Fanfics Brasil - Folha 4 - Andrew: Despedida Lembranças de Outono

Fanfic: Lembranças de Outono | Tema: Romance


Capítulo: Folha 4 - Andrew: Despedida

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A reunião com os investidores tomou toda aquela manhã, com breves discursos de cada um dos convidados. Dreyfuss, a quem o grupo da EverGold já havia anteriormente conversado e apresentado o projeto, mostrou-se otimista, apesar de alguns nomes envolvidos. No entanto, não houve contestação.


Para encerramento, um coquetel foi oferecido com água, vinho branco, drinques leves e sucos, além de um cardápio variado com canapés de tomates secos, bruschetta e barquinhas recheadas de palmito cremoso e quadradinhos de salmão. Dos doces, bombons de uva, morango e nozes. O cardápio buscou ser leve, embora temia-se prolongar além do que era esperado, mas terminou ainda na última hora da manhã. Apesar de simples, tudo havia sido devidamente planejado para atender ao perfil de cada um dos convidados.


Andrew serviu-se do mínimo, mas ingeriu água em demasia. Sua real vontade naquele momento era de secar sozinho algumas garrafas de vinho, no lugar de qualquer outra bebida que estava sendo servida na ocasião.


Charles sabia que o sócio somente agia assim quando ansioso ou nervoso com algo. Ainda assim, o arquiteto manteve atenção a cada um e buscou ser bem eloquente nas discussões. Demorou-se com a tríade do Grupo Olympus, em especial com o alto ruivo, muito interessado no plano comercial bem próximo à série três dos apartamentos que teriam preços mais populares.


Enquanto muito dos convidados se mantiveram na sala onde a maquete estava exposta, Dreyfuss ficara a conversar com Charles Godenn na sala de reuniões acerca dos contratos com a presença de Ganimedes Pistos, sendo acordados já os investimentos. Jordan Steel ficou a discutir com Andrew apenas alguns adicionais da qual o arquiteto achou deveras interessante e pontuou na planta as proposta do investidor. Margret, por sua vez, nada disse que havia a acrescentar senão aguardar pelos documentos.


Quando as portas da sala se fecharam, duas horas haviam se passado desde que Andrew atendeu a ligação de Themis. Ele apoiou-se, com as duas mãos,  na mesa de reunião. Seus olhos fitavam o vazio. “Ela está morrendo, Andrew”, ela havia dito, fazendo-o fechar os olhos e engolir a seco.


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— "An-Andrew! Desc... Desculpe ligar assim, mas..." — dizia Themis entre soluços, a voz embargada enquanto ouvia Andrew buscando inutilmente acalmá-la do outro lado da linha. — "... Ela... Ela quer ver você!" e percebeu  que ele se calou, notando-o estar ali unicamente pela sua respiração. "Ela está morrendo, Andrew... e está chamando por você!"


— C-Chamando... por mim? — o arquiteto pareceu catatônico naquele momento, os olhos perdidos sobre a mesa onde tateava sem saber o que exatamente pegar. — Mas... como...?


— “Ela acordou do coma... chamando por você... Disse que precisava vê-lo, Andrew” — continuou a pessoa do outro lado da linha, respirando pesado como o arquiteto poderia ouvir. — “Ela perguntou por você... Não era delírio”.


"O quê...? Ela... acordou...", repetia Andrew mentalmente, jogando o corpo para trás e rodando sua cadeira de modo a ficar frente para janela às suas costas e que estava com suas persianas levantadas e com vista para o parque aos fundos do prédio da empresa. No entanto, nada via senão seu reflexo no vidro, denotando sua expressão de perplexidade.


Julie, a sua secretária, até então apenas observadora, percebia o quanto o arquiteto empalidecera, mostrando-se desnorteado, umedecendo os lábios, puxando o ar. Seguiu até o bebedouro e enchendo um copo com água gelada para servi-lo, vendo-o aceitar com sua ajuda para segurar o copo. Bebeu num único gole sem deixar o telefone.


— E-Ela... Quando ela acordou do coma? — indagou o ele buscando manter o controle da voz.


— “Ontem à noite, mas ainda estava sob efeito dos remédios... Hoje de manhã que ela estava mais desperta, ainda que respirando pelos aparelhos... Foi então que ela perguntou por você” — explicava a pessoa, parecendo hesitante. — “Andrew, sei que é pedir muito... mas será que...”


— Eu vou. Partirei ainda hoje! — respondeu ele pronta e firmemente. — Chegarei o quanto antes. Peça que ela... resista... Por favor. — e desligou o telefone após ouvi-la agradecer, mas ficou com o mesmo ainda em mãos, assimilando aquela conversação.


Quando largou o telefone, levou a mão ao rosto e caminhando pela sala. Pediu mais água à Julie que o serviu imediatamente, preocupada pela expressão do seu empregador que sorvia tudo num só gole. Sempre que ficava ansioso ou nervoso sentia seu corpo desidratar a ponto da boca secar. Quando a secretária intencionou dizer algo, foi ele quem falou após recuperar o ar.


— Julie... preciso que providencia uma passagem, para hoje ainda, para Atenas, Grécia. — ele viu a secretária piscar aturdida. — Classe econômica ou Executiva... não importa! Não sei quanto tempo ainda teremos de reunião... — e pediu mais água, sendo imediatamente servido novamente. — Veja para depois da metade da tarde, mas preciso de uma passagem imediatamente para hoje, sem escalas. Veja isso pra mim o mais rápido possível. Pode providenciar tudo aqui na sala, está bem?


A jovem assentiu, ainda atônita sobre o que poderia ter acontecido. Tomou o telefone e já consultava o computador algumas companhias com voos para aquele dia enquanto assistia-o deixar a sala.


O arquiteto caminhou de volta à sala de reunião ainda assimilando tudo aquilo, perguntando-se como seria possível. De fato, temia que a qualquer momento Themis pudesse ligar com a notícia, mas aquela era realmente inesperada.


“Ela perguntou por você... Ela está chamando por você... Ela está morrendo!”, e fechou os olhos, controlando seu estado emocional. Voltar à reunião e ficar a sorrisos para cada um dos convidados e foco no objetivo daquela manhã exigiria duas vezes dele, e seu corpo sentiu isso.


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— Creio que podemos fechar o dia de hoje com um jantar! — comentou Charles animado ao retornar à sala de confraternização com os braços abertos como se fosse abraçar a maquete exposta na sala. — Nossos receios foram sorvidos juntamente com o champanhe servido aos nossos melhores colaboradores. — e juntou as mãos em sinal de vitória, respirando aliviado.


A voz do sócio fez Andrew reabrir os olhos e se recompor. Umedeceu os lábios, já sentindo novamente a boca secar, levando-o a tomar metade da água da garrafinha num só gole. Nem assim conseguia digerir aquela ligação tamanha sua surpresa.


— Dreyfuss parreceu igualmente otimista, apesar daquele seu semblante sempre tão enigmático e dual. — comentou Thierri ainda com seu forte sotaque francês que o fazia puxar mais do R em alguns momentos. Porrém, segundo conversamos, acredita que o projeto possa trazer mais investidorres a Sunport, logo mais empreendimentos.


— Sunport cresceu bastante nos últimos anos. A tendência é que continue a se expandir, cada vez mais. A ilha só perde para Long Beach. — dizia Charles caminhando até a mesa de petiscos, tomando um canapé.


— Bom... — comentava o francês, servindo-se de bruschetta. — Sunport não tem sua praia como principal atrativo já que são particulares em sua maioria assim como as pequenas ilhas, mas a cidade propriamente que é seu grande trunfo.


— Bom ponto. — apontou Charles enquanto mastigava seu petisco e se voltando para a sala de reunião, olhando em direção de seu sócio e acompanhado por Thierri.


Charles suspirou, caminhando até um dos baldes de gelo apanhando outra garrafa de água cheia. Somente então seguiu até o amigo, chamando-o por duas vezes até que o viu se virar, jogando a garrafa cheia, com ele apanhando no ar apesar da surpresa.


Thierri seguiu logo atrás com as mãos no bolso. Trajava um terno marrom alinhado, com seu paletó sobrepondo uma blusa creme. Não usava gravata como os dois sócios. Também tinha uma garrafa d'água em mãos, bebericando de leve, mas surpreendendo-se ao ver Andrew ingerir um longo gole.


— O que houve, Andrew? — indagou Charles também levando a mão ao bolso da calça escura. — Depois que voltou notei que estava tenso apesar de manter-se eloquente com os convidados.


— E para alguém tão controlado como você, eu também fiquei preocupado. — comentou o francês alternando entre os dois.


— Desculpem-me por isso. Dei tanta bandeira assim? — indagou o arquiteto alternando entre os dois.


— Não, não... — comentou Charles sorrindo de canto. — Você se conteve bem. Thierri e eu só notamos porque já o conhecemos e eu vi quando Julie o chamou. O que houv...


Indagava Charles novamente quando a própria secretária cruzava a sala da maquete com um caderno de anotações em mãos. Ao ver o trio reunido, desculpou-se por interromper qualquer algo e se voltando para Andrew que sorvia mais de sua água.


— Ah, And... digo, Sr. Van Every. Consegui a passagem. O voo para Atenas sai às 20h30, além de um jato que parte direto para Nova Iorque às... — ela consulta os dados tocando no aparelho. — Sim... às 18h15. Foi o melhor que consegui. — mostrava ela o e-ticket, alternando a tela com um toque.


— Atenas? — surpreendeu-se o engenheiro, franzindo o cenho e olhando para Charles, que também ouvia aquilo com estranhamento. Esperre, Andrew... Como assim?


— Atenas... — o administrador murmurou de maneira retórica, baixando o olhar pensativo. Ao voltar-se para o amigo, compreendeu. — Tem a ver com Lydia?


A secretária alternava do arquiteto para outros dois, ficando mais ao seu lado. Andrew assentiu, respirando fundo e soltando o ar pesadamente.


— Themis já havia ligado quatro vezes. Chorava do outro lado da linha pedindo... implorando que viajasse porque Lydia acordou do coma... — dizia ele olhando entre Charles e Thierri que o fitava ligeiramente surpresos. — ... chamando por mim.


Os dois se entreolharam de maneira interrogativa, depois se voltando para o arquiteto que assentiu confirmando aquilo. Ambos sabiam porque acompanharam a história desde o início, sobretudo Charles quem mais conhecia a história dos dois.


— Pela cara de vocês imagino que tenha sido essa que fiz quando a ouvi me dizer que ela me chamava.  — comentou Andrew bebendo mais água. — Disse que ela despertou ontem, mas hoje, sem efeito forte dos medicamentos, perguntou por mim dizendo que queria falar comigo. Por isso ela me ligou.


— Mas Lydia nem bem lembrava de você e de repente ... — comentou o sócio que dava também nome à empresa. — Essa lucidez, acha que... — e viu o amigo assentir. — Minha nossa...


— Thierri, poderia lidar com tudo nessa minha ausência? Sabe tão bem do projeto quanto eu. — comentou Andrew se voltando para o ruivo. — É o engenheiro responsável. Quanto tempo até os contratos chegarem?


— Ah... uns 10 dias, pelo menos. — respondeu o francês dando de ombros. —  Ainda assim terrá de ser analisado, passar pelos advogados para ser registrado antes de serrem assinados... o que deve tomar mais alguns dias. E sim, posso lidar com tudo. Não se preocupe.


— Ótimo! Apenas espero chegar a tempo. — comentou Andrew deixando outra garrafa vazia sobre a mesa de reunião. — Infelizmente não poderei confraternizar no jantar, mas Julie pode me representar. — e forçou um sorriso para a secretária que piscou surpresa por aquilo. — Aliás, preciso que venha comigo. Deixarei com você documentos e outras tarefas enquanto ausente


— Precisando de qualquer coisa, não hesite em ligar. — pontuou Charles colocando a mão em seu ombro. — Apenas nos mantenha informado.


— Digo o mesmo para vocês. Levarei o computador, estarei consultando email e o messenger... — suspirou, levando a mão ao rosto. — Desculpe não mostrar a mesma empolgação, mas estou tão feliz quanto vocês ao resultado de hoje. Julie? — ele a chamou, com ela acompanhando-o.


— Lydia não é a esposa dele? — questionou Thierri para Charles quando ficaram sozinhos.


— Ex-esposa. — corrigiu o outro. — Porém, Andrew sempre foi muito atencioso, mesmo após tudo que aconteceu. Nunca faltou com ela. — e suspirou. — Mesmo eu lamento do que lhe foi acometida. Espero apenas que ele chegue a tempo.



  • •・✧・••


Nunca que as horas foram tão vigiadas como aquelas últimas. A ansiedade não era algo que consumia Andrew, nem mesmo quando havia de apresentar um projeto como daquela manhã. Charles Goldenn, o pai, sempre disse admirar a tranquilidade de como ele administrava tudo mesmo quando parecia de ponta-cabeça. Até Lydia dizia admirá-lo nisso.


Só houve alguns raros momentos que ele poderia se lembrar em ver-se nessa situação. Além de ansiar o término daquela reunião pela manhã, era aguardar o voo que já tinha vinte minutos de atraso por conta de 'problemas na tripulação' que preocupava Andrew. A vantagem daquilo era que seu voo particular de Sunport para Nova Iorque foi adiantado após algumas desistências de última hora.


Quando a chamada foi finalmente realizada, nem bem tinha acabado de tomar seu café. Deixou o dinheiro sobre a mesa e levou apenas alguns palitos de queijo. Tomou sua bolsa de mão e seguiu para o corredor arregaçando as mangas do seu casaco cardigan grafite de modo a ver a hora, contando cada minuto. Seriam 8h, no mínimo, até Cálcis.


"Aguente firme, Lydia..", orava mentalmente após passar pelo portão. Ao conferir a hora, todos deveriam estar no jantar festejando o sucesso da apresentação daquela manhã, o que o fez sorrir contidamente enquanto deixava sua bolsa de mão no bagageiro e ocupando seguidamente espaço no banco.


Deixara com Julie todos os documentos preciso em sua mãos — pastas, cópias do projeto e das plantas, orientando-a a informá-lo de tudo através de e-mail e messenger, independente da hora que fosse, que ele responderia tão logo visse. Seria a prova de fogo da jovem e Andrew não faria isso se não confiasse em sua capacidade e profissionalismo.


Por último, e não menos importante, mensagens automáticas para caso qualquer um entrasse em contato com ele nas próximas horas — ou mesmo nos próximos dias — devido à repentina viagem com uma explicação sem muitos detalhes. Enquanto no café, até havia verificado o telefone algumas vezes, mas sem qualquer retorno esperado.


Quando finalmente tomou seu assento na Classe Executiva, Andrew respirou fundo. Recostou a cabeça e se pôs a lembrar da aflição de Themis do outro lado da linha. Foi como ver o seu sorriso em alívio quando ele atendeu a ligação e chorar implorando por sua presença. Não que ela precisasse chegar a isso, mas era sua irmã e a quem ela tanto amava e admirava. Apenas esperava que pudesse chegar a tempo, mesmo que acreditasse, tanto quanto Themis suspeitava, que fosse uma despedida.


Quando levou a mão frente aos lábios, apoiado no vão janela do avião, olhou para o bracelete que lhe fora presenteado pela própria. Um presente de quando foi capa de uma revista business de arquitetura com a matéria sobre os profissionais em ascensão — uma corrente circular com um berloque, este com o símbolo da arquitetura em ouro negro. Um desenho de sua linha de joias. Jamais o removeu mesmo após a separação de ambos.


 


Ao longo da viagem, não conseguiu dormir. Estava preocupado e tenso demais temendo que não chegasse a tempo para encontrá-la em seu breve instante de lucidez. O AVC —Acidente Vascular Cerebral — havia agravado seu quadro clínico neurológico já anteriormente diagnosticado como Demência há alguns anos. Em sua última visita, lamentou dela não reconhecê-lo.


A sua mente mergulhou em inúmeras lembranças, e talvez isso o tenha ajudado a cochilar a cada hora. No entanto, estava preocupado demais com o tempo para um descanso que seu corpo já começava exigir. Afinal, nem bem havia planejado uma viagem.


Assim que o avião pousou e o arquiteto colocou seus pés em território grego, buscou inutilmente ligar para Themis. Em todas as tentativas a chamada retornava ocupado ou mesmo desligado. Por um instante sentiu forte aperto no peito temendo o pior, levando-o a decidir tomar o táxi em direção a Cálcis, o que levaria pouco mais de 1h de viagem, hospital onde Lydia se mantinha internada nos últimos cinco meses.


Durante a viagem, outras tentativas de contatar Themis, praguejando mentalmente quando seu telefone descarregou.


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— Conseguiu falar com ele? — perguntou um homem voltando com um copo d'água para uma mulher de cabelos longos claros preso na altura da nuca. Ela fazia uma discagem, mas sem sucesso.


— Não... Desligado ou fora de área. — comentou ela, inquieta, caminhando de um lado para o outro. — Ela já perguntou de novo por ele... — e soluçava, tentando conter as lágrimas.


— Acalme-se, Themis! Tome um pouco d'água. Precisa ficar calma, por favor! — comentou o homem vendo-a tomar o copo e beber, com as mãos trêmulas.


— E se ele não conseguir chegar, Adônis?


— Milagres acontecem. — ele sorriu. A mulher, ao ouvir isso, voltou-se para ele e viu sua expressão, acompanhando para o corredor onde viu o arquiteto. Ela correu imediatamente ao seu encontro.


Andrew a abraçou forte, ouvindo-a chorar tal como no telefone. Sua cunhada tinha a expressão abatida, os olhos fundos de alguém que não dormia há dias. Não que ele pudesse estar tão diferente. Afinal, contava estar, pelo menos, pouco mais de 20h acordado apesar dos rápidos cochilos. Falou rapidamente com o marido dela, com um breve abraço.


— Como ela está? — indagou o arquiteto num tom preocupado e surpreendentemente ansioso, alternando de um para outro. — Tentei ligar, mas não consegui. Vim direto do aeroporto...


— Esperando por você! — Themis sorria, mas ainda notoriamente nervosa e tão ansiosa quanto o ex-cunhado que ainda respirava ofegante, sendo servido de água. — Eu achei que não conseguiria...


— Themis, leve o Andrew! — interrompeu seu marido, já tomando a mala e a bagagem de mão do cunhado de sua esposa. — Depois conversamos. Rápido! — e viu a mulher assentir,  vendo-a guiá-lo pelo corredor..


Na sala de espera, cumprimentou rapidamente os familiares presentes, todos se mostrando aliviados de sua presença. De imediato, foi levado ao médico onde era explicado rapidamente o estado delicado em que Lydia se encontrava ao mesmo instante que ele vestia-se para entrar no quarto com avental, máscara e touca, além de passar por uma higienização.


No aposento, apenas uma enfermeira que parecia aplicar medicamento na paciente aparentemente desperta, ligada aos aparelhos. A pedido de Themis, a enfermeira deixava o quarto, deixando apenas Andrew enquanto a cunhada mantinha-se no corredor observando os dois pelo vidro, apreensiva, orando silenciosa com um terço em mãos.


Andrew caminhou a passos calmos.


Lydia estava deitada com a cama levemente inclinada para cima, o que permitiu a ela ver quem chegava.


Ignorando a recomendação médica, o arquiteto baixou a máscara para que isso ajudasse a ser reconhecido. Estava incrédulo de que a ex-esposa pudesse fazê-lo, mas ela sorriu e isso o fez aumentar o passo e chegar mais próximo, já tocando em sua mão, onde seu calor pareceu causar-lhe leve arrepio.


Os cabelos antes castanhos claros, estavam esbranquiçados e sem o brilho de outrora quando era uma mulher vaidosa, não daquelas exageradas e paranoicas. A pele estava pálida o bastante, parecendo fina como papel, suficiente para ver suas veias. Os lábios finos levemente ressecados, fazendo-a umedecer frequentemente. Era como se tivesse envelhecido uns dez a vinte anos ainda que ela fosse apenas um ano mais nova que ele.


Andrew levou sua outra mão e acariciava-lhe o rosto, vendo-a fechar momentaneamente os olhos.


— Eu... sabia... que você... viria...! — murmurou Lydia num fio de voz, forçando um sorriso, ainda triste.


Andrew correspondeu o sorriso. Respirando fundo e mordendo os lábios, inclinou-se sutilmente, para melhor ouvi-la, mantendo seus olhos verdes fixos sobre ela.


— Eu precisava vir. — comentou ele, também sussurrando, sem deixar de tocá-la, segurando sua mão ainda que sentisse que ela também queria apertar-lhe, mas não tinha força.


— Eu... queria... te ver... só... mais... uma vez... — sussurrou novamente, com uma lágrima ganhando seu rosto. — Uma... vez... mais...!


— E estou aqui, Lydia. Eu disse que sempre estaria aqui. — Andrew murmurou, sentindo algo queimar sua face, principalmente quando a viu sorrir e um rápido brilho em seus olhos.


Lydia chorava, quase soluçando.


 


Themis, que assistia a tudo pelo vidro, elevou a mão à altura dos lábios, fechando fortemente os olhos e deixando o pranto ganhar mais força. Sentiu ser abraçada pelo marido, o seu beijo quente em seu rosto, amparada por ele quando um som no quarto foi emitido e uma linha reta era desenhada no aparelho.


 Andrew manteve sua mão na face da mulher, limpando da única lágrima que ganhava as sua face.


Lydia sorria, ainda que muito discretamente, segurando ainda as mãos de Andrew que, delicadamente, colocava sobre seu peito enquanto ele deitava sua cabeça sobre ele, chorando silenciosamente.



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Autor(a): katrinnae Aesgarius

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 2



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  • luisarroni Postado em 11/07/2018 - 23:36:44

    Escrita muito boa. Continue postando!

  • katrinnae Aesgarius Postado em 10/07/2018 - 23:10:20

    Após um erro de capítulos, foi preciso reupar 5 capítulos simultâneos.


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