Fanfics Brasil - Sobre todas as guerras que são travadas durante a vida A Reencarnação de Chichi - Universo Goku e Chichi

Fanfic: A Reencarnação de Chichi - Universo Goku e Chichi | Tema: amor, artes marciais, dragon ball, universo alternativo


Capítulo: Sobre todas as guerras que são travadas durante a vida

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Miki dispensou os rapazes e pediu que guardassem suas armaduras com cuidado, colocando somente no dia da partida. Haviam acertado de se encontrarem no palácio. Ela também declarou dois dias de folga e disse para relaxarem, pois já tinham treinado tudo que deveriam. Foram saindo um por um, agradecendo a Miki pelo treinamento e quando chegou a vez de Katsuo ela o deteve.
- Katsuo, podemos conversar um pouco? - ela falou com a voz doce.
O guerreiro ficou um pouco apreensivo. O que a princesa teria para falar com ele? O que será que ele fez de errado? Katsuo ficou parado olhando para ela enquanto pensava muitas coisas. Miki tocou em seu braço.
- Venha, não precisa ficar preocupado. É apenas uma conversa. Você gosta de chá? - ela sorriu enquanto iam em direção à pequena cozinha na parte de trás do dojo.
Miki preparou seu chá favorito e serviu os dois. Era uma chá de cor rosada e tinha um aroma delicado e adocicado. Katsuo tomou um gole e sentiu como se seu corpo acabasse de ser envolvido em uma manta fofa.
Miki olhou para ele e recebeu um sorriso de agradecimento, mas ele ainda estava preocupado com a conversa.
- Katsuo, me diga, o que está deixando seu espírito agitado? O que te preocupa? Quero ajudá-lo.
O guerreiro ficou petrificado, como ela podia saber?... E como ela iria poder ajudá-lo? Aliás, isso não era uma coisa que deveria chegar até princesa.
- Aquele dia em que me atacou com a adaga você estava visivelmente nervoso. Hoje eu percebo que seu descontrole aquele dia só poderia ser por conta de um problema. - ela falava firme mas sem alterar seu tom de voz.
- Por favor Miki, não me lembre daquele dia. Eu me arrependo tanto... - ele baixou a cabeça
- Eu sei - ela disse levantando a cabeça dele pelo queixo - mas quero te ajudar, seja o que for, mas para isso eu preciso saber o que é que tira sua paz. Eu quero você concentrado na luta ou vou perder um dos meus melhores guerreiros. Não tenha medo de falar, isso ficará entre mim e você. - Miki olhava nos olhos de Katsuo. Ele respirou fundo e soltou, tomou um gole de chá, olhou para cima pedindo coragem a Kami e voltou-se para Miki.
- Está bem... eu vou te contar. - ele tomou fôlego e começou a falar.

Tatsuo estava em sua sala privativa, olhava pela janela as ruas de Sanshoku. O inverno enfeitava o lugar com pequenos pontos brancos que caiam do céu. As chaminés das casas soltavam suas fumaças brancas que se misturavam com o vento. O rei suspirou profundamente pensando em mais uma guerra a ser combatida. Não havia sentido naquilo. Ele temia por seus homens que lutariam por um capricho de outro homem. Lembrou de Satoru e quando eram jovens e amigos, treinavam juntos, embora ele não levasse jeito para artes marciais, mas mesmo assim continuou treinando. Tatsuo treinava com ele, tentando fazer com que o amigo conseguisse ao menos dar golpes certeiros, mas um dia ele desistiu e resolveu fazer o que sabia de melhor, oferecer seu serviço para o rei como conselheiro de finanças. Foi aceito e logo tornou-se o chefe de assuntos econômicos no palácio. O rei Liu confiava totalmente nele e Satoru nunca deixou a desejar. Ao mesmo tempo que pensava em Satoru, Tatsuo lembrou-se de Lou. Ainda era muito difícil para ele aceitar tudo aquilo, pois havia um misto de sentimentos dentro dele. E o foi pensando nele que Tatsuo voltou seus olhos para dentro da sala e avistou o caderno que Akio encontrara na casa dele. O rei caminhou até sua mesa e começou a folhear percebendo que se tratava de um diário. Leu as primeiras páginas mas não encontrou nada demais, apenas anotações do dia a dia e pequenos acontecimentos. Continuou folheando, lendo páginas alternativas, até que chegou a última folha escrita. A anotações não possuíam data, pareciam que tinham sido anotada ás pressas. Ele começou a ler.

"Hoje será a última vez que terei que fazer contato com o homem de Satoru e depois poderei desaparecer desse fim de mundo. Eu nunca imaginei que um dia eu conseguiria, sempre me vi envelhencendo e definhando dia após dia, remoendo os tempos da juventude em que eu poderia mudar minha vida. Porque ela não mudou, desde que saí de casa, um pedaço do inferno onde eu vivi por dezesseis longos anos. Quando eu recebi de um mensageiro um bilhete de Satoru me pedindo para ir até ele pois, tinha uma proposta irrecusável e que mudaria minha vida, fiquei pensando, por que eu? O que aquele homem tão estranho queria comigo. Amassei o bilhete e o joguei fora mas passei o dia todo com aquela mensagem na cabeça. Aquele dia eu fui dormir e tive um pesadelo. Era aquele pesadelo, que há muito eu não tinha. Acordei no meio da noite, assustado e molhado de suor. Será que isso vai me acompanhar o resto da vida?! Durante duas semanas eu acordava no meio da noite, ele vinha me assombrar, como fazia todas noites. Eu não aguentava mais, não passaria por isso de novo, eu precisava fugir. Eu decidi ir até Satoru. Eu sabia que não seria coisa boa, vindo dele, nada era. As minhas desconfianças estavam certas, ele me ofereceu dinheiro em troca de informações. Ele sabia que eu era o pajem do rei e tinha acesso ás suas coisas, inclusive á sua sala privativa. Eu neguei. Ele me ofereceu 100 moedas de ouro por cada informação passada, aquilo me tentou, eu jamais havia ganhado 100 moedas de ouro na minha vida de uma só vez. Ele perguntou se eu tinha algum sonho e eu respondi que tinha vários, mas então ele perguntou qual era o maior sonho da minha vida. Eu me assustei na hora, jamais imaginaria uma pergunta dessas vinda dele. Eu não respondi, mas disse que o que eu queria mesmo era me livrar do meu pesadelo. Ele me olhou nos olhos e disse que poderia realizar meu sonho, que ele podia fazer meu pesadelo desaparecer e dobrou a quantidade para 200 moedas de ouro para cada informação passada. Meu coração disparou, eu não sabia o que responder, não sabia como iria pegar essas informações que ele queria e também fiquei dividido entre fugir do que me atormentava, mais uma vez, e a vida no palácio e todo o tempo que passei lá e a forma como fui acolhido. Nunca tive do que reclamar. Eu não tinha nada quando cheguei, ninguém me perguntou de onde eu era, para minha sorte, e nunca mais fui assombrado pelo meu passado. Satoru colocou um saco de couro com duzentas moedas em minha mão. Eu comecei a tremer, eu sentia a realidade na minha frente. Eu fiquei alguns minutos olhando para aquele pequeno amontoado de oportunidades que eu teria, então eu aceitei. O primeiro pedido dele foi a localização da princesa Miki, pediu que eu fosse breve e me deu mais um saco com moedas. A noite eu fui até a sala privativa do rei e vasculhei seus documentos. Encontrei o destino dos quatro, anotei o de Miki e entreguei para um homem chamado Ito. Eu me encontraria com ele todas as noites e a cada encontro eu receberia as moedas e passaria as informações. Hoje entregarei a última informação para Satoru. Minhas coisas estão prontas para eu partir assim que receber meu último pagamento. Finalmente deixarei esse lugar. Não precisarei mais matar ninguém, sairei á noite, não serei visto eu já planejei tudo, já tenho onde ficar. Eu não serei mais um servo, mas eu serei servido. A vida terá de me dar essa recompensa por tudo que já passei."

Tatsuo estava chocado com o que lera no diário de Lou. Mas o que seria esse pesadelo que ele tinha? Tatsuo teve a impressão de ser algo que lhe aconteceu na infância pois ele falava de quando saiu de casa. O rei se levantou e pegou a garrafa de saquê, se serviu e tomou em um gole só. Começou a vasculhar no diário de Lou pistas ou relatos de seu passado, talvez estivesse nas folhas que ele não leu. E ele encontrou.

"Hoje nasceu a princesa Miki. O palácio está em festa. Tatsuo me chamou para conhecer sua filha. Parecia um anjo de tão bela, aqueles olhinhos azuis eram como pedras preciosas e a pele tão alva como a mais pura alma que só os anjos possuem. Meus olhos se encheram de lágrimas, Miki me fez lembrar de coisas que ficaram para trás. Pedi lincença ao rei e corri para minha casa, não queria chorar na frente dele. Eu corria desesperado, queria tirar aquelas lembranças da minha cabeça, meu coração estava disparado e eu não conseguia respirar direito. Entrei em casa e corri para meu quarto abafando meu grito de dor e desespero no travesseiro e me deixei chorar por tudo que eu ainda não tinha chorado. Lia. Era esse o nome de minha irmã mais nova. Eu tinha dez anos quando minha mãe deu à luz. Meu pai queria uma menina e ficou muito feliz. Ele queria um casal, achava bonito. Lia tinha os olhos azuis como Miki e se parecia com um anjo. Estávamos todos felizes com a chegada dela. Éramos uma família simples, sem posses, nossa casa ficava no campo onde trabalhávamos para o dono da plantação de arroz. Não tínhamos vizinhos próximos, mas éramos uma família unida. Mas tudo isso desapareceu quando Lia morreu e tudo morreu junto com ela, inclusive meu pai. Ele foi o que mais sentiu a perda de Lia. Ela estava com dois meses de nascida e mamãe a pegou para amamentar de madrugada, pegou no sono enquanto Lia mamava e quando acordou, algumas horas depois, ela se mexeu e percebeu que tinha algo embaixo dela. Imediatamente mamãe se lembrou de Lia e eu acordei com o grito dela. Lia estava morta, morreu por asfixia. Eu corri até o quarto de meus pais e fiquei parado na porta enquanto tentavam reviver Lia, minha mãe gritava desesperada e o corpinho imóvel de minha irmã estava nas mãos de meu pai. Não sabíamos o que fazer, éramos camponeses. O dia já estava amanhecendo e eu corri o mais rápido que pude até uma igreja, depois de contar ao padre ele voltou comigo. Ele tentou acalmar meus pais. O corpo de Lia já começava a ficar frio e a ser tomado pela rigidez cruel dos mortos. Meu pai não foi ao funeral, ele culpou minha mãe. Naquele dia meu pai se transformou em um monstro. Eu já estava dormindo quando acordei com os gritos de minha mãe e corri para a cozinha onde ela estava com meu pai, completamente bêbado batendo violentamente nela enquanto gritava que ela havia matado seu anjinho. Eu tentei impedí-lo mas levei um soco no rosto e antes de desmaiar vi que ele também acertara minha mãe do mesmo modo. Eu não sei quanto tempo passei desacordado mas despertei sentindo uma dor muito forte e vi meu pai por cima de mim. Tentei fugir mas ele era muito forte e eu só tinha dez anos. Ele passava a mão nos meus cabelos e dizia que eu era a menininha dele e que iria cuidar de mim. Eu comecei a chorar, a dor que eu sentia parecia estar me rasgando. Quando ele saiu do meu quarto eu não conseguia me mexer e adormeci na mesma posição, cansado, com dor e rezando a Kami para que aquilo fosse apenas um pesadelo."

Tatsuo parou para respirar. Apenas isso. As palavras que acabara de ler ecoavam em sua memória. Tomou mais um pouco de saquê e se levantou indo para sua janela. Uma lágrima escorreu pela sua face. As pessoas possuem segredos tão obscuros que quando eles voltam a tona é impossível controlar a fúria. Ele voltou a olhar para a rua, algumas pessoas se aventuravam pelo inverno para comprar suas coisas. Ele já não achava os pontos brancos bonitos, eles se pareciam mais com cinzas de uma fogueira que se chama vida e que muitas vezes castiga algumas pessoas. Ele voltou seu olhar para o diário, caminhou até a mesa, tomou outro gole de saquê se sentou e continuou a ler.

"Meu pai parou de trabalhar e eu larguei a escola e tomei seu lugar na lavoura. E todos os dias era mesma coisa, ele chegava em casa bêbado, batia em minha mãe e ia dormir. Quando acordava ia até meu quarto. Eu ficava imóvel, talvez ele pensasse que eu estivesse morto, mas ele sabia que não. E o ritual se repetia. Eu pedi para minha mãe que fugíssemos mas ela não queria deixar meu pai sozinho. Ela se considerava culpada pela morte de Lia também e que merecia aquela punição. Mas eu???? Por que eu merecia aquilo??? Eu não era a garotinha do papai, como ele me chamava. Eu não aguentava mais aquilo, meu pai era bruto, ele não se importava se eu sentia dor, o meu corpo ficava chacoalhando como um pedaço de carne, minha cama fazia barulho, minha mãe sabia o que ele fazia comigo, ele não fazia questão de disfarçar. Eu já não chorava mais. Eu não emitia um som sequer. Eu apenas esperava que ele acabasse e saísse, para no dia seguinte eu me levantar e seguir para o trabalho. Isso durou seis anos, seis longos anos. A mesma coisa, todo dia. Ás vezes eu rezava para que ele caíse de algum barranco e morresse. Então tudo aconteceu rápido. Eu estava com dezesseis anos e voltava da lavoura. Havia ganhado alguns livros de uma garota que trabalhava no mesmo setor que eu. Eu estava feliz e sorria, mas conforme me aproximava da minha cada eu ouvi os gritos de minha mãe. Joguei os livros no chão e corri. Não era hora do meu pai chegar, não era a hora da desgraça, como eu apelidei. Quando entrei meu pai estava encurralando minha mãe que estava no chão e pedia para ele parar. Eu olhei para meu pai e ele empunhava uma faca grande e dizia que mataria a mulher inútil que minha mãe era. Eu gritei para ele parar e ele me mandou para o quarto. Eu fui e lá e tinha um presente que eu tinha preparado para ele quando viesse me visitar a noite. Peguei e segurei firme e voltei para a cozinha, dei a volta pela mesa e usei de toda a minha força atingindo meu pai na cabeça com um porrete que eu improvisei colocando pregos na ponta. Com o impacto ele soltou a faca, começou a cambalear dando passos para trás e caiu sobre a mesa fazendo com que ela virasse. Não tínhamos luz elétria e o lampião a óleo que estava em cima da mesa caiu próximo ao meu pai e quebrou e o fogo começou a aumentar seguindo seu combustível que estava espalhado. Fui até a sala e joguei outro lampião próximo ao sofá. Corri até minha mãe e a peguei pelo o braço. Saímos. Nossa casa era de madeira e não demoraria muito para que o fogo se espalhasse. Estávamos a uma distância segura do fogo que começou a aumentar, nós dois estavamos mudos, olhando o resto de nossas vidas queimar, ou talvez o passado de nossas vidas, mas foi quando minha mãe se deu conta do que estava acontecendo e começou a chamar meu pai e eu não acreditava no que estava ouvindo. Depois de tudo que ela passou! Ela quis tirá-lo de lá mas eu disse que não dava mais, o fogo estava pela casa toda. Então ela se virou para mim e me abraçou apertado, pediu perdão por tudo que ela deixou acontecer e me beijou na testa. Eu não consegui falar nada, apenas olhei minha mãe correndo para a casa em chamas e quando ela abriu a porta foi consumida imediatamente pelas labaredas. Eu olhei para o chão e vi os livros que havia ganhado, me sentei e juntei todos eles e fiquei assistindo a casa queimar. Não demorou muito, ela era pequena. Ninguém apareceu para conter o incêndio, mesmo com uma fumaça preta subindo muito alto. Eu não fui olhar o que sobrou, nem quis ver os corpos de meus pais, mas tive a impressão de longe, de que minha mãe estava sobre meu pai. Eu me levantei, ajustei meus livros em um dos meus braços e comecei a andar. Ventava e a fuligem caia do céu feito uma neve negra. Eu estava sozinho e só queria sair daquele lugar, para sempre."

Tatsuo fechou o diário. Aquilo era suficiente para ele. Sentia um misto de pena com tristeza e raiva. Lembrou de quando Lou chegou no vilarejo, ele portava alguns livros e só. Estava sujo e faminto e disse que aceitaria qualquer trabalho. A princípio ele foi colocado na limpeza do palácio, no lugar de uma jovem que havia se casado. Ele era caprichoso e muito detalhista, nada passava por seus olhos. Ele logo alcançou o posto de chefe de limpeza, e tratava a todos com muito respeito. O pajem de Tatsuo já estava bem idoso e recomendou Lou e Tatsuo aceitou. E assim ele foi crescendo até se tornar um homem adulto. Lou nunca se relacionou com ninguém, ele era um rapaz bonito e recebia muitos convites de aldeãs, mas negava todos. Agora o rei sabia porque. E tudo que ele fez foi para fugir novamente de algo que ele jamais conseguiria, mesmo que ele vivesse na cidade mais moderna e mais barulhenta do mundo.
- Quando a mente fala Lou, não há barulho externo que a faça calar. Eu desejo que Kami tenha piedade da sua alma e possa lhe conceder o privelégio de viver no paraíso. Por tudo que você sofreu. Eu te perdôo, meu amigo.
Tatsuo lançou o diário de Lou ao fogo, talvez esse resto de lembrança se apagaria nas chamas e não pertubaria mais ninguém. E assim como Lou, ele ficou sentado vendo os papéis virando cinzas. Quando terminou ele foi até a casa de Lou, estavam tirando as coisas e ele avistou os livros na prateleira, eram os mesmos que ele carregava quando chegou ao palácio e talvez aquela tenha sido uma das poucas demonstrações que afeto que tinha recebido na vida. Tatsuo pegou os livros e voltou para a sua sala, e os colocou, na mesma ordem que estavam, em uma prateleira vazia. Eram cinco livros. Ele os leria depois. Apagou a luz da sala, fechou a porta e foi encontrar sua mulher, seu porto seguro, sua dose de calma diária. Ele precisava dela, de seu carinho e seu calor.

No dojo, Katsuo saía com um sorriso de orelha a orelha.
- Obrigada Miki, eu jamais poderei agradecer á altura.
- Você estará arriscando sua vida por Sanshoku daqui á cinco dias, isso é mais que um agradecimento. - a princesa sorriu para ele.
- É uma honra! - Katsuo fez a reverência e foi para sua casa.
Miki voltou para o dojo, limpou a cozinha e foi pegar suas coisas para descansar no palácio.
- Você me surpreende a cada dia! - era Piccolo.
- Obrigada mestre! - ela faz uma reverência - Eu disse para você que ele escondia algo, ainda bem que não é grave.
- Miki, hoje eu vim até aqui para lhe falar sobre as esferas do dragão. - Piccolo ficou sério.
- Esferas do dragão?... - Miki achou o nome estranho.
- Sim, você ganhou sete esferas de Shenlong, não foi? - Piccolo sentou-se em sua costumeira pose. 
- Sim, como sabe? - ela se lembrou de quando Shen Long lhe deixou em Paozu e lhe deu a caixa.
- Porque eu sei de tudo, oras! - ele piscou para ela - Pois bem, elas são as esferas do dragão e Shenlong é o dragão.
Miki tentava absorver as últimas palavras.
- As esferas do dragão foram criadas por Kami Sama. Quando você junta as sete esferas elas evocam Shenlong, que é um dragão gigante, verde e de olhos vermelhos. Quando ele aparece você pode pedir qualquer coisa para e ele realiza seu desejo. Você tem direito a três desejos. Foi o próprio Shenlong que te deu as esferas, a pedido de Kami Sama, mas ele se disfarçou, para que você não se assustasse.
- Três desejos... realiza qualquer um... dragão... - ela tentava fazer a ligação entre as coisas ditas por Piccolo.
- Ouça Miki, você poderá usar essas esferas durante ou depois da guerra. Mas preste atenção, uma vez que Shenlong é invocado, após os desejos, as esferas se espalham pelo mundo e elas viram pedra e só depois de um ano poderão ser usadas novamente.
- Isso é incrível! - Miki estava muito surpresa com essa notícia.
- Sim, mas use com sabedoria para não disperdiçar desejos, pois uma vez feito, não se pode voltar. E quando for usar você deve dizer: Apareça, Shenlong, e realize meu desejo. Guarde bem essas palavras. - Piccolo finalizou.
- Certo! - Miki ascenou com cabeça.
Ela ia falar alguma coisa quando um homem entrou no dojo. Era um soldado. 
- Princesa Miki, um mensageiro que não quis se identificar, pediu para lhe entregar isso. - ele estendeu um rolo de papel.
Miki foi até ele, agradeceu e pegou a mensagem voltando para perto de Piccolo. Ela leu e seu semblante mudou.
- O que diz? É alguma ameaça? - Piccolo ficou em pé e se aproximou dela.
- O filho de Satoru quer me encontrar em meia hora. Diz ter coisas importantes a me passar. - ela olhou para Piccolo como se perguntasse de deveria ir.
- Eu vou com você. - ele se prontificou.
Os dois saíram do dojo e voaram até o local. Uma mulher desmaiou ao ver a princesa voando e junto com ela um homem de pele verde e capa branca.
Chegaram ao local indicado mas mantiveram distância até que o filho de Satoru chegasse. Queriam saber se era uma emboscada ou um ataque direto.
O local não era habitado, era uma clareira, se não fosse pela neve, talvez seria possível ver flores ali.
- Ali está ele. - Miki mostrou para Piccolo - Não sinto nenhum ki além do seu e do dele.
Os dois se olharam e disseram vamos apenas com um movimento de cabeças. Ele estava de costas e não percebeu a aproximação dos dois.
- Taro... - Miki o chamou e o homem se assustou ao ver Piccolo.
- Quem é ele? - Taro deu alguns passos para trás.
- Sou Piccolo, o resto não te interessa. Diga logo o que quer com Miki. - ele cruzou os braços e ficou encarando Taro, mas com seus sentidos aguçados.
- Quero te alertar sobre meu pai. Eu não sei muito bem o que ele preparou para a guerra que vocês vão lutar, mas não é coisa boa e tem a ver com o anel que ele usa na mão direita. Eu escutava ele falando na sala dele mas não sei com quem, porque eu nunca ouvia resposta, mas ás vezes eu passava e ouvida grunhidos. - Taro esfregou os braços ao se lembrar, sentiu seus pelos arrepiarem.
- Por que está me falando isso? Como saberei se é mesmo verdade ou se não foi seu pai quem o mandou para tentar nos amedrontar? - Miki sentia o ki dele e estava estável.
- E quem disse que ele é meu pai de verdade? - Taro riu debochando - Eu fui adotado, pois ele já não possuia as virtudes de um homem para dar um filho à mulher dele. E também porque ele é cretino, sempre foi. Egoísta, rude, deselegante e tudo que é ruim. Eu estou fugindo com meu pajem, na verdade, meu marido, roubei toda a fortuna de papai e vou viver na cidade. Ouvi dizer que a capital do Oeste é um bom lugar. Então é isso querida, não precisa acreditar em mim, mas não diga que eu não avisei. - Taro se aproximou dela e lhe deu um beijo em cada bochecha e foi embora.
Miki e Piccolo não sabiam o que era pior, a informação ou o filho trair o próprio pai. Eles se olharam, ergueram os ombros e levantaram vôo de volta ao palácio. Piccolo aconselhou Miki a não descartar esse aviso e ficar de olho em Satoru durante a batalha. Se despediu dela e aconselhou que ela descansasse.
Miki voltou para casa e passou seus dois dias de folga junto a Goku. Dois dias abençoados por Kami, pois demoraram a passar.

O dia da partida havia chegado e o movimento em Sanshoku era grande. Mães e esposas se despediam de seus filhos e maridos, pedindo proteção a Kami Sama. Filhos e filhas se despediam de seus pais pedindo que voltassem para casa. 
No palácio tudo parecia calmo até demais. Tatsuo e Miki se despediam de Hiromi e do pequeno ser que ela carregava.
- Cuide da mamãe. - Miki cochichou na barriga e sentiu o ki de agitar.
- Kami Sama proteja vocês dois e voltem vivos para mim. Eu amo vocês! - ela abraçou Miki e beijou Tatsuo.
- Vou me vestir. Mamãe não faça nada que não deva. Lembre-se do meu irmão que está aí! - Miki passou a mão em sua própria barriga e saiu do quarto.
Tatsuo também começou a colocar sua armadura. 
Goku e Vegeta esperavam no salão principal junto com Os Três que esperavam Miki, já vestidos em sua armadura.
- Este não é o símbolo de Kami Sama? - Goku perguntou enquanto olhava a roupa de Yudi.
- Sim. Miki disse que ele mesmo mandou fazer. - Yudi respondeu um pouco incomodado com Goku pegando nele e puxando o tecido.
- Nossa, é muito bonita, Dende caprichou! Melhor que do Senhor Kaio do Norte. - os homens não entenderam nada, enquanto Senhor Kaio do Norte precisou se segurar para não gritar com Goku, pois mal sabia o saiyajin que fora ele quem fez sob encomenda de Kami Sama.
A roupa de Yudi e os outros dois era feita de um tecido muito elástico mas muito resistente a golpes, cortes, calor e frio. Também era muito leve e aderia totalmente ao corpo como uma segunda pele e facilitava os movimentos. Todas eram pretas com o símbolo de Kami Sama no lado esquerdo do peito e na parte de trás um símbolo de proteção. Era composta por uma camiseta de manga longa que possuía uma gola mais alta do que uma camiseta comum. Nas mãos, luvas que iam até a metade dos braços. A calça também aderia ás pernas e possuía um cinto que poderia ser usado para portar armas. Nos pés botas lisas, sem amarração, feitas de um material igualmente leve como a roupa, mas resistente. Os músculos dos guerreiros eram visíveis e a roupa os desenhava muito bem.
- Ela está vindo. - Goku se referia a Miki.
Todos, inclusive Vegeta, se viraram para o corredor de onde ela sairia. Miki surgiu e ninguém desviou os olhos, ela estava linda. 
A princesa prendeu seu cabelo formando um moicano e fez um rabo de cavalo baixo preso por três eslásticos pretos. Sua armadura desenhava seu corpo e a única diferença entre a dela e dos rapazes era a camiseta e as botas. A camiseta que Miki usava era fechada com um zíper que subia até os seios fartos destacando seu colo e suas botas era de cano longo. O cinto se acomodava muito bem em seus quadris e pendia para um lado com o peso da adaga. Nas mãos, luvas do mesmo material que a roupa e ia até metade do braço. Nos olhos, sombra preta destacando aquele par de mar azul claro.
Goku viu que até Vegeta estava comendo sua mulher com os olhos então ele foi até ela, cobrindo a visão de todos, que imediatamente se viraram para outro lado.
- Você está linda Miki... - Goku segurou seu rosto e a beijou. - ela sorriu para ele.
- Vamos, precisamos nos apressar, os soldados já vão partir. - Vegeta já tinha saído para acompanhar a marcha.
Miki se juntou aos três. Agora eram Os Quatro, com suas espadas nas costas e os corações repletos de emoções.
- Miki, vou com vocês. - Goku falou e ela concordou.
Saíram do palácio uma mulher e três homens de preto seguidos por um homem de roupa laranja. A levitou até o meio da rua seguida pelos homens enfileirados atrás delas. O mar de homens começava a chegar perto deles. O barulho das botas de couro contra o chão era a trilha sonora daquele momento. Pararam em frente ao palácio, aguardando a saída do rei.
Ttsuo surgiu ergueu sua espada e 10 mil homens gritaram.
- San!

A cidade de Sanshoku se despedia temporáriamente de seus homens com uma chuva de flores de cerejeiras. O cenário era mágico, mas todos ali sabiam que caminhavam para a realidade dura da guerra.
- Kami Sama, por favor, os proteja. - era Juno, que pediu com lágrimas nos olhos quando o último homem já não era visto no horizonte.



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Autor(a): pi1983

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