Fanfic: Ainda Há Tempo? | Tema: Portiñon

Dulce: Amor calma, não precisa ficar assim, está tudo bem. Eu pensei que como vamos morar juntas e seremos casadas, fossemos ter uma familia, com filhos também

Anahi: Não! Isso não posso fazer. Desculpe ( disse em um fio de voz )

Dulce: Tudo bem amor, se não quer então está bem ( triste ) eu aceito

Anahi: Dulce ( disse desolada ) Me desculpa, eu não quero ser egoista, mas eu realmente não posso fazer isso

Dulce: Tudo bem, eu respeito isso. Só não entendo, eu queria entender porque. Se não deseja filhos eu respeito e aceito isso. Mas eu quero entender. É por causa dos seus filhos que morreram? Por isso não quer mais ter filhos?

Anahi: Sim!

Dulce: Mas era para ser ao contrário não? Por ter perdido seus filhos, deveria querer ter um filho, assim esse lugar não ficaria vazio e...

Anahi: Um filho não substitui o outro, não é assim que funciona Dulce. Ter um filho não preenche o espaço vazio que o outro tenha deixado ( disse com voz embargada ) Perder um filho é uma perda, uma falta , um vazio, que nada. Nada e nem ninguém é capaz de substituir. Ter outro filho não mudaria nada,eu continuarei me sentindo vazia

Dulce: Meu amor ( disse a abraçando ) eu não sabia que se sentia tão infeliz assim. Eu sei que sofre e que sentia falta. Mas não sabia que isso te afetava de um modo tão direto e definitivo. Eu pensei que outras coisas e pessoas conseguissem te fazer sentir melhor

Anahi: E fazem Dulce. Mas é muito rápido, duram apenas minutos e logo volta como uma avalanche levando tudo que vê pela frente. E isso nunca muda, a dor não muda e a infelicidade só me abandona por um breve instante e logo retorna, me devastando com mais força ( disse tentando segurar desesperadamente as lágrimas )

Dulce:  Meu Deus Any ( disse chorando ) me desculpa se insisto. Mas, talvez só um amor tão grande de uma mãe para um filho fosse capaz de te ajudar a superar isso. Não iria substituir, é claro que não, mas teria seu próprio lugar no seu coração. E talvez...

Anahi: Não Dulce, isso não vai adiantar, são muitas coisas envolvidas, muitos problemas, você não entende como são as coisas

Dulce: Então me explica! Me explica como são as coisas ( pediu ternamente ) Me conta, como foi que perdeu seus filhos? Me conta como foi que os tiraram de você? ( perguntou temerosa, Anahi cerrou os olhos, respirando bem fundo )

Anahi: Eu não...

Dulce: Amor por favor! Eu não posso entender, se não sei o que aconteceu ( disse sincera )

Anahi: Está bem Dulce ( permaneceu algum tempo em silêncio ) Bom eu...

Dulce: Começa lá do começo, quando decidiu que os teria ( Dulce sorriu )

Anahi: Eu me casei com o Alfonso muito cedo e quando casamos, decidimos que não teriamos filhos logo no inicio porque queriamos nos acostumar a morar juntos, apenas nós dois. Além do fato de eu ser muito novinha ainda, eu tinha dezesseis anos quando me casei. Mas isso não aconteceu, eu engravidei quase que de imediato, ainda não tinhamos feito um ano de casados quando o Matheus nasceu. Ele não foi planejado, a idéia era esperar mais. Pórem ele foi aceito com muito amor assim que soubemos da gravidez ( Anahi se calou )

Dulce: Continua meu amor ( disse segurando suas mãos )

Anahi: Meu pai ainda era vivo e assim como não aceitava meu casamento, que só se realizou por que eu havia sido emancipada um ano antes, também não aceitava a gravidez. Ele achava que Alfonso não era o bastante para mim, e que ter um filho dele era o cúmulo da estupidez

Dulce: Nossa, o que iria dizer de mim então não é ( disse constrangida )

Anahi: Iria te odiar, com toda certeza ( as duas sorriram ) Bom, minha gravidez foi bem agitada, tanto pelos problemas externos, quanto pelo bebê que era muito agitado. Mas no geral foi uma gravidez boa. Eu estava muito ansiosa para conhece-lo e quando o momento chegou foi o melhor dia da minha vida ( sorriu largamente ) Ele assim como na barriga era agitado e depois de já estar em meus braços ficou claro que também bastante barulhento ( ambas riram )

Dulce: E como ele era? Fisicamente?

Anahi: Tinha a pele branca como a minha, os olhos bem azuis como os meus. Mas tinha os cabelos bem negros, como os do Alfonso, e no geral a principio não parecia com ninguém, mas logo começou a mostrar as semelhanças com o pai e eles realmente se pareciam muito, viemos a perceber anos depois. Ele era uma criança muito ativa, muito esperta, muito inteligente. Começou a falar e andar bem antes do normal e tinha muita facilidade para guardar qualquer coisa que via ou ouvia

 

Dulce: E como faziam para cuidar dele?

 

Anahi: Eu não fiquei muito tempo afastada da empresa, eu voltei quando ele tinha dois meses, mas eu o levava comigo e tinha uma babá para me auxiliar, eu cuidava dele o máximo que podia, mas tinha minhas obrigações no trabalho e não podia me dedicar a ele em tempo integral. Quando voltavamos para casa, aí sim eu cuidava dele sozinha e era assim por toda noite e madrugada. Quando ele fez nove meses parei de levá-lo. Ele ficava em casa, mas não com uma babá, e sim com a Maria. Eu chegava bem cedo ao trabalho e fazia tudo o quanto antes para poder voltar logo para casa.

 

Dulce: Seu marido não a ajudava?

 

Anahi: Sim! Mas ele trabalhava muito, estava tentando conquistar o espaço dele na medicina e isso demandava muito tempo. De trabalho e de estudos em casa também. Mas quando estava em casa ele me ajudava no que podia. Eu não tenho nada para reclamar do Alfonso, de verdade! 

 

Dulce: Isso é muito bom! Conta mais

 

Anahi: Matheus parou de mamar no peito com um ano, por conta própria, ele comia de tudo e como eu trabalhava a maior parte do dia ( suspirou ) Ele era uma criança muito alegre, comunicativa e carinhosa. Ele era dessas pessoas que quando chegavam a um lugar era impossivel passar despercebido. Ele era pura luz 

 

Dulce: Eu estou aqui ok? Você pode levar quando tempo precisar ( disse a ruiva ao ver Anahi se esforçando para controlar-se )

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                    Continua...