — gritou ela, voltando-se para ele. — Não quero ouvir. Não me interessa! Não quero ouvir qual será sua nova desculpa... Não agora. — e ficou a caminhar de um lado para o outro, vendo-o apoiar-se na mesa e baixar a cabeça. — Não é a primeira vez... É sempre assim! Marcamos algo, planejamos tudo... até que uma maldita ligação acontece e faz tudo cair por terra.
— Eu lamento por isso... — tentava Alexis mais uma vez, mas ela apenas reagiu rindo.
— Sabe o que deveria ter feito? Eu deveria ter desligado esse maldito telefone! — esbravejou Gwenn olhando em direção do aparelho. — Por que eu não fiz isso?
— Está sendo egoísta... — ele falou mais sério. — Ao menos ouça o que tenho...
— NÃO! — a mulher exclamou, fechando as mãos e jogando os braços para o lado num estado de fúria. — Eu estou sendo egoísta? Eu fui paciente a semana toda, apenas esperando esse fim de semana que consegui dar um jeito de ficar com você... Eu não viajei para ficar com você... e eu que estou sendo egoísta?!!
— Gwenn, eu sei que... — dizia, arregalando os olhos e levantando o braço a tempo o bastante para apanhar o roupão de banho que ela vestia, vendo-a seguir de volta para a suíte.
Ele sabia o quão difícil era lidar com Gwenn, principalmente quando aquilo que ela queria não acontecia como gostaria. Contava mentalmente, levando a mão entre os olhos enquanto a ouvia reclamar, vendo-a voltar com vestido que tinham saído na noite anterior.
— Gwenn, não precisamos chegar a isso... — dizia ele tentando contornar a situação. — Eu sei que prometi que passaríamos o dia junto, mas...
— "Não esperava que isso acontecesse" e blá, blá, blá! — falava junto com ele, mas completando uma frase de modo debochado como de um discurso ensaiado. — Já sei o que vai dizer, não precisa se explicar. — extravasou, seguindo para a sala. — Não sei porque acreditei que seria diferente...
— Não vai querer mesmo ouvir o que aconteceu? — indagou, vendo-a voltar e vestindo seus sapatos.
— Não! — sorriu ela com cinismo. — Não me interessa o que aconteceu, o que vai resolver, para onde vai. O que me interessava não vai acontecer então... foda-se!
Alexis revira os olhos, virando o corpo para direção da mesa e desistindo de qualquer tentativa de diálogo. Apenas contornou a mesa, puxando a cadeira para se sentar e abrindo o notebook onde iniciou sua busca.
— Mesmo que não a interesse... — dizia ele alternando do notebook para ela que fingia ignorá-lo enquanto acabava de guardar seus pertences. — Estou indo para Grécia.
— Ótimo! — ela se voltou para ele, abrindo um sorriso. — Aproveita, pega o caminho do Aqueronte e vá pro Inferno! — e voltava para a sala, puxando o carrinho de sua mala.
— Gwenn... — ele a chamava, levantando de sua cadeira ao perceber que ela o ignorara. — Vamos conversar... Onde você vai?
— Interessa? Não tenho o que fazer aqui se vai viajar, não é mesmo? — respondeu ela olhando-o de cima abaixo, dando lhe às costas. — Divirta-se na Grécia!
Alexis parara meio à sala, vendo-a bater a porta. O ambiente mergulhou em completo silêncio, fazendo-o fechar os olhos e baixar a cabeça. Levantou-se levando as duas mãos ao rosto.
Primeiro praguejou mentalmente por aquilo, caminhando até a bancada que separava a minicozinha com a sala, apoiando-se na mesma, pensativo por aquela ligação seguida de briga. Foi até o refrigerador para pegar uma garrafinha d`água, bebericando até a metade e respirando pesado por aquela cena tão desnecessária àquela hora. Ambos tiveram uma noite quente para terminar com aquele banho frio. Pensar nisso, o fez amassar a garrafa plástica e jogar contra a pia, enfurecido. Estava decidido que não a seguiria, mesmo porquê, havia outros assuntos mais urgentes a resolver.
Voltou para o quarto, sentando-se à mesa para concluir o que estava a fazer. Precisaria tomar o primeiro voo direto para Grécia de modo a chegar a tempo. Era um tempo curtíssimo a pensar nos inúmeros compromissos na próxima semana. Precisava planejar bem, a contar as horas de viagem e o maldito mal-estar comum de viagens longas. Após garantir um voo com única escala em Nova Iorque, ida e volta, era encontrar uma reserva em Calcis, o que exigiu mais de seu tempo.
Concluído, apenas recostou na cadeira e balançou-a de um lado para o outro, com a cabeça jogada para trás e olhando o teto. Voltou-se para sua janela panorâmica com vista para a baía e vendo que belo dia estava fazendo, suspirou.
Aquele era para ser um dia maravilhoso e tranquilo após uma semana corrida com idas e vindas de empresas a fóruns. Ela chegara no meio da semana de surpresa, jantaram e passaram aquela noite juntos ajudando-o a aliviar a tensão que o escritório estava lhe causando.
Combinaram na sexta sobre o fim de semana que teriam juntos com um passeio no píer pela manhã, um almoço no restaurante que ela tanto queria e uma volta no parque da cidade. Fechariam com um jantar no restaurante de frutos do mar recém-inaugurado e que ele havia conseguido uma reserva a muito custo. Terminariam a noite na cama com mais de seus jogos e fantasias.
Infelizmente, tudo ficou apenas nos planos.
A ligação de Themis fora mais que um imprevisto, um soco no estômago. Para piorar, havia inúmeras ligações dela de dois dias atrás, mas mantivera o telefone praticamente esquecido naqueles dias no silencioso ou mesmo desligado por conta das reuniões e audiências. Das poucas vezes que tomara o telefone, era para ligações rápidas e pouco atentando-se para mensagens e registros de ligações já que estes ficavam ocultos quando outro era atendido. Agora, tudo era preciso ser feito às pressas, a começar pela mala, mesmo que não tivesse muito a ser levado.
Enquanto pegava a bagagem no armário e jogava sobre a cama para arrumá-la, atentou-se a outra questão sobre aquela viagem e aquilo o preocupou. "Ele certamente também estará lá", pensou Alexis jogando uma muda de roupa quando ouviu o telefone tocar, desta vez o sem fio. Seguiu até sua mesa conferindo o número e suspirou, atendendo, mas colocando-o no viva-voz, num tom apático.
— "Que voz desanimada... O que foi? O brinquedinho não funcionou?"
— Pelo contrário, funcionou bem demais! — respondeu Alexis arrumando as peças na mala. — Aliás, estava pensando mesmo em te ligar para me levar ao aeroporto.
— "Aeroporto...?"
— Eu te explico quando chegar.
Autor(a): katrinnae Aesgarius
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 2
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luisarroni Postado em 11/07/2018 - 23:36:44
Escrita muito boa. Continue postando!
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katrinnae Aesgarius Postado em 10/07/2018 - 23:10:20
Após um erro de capítulos, foi preciso reupar 5 capítulos simultâneos.