Fanfics Brasil - II Between Seas

Fanfic: Between Seas | Tema: piratas, pirates, lauren jauregui, halsey, camila cabello, ariana grande, camren


Capítulo: II

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Virei-me para encarar o homem alto que me olhava com os olhos espremidos formando um vão em sua testa e as mãos impacientes como se estivesse analizando o potencial perigo que eu poderia lhe causar, sua barba por fazer denunciava não só o bocado de tempo que ele havia passado longe de uma verdadeira civilização mas também os fios brancos que já brotavam anunciando a chegada de um novo arco de idade, suas roupas sujas de terra me fizeram compreender que eu não era a única que estava tentando escapar de algo e finalmente, depois de tantas observações eu resolvi aceitar a mão que ele me estendia como forma de ajuda


—Quem é você? -Pergunto sentindo as palavras arranharem minha garganta ressecada


—Charles -Ele me responde de forma simples e direta


—E você seria -Sua pergunta parecia mais uma afirmação


Entreabro meus lábios para responder-lhe mas sou interrompida


—Jaguar -Suas palavras me fazem arrepiar


Eu não poderia dar a ele um nome falso, ele sabia quem eu era


—Pois bem, Charles. Como sabe meu nome? -Pergunto batendo minhas mãos sobre minhas calças


—Na verdade não sei seu nome verdadeiro, apenas o pirata. Ou alguém realmente batizaria uma criança como Jaguar? -A resposta desconversada me faz olhar bem ao fundo de suas íris castanhas


—Sem brincadeiras a parte -As palavras saem um tanto mais baixas agora, como se ele estivesse se sentindo ameaçado


—Sou um pirata desde que me entendo por gente, imediato do capitão Johnson. Você é bem conhecida por esses mares, como deve saber -Charles continua


Assento brevemente em um sinal para que falasse mais


—Nos cruzamos uma vez no Golfo das Biscaia, não creio que se recorde -Ele comenta


—Creia, eu recordo -Minhas palavras fazem o homem a minha frente ficar um tanto desconfortável


Mas, pelo que até agora me foi apresentado. Ele parecia ser alguém confiável


—Poderia me dizer o que faz aqui? -Pergunto enquanto caminhava


—Sofremos um ataque algumas horas antes, eu acabei por cair do navio -Ele me explica enquanto me acompanhava


—Seja bem vindo ao time dos ilhados senhor Charles -Lhe digo após emitir uma risada desgostada


—Talvez nem tanto senhorita -Suas palavras me fazem parar a caminhada para olhar em seus olhos


—Johnson não me deixaria para trás -Sua resposta me frusta e eu preciso engolir em seco para não xinga-lo por ser tão esperançoso


—Espero que sim, mas isso pode demorar um pouco -Comento voltando a andar de encontro a beira da ilha


—Me perdoe mas a capitã não me compreendeu, meu capitão me arremessou um barco a remos para que pudesse me salvar, eu apenas parei para descansar e colher algumas frutas -Ele dizia enquanto examinava a árvore que parecia estar carregada de ameixas


—Minutos antes de ser atirado violentamente contra o mar, enquanto lutávamos, um dos marujos chegou a comentar que eles assistiram o Esmeralda se estilhaçar pela tempestade que mais parecia um ciclone -As palavras me fazem fraquejar por milésimos de segundo, lembrar de meu navio ainda era muito doloroso


—Sim, ele foi -Digo depois de respirar fundo e tentar parecer a mesma de sempre


Caminhamos de encontro ao seu barco e Charles me oferece uma carona até Pantelária


—Você já sabe o que vai fazer quando pisarmos em terra firme? -Me pergunta depois de longos minutos silenciosos


—Bem, arrumar uma nova tripulação -Digo enquanto encarava o azul cristalino


—Imagino que esteja sentindo a perda de seu navio -Ele diz com pesar


Era sincero, eu podia sentir


—Não, era apenas um navio. Na verdade um galeão, mas ainda assim, substituível -Respondo a ele enquanto empurrava os remos contra a água novamente


As palavras me queimaram, talvez eu nunca houvesse mentido tanto em toda a minha vida. Eu nunca mais seria a mesma sem meu galeão, meu amado Esmeralda


...


O ano era dois mil e dezoito. O céu seguia azul, assim como o mar e as estrelas que enfeitavam as noites geladas, os grandes inovadores ainda eram mortos por espadas e quem ousasse defendê-los obteria o mesmo trágico fim. A esperança em futuros melhores era apenas palavras bonitas ditas por lunáticos perseguidos que se autointitulavam cientistas, um nome difícil para algo tão simples, sonhadores. Meras almas que não podiam aceitar o que o destino lhes proporcionava, que sonhavam em dias e coisas maiores que muitas vezes pareciam tão absurdas, principalmente quando comprovadas possíveis. O ser humano sempre temeu o novo, o desconhecido, o diferente. E esse era o motivo pelo qual sua evolução era condenada a lentidão, o medo apenas nos dá amarras invisíveis e vendas escuras.


Apesar dos perigos muitos desses sonhadores continuavam a procurar e criar, mas infelizmente na maioria das vezes o criador não chegava a ver sua obra terminada, era executado antes, bem antes. Corajosos como poucos humanos, ultrapassavam os limites e tamanha era sua alegria ao obter o tão esperado sucesso que este não poderia ser levado apenas consigo, era preciso ser ensinado, disseminado ao povo, e ai nascia o problema. Nem todos permanecemos sonhadores e muitos veem o diferente como algo ruim, então duas opções eram dadas: renegar suas descobertas e deixar a cidade para sempre ou morrer na defesa de sua ideia, morrer tentando melhorar o futuro.


Corajosos, mas sua grande maioria não eram loucos, renegar era muito melhor do que morrer julgado por algo que apenas lhes trariam benefícios. E assim muitas das invenções obtinham seus fins antes mesmo de seus começos, e o mundo seguia como sempre foi, nada novo sob o sol.


Mas existiam exploradores, descobridores que viajam pelos mares em busca do desconhecido. Esses eram tão parecidos com os cientistas que os entendiam e aceitavam suas ideias, eram uma das, se não a última, esperança dos criadores. Os piratas seguiriam as descobertas e usufruiriam das invenções, mas não sem um preço a se pagar também. Perseguidos, acusados, mortos injustamente. Era verdade que os marinheiros da morte como eram chamados pelas guardas marinhas podiam ser sanguinários, mas nem sempre a pessoa segue seu nome, uma única maçã podre pode arruinar a caixa inteira e era isto que os marinheiros pregavam, mas que não era verdade. Existiam piratas que não eram de todo mal, possuíam um imenso amor pelo mar e o desconhecido e não por ceifar vidas desconhecidas em troca de moedas de ouro como diziam pelos vilarejos.


A história era bem diferente da contada.


...


—Acha que Johnson está a sua espera? -Pergunto enquanto avisto Pantelária se aproximar cada vez mais


Meu peito é tomado por uma enorme sensação de alivio, por mais que eu odiasse vir até essa cidade bagunçada e cheia de beberrões agora ela era uma das únicas coisas que haviam me restado no mundo. E minha chance de recomeçar


—Acredito que sim, precisará de ajuda com algo? -Charles me pergunta enquanto coloca os remos para dentro do barco


—Não -Digo simplesmente enquanto repito seu gesto


Deixamos o barco sentindo a água fria na altura dos joelhos, caminho com cuidado ao perceber que o sal na mesma parecia dar pequenos choques em meu machucado, eu precisa tratar isto assim que fosse possível, antes que mais um problema do caralho aparecesse


—Bem, acho que essa é nossa deixa -Ele diz assim que atingimos a areia


—Agradeço sua ajuda -Digo lhe estendendo a mão que logo é apertada com vigor


Nos despedimos entre um ou dois acenos até que sigo a caminho da pensão ao qual estava acostumada a ficar durante minhas estadias em Pantelária, mas acabo me desviando do caminho e quando dou por mim estava de frente ao bar de costume, que como sempre estava lotado de bêbados cantando e contando histórias fantasiosas. Resolvo não me xingar pela burrice extrema e apenas adentrar no local, na esperança de que o senhor Gibson pendurasse um ou dois copos de rum na minha conta, mesmo sabendo que a chance era pequena, extremamente pequena


—Capitã? -O velho homem me olha intrigado assim que paro de frente ao balcão de madeira um tanto corroído pela água


—Não me pergunte nada agora por favor, eu apenas preciso esquecer a desgraça que acaba de me acontecer -O interrompo e o velho como que em um milagre enche um copo de rum e me entrega


Seus olhos me anunciam que aquilo era por conta da casa e fico a me questionar se isso seria por conta do meu estado catastrófico ou porque ele já sabia do acontecido com Esmeralda. Apenas entorno a bebida em um único gole, batendo o copo no balcão e permanecendo com o queixo um tanto elevado, sentindo o álcool rasgar por minha garganta seca e machucada chegando muito mais rápido do que esperado a minha mente


—Acho que você vai precisar de um nova tripulação -Gibson comenta assim que abro meus olhos


Denunciando que já sabia de minha mais recente grande sorte


—Irei, mas também irei precisar costurar essa perna e ajeitar essa cabeça fodida -Digo


—Extremamente fodida -Completo dando um soco leve no balcão e recebendo um olhar de desaprovação de um dos homens que dormia próximo a mim


Que se dane se ele acordou, eu perdi meu navio. Acho que não preciso dizer quem ganhou na disputa de má sorte, certo?


—Boa tarde Gibson, poderia me ver uma dose de aguardente -A voz atrás de mim pede enquanto o dono da mesma para bem próximo as minhas costas


—Você já sabe qual navio pretende comprar? -Ele me pergunta enquanto serve o aguardente


—Sério? Eu nem mesmo sei se o meu dinheiro permanece onde deixei e nem tenho uma tripulação -Praticamente grito de raiva e desgosto


—Com licença -A mesma voz retorna


—Ei -A pessoa toca meu braço em uma tentativa de me chamar a atenção


Giro sobre a cadeira encarando o rosto até então nunca visto por mim


—Eu acho que posso resolver o seu problema -Essas eram as melhores palavras que eu ouvia desde o acidente


Mas seriam essas recheadas de boas intenções?


 



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Autor(a): plluxe

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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