Fanfic: Eternamente Usted | Tema: RBD portinõn

Anahí se apoiou no portal do quarto de Dulce cruzando os braços e dando um suspiro. A mais nova dormia tranquilamente embora já passasse das dez da manhã. A gravidez e seu estado frágil a estavam deixando sempre muito cansada.

O coração de Anahí batia fortemente dentro do peito, no estômago uma sensação boa que ela não sabia explicar. Todas as sensações arrazadoras que lhe atingiam sempre que olhava para a pequena, lhe devastavam agora e derrubavam todos os muros que ela tentava construir para impedir que a outra se embrenhasse mais e mais em sua vida. Ela amava a mulher mais do que tudo e por mais que tentasse não conseguia lutar contra aquele sentimento.

Com pesar deixou a cena para trás indo até a cozinha. Pegou uma bandeja dentro do armário e pôs-se a organizar tudo que havia planejado. Forrou o metal com um pano vermelho, sabendo que era a cor preferida da mulher.

Da geladeira tirou o suco de laranja o colocando em um copo, tirou também os frios arrumando-os em um prato e o requeijão. Dos armários tirou os pães e biscoitos colocando todos em tigelas. Pegou um vaso pequeno e colocou as duas tulipas vermelhas que havia comprado mais cedo. Quando tudo estava na bandeja, com muito cuidado, subiu de volta ao quarto.

Parou do lado da cama colocando a bandeja com a comida em cima do criado-mudo e sentando-se na cama devagar. Tirou os cabelos revoltosos do rosto de Dulce com carinho e sorriu apaixonada. “Dul?” Sua voz foi quase um sussurro. “Vamos acordar preguiça?”

A mulher deitada se remexeu mas não abriu os olhos, resmungando baixo e arrancando um sorriso ainda maior da mais velha.

“Vamos meu bem, já passa das dez. Trouxe algo para você, acorda!”

Dulce virou para o lado oposto se espreguiçando e soltou um muxoxo preguiçoso. “Não posso dormir nem mais um pouco?” A voz rouca de sono preencheu o ambiente.

“Pode, mas vai perder o maravilhoso café da manhã que fiz para você.”

A mais baixa virou de novo e encarou Anahí coçando os olhos. “Comida?” Ela deu um gemido de satisfação. “Bom dia Anie.” Ela se sentou com as costas encostadas na cabiceira já quase totalmente desperta.

Anahí colocou a bandeja em seu colo e sorriu. “Bom dia minha baixinha!”

O coração de Dulce deu um pulo e um sorriso enorme tomou conta de seu rosto. Cada dia que passava parecia que Anahí se tornava mais próxima dela, lhe protegendo, lhe chamando de antigos apelidos, cuidando dela e do neném. E toda aquela atenção e cuidado a deixava cada vez mais derretida, mais apaixonada.

“Aqui está sua comida.” A mais velha colocou a bandeja no colo da outra. “Coloquei tudo que gosta: pão integral, suco de laranja, peito de peru, biscoito de nata...”

“E tulipas.” A mais nova falou meio boba enquanto passava o dedo pela pétala avermelhada sorrindo pelo gesto.

“Sim, tulipas.” Disse a mais alta.

“Por quê?”

“Eu cansei de tentar fugir Dulce.” A intensidade de sua voz era tanta que Dulce tirou os olhos da flor para olhá-la. Os profundos olhos lhe azuis de Anahí lhe fitavam energicamente, uma mistura de sentimentos que a mais baixa não achou ser capaz de decifrar completamente. “Eu cansei de ouvir todos os outros, eu quero me ouvir agora.”

Dulce analisou Anahí por alguns segundos. “E o que ouve quando se escuta?”

Anahí ignorou a pergunta pegando uma das flores com a mão. A girou pelo caule alguns instantes, olhando o movimento que ela fazia. “Você se lembra quando te dei tulipas pela primeira vez? Era seu aniversário de dezoito anos, também eram tulipas vermelhas.”

“Eu lembro.”

Os olhos azuis voltaram para o rosto da grávida ainda mais intensos.

“Você lembra o que elas significam?”

Dulce acenou minimamente, incapaz de falar qualquer coisa, uma lágrima tímida rolou sua face lembrando exatamente das palavras que a mais velha havia lhe falado mais de sete anos antes.

“Essas tulipas aqui hoje, significam exatamente a mesma coisa Dul” Ela sorriu quando finalmente falou o apelido da mulher. “Tulipas vermelhas são o simbolo do amor verdadeiro, e você, somente você pode ser meu verdadeiro amor!” Ela estendeu a mão com a flor para a mais nova que chorava silenciosamente. “Eu cansei de ignorar isso.” Deu um sorriso tímido.

Dulce pegou a flor da mão de Anahí sorrindo e a colocou próxima ao coração.

“Você é muito mais do que eu poderia pedir Anie, você sabe que eu te amo, não é?” Ela estendeu o braço e tocou as feições delicadas da outra que fechou os olhos sentindo o carinho. “Obrigada por continuar aqui do meu lado.”

A mais velha abriu os olhos e deparou com os de Dulce sobre ela ainda cheios de lágrimas. “I won't give up on us even if the skies get rough I'm giving you all my love.” Ela cantarolou baixinho e suspirou pegando a outra flor no vaso. “Eu não quero ser alguém que vai embora tão facilmente, estou aqui para ficar e fazer a diferença que eu posso fazer.” Ela recitou encostando a flor na barriga já grande de Dulce. “Eu vou fazer diferença na vida de vocês, vou ser a melhor tia que essa criança poderia ter.”

“Não!” A mais nova balançou a cabeça negando. “Você vai ser a melhor mãe que essa criança poderia ter Anahí. Ela não é minha, ela é nossa!”

Uma lágrima rolou o rosto de Anahí que acariciou o barrigão com a flor. “Mãe?” Ela colocou a bandeja ao lado chegando mais perto da outra. “Você gosta disso pequena B?” Dentro de Dulce o bebê deu um chute, como se entendesse o que lhe foi perguntado, como se entendesse o que se passava do lado de fora. “Você gosta disso Dulce?”

A mais nova colocou a franja que cobria os olhos da outra atrás de sua orelha e sorriu. “É o que eu sempre quis.” Pela nuca puxou a outra para mais perto, encostando suas testas. “Você vai ficar comigo?” Sua voz era baixa enquanto ela encarava os olhos que tanto amava.

“Para sempre!” Anahí afirmou antes de unir seus lábios com os de Dulce.