Fanfic: Between Seas | Tema: piratas, pirates, lauren jauregui, halsey, camila cabello, ariana grande, camren
Observei uma, duas, três vezes a escultura de ferro fundido a minha frente. A serpente esculpida ao redor do timão possuía a boca aberta e dentes afiados, se enrolando por todo o comprimento da peça e com olhos brilhantes. Aquilo era...esmeralda?
Pisquei atordoada diante da peça, sem saber o que dizer a romena ao meu lado sem que ela cortasse minha cabeça fora
—Vejo que está impressionada. Espere para ver nossa nova bandeira, está esplêndida -Suas palavras me despertam do transe e fazem seus olhos encontrar o verde dos meus
—Cabello, qual a previsão de partida? -Ela pergunta voltando sua atenção a francesa que parecia escrever algo em um caderno de couro
—Menos de 12 horas -Responde sem nem tirar os olhos da folha de papel
—Certo, então nos vemos amanhã capitã Jaguar. Espero que façamos uma boa viagem -A capitã diz estendendo sua mão para mim
A aperto selando nosso acordo e me xingando de todos os nomes possíveis mentalmente
—Conseguiu algo? -Gibson pergunta assim que retorno a cadeira de frente ao balcão
—Sim, mas não sei o quão ruim é -Respondo enquanto capturava o copo que ele havia acabado de empurrar para mim sobre o balcão
—O que decidiu? -Pergunta jogando o pano de prato no ombro e enchendo um copo para si
—Vou partir com Halsey -Digo e assisto o homem quase morrer engasgado
—É o que? -Pergunta assim que consegue se livrar do álcool que havia invadido suas vias respiratórias
—Está ficando louca Jaguar? Aquele navio é amaldiçoado e Halsey é muito mais procurada do que você. Você vai assinar seu atestado de óbito -Rio da forma como ele falava nervoso como se fosse meu pai
Era engraçado quando Gibson me dava broncas
—Eu sei, mas também irei assinar meu atestado de óbito se ficar aqui parada. Ainda mais esperando que algo caia do céu, até porque caso em uma mini hipótese mínima o que pode cair do céu é desgraça apenas. Ou chuva, mas se pararmos para pensar foi graças a uma tempestade que me encontro assim agora -Respondo e ele apenas faz um sinal de descaso com a mão como se quisesse me dizer que não concordava, mas também não iria me amarrar em um tronco de árvore para impedir
Até porque, ele era preguiçoso demais para tanto
—Certo, certo. Agora pare de beber porque já não está falando mais coisa alguma -Diz enquanto arranca o copo de minha mão
O xingo me levantando e escutando sua risada reverberar pelo bar, antes de cruzar a porta ele finalmente me lança um desejo de boa sorte
...
—Não! A caixa com pólvora é para o outro lado do segundo convés -Escuto Cabello dizer, ou gritar, assim que adentro a embarcação
Em minhas mãos estava apenas uma espada, que precisei roubar de um pirata bêbado já que me encontrava sem dinheiro e perdi a minha junto ao meu navio
—Capitã, permissão para puxar a âncora? -Ouço uma voz dizer
—Permissão pré concedida -Ela responde
Me fazendo olhar ao redor na tentativa de procurar-lá. A encontro descendo da proa, com um mapa em mãos
—Bom dia -Ela diz passando por mim
Que tipo de pirata deseja bom dia a alguém? Quanto mais outro pirata?
Caminho até um homem que ajustava as cordas das velas, o ajudando com a tarefa e aprendendo que aqui o nó era feito do lado contrário, não que isto fizesse alguma grande diferença
—Certo, separei para você um lugar junto aos marujos -Halsey diz me assustando
Viro-me para ela, deixando bem claro em meu olhar que não gostei da atitude de chegar pelas minhas costas, mas ela parece não se atingir
—Prefiro ficar no porão -Digo
—Você tem algum tipo de problema? -Ignoro seu comentário ácido na esperança de evitar uma briga
— Prefiro ficar sozinha e creio que esse seja o único local disponível -Explico
—Como quiser, mas se alguma coisa te intoxicar lá embaixo o problema é todo seu -Ela diz confirmando meu pedido
Caminho pela abertura do convés principal descendo os lances de escada enquanto me esquivava das pessoas que andavam apressadas ajustando os últimos detalhes antes da partida. Pensar que eu nunca mais veria uma cena assim como antes, que meu navio nunca mais teria algo assim...destroçava-me.
—Bom dia capitã -Um dos marujos diz e eu olho ao redor em busca de Halsey, não a encontrando em lugar algum
Aquele bom dia havia sido para mim? Esse marujo estava bêbado? Ou louco? Afinal quem dá bom dia a alguém por aqui
—Vejo que está de mãos vazias -Uma desconhecida diz me entregando uma caixa
—Oh, me desculpe -A caixa é retirada de minhas mãos no mesmo segundo que é colocada
—Não, tudo bem -Digo pegando a caixa de volta e caminhando atrás da mulher
Quantas mulheres existiriam nesse navio?
—Se ela ver você me ajudando -Escuto a mulher resmungar para si
Ela pensava ser discreta? Pois não estava sendo nem um pouco
—Sabe quem sou? -Pergunto assim que paro em frente as escadas
Descendo para o convés abaixo enquanto ela me encarava pálida, porque estava surpresa? Falando naquele tom era possível escuta-la de Madrid
—Um pouco, capitã Halsey nos disse que teríamos uma aliada nesta jornada. Nada mais -Diz seguindo-me
Continuo a caminhar supondo que aquela caixa deveria ser colocada junto as diversas empilhadas no canto esquerdo
—Pólvora? -Pergunto e ela assente sutilmente confirmando
—Acha que este local acomoda bem uma pessoa? -Minha pergunta a pega de surpresa
Pelo visto eles também foram avisados que teriam uma nova companhia de quarto
—Acho que sim, se a senhorita desejar, é claro, pode ser -O temor é perceptível em sua voz
—Certo -Concordo percebendo que ela não iria ousar me contrariar
Nunca ninguém ousava, e sinceramente, isso era patético
—Qual seu nome? -Pergunto a mulher enquanto me sentava sobre a pilha de caixas assistindo seu olhar apavorado
—Relaxa, não é como se essa coisa fosse explodir do nada -Digo fazendo um sinal de descaso com a mão
—Verônica Iglesias -Ela me responde
—Prazer, capitã Jaguar -Digo lhe estendendo a mão
Seus olhos parecem que vão saltar da órbita, sua boca se abre mas logo em seguida se fecha enquanto a mulher parecia me encarar com espanto ao mesmo tempo em que tentava recobrar sua feição normal
—Me desculpe capitã -Ela diz tocando sua mão na minha
Eles teriam sido educados todos pela mesma pessoa? Que raios de estranha gentileza era aquela?
—Não precisa se desculpar -Digo enquanto a jovem puxa uma quantidade exagerada de ar para dentro de si
—Você é muito conhecida de onde eu vim e...eu não sei como você veio parar aqui...me desculpe por estar sendo inconveniente eu nem ao menos deveria estar aqui tomando seu tempo -Ela se enrola nas palavras e não consegue terminar nenhuma frase com coerência
—Tudo bem -Indago ajeitando o casaco em meu corpo
—Sabe, se não for pedir muito eugostariamuitodefazerpartedasuaequipe -Ela diz
Assim, dizendo a última parte como que em uma única palavra. Eu precisei de um tempo e de uma testa franzida para finalmente compreender o que ela estava tentando me dizer, e quando percebo que ela não estava fazendo qualquer tipo de bruxaria ou inventando um novo dialeto, suspiro tristemente
—É uma pena lhe decepcionar senhorita Iglesias, mas não possuo uma equipe, sequer um navio. É por isto que estou aqui -Respondo admirando minhas botas sujas de barro que em questão de segundos tornaram-se estranhamente interessantes
—Me desculpe -Ela praticamente grita em surpresa
—Eu não sabia -Completa me fitando com um olhar de compreensão
Foi ai, ai que gostei dessa garota. Verônica não havia me olhado com pena, descaso ou ofertado-me a mão. Ela apenas me encarou com um olhar compreensivo, como se entendesse perfeitamente minha situação, mas possuía fé em mim. Fé que eu me reergueria novamente, que ainda seria a lenda escutada em seu país, aliás, nosso país. A jovem era espanhola, assim como eu
—Você tem certeza que deseja mesmo dormir aqui? -Ela me pergunta mais uma vez
Algum tempo havia se passado e depois de várias palavras trocadas eu poderia dizer que havia me simpatizado muito com Verônica, ela por outro lado aos poucos foi perdendo o medo de mim e abrindo-se a conversa, não tardou muito para estar sentada ao meu lado, proseando sobre como o presunto de nosso país era o melhor que existia no mundo
—Sim, tenho certeza. E sim, qualquer coisa irei te chamar -Digo após uma risada
Ela havia feito aquelas perguntas tantas vezes que eu já era capaz de imita-la perfeitamente. Ela parecia realmente interessada em mim, e não somente em uma vaga em uma tripulação inexistente. Isto era bom, haviam anos que eu não possuía uma amizade, talvez Gibson...mas pensando bem, acho que ele apenas tenta manter-me longe da forca
—Certo, não vou mais tomar seu tempo -A garota de olhos castanhos e cabelos lisos no mesmo tom diz
Dando as costas para mim ao mesmo tempo que eu me despedia com um breve até mais, mexendo seu corpo em direção as escadas, me dando a perfeita visão de suas roupas de couro escuro e um tanto surrado, junto a adereços em ferro. Permaneço por ali mais alguns minutos até que decido me levantar e começar a procurar algo para me acomodar a noite, começo revirando as caixas maiores, imaginando que ali estariam as peles para o inverno que se aproximava
—Mais alguma coisa? -Escuto uma voz fraca dizer enquanto o barulho de passos é ouvido
—Não, pode deixar ai mesmo. Ela que se vire, afinal não fui eu quem afundei meu próprio navio -A voz corta o ar fazendo meus punhos se fecharem em pura raiva
Giro meu tronco encontrando o marujo subindo as escadas e a capitã me encarando com cara de paisagem, como se não fizesse a minima ideia da besteira do caralho que ela havia acabado de falar
—Quem você pensa que é? -Pergunto puxando o colchão de penas para mais próximo ao casco, jogando sobre ele uma pele grossa que parecia ser de bisão
—A capitã deste navio -Ela diz observando os canhões guardados no lado oposto
—Não é porque -Começo a dizer caminhando mais próximo de seu corpo
—Deixe a crise existencial pra depois e me ajude a mover isso aqui lá pra cima -Ela diz se aproximando de um dos canhões
—Você tem quem faça isso por você -Digo simplesmente
Assistindo a mulher me lançar um olhar mortal enquanto começava a levantar a peça
—Acho que descobrimos o motivo do seu fracasso -Ela estava querendo o que? Que eu cometesse um assassinato?
Porque se continuasse assim aconteceria
—Cala a porra dessa boca -Retruco indo ao lado oposto do seu e erguendo a peça também
Caminhamos devagar, meus braços queimavam pelo grande esforço e se eu pudesse prestar um tanto mais de atenção a mulher a minha frente poderia acompanhar as gotículas de suor que saiam de sua mandíbula e deslizavam por seu pescoço. Eu erava única que sentia frio?
—A propósito, aquilo é quente demais para usar a noite -Ela diz assim que começamos a subir as escadas
Carregando a enorme peça de metal, eu forçava meus pés a irem cada vez mais rápido, sabendo que estava prestes a ceder
—Não me importo -Respondo supondo que ela estava falando da pele de bisão
—Coloque aqui, eles irão dar um jeito nisto -Ela ordena assim que atingimos ao convés principal
Me fazendo suspirar em puro alívio, minhas pernas bambeavam e eu me perguntava quando havia me tornado tão fraca, talvez fosse por conta do naufrágio
—Hals, está tudo embarcado -Camila surge dizendo enquanto enrolava algumas correntes em torno da mão
As jogando para o canto do navio logo em seguida e me fazendo sorrir pelo gesto
—Puxar âncora! Vamos partir -A capitã diz em um grito estridente fazendo todos do navio se mexerem mais rápido
Se eu estivesse um milésimo mais louca poderia jurar que o Sarpe Negru havia balançado diante de suas palavras. Logo a âncora está entre nós e Halsey toca o timão definindo o início de nossa partida, preciso me segurar a uma das velas para não cair com o tranco do brigue que começa a se mover bem mais rápido que meu amado Esmeralda. Certo, agora eu entendia o porque todos preferiam um brigue, ele era bem mais rápido que os galeões, mas eu ainda preferia os navios de meu país
...
—Preciso de ajuda com as cordas -Um dos marujos grita me fazendo despertar da imensidão azul
Caminho ao seu encontro o ajudando a puxar a ferramenta o mais firme possível, amarrando em um nó apertado e respirando fundo logo em seguida. Eu estava realmente cansada, mais que o normal
—Não precisa auxilia-los em suas tarefas, eu os pago para isto -Escuto Halsey dizer e movo minha cabeça para os lados a procura da mesma
A encontro sentada no topo das escadas, atrapalhando o trânsito de ida e vinda, mas ninguém parecia se importar. Ao menos não ousariam dizer tais palavras
—Como vai? Está pálida -A mesma diz assim que paro diante de seus pés
—Eu sou pálida -Retruco batendo em minhas calças que misteriosamente já estavam empoeiradas
—Tente não desmaiar em meu convés por favor -A mulher diz enquanto tirava o chapéu de sua cabeça
Me permitindo pela primeira vez admirar seus cabelos que até então pareciam estar presos no mesmo, ela balança sutilmente sua cabeça e perco o fôlego ao assistir as longas mexas adornarem seu rosto e corpo, seu cabelo era azul, como o mar e o céu. Como raios isto era possível?
—Logo se acostumará com o clima -Ela diz se levantando e retirando o casaco que estava em seu corpo
O jogando para mim e rindo da minha cara de assustada ao pegá-lo desajeitadamente no ar.
—Anime-se, ou mandarei os espíritos do navio lhe comerem viva -Diz passando por mim enquanto seus cabelos voavam com o vento
Autor(a): plluxe
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Navegamos durante longas horas que já estavam a me deixar louca, eu não aguentava mais ficar parada assistindo a todos fazerem algo enquanto eu não podia se quer ajuda-los sem que alguém jurasse que iria perder a cabeça por isto. O que chegava a ser cômico já que eu não era feita de cera e a capitã parecia nem r ...
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