Fanfics Brasil - Capítulo vinte e um Eternamente Usted

Fanfic: Eternamente Usted | Tema: RBD portinõn


Capítulo: Capítulo vinte e um

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"Embora digam que a morte é nossa única certeza, eu acredito que cada dia é uma nova oportunidade, e que cada amanhecer traz consigo uma nova esperança."


***********


Uma leve batida na porta soou dentro do aposento chamando a atenção da loira sentada na poltrona desconfortável. Tirou os olhos do livro de páginas amareladas fitando, por cima dos óculos de leitura, a mulher que dormia na maca.


Quando outra batida se fez ouvir dentro do aposento, levantou do local em que estava, indo em direção à porta. Tirou o acessório do rosto o pendurando na gola da blusa branca. E embora tenha atendido a porta com um sorriso, a fisionomia mudou quando percebeu de quem se tratava. O mesmo velho moicano, os olhos claros incertos. Nas mãos um buquê de rosas brancas e alguns balões coloridos.


 "Gregorio." O tom perfeitamente formal indicava o cumprimento.


"Olá Anahí." O meio sorriso denunciando seu nervosismo. "Espero não lhe incomodar, só quis vir ver como Dulce e o bebê estão. Será que posso entrar?"


Meio a contra-gosto a mulher abriu espaço para Greg passar, fechando a porta assim que ele adentrou o recinto. Virando para encarar o grandalhão, percebeu que ele olhava Dulce parecendo preocupado.


"Como ela está agora?" A voz grave soou baixa. 


"Descansando." Ela soltou um suspiro. "Um pouco fraca ainda, mas se recuperando. A baixinha é forte." Um meio sorriso surgiu.


"Fico feliz que ela esteja bem. As flores são para ela." A mão grande estendeu o buquê para Anahí. "Espero que a Dul goste."


Anahi pegou as rosas percebendo que no meio delas havia um pequeno envelope azulado, não querendo divagar sobre o que se tratava, as repousou na bancada de madeira onde também estava a televisão, que exibia um programa qualquer de auditório a um volume muito baixo. 


"E a criança? Fiquei sabendo que é um menino, é verdade?"


"Sim, o chamamos de Hector." O orgulho era notável. "É um garotão de quase dois quilos."


"Que bom." 


O silêncio constrangedor e tenso se instalou dentro do quarto. A mulher prendeu os cabelos em um rabo de cavalo alto e o homem passou a mão pelo moicano o bagunçando de leve. Olhou pela janela para encontrar com o letreiro do grande supermercado, balançou a cabeça em reprovação e respirou fundo antes de falar o que havia se determinado a dizer. 


"Me desculpe por toda essa bagunça, Anahí." Ele virou para ela desajeitado. "Me desculpe por tudo que está acontecendo, pela briga que você e Dulce enfrentaram, pela separação das duas e por tudo que aconteceu depois, eu não queria que nada disso tivesse acontecido."


Ela olhou para ele desconfiada e esperou para ver se havia algo mais que o homem quisesse dizer. 


"Eu sei que é difícil te pedir isso e vai ser mais difícil ainda para você fazer, mas mesmo assim preciso pedir. Sei que não vai com minha cara e que provavelmente tem muita raiva de mim pelo que eu fiz, mas não quero que fique esse clima entre nós. Estou disposto a manter um relacionamento respeitoso, pela Dul e pelo neném, que eu sei que é meu."


Anahí virou de costas para ele indo até a mulher na maca. Um vinco se formou em sua testa enquanto pensava no que ele havia falado, seu lado protetor e ciumento querendo se revelar, o neném era dela. Respirou fundo algumas vezes tentando se conter.


"Você é o pai, mas a criança é minha Gregorio." Virou para ele. "Aceito essa convivência pacífica se entender isso de uma vez."


Ele deu um meio sorriso. "Feito." Estendeu a mão para ela que aceitou, a apertando com firmeza. "Quando a Dulce acordar, diga a ela que a resposta que ela quer está dentro do envelope."


"Não vai ficar mais?"


"Não, o que eu queria aqui, eu já consegui." Estendeu os balões para a mulher que os aceitou também. "Parabéns pelo nosso filho, Anahí." E dito isso, saiu do quarto.


 **********


A mulher de longos cabelos pretos adentrou o recinto procurando fazer o mínimo de barulho possível. Os olhos escuros correram o espaço indo de encontro com o bercinho já conhecido, um sorriso fraco surgiu nos lábios rosados ao ver a figura pequena. A passos lentos se aproximou, logo colocando a mão pelo buraco da encubadora e acariciando a pele macia da barriga nua da criança.


"Olá pequeno. Como estamos hoje?" O sussurro levava tom de admiração e carinho. "Continua sendo um bom garoto?" Os olhos castanhos da criança fitaram a mulher arrancando dela um sorriso maior.


Passou o dedo de leve pelos cabelos ralos do menino, o coração apertando de repente. Mudou o olhar para os aparelhos ao lado que emitiam barulhos constantes, ocorreu-lhe naquele instante que os sons poderiam ser irritantes se não significassem que a vida do filho estava a salvo. Mordeu o próprio lábio quando voltou a fitar o bebê pequenino, uma angústia lhe invadindo o peito.


"Preciso falar uma coisa difícil para você, meu amor, mas espero que não fique chateado com a mamãe." O suspiro pesaroso escapou pelos lábios grossos. "Recebi alta hoje Hector, o que significa que devo ir para casa."


O garotinho piscou seus grandes olhos escuros, mas pôs-se a fitar a mãe outra vez sem que realmente entendesse o que era falado. A única coisa que intuia, era que a voz o deixava feliz.


"Estou indo para casa com a mamá Anie você vai precisar ficar aqui durante mais alguns dias." O nó na garganta da mulher a impossibilitava de falar corretamente, deixando que as palavras saíssem emboladas. A lágrima estava presa e ela se recusava a soltá-la por pura teimosia, queria ser forte diante do filho. "Mamãe sente muito por isso, meu amor. Ela queria ter te guardado na barriga mais um pouco, te deixar maior e mais gordinho, mas não conseguiu. Perdoe sua mãe está bem?"


A mulher ouviu passos se aproximando e disfarçadamente passou o dorso da mão nos olhos enxugando a lágrima que insistia em cair, fungou de leve olhando para o menino.  Sentiu um toque no ombro e virou-se para olhar, era Anahí.


"Como está meu meninão hoje, hein?" Sua voz parecia mais alegre que a de Dul "Mamá trouxe um presente para você." A mulher levantou a mão onde trazia uma foto. "Está vendo aqui?" Com a outra ela apontou para a fotografia. "Essa sou eu e ao lado está mamãe Dul Não sei se ela te contou que vai precisar ficar aqui por um tempo."


Levantou os olhos em direção a esposa, percebendo que por detrás da pose de durona, havia uma mulher fragilizada, os olhos lacrimosos a entregavam. Tentou sorrir para animá-la, mas não conseguiu, um bolo em sua garganta a impedindo. 


"Não se preocupe, Hector, não vai ficar aqui muito tempo e prometemos vir visitá-lo todos os dias, vamos ficar com você cada minutinho que pudermos."


 "E quando a gente não estiver aqui meu pequeno, quero que olhe a nossa foto e se lembre da gente, está bem? Por isso a trouxe, para te lembrar que estaremos sempre zelando por você." 


Anahi colocou a foto encostada na "parede" da encubadora. Era a primeira foto que haviam tirado junto ao menino. As duas olhavam para a encubadora com expressões felizes e o menino de dentro do berço olhava para elas. 


"Perdão." As duas mulheres viraram em direção a voz. "Desculpem, mas o horário de visita está acabando, preciso pedir que saiam." Elas se limitaram a assentir em sinal de entendimento.


 "Amanhã iremos voltar, Hec." Anahí deu um beijo na ponta dos dedos e de leve tocou a cabecinha da criança. "Nós te amamos."


Andou até o lado de Dulce que ainda não se movera nenhum centímetro. "Perdoe a mamãe, pequeno. Eu te amo." 


Relutantemente, a mais nova se deixou ser puxada pela companheira para longe do filho, as lágrimas grossas agora caiam sem que ela tentasse impedir. Quando ouviu o pequeno clique indicando que a porta da UTI havia sido fechada, jogou-se nos braços da mais velha enterrando o rosto em seu pescoço.


"Não posso levar meu filho, Anahí! Não posso levar meu filho!"


**********


Anahí entrou na UTI cumprimentando as enfermeiras com um sorriso no rosto e um pequeno embrulho dourado nas mãos. Atrás dela, vinha Dulce, com um sorriso menor porém não menos estondeante. Pararam à frente do bercinho já conhecido. 


"Parece que teremos festa hoje." A enfermeira de traços latinos apontou a cabeça para o pacote nas mãos de Anahí, o sotaque carregado pelo espanhol. 


"Como vamos hoje Carmen?" A baixinha deu um abraço lateral na mulher enquanto a olhava terminar de trocar a fralda de seu pequeno. "Ele está uma graça!" O garotinho trazia na cabeça um gorrinho de lã azul, nas mãos e nos pés, luvinhas e sapatinhos na mesma tonalidade. O menino deu um bocejo. 


"Hector já está limpinho para conversar com las mamás." Ela deu um sorriso terno. "Acho que o garotão está cansado, seria bom aproveitarem os momentos antes dele cair no sono."


Anahí abraçou a mulher. "Obrigada!" E com um aceno de cabeça ela foi para o próximo berço, cuidar de mais um neném que estava chorando.


 As duas mulheres olharam para o menino que agitava os bracinhos magros. Imediatamente, as duas colocaram as mãos para dentro da encubadora, acariciando o menino com carinho. 


"Trouxe um presentinho para você, meu garoto. Para comemorar sua força nessa semana." A mais velha levantou o embrulho a uma altura que considerava estar na visão de alcance do filho. "Quer saber o que é? Mamá abre para você."  Com rapidez e agilidade a mulher abriu o pacote revelando um pequeno dinossauro amarelo de pelúcia. "O que acha dele se chamar Aluísio?" O sorriso brilhante mostrava os dentes brancos. 


Dulce deu uma risada baixa virando para o filho e sussurrou, como se lhe contasse um segredo: "Vamos escolher um nome melhor juntos, amor." Anahí deu língua para ela enquanto colocava o presente do garoto perto dele. 


"Tenho um recado para você." Dulce tirou um envelope pardo de dentro do bolsa grande. "Sei que não vai entender nada agora, mas tenho certeza que ler o que está aqui vai ser muito importante para nós três."


Levantou os olhos para a esposa que a olhava desconfiada, deu um sorriso para acalmá-la  e tirou uma folha de dentro do envelope, a desdobrou para poder lê-la.


"Pequeno amigo,


 Ou deveria dizer "Querido filho"?


 A verdade é que nem mesmo sei como começar essa carta. Não tenho outro filho além de você e devo dizer que tenho um certo orgulho em dizer isso. Você é um menino muito corajoso e isso me deixa muito feliz. 


Não vai entender minhas palavras agora porque ainda é pequeno demais, mas no futuro, tenho certeza que elas farão diferença na sua vida, ou assim sinceramente espero. 


Quando eu era um garoto, algumas crianças me perguntavam aonde estava meu pai e isso me deixava triste, porque eu não sabia o que responder. Mesmo hoje eu nem sei quem ele é, e eu não quero que isso aconteça contigo porque você merece a verdade, filho. 


Também não quero que pense nem só por um momento que eu não o quis, embora tenha vindo de surpresa, a ideia de ter você sempre me agradou, carinha. O que quero contar é que você tem uma família diferente e com isso não quero dizer que ela seja ruim.


 Você é um menino de tanta sorte que ganhou não só uma, mas duas mães que vão cuidar de você com todo o carinho que vai poder encontrar. O amor entre as duas é enorme e lindo como nenhum outro que eu conheça, e vai ser passado para você todos os dias da sua vida, não tenha dúvidas.


E além delas, você terá a mim. Porque embora meu nome não vá estar na sua certidão de nascimento, isso não significa nada se você quiser que eu seja o seu pai. Se você desejar,  eu serei tudo o que precisar. 


Se acontecer de um dia você ficar bravo conosco, espero que entenda o tamanho do amor que o cerca. 


Cresça forte, carinha. De um jeito ou de outro, estarei sempre com você. 


De Gregorio. 


Ou se preferir, seu pai."


A mais baixa levantou o olhar do papel para encontrar os olhos de Anahí lhe fitando marejados, a sombra de um sorriso bobo nos lábios rosados.


 "O nome do Hector vai ter o meu sobrenome?"


 Dulce retirou de dentro do envelope outro papel o entregando para a esposa. Era a certidão do menino. Filiação? Dulce María Espinosa Savinõn e Anahí Giovanna Puente Portillo.


O brilho no olhar de Anahí era claramente perceptível, a surpresa estampada em cada traço de seu rosto. "Por que só me contou agora?" O mar azulado focou outra vez a mulher parada a sua frente.


 Dulce deu de ombros. "Achei que seria um bom jeito de comemorar a uma semana de vida do nosso pequeno."


Anahí acariciou o rostinho do filho que dormia tranquilo, o sorriso brincando em seus lábios. "Somos oficialmente uma família agora, Hec."


***********


Dulce abriu a porta da UTI neo-natal colocando apenas a cabeça para dentro do recinto enquanto estranhava o silêncio do local. Olhando para o canto direito, percebeu que três das enfermeiras conversavam baixinho com semblantes tristes. Deu um passo para dentro da grande sala podendo ter uma visão mais ampla do local.


 Passou os olhos pelo aposento tentando encontrar alguma mudança, o clima pesado lhe dando a sensação de que algo ruim acontecera. Suspirou aliviada ao ver o filho dormindo tranquilo em sua própria encubadora e se aproximou dele a passos lentos.


 Estando ao lado do menino, percebeu que a respiração dele saia vagarosa e pesada, um medo instalou-se em seu peito. Virou-se procurando uma das enfermeiras que cuidavam do menino. Alysson vinha em sua direção.


"O que houve hoje aqui?"


"Dia difícil." Disse a mulher simplesmente.


Dulce passou os olhos pelo local outra vez tentando captar alguma mudança que pudesse não ter percebido. Os olhos pararam sobre uma encubadora mais a esquerda. Estava vazia, e ela tinha certeza que um bebe ocupava aquele lugar antes. Sabia que era um dos trigêmios que haviam dado entrada durante a semana, tentou se lembrar do nome dele.


 "Ben teve alta?" 


Voltou a olhar para a mulher de uniforme azulado, ela fungou baixinho enquanto terminava de ajeitar o aparelho de Hector. "Não." Suspirou. "Ben é o da encubadora do lado, Tyler... Ele.. Ele não resistiu." 


O coração de Dulce apertou-se dentro do peito, a sensação ruim de quando chegara se instensificando, um bolo se formando na garganta. "Ele morreu?" Sua voz saiu num sussurro e se repreendeu pela pergunta idiota. Alysson afirmou com a cabeça.


"Eles nasceram muito novos, Tyler pegou uma infecção e não conseguiu sobreviver. Ben está muito fraco também, apenas Novalee está realmente forte." Dulce não soube o que falar e por esta razão preferiu o silêncio, seu olhar caindo sobre Hector que respirava pesadamente. "Muitas vezes odeio meu trabalho por isso, eu que tive que dar a notícia para a Janeth." A mulher suspirou. 


Dulce colocou a mão para dentro da encubadora segurando a mão do filho. "E o que houve com Hector? A respiração dele está estranha." 


"Fizemos exames hoje mais cedo, o resultado deve sair em alguns minutos. Doutora Perroni acha que é uma infecção também e Doutor Herrera acha que ainda não está na hora de tirarmos o respirador."


"Tiraram o respirador?"


"Fazemos aos poucos, deixando poucos minutos. Hector ficou dois minutos sem usá-lo hoje, ele parecia muito bem."


"Parecia?"


"Ele não teve problemas na hora que o tiramos, só depois ficou assim, por isso fizemos os testes. Mas fique tranquila, não há de ser nada. Estamos cuidando dele 24h por dia." Com um meio sorriso, a mulher foi embora deixando mãe e filho sozinhos.


Dulce sentou-se na poltrona branca ao lado do berço, chegando ela o mais para perto que pôde, aproximou o rosto do buraco da encubadora sussurrando as palavras que lhe mantinham de pé há algum tempo. 


"Fique forte, meu pequeno."


**************


 O sol entrava pela janela do quarto e iluminava o local, as cortinas brancas e leves, balançavam com o vento que vinha da janela meio aberta. Dulce apertou-se contra o corpo da mulher se espreguiçando levemente. Abriu os olhos fitando o teto.


"Bom dia, pequena."


 Anahí lhe apertou em seus braços lhe dando um beijo nos cabelos negros, a menor apenas gruniu em resposta ainda encarando o branco infinito acima dela, sentiu as mãos macias da esposa lhe acariciarem o braço. Minutos se passaram sem que nenhuma se pronunciasse, o silêncio parecia confortável. 


Dulce pensava em sua vida, principalmente em sua gravidez, em Hector e em algum momento durante suas reflexões sentiu lágrimas começarem a molhar sua face. Desciam lentas e silenciosas até a hora que não conseguiu mais se conter. Os soluços vieram lhe sacudindo o corpo. 


Anie sentou na cama, colocando a mulher em seu colo enquanto encostava-se na cabiceira. A ninou por algum tempo falando coisas bonitas em seu ouvido esperando que se acalma-se. Passava os dedos em padrões aleatórios nas costas da esposa, esperando confortá-la de alguma forma. Lentamente, Dulce foi se acalmando.


"O que houve? Por que esse choro, meu amor?"


 A mulher passou o dedo pela renda do decote da camisola de Anahí enquanto tentava achar as palavras certas para colocar para fora todos os pensamentos que vinham lhe atormentando nos últimos dias.


 "Qual é o problema comigo, Anie? Por que não consigo fazer as coisas direito?" O fio de voz denunciava a fragilidade em que se encontrava, os olhos castanhos escuros fugiam dos de Anahí. 


"Por que diz isso? Você faz as coisas direito Dul, por que toda essa insegurança?"


A pequena juntou as mãos em seu colo, fixando o olhar nelas. Outra lágrima caiu de seus olhos molhando sua blusa antes que pudesse impedir. "Tirando todas as coisas horríveis que já fiz nessa vida, é minha culpa o Hector estar lá na UTI. Se eu tivesse seguido a orientação da médica de ficar em repouso, se eu não tivesse inventado de arrumar o quarto dele nada disso estaria acontecendo. Nosso filho não teria nascido prematuro e não estaria na UTI com uma infecção no sistema respiratório. Isso é tudo culpa minha!"


Novas lágrimas brotaram dos olhos tristonhos, o que faz Anahí torcer a boca em desgosto. Um vinco se formando em sua testa enquanto tentava assimilar as palavras que haviam acabado de serem ditas. Encostou o nariz no pescoço pálido da companheira. 


"Não se coloque essa pressão, minha pequena. Isso não é culpa sua, foi uma fatalidade." Depositou um beijinho na pele exposta. "Você está sendo uma mãe fabulosa, indo ver seu filho todos os dias, cuidando para que não lhe falte nada. Ele está um pouco doente, mas vai melhorar estão todas cuidadando dele, Carmen, Alysson, Thalia, Aissa, Maggie e logo, muito, muito em breve seremos nós, na nossa casa."


Dulce fechou os olhos tentando acreditar naquelas palavras, não era culpa dela, apenas uma fatalidade. Suspirou chateada enquanto apoiava a lateral de sua cabeça nos seios da esposa, se ajeitando em seu colo.


 "Só me abraça? Por favor." 


***********


"Hector já está grande, sabia?" Carmen comentou enquanto parava ao lado das duas mulheres que olhavam o menino na encubadora agitando os braços e se espreguiçando. "Ele está com mais de 2 quilos."


Dulce sorriu claramente feliz com a notícia. "É mesmo Carmenzita?" 


A mulher balançou a cabeça em afirmação. "E vocês sabem o que isso significa?" As duas mães negaram. "Agora que ele já tem mais de dois quilos e já está melhor da infecção, vocês vão poder pegá-lo no colo."


Os olhos do casal pareceram dobrar de tamanho, um brilho novo aparecendo neles. Sorrisos grandes como nunca haviam dado antes surgindo nos rostos surpresos. A emoção contagiando a enfermeira, mesmo depois de anos de trabalho.


 "Há uma coisa que chamamos de canguru, colocamos o bebê deitado no colo da mamá, por dentro da roupa, lo saben?" Ela mudou os olhos para o menino. "Nosso pequeno Hector já está pronto para sair aí de dentro, não é pequeño?" Passou a ponta dos dedos nos cabelos escuros do garoto. "Vocês estão prontas?"


 Dulce virou para Anahí parecendo apreensiva. "E se eu derrubá-lo Anie? Ele parece tão frágil!" Mordeu o próprio lábio visivelmente nervosa.


Anahí segurou a mão da mulher entre as dela. "Fique calma, meu amor. Não vai derrubá-lo, é uma ótima mãe!" Sorriu para ela. "Faça tudo que a Carmen mandar e fique tranquila. Hector vai sentir que o ama assim como eu a amo." Deu um beijo na testa da baixinha que pareceu se acalmar.


 "Pronta, Dul?" Dulce virou para a mulher vendo que ela já tinha seu filho em seus braços, maneeou a cabeça. "Sente-se na poltrona, mi querida." 


Fez exatamente o que Carmen mandou e esperou enquanto ela colocava o menino em seu colo, a latina mais velha pediu licença enquanto descia a blusa dela um pouco, fazendo com que Hector tivesse contato direto com a pele dela.


 E com aquele simples contato, Dulce sentiu um amor incondicional explodir em seu peito, tão forte que lhe arrancou algumas lágrimas, todas de felicidade, o sorriso não conseguia sair de seu rosto. Devagar encostou sua bochecha na cabecinha do menino, sentindo o calor de seu pequeno corpo. Olhou para Anahí que enxugava uma lágrima sorrindo. 


"Que orgulho da minha família." A  voz rouca saiu num sussurro enquanto a Anahí agachava ao lado da poltrona, os olhos escuros do menino lhe fitaram curiosos, ele estendeu uma das mãozinhas. "Que orgulho de você, Hec."


"Uma foto, señoritas?" Carmen perguntou feliz para elas que afirmaram. Anahí estendeu seu celular para a mulher e explicou para ela como tirar foto. 


Voltou para o lado da esposa e do filho, abaixando até que pudesse ficar na altura deles. Os sorrisos vitoriosos nos lábios, os olhos marejados e brilhantes das duas, Hector olhando para a câmera. A foto perfeita de uma família visivelmente feliz. 


*********


Anahí estava sentada na poltrona com Hector em seu colo, o menino piscava os olhos grandes para as duas mães, enquanto a mulher os balançava para frente e para trás lentamente. Dulce se encontrava ao lado dos dois com um sorriso bobalhão. 


O menino usava um macacão branco de gola amarela, uma ovelhinha bege havia sido bordada na parte superior esquerda, nas mãozinhas pequenas luvinhas amarelhas de lã. O garoto estava adorável. 


Aissa se aproximou dos três. Ela era baixinha e gordinha, os cabelos avermelhados presos em um rabo de cavalo alto, mal batiam em seus ombros. Os olhos esverdeados lhes fitaram com ternura. 


"Quem está preparado para uma surpresa hoje?" As mulheres se entreolharam sem entender. "Está na hora do nosso garotão comer, não é Hector?" A enfermeira delicadamente o pegou do colo de Anahí. "Dulce, poderia se sentar na poltrona?" Ainda sem entender, Anahí levantou de onde estava dando espaço para a esposa sentar-se como lhe fora pedido. 


"Para que tudo isso, Aissa?" Dulce perguntou tombando a cabeça para o lado curiosa.


A mulher sorriu feliz. "Vai poder amamentar seu filho hoje pela primeira vez! Gostaria?" 


O rosto da pequena se transformou de confusão para surpresa conforme o entendimento caía sobre ela. Ajeitou-se no assento confortável e sorriu sem jeito mirando a mulher de uniforme azulado. 


"Posso mesmo?"


 A enfermeira limitou-se a afirmar com a cabeça, entregando o menino para a mulher sentada. "Sabe como fazer? Precisa que te explique?"


Dulce segurou o menino bem perto de si, pedindo orientações sobre como proceder a partir daí. A ruiva colocou Hector na posição correta abaixando a blusa de Dulce e colocou a boca do menino no seio da mulher. 


"Ele pode demorar um pouco para aprender a sugar direito, precisa estimulá-lo assim." Aissa mostrou-lhe o que fazer e o menino começou a sugar devagar. "Viu? É fácil, não há segredos. Se ele ficar preguiçoso o estimule outra vez, o garotão aí precisa mamar pelo  menos dez minutos, está bem?" Dulce assentiu ainda olhando o filho mamar maravilhada. "Qualquer dúvida me chamem." A mulher saiu de perto deixando as duas sozinhas com o menino.


 "Como se sente?" Anahí tinha um sorriso orgulhoso nos lábios. 


"Maravilhosamente bem, como nunca tinha estado antes." Levantou os olhos marejados para a esposa. "Me sinto mãe agora."


**********


"Parabéns Hector! Você é muito valente!"


 Thalia fez um afago no menino, enquanto ele permanecia no colo de Anahí. Carmen, Aissa, Alysson e Maggie também as cercavam, todas felizes pelo garoto estar completando um mês. 


"Nós nos juntamos e fizemos esse cartão para vocês." Maggie estendeu a mão para Dulce que pegou o objeto com um sorriso no rosto. "Espero que não se esqueçam de nós, temos uma grande carinho por vocês três." O sorriso sincero se instalou no rosto cor de giz.


 "Seremos eternamente gratas por terem cuidado do nosso menino, não há palavras no mundo que demonstrem isso." Dulce abraçou a mulher. 


Uma a uma, as enfermeiras da UTI abraçaram Dulce, Anahí e Hector, transmitindo-lhes mensagens de carinho e felicidade. A pequena família devolvia cada demonstração de afeto com sorrisos sinceros e palavras de agradecimento verdadeiro.


 "Está vendo quanta gente gosta de você, garotão?" Anahí deu um beijo no topo da cabeça do menino quando foram deixadas sozinhas. "Há muitas pessoas felizes por ter sido tão forte durante esse último mês. Mamá, está muito orgulhosa de você."


"Eu também meu pequeno!" Dulce acariciou a bochecha gordinha do menino. "Logo estaremos em casa!"


O menino bocejou. "Quer que eu cante para dormir, mi cariño?" Anahí sentou-se na poltrona branca tomando impulso os balançando devagar. "Eu canto para você dormir." A voz suave entoou a melodia doce. "A Terra gira sem ter fim, o Sol se esconde não sei onde e escurece a noite cresce."


 O menininho fechou os olhinhos levando um dedo à boca, Anahí o aconchegou melhor em seu colo, o apertando de leve em seus braços, querendo passar o calor de seu corpo para o menino. "Eu canto e você já dormiu, a Terra gira por um fio. A lua brilha minha cria*, eu canto esse acalanto."


A respiração do garoto se normalizou, se tornando calma e leve. Anahí trazia um sorriso nos lábios. 


"Hey Anie?" A mulher tirou os olhos do menino fitando a esposa ainda se balançando com o filho. "Eu amo vocês."


Desejou poder sentir a felicidade daquele momento para sempre. 


 


 



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Autor(a): portisavirroni

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 17



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  • laine Postado em 08/05/2018 - 16:49:50

    sumiu de novo, to esperando o desenrolar da história bjs

  • ester_cardoso Postado em 06/05/2018 - 00:05:39

    Não esperava por isso, vc me surpreendendo sempre linda. Bom que a gravidez não atrapalha nos momentos delas, isso sim que é casal. Obrigada pelo capítulo, estou a espera do próximo. Continuaa gatinha

  • laine Postado em 05/05/2018 - 22:01:29

    Parabéns ta divina a história. Espero que não tenha mais sofrimento.

  • ester_cardoso Postado em 01/05/2018 - 00:55:23

    Que história hein. Vários acontecimentos, mas feliz que cheguei na parte que elas já estão bem. Tão amorzinhos, essa criança será muito sortuda, que seja Beatrice mesmo, pq Anie preparou bem as coisas. Torcendo para que Greg ceda, é um direito dele, mas a bb seria mais feliz com as mães. Continuaaa, linda estava com saudades das suas histórias

    • portisavirroni Postado em 01/05/2018 - 11:05:20

      Nossa que surpresa. Serio é vc mesmo. Tá deixa eu me segurar pra nao falar a Palavra com P. Bem ainda não saberemos se Anahí vai acertar sobre o sexo do BB Mas realmente eu espero que tudo seja como Dulce quer sobre a questão do laudo BB. Deixe eu me recuperar dessa surpresa senhorita Cardoso.

  • siempreportinon Postado em 30/04/2018 - 12:27:15

    Continua! Ta muito boa

    • portisavirroni Postado em 01/05/2018 - 11:00:16

      Que bom que vc está gostando.

  • raylane06 Postado em 22/04/2018 - 12:33:15

    Que massa elas juntas de novo..

  • raylane06 Postado em 17/04/2018 - 12:54:50

    Poxa... imaginar o que passa na cabeça dul, mais isso não e motivo pra abortar um bebe. a annie tem que ajudar a dul. continua.....

  • fernandaayd Postado em 16/04/2018 - 23:47:09

    Dulce negando o filho, porra!! Entendo que está passando por situações difíceis, mas calma guria. Annie está agindo como um ser humano lindo que ela é. Continua..

  • fernandaayd Postado em 15/04/2018 - 20:45:34

    Priciso urgentemente do próximo capítulo.

  • fernandaayd Postado em 12/04/2018 - 20:01:32

    Que capítulo hein! Muito triste o que aconteceu, mas ninguém é perfeito e relacionamentos não são perfeitos, mas elas se amam e é o que importa.


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