Fanfic: Eternamente Usted | Tema: RBD portinõn

Algumas horas mais tarde, Anahí acordou com o frio que entrava pela janela aberta. Se cobriu de novo e tentou dormir, mas viu que a luz do closet estava ligada e um choro baixo vinha de lá. Só podia ser Dulce, já que a esposa não estava em seu lado habitual da cama.

Vestiu uma blusa de Dulce que estava jogada no chão perto de si e levantou, indo até a fonte do barulho. Encontrou Dulce sentada no chão, chorando muito, com uma mala cheia de roupa aberta. Ela abaixou ao seu lado e com as mãos fez a esposa virar para encará-la.

"Dul, meu amor, por que esse choro?" Dulce olhou para ela com olhos quase desesperados, Anahí ficou preocupada, nunca a havia visto daquele jeito. "Eu não te mereço Anie."

Anahí sorriu torto, pensando se tratar de mais uma crise de insegurança da mulher. Com a ponta dos dedos limpou algumas lágrimas que insistiam em cair. "Cariño, quantas vezes preciso dizer que não vou a lugar nenhum?"

"Eu vou dessa vez Anahí, eu vou porque eu não mereço estar nessa casa." A mais velha deu um beijo na testa da outra com muito carinho e depois olhou no fundo de seus olhos. "O que foi dessa vez?"

Essa era a hora que Dulce tinha tanto esperado durante aquela semana, a hora da verade. Tentou falar algo, mas ela simplesmente nao podia encontrar a voz. Passou minutos assim, procurando as palavras, a coragem. Tanto tempo que Anahí resolvera perguntar a ela de novo o porquê de tanto choro. Porém, antes que pudesse, Dulce encontrou sua voz e falou num sussurro: "Eu traí você."

Ela esperou uma reação que nao veio. Anahí ficou lá parada, como se tivera levado um choque. Naqueles olhos castanhous que tanto amava, Dulce viu milhares de emoções passarem ao mesmo tempo. Confusão. Entendimento. Raiva. Ciúmes. Dor. Decepção. Se xingou mentalmente por ser tão estúpida.

"Eu não queria Anie." A sua voz era mais alta agora. "Mas eu estava com raiva e bebi muito mais do que eu devia, só podia lembrar de você me chamando de egoísta, o Greg apareceu e ele estava bêbado também e... Oh, eu fui tão estúpida!"

Nesse ponto ela não podia mais falar, os soluços eram muito mais altos. Escondeu o rosto nas mãos e sentiu as mãos de Anahí deixarem sua pele, o que a fez chorar ainda mais.

Enquanto isso, a mais velha tentava entender o que acabara de ouvir e cada palavras era como uma facada em seu coração, abrindo feridas profundas e dolorosas. Como Dulce podia ter feito aquilo com ela depois de tudo que haviam passado?

"Por que você não me contou antes?" Dulce virou para ela e viu as lágrimas caindo sem cessar num choro silencioso. "Eu não poderia falar por telefone, eu te amo demais para isso. Tinha que ser pessoalmente e eu vim disposta a fazer isso e então você..."

"Você teve coragem de me beijar, mesmo depois de me trair! Você tocou em mim Dulce María! Por algum acaso você pensou mesmo em me contar?"

No fundo, Dulce quis sentir raiva de Anahi por ela pensar algo assim dela, mas ela não pôde, ela só continuava a se odiar. "Eu jamais guardaria isso de você, eu não mentiria para você assim..."

"Então por que?" Será que você não pensou como eu ficaria ao ficar sabendo disso logo depois de ter deixado você me tocar?"

Dulce virou para o outro lado, incapaz de continuar vendo a dor nos olhos da esposa, dor essa que ela havia causado. Seus olhos cairam sobre sua camiseta do Power Rangers que Anahi tanto gostava, ela já estava velha e encardida, mas lhe trazia boas lembranças, então ela a pegou e colocou na mala.

"Eu não sou perfeita Anahí e eu sinto muito por isso, porque eu queria ser para você. Talvez agora não seja o melhor momento para pedir isso.." Ela fechou a mala e virou para a mulher de novo, que continuava a chorar enquanto lhe olhava. "Mas, me perdoa? Eu sei que errei, mas eu te amo e eu queria que fosse suficiente."

Ela levantou, sabendo que Anahí não responderia. Pegou sua mala e abaixou bem na frente de Anahí, dando-lhe um beijo na testa com todo o carinho que conseguiu juntar.

"Eu vou te amar para sempre minha Narry."

E com isso ela saiu, deixando para trás uma Anahí com o coração partido em milhões de pedacinhos e que chorava com todas as forças que haviam lhe restado.