Fanfic: Eternamente Usted | Tema: RBD portinõn

11 de maio.

Anahí coçou a testa nervosa enquanto olhava o relógio digital na parede clara pela enésima  vez desde que chegara ao local. O painel marcava 3:47 da manhã. Os minutos que pareciam se arrastar lhe davam cada vez mais medo, fazendo novas lágrimas silenciosas molharem seu rosto. Lembrou da cena que encontrou em sua cama horas antes.

"Dulce chorava baixinho enquanto o medo lhe tomava, a dor no pé da barriga lhe fez soltar um grito agudo e fechar os olhos com força. 

'Anie? Anie?' Tateou a cama tentando chamar a atenção da mulher que dormia ao lado, uma mão foi de encontro ao ventre avantajado, as lágrimas assustadas desciam seu rosto. 'Anie!' A voz que era só um sussurro se transformou num grito e despertou Anahí.

A loira abriu os olhos para o escuro piscando algumas vez tentando se livrar do sono e se acostumar com o breu do aposento, sentou-se na cama e acendeu o abajur virando em seguida para a esposa.

 'Céus!' Os olhos da mais velha praticamente dobraram de tamanho quando se depararam com aquela cena em frente. Os lençois antes claros, agora estavam manchados, vermelhos. O cheiro de sangue parecia querer impregnar o lugar, penetrando em suas narinas. A mão na barriga deu uma ideia à Anahí da origem de tanto sangue.

 Os próximos minutos foram corridos e confusos demais para Anahí se lembrar com precisão."

Sua filha e sua mulher estavam numa mesa de cirurgia fazia horas e a cada minuto que passava sem notícias, o aperto em seu coração ia ficando mais forte. Parecia que tudo estava tão errado! 

Olhou para frente torcendo as mãos e no corredor ao longe, avistou a obstetra de Dulce vindo em sua direção com cara de cansada e expressão preocupada. Anahí levantou com pressa e foi de encontro à médica.

 "E então Doutora Perroni?" Sua voz falha denunciava todo o seu desespero.

 "Bom, como você sabe, Dulce havia adquirido alguns problemas na gravidez em consequência da tentativa de aborto que havia feito. Embora ela tenha tomado os  remédios que passei, o endométrio dela não tinha o tamanho ideal e havia um pequeno deslocamento de placenta. Como essa camada da placenta era mais fina ela tinha tendência a romper pelo peso da criança, foi exatamente o que aconteceu, o peso do bebê acabou sendo maior do que o que a camada suportava."

"E como elas estão? Quero ver minha esposa e minha filha!" 

"Dulce está bem, e vai para o quarto, você pode me acompanhar até lá." As duas começaram a se dirigir para o elevador. "O bebê nasceu mas ainda é muito novo, precisou ir para a UTI neonatal, seus pulmões ainda são muito frágeis e por isso precisa de medicação, precisa de aparelhos especiais. Estamos monitorando seu sistema cardiorespiratório e por enquanto vai precisar se alimentar por sonda. Está na incubadora no momento."

"Eu posso vê-la, Doutora?" A porta do elevador se abriu fazendo as duas entrarem. "Quando vou poder ver minha filha?" 

A morena de jaleco apertou o botão do quarto e penúltimo andar. "Nossas visitas são de dez da manhã ao meio-dia. Isso significa que você só poderá subir daqui a seis horas."

Anahí soltou um muxoxo fazendo a médica sorrir de leve, as portas se abriram revelando um corredor artificialmente iluminado. Com a mão, Doutora Perroni indicou o caminho para Anahí. "Quarto 407, o quarto a direita. Tente não assustá-la, está bem?"

Anahí deu um passo para frente, saindo do elevador. "Você não vem?"

 "Não, tenho outra paciente esperando por mim." O sorriso bondoso que apareceu no rosto pálido acalmou levemente os nervos de Anahí. "E parabéns pela sua criança, mamãe." Após a piscadela da mulher de uniforme, o elevador se foi.

Anie se virou para o corredor e respirou fundo enquanto passava as mãos no rosto tentando se livrar das lágrimas, forçou um sorriso nos lábios esbranquiçados e seguiu em frente parando em frente a porta bege para pegar outra respiração profunda. 

Abriu a porta devagar colocando a cabeça dentro do aposento antes de entrar completamente. Dulce estava deitada na maca do hospital parecendo muito mais pálida, seu peito subia e descia lentamente. A mais velha se aproximou devagar parando ao lado da amada. Passou de leve o dedo pela bochecha da mais nova que abriu os olhos lhe fitando com olhos marejados. 

"Ele é tão lindo Anahi."

(...)

Anahí e Dulce encaravam o bebê dentro da incubadora com olhos lacrimosos, haviam pelo menos cinco fios conectados nele. O cartão de identificação pendurado na cabiceira do aparelho não trazia um nome, apenas os sobrenomes "Portillo Savinõn" e suas características de nascimento:  "42 cm, 1kg840g. Mãe- Dulce María Savinõn. Pai- Anahí Giovanna Portillo. Data de nascimento: 11/05/2018. Hora: 3:26 AM."

"Ele precisa de um nome." A voz da mais velha, mesmo baixa, soou acima do zumbido das máquinas. Com cuidado colocou a mão pelo buraco da encubadora, passando o dedo de leve pela barriga nua do menino, um sorriso pequeno se formando em seu rosto. O peito inchando em orgulho e amor. "Meu príncipe."

Do outro lado, Dulce também colocou a mão dentro do aparelho, pegando a mãozinha do filho. Ele abriu os olhos pequenos, piscando lentamente enquanto seu peito subia e descia. Os olhos castanhos foram de um lado para o outro bem devagar. As duas sorriram.

 "Eu tenho uma ideia."

 Anahí tirou os olhos do pequeno para fitar Dulce que olhava o filho com admiração. "Diga."

"Eu pesquisei alguns nomes de menino para ter alguma ideia para o caso de eu estar certa sobre o sexo, e agora sei que temos um nome a altura do filho que temos."

 "E como chamaremos o pequeno?"

"Hector." Um sorriso maior tomando o rosto de Dulce.

"Motivo especial?"

"Na mitologia grega, Heitor é o mais valente dos troianos. Por isso o nome recebeu um significado especial: É dado aquele que se mantém firme e não se abala, não se perturba. E depois de tudo que nós dois passamos, ele continua forte, lutando para ficar com a gente." Dulce levantou o rosto encarando Anahí. "Hector é versão latina para o nome e a preferi em homenagem a você."

O meio sorriso da pequena fez o coração de Anahí explodir em sensações diversas, um misto de amor e adoração numa intensidade muito maior do que ela pensava ser capaz de compreender. O sorriso surgindo em seu rosto. Virou-se para o novo membro da família.

"Seja bem-vindo, Hector."